segunda-feira, novembro 15, 2010

ANO VI - Etapa 1

DEIXAR 'CAIR' O TAVIRA É CRIME LESA-CICLISMO
DESENRASQUEM-SE!... (SIM, VOCÊS!... *)

Li hoje que está tremido o futuro da equipa Profissional do Clube de Ciclismo de Tavira. Substituindo o nome do clube, é uma notícia que, infelizmente, desde há anos que vimos a ler. Umas vezes a ameaça cumpriu-se mesmo, noutras, nem que tenha sido à última hora, foi possível encontrar uma solução de continuidade.

Aliás, recuemos aos anos 80/90 do século passado e quantas vezes não lemos, afinal, esta mesma notícia… com o nome deste mesmo clube?

Foi sempre, desde 1991, quando comecei a escrever sobre Ciclismo na saudosa A CAPITAL, um clube com o qual mantive estreitas ligações e onde encontrei grandes amigos.

A imponente figura desse Senhor que se chamava José Manuel Brito da Mana – dentro de pouco mais de um mês completar-se-ão três anos desde o seu passamento e espero que, quem de direito, não esqueça a data – já então se apresentava debilitada e era o José Marques quem, ano após ano, batalhava até ao último minuto útil para conseguir manter viva a equipa.

Principalmente depois do longo ‘casamento’ com a marca Bom Petisco ter chegado ao fim.
Houve até um ano – e não o cito porque não o sei de cor e, como é meu hábito, não recorro a ajudas porque estes escritos são espontâneos e se neles incorporo datas correctas é porque elas estão presentes na minha memória – em que o CC Tavira iniciou a temporada como equipa amadora por não ter patrocínio.

Como, não sendo selectiva, como o não é, a minha memória ainda prende franjas da história recente (últimos 20 anos) do Ciclismo português, é de inteira Justiça – e NINGUÉM poderá negá-lo – foi no decurso de uma Volta ao Alentejo, na qual a equipa não profissional do Tavira participou por convite expresso da Organização, então liderada pelo engenheiro Alfredo Barroso, que um outro Homem a quem NUNCA deixarei que maltratem, por ter sempre posto o seu indiscutível amor pela modalidade acima de quaisquer outros interesses, conseguiu um patrocínio para o resto da temporada, iniciativa que teve que se socorrer de um estratagema para que pudesse seguir em frente.

O Tavira reentrou no pelotão profissional como Progecer-Tavira depois de um exercício de ‘ginástica’ mental ma vez que a empresa que, de facto, lhe deu a mão, a Recer, já patrocinava outra equipa do pelotão, pelos regulamentos, nenhuma empresa pode patrocinar duas equipas no mesmo pelotão.

Ah!, o Homem que ‘desatou’ este nó tem nome e chama-se António Teixeira Correia.

Já não há jornalistas de Ciclismo no activo. Ninguém se lembra disto. Mas enquanto alguém se lembrar, a História não será esquecida.

Tudo isto para vincar que o Clube de Ciclismo de Tavira não vive uma fase que lhe seja de todo desconhecida. Talvez para estes novos dirigentes, mas eles também saberão dar a volta por cima.

O QUE MAIS NINGUÉM ESCREVE…

Depois de, a meio da manhã, ter lido a notícia crua, fria perfeitamente o espelho daquilo que a CS hoje tem para dar ao Ciclismo (nada!), não deixei de pensar no caso Tavira.

Reivindico para mim o mais completo e sério trabalho jornalístico que marcou os 25 anos de existência do Clube de Ciclismo de Tavira, publicado em 2004, em A BOLA.

Com datas e nomes e palmarés – posteriormente por outros aproveitados – e com declarações das principais figuras do Planeta Ciclismo que… hoje ainda são as mesmas. Mas defendo as suas contribuições como honestas e sentidas da mesma forma como defendo o todo desse meu trabalho. Contudo…

Contudo, e durante todo o dia de hoje (apesar de uma dúvida que se me levantou logo no início, mas creio ter esclarecido com uma visita ao sítio oficial do clube) algo me atormentou.
Qualquer coisa da qual, primeiro, eu ainda não me tinha lembrado, depois, não tenho conhecimento de que alguém mais o tenha feito.

(Desde já os meus mais sinceros pedidos de desculpa se, por acaso, estiver errado.)

O Clube de Ciclismo de Tavira foi fundado a 31 de Agosto de 1979 – logo aqui fica a ser o mais antigo clube de ciclismo com uma Equipa Profissional de Ciclismo do Mundo – mas não pode, nem deve, ser apartado do que lhe deu origem.

O Clube de Ciclismo de Tavira é fundado naquela data, logo após uma assembleia-geral do Ginásio Clube de Tavira ter decidido fechar a sua secção de Ciclismo. Não há separação possível, a não ser a mudança do nome.

Quem era o Director do Ginásio responsável pela secção de Ciclismo?
José Manuel Brito da Mana.

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Quem teve a iniciativa de formar o Clube de Ciclismo de Tavira?
José Manuel Brito da Mana.


Que levou consigo tora a estrutura da secção do Ginásio.
Equipa incluída.

Não se esqueçam que esta Etapa tem a ver com uma “pulga” que trago atrás da orelha….
… entretanto deixemos desfilar a História.

O Ginásio Clube de Tavira foi fundado em 1928 como Tavira Ginásio Clube, tendo sido, ao abrigo de uma Lei do Estado Novo, de 1 de Agosto de 1945, obrigado a mudar de nome. Pelo que consegui saber, o Ciclismo foi uma das suas primeiras modalidades mas faltam registos. O que vale é que, já como Ginásio Clube de Tavira, aparece pela primeira vez na Volta a Portugal – mas havia diversas outras organizações de corridas e no Algarve ainda mais – em 1947.

Já agora, e para quem precise de uma fonte de fácil acesso, dir-vos-ei que, tanto quanto pude apurar, o primeiro clube algarvio a participar numa Volta a Portugal foi o Louletano Desportos Clube, em 1940; e que em 1944 participou uma equipa denominada como Desportivo de Faro.

MAS EU QUERIA CHEGAR A UM PONTO…
MUITO IMPORTANTE!

Já disse lá atrás que não assegurava nenhuma data certa porque tenho, como costume, não ‘trabalhar’ as minhas entradas. Escrevo de memória, o que não quer dizer que não deite a mão a um livro que esteja aqui ao lado.

Não é o mesmo que… “pesquisar” que isso pressupõe trabalho que, honestamente, não fiz. Mas recorri à “História da Volta”, do meu queridíssimo Guita Júnior para chegar a algumas datas. Seria desonesto se tal omitisse.

Mas, acreditem ou não, arranco da minha memória a parte fulcral desta Etapa.

Sei que, em 1982, era então primeiro-ministro Pinto Balsemão, o Ginásio Clube de Tavira – à data, já há três anos sem Ciclismo – ganhou o estatuto de Utilidade Pública.
Não o ponho em causa!
A pergunta, aquilo que me atormentou durante todo o dia é isto:

Como é que o Clube de Ciclismo de Tavira, que desde o primeiro dia assentou na Formação a sua razão de existir, consegue chegar aos 32 anos sem ser reconhecido de Utilidade Pública?

E aqui ressalvo, tinha, tenho dúvidas, mas uma visita ao seu site oficial não nos diz que o seja, e é coisa que sitio oficial não esqueceria de colocar.

1979. Quantos clubes de ciclismos teríamos nós que assentassem, sobretudo, na formação? Agora temos muitos… até porque é garante de subsídios. Mas naquela altura haveria algum mais?

Provavelmente sim, exponho aqui a minha ignorância… perdoem-me, se quiserem!

Mas porque é que o Clube de Ciclismo de Tavira não tem o estatuto de Utilidade Pública?

Como? Quando, durante, pelos menos dois mandatos, o presidente da autarquia tavirense foi o presidente da Assembleia-geral da Federação Portuguesa de Ciclismo?

Ah!...
É de Utilidade Pública e eu estou a fazer figura de urso…
Antes assim.

MAS TENHO OUTRO TEMA…

Se temos o mais antigo Clube com equipa profissional do pelotão mundial, como é possível que a Federação não lhe dê uma mão? A História da Federação Portuguesa de Ciclismo não é dissociável do seu Clube universalmente mais importante. Que mais não seja pela data de fundação!

Se calhar não sabem!...
E acham que eu não acredito nessa hipótese?
Mas ficam a saber.

De uma coisa nunca ninguém vai poder acusar-me: de levantar um problema sem deixar uma proposta de solução. Claro que tenho…

Já nem vou falar do inenarrável exemplo de a Liberty Seguros patrocinar a federação na luta contra o doping… depois de ter pago (sem disso ter conhecimento, é evidente) aquilo que três dos corredores da equipa a que dava o nome terem tomado.

Eu escrevi… os corredores terem tomado porque foram apanhados.
E as análises deram positivo.

Ao contrário de uma outra formação… que não teve nenhum atleta controlado positivamente mas, os responsáveis por esta equipa foram, com a conivência da CS, atirados para o cesto do esquecimento…

Na outra, onde ninguém foi apanhado, director-desportivo e médico acabaram na barra do Tribunal… nesta, enquanto o pau foi e veio, um “milagre” livrou toda a gente…

E ninguém se questiona e ninguém questiona ninguém.
Sou mesmo ingénuo não sou?
Se a Liberty passou a patrocinar a federação… se a federação patrocina os seus arautos…
Mas nem todos são parvos, nem todos estão a dormir.

Mas o mais importante agora, é mesmo apelar a todas as ‘forças vivas’ do nosso Ciclismo que não deixem acabar a equipa profissional do CC Tavira.

Porque devemos isso, por mais que não seja, ao Senhor Engenheiro José Manuel Brito da Mana que, sozinho, fez mais pela modalidade que todos os doutores e lambe botas fizeram, por isso merece que a sua memória seja respeitada.

X FILES

Contou-me um passarinho que está aí uma 'grande bomba' para rebentar.

A FPC já está a par até porque o seu presidente se referiu a 'EPO.3' e 'EPO.4'...

Ficamos a aguardar pelo desfecho da coisa. Porque não há intocáveis no Pelotão, ou há?


(Alfredo Farinha, um dos MESTRES do Jornalismo Desportivo, que a muitos de nós, os mais velhos, serviu de exemplo - e ainda serve - disse um dia: Eu sei tudo o que escrevo, mas não escrevo tudo o que sei!)


* (Ficam a saber que eu Sei!)

2 comentários:

cristina neves disse...

Bem vindo Zé ..:) beijinhos

Feliciano da Vasa Ferreira disse...

Hum,...bomba ou foguete?...