sábado, agosto 30, 2008

II - Etapa 225

HÁ LIMITES PARA TUDO
(Só quem não quer é que não vê a atitude provocatória)

A Federação Portuguesa de Ciclismo anunciou uma lista com nove nomes pré-convocados para o próximo Mundial.

Agora eu, que não percebo nada de Ciclismo, acho a convocatória pelo menos... ridícula. Provocatória até.

Antes de continuar, quero ressalvar que não há nada de pessoal seja contra quem fôr.

Aliás, e sejamos directos, apesar do "frete" uma coisa não pode ser negada: foi o próprio Sérgio Paulinho que veio confessar que não podia ir a Pequim senão era apanhado com um positivo. Foi ele quem o disse e a tentativa de branqueamento não resultou. Para ser coerente deve recusar também esta convocatória. Era de Homem.

Se não estava em condições - e não eram propriamente físicas - para ir a Pequim, depois de, durante quatro anos ter recebido uma bolsa mensal em três vezes superior ao salário mínimo nacional, fazer agora de conta que no pasou nada era, pelo menos, desonesto.

E ainda ninguém percebeu porque é que não foi penalizado por ter faltado aos Jogos de Pequim. Como o foi o Tiago Machado, o ano passado. E não é que, agora foi pré-seleccionado?

A Federação Portuguesa de Ciclismo anda a brincar com os adeptos.
Acham que o Tiago Machado vai aceitar? Se bem o conheço, não. Mas este ano já sabe como escapar ao castigo. Basta "lesionar-se" num dos próximos Circuitos.

Depois, covocam-se o Rui Sousa e o Nuno Ribeiro. Ñão que eu não lhes reconheça valor mais do que suficiente para poderem representar o País. Mas depois do desgaste da Volta...

O Cândido Barbosa não acredito que vá estar disponível. O Nélson Vitorino e o Ricardo Mestre estão já a partir da próxima semana envolvidos em corridas internacionais...

Não acredito nesta lista. E não me deixo enganar. Foram nela colocadas armadilhas para apanharem alguém.

E em termos de selecções, e não há muito tempo que isso ficou provado... a FPC não leva mesmo nada a coisa a sério.

Estes eventos servem, antes de mais, para oferecer como prémio uma semana no estrangeiro a dois ou três fiéis directores. Ninguém pensa em resultados.

II - Etapa 224

E SE O VERDADEIRO, O GRANDE ESCÂNDALO
(SE HOUVER ALGUÉM COM ELES NO SÍTIO
PARA PROCURAR A VERDADE)
NÃO REVELASSE MAIS DO QUE
UM ENORME TIRO NO PÉ?


Assunto do dia, na passada 5.ª feira: as duas páginas e meia oferecidas pl’O Jogo ao doutor Luís Horta.

É que (não sei se era essa a intenção) continua-se a bater no Corredor, a estigmatizar uma profissão que, pelo menos é o que parece, há quem se recuse a ver como capaz, através de métodos perfeitamente legítimos, acompanhar os mais recentes conhecimentos – eu quero dizer científicos, mas receio que pensem logo… nisso mesmo que estão a pensar (é um problema de menoridade mental) -, dizia eu, os mais recentes conhecimentos… científicos (pronto! disse…) que podem ir desde opções, o mais limpas possível, no que respeita à preparação, métodos de treino, recuperação do esforço dispendido... até ao extremo cuidado com a alimentação.

Só um exemplo: houve um jornal que durante a Volta a Portugal publicou um trabalho onde se vincava que, após a etapa e chegados ao hotel, os Corredores têm direito a… 45 minutos de massagens. Cada um. E vinha tudo explicado.

Há dez anos, os nove Corredores de uma equipa só não eram despachados em 45 minutos porque as equipas só tinham um massagista.

E, assomou-se-me agora à lembrança. Em quatro das sete Vueltas que fiz, a então Maia, já com três massagistas, contratava um quarto.

Um grande abraço para esse grande amigo, homem simples de trato fácil, que é o Pepe Toni (está na Caisse d’Épargne, ele que é maiorquino).

Isto significa que os quatro Corredores “preferenciais” iniciavam as massagens mal chegassem ao Hotel. Em simultâneo.

E há o avanço tecnológico das próprias bicicletas, dos próprios equipamentos que, hoje em dia, absorvem a transpiração do corredor como a fralda absorve as mijinhas dos bebés.

Mas não. Potenciado, desde logo, pelos próprios “jornalistas de Ciclismo” qualquer feito que ultrapasse a sua pobre capacidade de antevisão cai no campo do… suspeito.

Mas estou a fugir ao tema…

O jornal O Jogo publicou na quinta-feira – na mesmíssima data em que se cumpriam dois meses de suspensão, ainda não justificada, de nove elementos da equipa Póvoa Cycling Club-MSS (ele há cá cada coincidência!…) - um trabalho alargado com o doutor Luís Horta, cabeça (e cara) do CNAD (Conselho Nacional Anti-dopagem) e director do LAD (Laboratório de Análises e Dopagem).

Mas a que propósito é que este trabalho saiu nesta data?
Foi mesmo coincidência?

Peço-vos que não vejam segundas intenções no que eu escrevo.

Não tentem ler nas entrelinhas que aqui não há entrelinhas.
Neste texto não.

Foi bem produzida a entrevista. Por produzida quero dizer a forma como foi editada. Não saberão os meus leitores em geral, mas sabem-no os colegas de profissão. A conversa com os entrevistados às vezes desvia-se de um assunto, mas esse assunto também é interessante, logo, aproveitável para uma peça secundária ou uma “caixa”…

Na verdade e graças a deus – digo eu que não acredito em deus – ainda há jornalistas, ainda há editores que, perante meio bloco de notas preenchido é depois capaz de organizar as matérias de forma a oferecer ao leitor um trabalho escorreito.

Nem tudo o que se lê nos jornais é a transcrição ipsis verbis sacada de um gravador.

Ok, emendando os erros de português dos entrevistados…

Lá fugi eu outra vez…

Voltemos à entrevista dada pelo doutor Luís Horta.
Porque é que, en passent, se fala dos novos fatos usados na natação e, por exemplo, não se fala dos novíssimos equipamentos para o ciclismo?

São feitos com matérias que, não só absorvem mas também expelem a transpiração do Corredor, mantendo-lhe o corpo numa temperatura praticamente constante?

Porque não se fala dos novos materiais usados nas bicicletas, dos cada vez mais aerodinâmicos acessórios, desde a roda lenticular, aos capacetes tipo filme de ficção científica usados nos cronos?

É que, dizendo o doutor Luís Horta que não encontra nada de mal nos novos equipamentos da natação… seria engraçado ouvi-lo dizer que também não há nada contra os novos equipamentos do Ciclismo. E que estes podem ter influência nos resultados. Como o têm os da natação.
É a evolução.
Há 20 anos ainda havia quem corresse a Volta com camisola de lã que no final da etapa pesava dois quilos de encharcada que estava em suor.

Contudo, esta “entrevista” ao doutor Luís Horta, ainda por cima na data em que é publicada, não me convence.

Repesquemos algumas passagens.
O doutor Luís Horta “explica” o rol de recordes na natação com o facto de a piscina ser mais larga (tinha dez pistas, das quais só oito era utilizadas) e mais profunda, o que quase anularia a ondulação provocada pelos nadadores….

… na próxima vez, perguntem ao doutor Luís Horta qual é a grande diferença que existe entre a subida da Senhora da Graça, hoje, e aquela que se fazia há 12 anos.

E já nem falo dos outros 90% das estradas de Portugal…

(Se houve alguma área da qual, hoje, podemos mostrar fotografias e rir-mo-nos do que éramos há 15 anos, é a das comunicações rodoviárias).

Não. Falou-se dos novos fatos da natação e das características sem par da piscina olímpica de Pequim. Mas não enganaram ninguém, A mim, pelo menos, não… aquilo foi a sopinha servida antes do grande prato principal: o caso Póvoa-MSS.

E na longa entrevista que o doutor Luís Horta ganhou na 5.ª feira, n’O Jogo, há duas ou três coisas a reter.
E guio-me pela entrevista recusando aqui qualquer responsabilidade…
Cito: “… quando a legislação sobre o tráfico de produtos dopantes surge no horizonte"
[
traduzo: está-se à espera que seja aprovada]

Calma aí!…
Então não foi, esgotadas as saídas – porque, de repente, perceberam que há mais quem esteja a par dos regulamentos da FPC, para além do próprio presidente – não foi numa eventual suspeita de tráfico que assentou a dramática suspensão de nove elementos da equipa Póvoa?

Assente, cito o doutor Luís Horta, quando a legislação sobre o tráfico de produtos dopantes ainda está por sair, sob que Lei – não regulamento, que nenhum se pode sobrepor à Lei –, sob que Lei estão suspensos os homens da Póvoa?

Isto, atenção… isto SE tivesse sido conseguida alguma evidência clara, uma prova, um testemunho contra ela! O que eu continuo a dizer que não aconteceu porque senão aquilo que quiseram fazer, que era o de exemplarmente castigar uma equipa para servir de exemplo (dissuasor, claro, às outras)… já tinha sido feito.
E não foi.

Expliquem-me como se eu fosse uma criança de dez anos…
Porque é que a PJ, se tivesse motivos para isso, não prendeu ainda ninguém?


É que nem convocados foram para dizer das suas razões ou, se fosse o caso, para se defenderem.

Quem é que acredita que a PJ tem provas e está à espera que chova para avançar com o processo?

O curioso é que o responsável pelo organismo que tem que zelar por um Desporto – não é por um Ciclismo, é por um Desporto – limpo, é o primeiro a reconhecer que não temos Lei que puna aquilo que nos quiseram vender.
Mesmo que tivessem razão.

Isso é que ninguém tem a coragem de dizer.
O CNAD tem é que fazer controlos. Muitos, os que quiser.

Nunca os Corredores se negaram.
Porque é que é o presidente do CNAD a lembrar-nos que não temos Lei que puna o tráfico de produtos proíbidos?

Sinceramente, e sem a mínima ironia, depois disto estou à espera que o Director-geral da PJ dê uma entrevista a dizer que foram apanhados “x” corredores com controlo positivo.

Está tudo virado ao contrário. É o desnorte.

Aqui ao lado, em Espanha e quando da Operation Puerto, a CS desancou, bateu forte e feio, baixou o pau nas costas de todos os responsáveis institucionais.

A começar pelos juízes, passando pelo estado-maior da Guardia Cívil e acabando na RFEC.

Pergunto eu, após mais estas declarações, quem é que ainda duvida que a FPC, o CNAD, a sociedade protectora dos animais e seja lá mais quem for… não tem nada contra a equipa da Póvoa?

Porque é que há pessoas que estão suspensas, sem que lhe tenha sido comunicado um motivo válido para tal, e outras que, não o estando, foram impedidas de exercer a sua profissão?

E diz o doutor Luís Horta, cito de cor: “Quando se souber toda a verdade as pessoas compreenderão.”

Mas que verdade?
A de hoje? A de há dois meses ou aquela que por obra do espírito santo caia do céu um dia destes?

E como é que uma federação pode suspender pessoas só porque… está aí uma verdade para chegar?
Quem tem coragem para denunciar esta situação que atropela alguns dos deveres mais protegidos (não são, pois não?) de um cidadão?

Outro tema focado na entrevista do doutor Luís Horta.
Aplaudo a mãos ambas quando diz que “os asmáticos vão ter de fazer exames chancelados por médicos inscritos na Ordem”.
Isso vai ser a partir de quando doutor Luís Horta?

Quantos falsos asmáticos já ganharam Corridas de Ciclismo?
São mais ou menos batoteiros que os outros?

De qualquer forma, e repito-me, o que mais me chocou nesta entrevista “dada” pelo doutor Luís Horta, muito mais que “pedida” pelo jornal, é quando ele diz, em relação ao caso do Póvoa Cycling Club, é que “é um ponto de viragem”.
Deixou mesmo a ameaça: “Quando este processo chegar ao fim, as pessoas vão percebê-lo.”

Fica implícito que ele já o sabe e aqui não consigo perceber uma coisa.
Então porque ninguém lhe pergunta porque está o processo parado?

A alternativa é óbvia, não sabe nada e apenas joga com as palavras e a falta de coragem dos entrevistadores para o fazerem falar.
Não se deixa uma questão destas pendurada…
Se não tiveram mesmo coragem, tinham subtraído esta parte no que escreveram.

A sério!
Então se o meu entrevistado faz uma insinuação deste calibre, eu não ferro o dente e dali não saio?
Se diz o que diz, é porque sabe mais do que diz.
Se sabe, o jornalista tem que o fazer dizer. Ou então não publica nada.

Mas entre muitas outras virtudes, o doutor Luís Horta tem a de saber chamar a si o papel de protagonista.

Mas… em frente, que a festa ainda não acabou.

Outra pérola que nos é dada como se tivesse sido proferida pelo doutor Luís Horta. Te-lo-á sido, certamente:
«… Em Portugal todas as equipas de ciclismo são tratadas da mesma forma… Há umas mais controladas que outras.»
[Céus!… É isto o… da mesma forma?]

E depois aquela saída habitual. Diz o membro do Conselho Nacional anti-Dopagem e Director do Laboratório de Análises e Dopagem, que “a gestão desses resultados [dos controlos anti-doping feito durante a Volta a Portugal] é realizada pela UCI, dado tratar-se de uma prova internacional…"

Portanto, a Autoridade Nacional na Luta contra o doping… de doping não sabe nada porque isso é com a UCI…

… contudo, a mesma entidade já sabe que “as buscas na LA-MSS surgiram após longa investigação…/… e andaram pessoas infiltradas em determinados locais, num trabalho de longa data”…”

Ok. É interessantíssimo ficar a saber pelo director do LAD que a PJ tem, ou teve, homens infiltrados.
Onde?
Na equipa?

Ou estavam infiltrados do outro lado?
Isto é, tomando como provável haver organizações que vendem produtos proíbidos, fazerem-se passar como tal?

Não se pode deixar nada por questionar neste caso, e não se pode porque é a vida, a forma de ganhar a vida de mais de duas dezenas de famílias que está em jogo.

Houve uma denúncia que conduziu a PJ até à equipa da Póvoa. Murmurou-se muito, mas hoje já pude ler num jornal especializado que a denúncia partiu da LagosBike – deixemos o Benfica fora disto, porque o clube não tem nada a ver.

Está escrito, podem confirmar. Murmurava-se mos mentideros, mas foi a primeira vez que o li, claramente escrito.

Mas ia perdendo uma situação que não posso deixar de sublinhar. O doutor Luís Horta fala, letrinha por letrinha – pelo menos foi o que foi transcrito na “entrevista” – em… infiltrados da PJ.

Esta declaração, no mínimo ingénua, deve ter agradado de sobremaneira à PJ.

Toda a gente sabe que um agente infiltrado descoberto é um agente queimado.
Regra número um das polícias, nunca confirmar uma situação dessas.

Mas eis que se abre uma nova frente e não a descartem só porque sim.
E se esses… infiltrados, não fossem mais do que - embora atropelando todas as regras de qualquer polícia, o que estas jamais poderão admitir ter feito – os hipotéticos “vendedores” da banha da cobra?
Que para tramar uma equipa se tenham apresentado como aquilo que não eram?

Claro que faz sentido!
Houve uma denúncia. Não houve flagrantes, senão já teria havido consequências… não descartemos esta hipótese.
Se os contactados se tivessem mostrado interessados, estavam a denunciar-se. Só que a polícia não pode avançar porque teria usado métodos não permitidos.

Por isso eu digo que tudo, mas mesmo tudo neste processo, tem que ser questionado.

E não vale a pena tentarem intoxicar-nos com entrevistas mais ou menos dadas, mais ou menos pedidas, mais ou menos conseguidas.



E em datas muito peculiares!...

quarta-feira, agosto 27, 2008

II - Etapa 223

... É FAZEREM AS CONTAS!
(Como disse o outro...)

Houve quem se tivesse insurgido com o facto de, na Volta a Portugal e num pelotão de 149 Corredores, apenas 39 serem portugueses, o que dá uma percentagem aproximada de 26,2%...
Houve até quem se tenha perguntado... Mas isto é a Volta a Portugal ou a Vuelta (devido ao superior número de Corredores espanhóis no pelotão).

Já foram divulgados os inscritos para a Vuelta.
Participam 19 equipas com nove Corredores cada.
Dá 171 Corredores.
50 são espanhóis. Mais ou menos... 29,2%.
Que dirão?
Mas isto é a Volta ao Mundo ou quê?!!!

QUE NÃO ME DOAM OS DEDOS

FAZ HOJE DOIS MESES, PASSARAM 62 DIAS
QUE METADE DESTES HOMENS ESTÁ
PREVENTIVAMENTE SUSPENSA SEM "CULPA" FORMADA


FAZ HOJE DOIS MESES, PASSARAM 62 DIAS
QUE A OUTRA METADE,

MESMO SEM ESTAR SUSPENSA
ESTÁ IMPEDIDA DE EXERCER A SUA PROFISSÃO,
DE GANHAR O SUSTENTO PARA AS SUAS FAMÍLIAS

.

TENHAM VERGONHA!...

II - Etapa 222

JÁ VI QUE CHORAR NÃO VALE A PENA
O MELHOR MESMO É RIR-MO-NOS TODOS

Na Etapa 220 levantei o pano sobre algumas incongruências apanhadas num dos jornais que li na 2.ª feira e prometi que voltaria aqui com mais algumas pérolas que apanhasse nos outros... sete que comprei só para ver como cada um tinha visto a Volta.
Bem... é melhor lerem.

(R) - Foi preciso esperar 29 anos para os tavirenses festejarem o primeiro triunfo na Volta a Portugal. David Blanco deu essa alegria à equipa mais antiga do pelotão internacional que nasceu em 1938. [Quem quiser mandar uma calculadora para a Conde de Valbom...]

(R) - No curriculo de David Blanco refere que em 2003 ele correu pela Porta da Ravessa, esquecendo que era esse o patrocínio do... Tavira!

Mas em relação ao currículo segurem-se...
primeiro, as equipas onde correu:
2000/01 - Paredes; 2002 - ASC-Vila do Conde; 2003 - Porta da Ravessa; 2004/06 - Comunitat Valenciana (Esp.); 2007 - DUJA-Tavira e 2008 - Palmeiras Resort-Tavira.

Agora reparem no seu palmarés:
2001 - 1.º etapa na Vuelta; 2002 - 10.º na Vuelta; 2003 - 13.º na Vuelta e 5.º na Volta a Portugal [não pode ser engano... ou pode?]; 2006 - 1.º na Volta a Portugal; 2007 - 5.º na Volta a Portugal e 1.º no GP Rota dos Móveis; 2008 - 1.º na Volta a Portugal.

Quem disse que Ler Jornais é Saber Mais?

Mesmo com alguns anos de atraso eis que todos ficamos a saber que, em 2001 a Antarte-Paredes não só correu a Vuelta como ganhou uma etapa; que em 2002, a ASC-Vila do Conde também marcou presença na Vuelta, o mesmo tendo acontecido em 2003 com a Porta da Ravessa-Tavira. [Se não é, para já, a revelação do Século...]

(J) - Primeira vitória do Clube de Ciclismo de Tavira também foi festejada no Algarve. [Quem iria imaginar uma coisa destas?]

(J) - David Blanco, galego de berço e convicção (nasceu em Santiago de Compostela)... [David Blanco nasceu no dia 3 de Março de 1975 em Berna, na Suíça, onde os pais, emigrantes, trabalhavam.]

(CM) - Tavira que andava atrás deste êxito há 75 anos. [Juntem-se lá todos e façam as contas de uma vez por todas, porra!...]

(CM) - Em título: Desporto de Multidões
(B) - Em título: Porque foge o público da estrada?
(P) - A presença do público foi uma constante da corrida, principamente a partir de São João da Madeira não deixando margem para dúvidas quanto ao apoio popular que a Volta suscita.

(P) - ... o quinto lugar [na etapa] do Tiago Machado valeu-lhe o Prémio da Juventude. [Não lhe terá valido o 9.º na geral e, esse sim, o prémio? Hummm???!!!]

(DN) - Corredor galego fica a 26 segundos de Hector Guerra (Liberty). [Não terá sido ao contrário?!]

(DN) - Vidal Fitas orgulhoso, considerou ser a maior alegria de sempre do histórico clube algarvio que há 25 anos participa na Volta. [Mau, mau, Maria... até eu já estou a ficar confuso!]

(JN) - No texto - Para a história fica a curta diferença de 24 segundos entre o primeiro e o segundo classificados. [Nas classificações está correcto, foram 26 segundos]

Então? Que dizem?
Ah, sim, eu tinha falado em 8 jornais. É verdade, comprei mesmo os oito mas o oitavo, aquele que aqui há umas semanas fez manchete com o facto de o pai do Rui Costa ter sido operado à próstata, esse foi preciso para forrar o balde do lixo e nem me lembrei de tirar as páginas dedicadas à Volta...

Não fica ninguém a rir-se uns dos outros. Não é giro?
Mas eu não sou capaz de calar um grito:
É ASSIM QUE QUEREM QUE AS PESSOAS COMPREM JORNAIS?

Vá lá que não há muitos malucos a comprá-los todos no mesmo dia para os comparar...
Até eu só o faço uma vez por ano... sempre a seguir à Volta.

terça-feira, agosto 26, 2008

II - Etapa 221

EXCLUSIVO "A BOLA"
A VOLTA DE 2010 PODE SAIR DO FUNCHAL

Esta notícia saíu no passado dia 14 de Agosto, mas só agora a passo para aqui porque, no decorrer da prova não quis ser acusado de... levantar ondas!

Por parte dos responsáveis associativos da Madeira há total abertura e, segundo o se se pode ler (cliquem na imagem), a cidade do Funchal oferece todas as condições para que a prova raínha do calendário português, finalmente, saia de uma das regiões autónomas.

Já antes se falou nesta possibilidade, ainda era a EJN a organizar a Volta, e sei de ideias que havia de fazer io prólogo e uma etapa na Ilha de São Miguel, nos Açores.
Eu concordo.

II - Etapa 220

NÃO PERCEBI BEM...

Dividamos este artigo em duas partes distintas. Não se admirem com a primeira!

1. Polga, Grimi, Rochemback, Romagnoli, Izmailov, Derlei (6/14); Helton, Sapunaru, Benitez, Guarin, Lucho, Mariano Gonzalez, Fucile, Lizandro, Cristiano Rodriguez, Hulk (10/14); Maxi Pereira, Luisão, Katsouranis, Léo, Rubén Amorim, Fellipe Bastos, Yebda, Urreta, Balboa, Aimar, Cardozo (11/14)... nos 42 jogadores utilizados na 1.ª jornada da Liga portuguesa, pelos três grandes, 27 são estrangeiros.
64,3%. Logo, só 35,7 % (em 42) eram portugueses. E refiro-me apenas às equipas dos três grandes.

2. Onde é que está o "escândalo" de nos 149 Corredores à partida de Portimão apenas 39 serem portugueses? Reduzamos o exercício só às sete equipas portuguesas.
Total de Corredores à partida (sete equipas x 9 corredores dá 63).
Portugueses em equipas portuguesas: 37.
Percentagem de portugueses: 58,3% (mais 22,6% e ainda havia mais dois, em duas equipas estrangeiras!)


Isto só foi notícia - e foi-o em quase todos os suportes - por ignorância ou má fé.
"Percurso não favoreceu Corredores portugueses"... mas nos primeiros 20 só sete foram corredores de equipas estrangeiras!
13 eram "portugueses", procurados pelas equipas portuguesas para suprirem falta de genuínos lusos em vários campos, e contratados para reforçar as equipas. Como no futebol.

Mas da mesma pena sai isto: "... a forma como decorreu a Volta merece nota alta, Joaquim Gomes domina por completo a situação (.../...) numa competição que continua a crescer"!!!

Só mais duas ou três incorrecções.

Tiago Machado NÃO é o Campeão Nacional de Contra-relógio. Foi vice, nas duas especialidades de estrada, atrás de Sérgio Paulinho, no crono, e de João Cabreira, na corrida de fundo.

O Ginásio Clucbe de Tavira NÃO terminou em 1979. Continua vivo da Silva, tem a sua equipa de futebol que disputa o Distrital do Algarve e usa aquele campo onde está a pista de Ciclismo do... Ginásio Clube de Tavira. Nessa data cabou foi com a secção de ciclismo, levando o engenheiro Brito da Mana, mais os seus pares na dita secção, a fundarem o Clube de Ciclismo de Tavira que pode e deve ser considerado legítimo herdeiro do primeiro, logo anda na estrada desde 1943. Há 65 anos!

Quanto ao "Espanhóis foram donos da Volta"...
... ora deixa cá ver! Alberto Contador ganhou o Giro... Carlos Satre venceu o Tour... Samuel Sanchez foi Campeão Olímpico de fundo...

É! É muito estranho os espanhóis terem dominado a Volta a Portugal!...

Calma... comprei e tenho aqui TODOS OS OITO principais jornais nacionais e, como é evidente, não tive tempo pra ler ainda todos.

Mas não resisti em ir espreitar quem ganhou o Prémio CM para os "comes-e-bebes" nas partidas e chegadas. Foi Felgueiras... apesar "do arroz seco"!
Não tirem de lá a Fatinha dos sacos azuís que para o ano parece que há mais...

II - Etapa 219

A VELHA HISTÓRIA DOS TRÊS
MOSQUETEIROS QUE ERAM... QUATRO

Quando, no passado sábado, o David Blanco vestiu a Camisola Amarela no alto do Monte Farinha, lá bem no cimo, junto à Ermida de Nossa Senhora da Graça - e depois de ter cumprido religiosamente (eu, empedrenido agnóstico) o meu dever de lealdade - percebendo que nada iria ser aproveitado avancei aqui com a "histórica" quinta Camisola Amarela de sempre do Clube de Ciclismo de Tavira na Volta a Portugal.
Errado!

É o que dá não actualizar os arquivos.
Chamou-me, em bem, a atenção, o amigo Rui Quinta.

Caramba!, como é que lembro do José Henriques, em 1983, e me esqueci do... Martin Garrido que a vestiu o ano passado, logo no prólogo em Portimão e ainda andou quatro dias com ela, até à chegada a Santo Tirso?

Portanto, rectifiquemos:
- O David foi o sexto corredor do Clube de Ciclismo de Tavira a encergar a Camisola Amarela numa Volta a Portugal.

Mas...
... ai, ai...
Mas o David já andara de amarelo na Volta! Precisamente o ano passado, no arranque da 69.ª edição da corrida, logo no prólogo, na condição de vencedor da Volta do ano anterior.

Confusos?

Simplifiquemos:
o David Blanco foi, de facto, o quinto Corredor do Clube de Ciclismo de Tavira a envergar a Camisla Amarela, na Volta, mas isso aconteceu o ano passado.

Depois dele, vestiu-a o Martin Garrido, o sexto "tavirense" a andar de amarelo na prova raínha do nosso Ciclismo. E esta Camisola Amarela que o David vestiu na Sr.ª da Graça, e depois usou no crono, e depois manteve na cerimónia final... foi a sétima vez que um Corredor do Tavira vestiu a camisola de líder...

Perceberam alguma coisa?

segunda-feira, agosto 25, 2008

II - Etapa 218

COM A VOSSA LICENÇA...
NÃO SE ESQUECERAM DE NINGUÉM?

Esperei - e uma minoria há-de saber porquê - pelas três da manhã para voltar aqui. Não foi decisão fácil. Amanhã - mais logo, quero dizer - regresso ao trabalho depois de uma semanita de descanso.

Não posso, primeiro porque poderia estar a pôr o carro à frente dos bois, depois porque... simplesmente não posso, abordar ainda a histórica vitória do Clube de Ciclismo de Tavira na Volta a Portugal.

Ao fim de - e aqui está a prova de que falta, ainda, realmente, escrever a História do Ciclismo em Portugal, isto porque as informações não batem certo -, ao fim de, segundo o eng.º Macário Correia, presidente da CM Tavira (e da mesa da AG da FPC), 75 anos desde a hipotética estreia, em 1933, da primeira (qual?) equipa de ciclismo de Tavira na Volta, isto quando o livro "História da Volta" do meu caríssimo amigo Guita Júnior, nos dá como primeira presença na Volta do Ginásio Clube de Tavira em 1947... bem, ao fim deste tempo todo (75 ou 51 anos?), a mais antiga equipa profissional de Ciclismo do Mundo venceu a Volta a Portugal. Isso é que interessa.

Parabéns a eles todos, como já tive oportunidade de deixar escrito.
Entretanto, e alguns perceberão porquê, esperei até agora para escrever... qualquer coisa.
E escrevo, por exemplo, que o o Campeão Nacional de Contra-relógio, em título, é o Sérgio Paulinho.

Mas, sobretudo - e perdõem-me a imodéstia -, não sei se eu ontem não tivesse recordado o engenheiro Brito da Mana, hoje alguém o teria recordado.
Ok... recordavam, com certeza.

Para rir já chega aquilo que li num jornal, referindo-se ao presidente do CC Tavira como o Poulidor português quando foi o seu tio, por acaso com o mesmo nome, quem foi várias vezes segundo na Volta.

O Jorge Humberto Corvo, presidente do CC Tavira foi Corredor, mas pouco tempo e sem muito jeito, diga-se em abono da verdade.
Mas eu só esperei por esta hora, e só aqui estou para tentar reparar uma injustiça enorme.

Sejam lá quais forem as razões que levaram à separação (e, aparentemente, ao esquecimento), ninguém de boa fé em Tavira poderá esquecer, nesta hora de extrema alegria, um nome que nem sequer foi soprado...

Já com o engenheiro Brito da Mana extremamente condicionado, devido aos seus problemas de saúde, o Clube de Ciclismo de Tavira conseguiu sobreviver, bem medidas as coisas, durante uma década inteira - quando nem o Jorge Humberto Corvo, nem o Paulo Faleiro, nem nenhum dos actuais dirigentes, agora bem almofadados nos dinheiros dos espanhóis, primeiro da DUJA, agora da Palmeiras Resort - graças à entrega total de um homem que deveria estar a comemorar este grandioso feito...

Claro que me refiro ao José Marques.
Ele foi tudo.
Director, técnico, massagista, mecânico... ano após ano, em prejuizo da sua própria vida familiar, ele andou a bater de porta em porta, humilhando-se, pedindo quase por favor, oferecendo o seu nome como garantia, para que o CC Tavira não acabasse.

Um grande e estreito e sentido abraço ao Jorge Humberto Corvo e ao Paulo Faleiro... mas desde 1991 que eu sigo, bem de perto, a realidade do CC Tavira.

A saída do Bom Petisco, o surgimento da Progecer - uma maningância montada com a FPC a fechar os olhos porque a empresa não era mais do que a Recer que, pelos regulamentos, não poderia apoiar mais do que uma equipa, mas que inventou a Progecer para manter o Tavira na estrada...

Depois, e sempre através de conhecimentos pessoais, de verdadeiros amigos, o Tavira não morreu porque alguém - foi o Teixeira Correia - ajudou a convencer os responsáveis pela Adega Cooperativa do Redondo a patrocinarem a equipa.

No ano seguinte, e quando, mais uma vez, a equipa não ia poder sair... chegou a ser inscrita como amadora! - lá conseguiu o Zé Marques o apoio da Würth...

Não me interpretem mal.
O Jorge Humberto Corvo e os seus pares nesta direcção do clube têm todo o direito ao destaque que lhes queiram dar. E eu também lho dou.

Não tenho é a memória tão curta como a maioria.

Não fosse e entrega total, durante mais de uma década, do Zé Marques, e hoje não teríamos CC Tavira a festejar a sua primeira vitória na Volta a Portugal.

Adivinho alguns dias de festa, lá por baixo, pela cidade do Gilão.
Pergunto-me... vão lembrar-se do Zé Marques?
Eu lembro-me.

E deixo aqui escrito que esta vitória - apesar de ter sido afastado e de agora dever lealdade a outra equipa - também se deve a ele, José Marques.

Um abraço, amigo.

2 Notas

1.ª - Há mais um espaço na Blogosfera dedicado ao Ciclismo. Trata-se do Total Ciclismo que já tem um link aqui ao lado. Ao contrário de alguns, eu acho que quantos mais houver, melhor... Não sei quem é o seu mentor, mas daqui lhe endereço os meus parabéns e desejos de felicidades.

É bom, que o Ciclismo demonstre que está vivo, e o facto de se multiplicarem os sítios na Internet a ele dedicados é uma prova disso. Até partindo do princípio que será gente jovem a ter a iniciativa.

Provado que ficou que, em termos de Imprensa, se estagnou - não vimos um único "golpe de asa", nada que nos alimente a esperança de que há uma renovação, em termos de jornalistas especializados, antes pelo contrário -, e confesso já não esperar muito mais... chapinhamos no velho chavão da confusão entre os 20 anos de experiência e um ano de experiência... repetido 20 vezes, sem acrescentar nada de novo.

2.ª Nota - Esperariam, com certeza, ter lido aqui, ontem ainda, o meu balanço à Volta.
Não o fiz propositadamente. Vou fazê-lo ao longo dos próximos dias, à medida do tempo que tiver disponível.
Mas há uma coisa que, apesar de a ter seguido apenas pela televisão, quero deixar já dita:

Foi uma Volta a Portugal bonita, interessante do primeiro ao último dia.

Que nos obrigou, a nós os observadores mais por dentro do fenómeno Ciclismo a olhá-la de uma forma totalmente independente, sejam lá as preferências que cada um tenha. Creio que, apesar de um ou outro encontrão, numa ou noutra chegada, a verdade desportiva foi defendida.

E deu para perceber que, em termos de infra-estruturas e de todo o "circo" que gira à volta da prova, as coisas melhoraram. Há três anos que estou afastado do terreno, mas deu para perceber.

Parabéns, por isso, à organização. Principalmente ao amigo Joaquim Gomes que me pareceu um pouco... desiludido. Vocês nem imaginam com o quê, mas também - e com todo o respeito - não têm de saber tudo o que eu sei.

No teu lugar, Joaquim, estaria a sentir as mesmíssimas sensações. Mas como dizes, nunca viremos a sabê-lo. O Joaquim Gomes é um Homem sério e íntegro. Respeite-mo-lo por isso.

Quanto ao "caso"-Póvoa Cycling Clube, atenção meus amigos, não deixem que o coração fale mais alto que a razão.

Em relação a esta Volta já nada há a fazer... concentremo-nos - sim, porque continuam a ter em mim um aliado que não recuará perante insinuações ou mesmo ameaças - naquilo que agora é premente: vamos, o mais rapidamente possível encostar às cordas quem vai ter que responder por todo o caso.
E o Joaquim Gomes - mera peça de uma máquina muito poderosa - não está na lista dos... "inimigos"!

domingo, agosto 24, 2008

II - Etapa 217

PARABÉNS DAVID BLANCO
PARABÉNS C. C. TAVIRA
.

II - Etapa 216

AQUI ESTÁ A SOLUÇÃO DO "PASSATEMPO"

Na passada terça-feira, dia 19 - dia a seguir ao descanso, na Volta - na Etapa 203 deixei aqui, no VeloLuso, uma... brincadeira.


Esta foto, dizendo que "A RTP já entrevistou o Vencedor da Volta".


Ok, como prometi, aqui fica a foto completa...


II - Etapa 215

(Re-editada)

DEI "BARRACA", PEÇO DESCULPA!...
(Até me sinto mal...)


Ontem à noite cheguei a casa fulo, por causa do que tinha "ouvido" no "Diário da Volta", na RTP1, isto quando com um pequeno grupo de amigos estava a jantar, num sítio socegado, é verdade, mas que não deixava de ser um espaço público. Não estou já a desculpar-me, pese embora a re-edição desta etapa seja, só por si, um pedido de desculpa.

"Olha a Volta!», alertou um dos meus amigos e ficámos calados - ok, sempre com uns comentáriozinhos pelo meio - a ver as imagens.

Confesso que ainda não tinha visto o "Diário da Volta" que passa às 23 e qualquer coisa na RTP1, para meu grande azar, ou para azar da minha vesícula, logo ontem tinha que estar ali à frente do receptor de televisão!
É pobrezinho.
Se foi sempre assim, foi pobrezinho.
Eu sei que há um outro, mais alargado, na RTPn, mas nem toda a gente tem acesso à televisão por cabo, logo - digo eu que às vezes digo coisas parvas - o "Jornal" nobre devia ser o que passa no Canal 1, que toda a gente pode ver.
Contudo, arrepio a opinião que ainda ontem, mal chegado a casa - e nem sequer estava longe - me apressei a vir aqui deixar.

Criticava, duramente, o programa e quem o fizera porque "ouvira" coisas incríveis.
"Ouvi" quando o David Blanco vestia a camisola amarela que era a primeira da equipa de Tavira...
E "ouvi" que o Blanco estava perto, muito perto de conseguir a primeira vitória na Volta a Portugal.

Claro que reagi de imediato e ali, no meu grupinho que se juntou para jantar, indignado com "tanta falta de objectividade" e chegado a casa liguei o PC e "bati forte e feio" no programa e em quem o fez... até porque dentro do tal grupo de amigos houve quem me "afrontasse" esgrimindo que, "se eles estão a dizer na televisão é porque é verdade".
Era só para me picar... Mas irritou-me.

Passemos à frente.
Há bocado, quando saí para o cafezinho pós almoço encontrei um dos companheiros do jantar de ontem que mal me viu se riu de uma maneira... provocadora e assim que chegámos perto um do outro atirou-me: "Estive a ler o que escreveste, mas eu tinha a gravar aquilo e tu escreveste tudo ao contrário, que barraca!..."

Ao contrário... como?

Um saltinho a casa dele e, à medida que fui revendo, re-ouvindo, senti-me mal...
Podia, posso desculpar-me com o facto de estar num restaurante e de se terem misturado comentários... mas eu estava redondamente enganado. Vergonha!...

O que se disse no "Diário da Volta", e não há dúvidas, foi que, quando o David Blanco vestia a Camisola Amarela "o vencedor da Volta de 2006 pode dar a primeira vitória final ao Tavira, em 70 anos de Volta".

Eu percebera mal. Ouvira mal... e vim aqui deixar um comentário injusto para todos os profissionais da RTP.

Peço desculpa.

Pronto, a partir daqui não faz mais sentido o que escrevi ontem à noite.
Mantenho apenas que David Blanco é o 5.º Corredor do Tavira a vestir a Camisola Amarela na Volta a Portugal.

O primeiro foi José Henriques, em 1983, quando venceu a primeira etapa da prova, corrida entre o Autódromo do Estoril e o alto de Montejunto, tendo andado de amarelo exactamente oito dias, até ao dia de descanso, nas Termas de Monfortinho;
o segundo foi Peter Petrov, em 1995, depois de uma fuga bem sucedida, à terceira etapa que terminou em Portalegre;
o terceiro foi Pedro Martins, em 2001, à 5.ª etapa, depois de outra longa fuga, numa ligação Tavira-Évora;
o quarto foi Ricardo Mestre há... dois anos, na 6.ª etapa, que terminou em Fafe...

(Ricardo Mestre, Pedro Martins, José Henriques, Peter Petrov e David Blanco)
.
Se daqui a algumas horas o David Blanco confirmar o lugar que ocupa na geral à partida para o crono final, aí sim, será o primeiro triunfo da equipa de Tavira na Geral da Volta a Portugal.

Relembro que o Clube de Ciclismo de Tavira, fundado no dia 31 de Agosto de 1979, cumprirá, para o ano, 30 anos de actividade ininterrupta, o que faz dele o mais antigo clube profissional de ciclismo do Mundo.

Vale a pena recordar aqui o seu mentor, o engenheiro Brito da Mana que, infelizmente, não viveu para assistir a estes momentos...

Renovo as minhas desculpas a todos os profissionais da RTP que estão a fazer a Volta.

II - Etapa 214

VOLTA A PORTUGAL’2008-9

Ora, e ao contrário do que um estimado companheiro juntou ao meu último comentário sobre a Volta, sou, humildemente, obrigado a dizer que… eu tinha razão.
Em tudo!

O Américo Silva perdeu ontem – já é ontem – mais uma Volta a Portugal e perdeu-a – deixem-me usar o exemplo do tabuleiro de xadrez – porque optou sempre por “atacar” com peões, à espera que a sorte divina lhe caísse do céu, em vez de atacar com uma outra qualquer peça mais forte.

Quando eu ontem, que já foi na sexta-feira, escrevi que desbaratara as forças do Nuno Ribeiro, quando este nem cócegas fazia ao principal candidato, sabia o que estava a dizer.


Se queria mesmo forçar a Palmeiras Resort-Tavira a um esforço sério, que produzisse o desejado (por parte da Liberty Seguros) desgaste da equipa algarvia, tinha sido na sexta-feira, e não ontem, que devia ter atacado com o Rui Sousa.

Houve quem não concordasse comigo. Ainda bem. Ainda bem que há pessoas que não receiam fazer a sua própria leitura da corrida e… defendê-la.

Mas uma coisa estava a descoberto, quanto mais próximo do final o Américo tentasse provocar o principal adversário, menos hipóteses tinha de o surpreender. É evidente, era evidente para todos que, não tendo apostado no Rui na sexta-feira, o faria ontem.

Perdeu a última possibilidade de tentar surpreender Vidal Fitas que, arrisco-me a dizê-lo, desde o dia de descanso estava à espera daquilo que a Liberty pudesse vir a fazer.


Seguro de que, quanto mais tarde o fizesse, melhor para a equipa algarvia.

Ontem, finalmente, houve quem tivesse reparado que nenhum dos trepadores da Palmeiras Resort-Tavira tinha ainda sido forçado a qualquer espécie de desgaste.

Ao contrário, e até – digo-o eu, agora, a posteriori, o que é sempre fácil – nem me surpreendeu que logo na primeira subida um terço da equipa da Liberty tenha ficado para trás.

Ora, se há muito toda a gente percebeu que a discussão pela vitória na Volta ficara reduzida ao Hector Guerra e ao David Blanco, se estes dois homens, ambos especialistas no contra-relógio, não precisavam, de todo, do trabalho da equipa, a não ser para resolver as coisas antes da última etapa… os “ataques” inconsequentes da Liberty mais não fizeram do que… cansar os seus próprios homens.

E viu-se.
O Nuno Ribeiro, “castigado” na sexta-feira, rebentou a meio da etapa; o próprio Rui Sousa foi obrigado a lutar até ao esvaziamento total, salvando, vá lá, a camisola verde. A prestação de Koldo Gil fez-me lembrar sempre o Don Quixote… estava ali, na frente, quase à morte… para quê?

Para quê se, tendo-se resguardado – porque ao contrário não foram obrigados antes – os guarda-costas de Blanco, Krassimir Vasilev, Nélson Vitorino, Ricardo Mestre, principalmente estes, estavam – estiveram – à vontade para fazer o seu papel.

Estou a ver/ouvir o resumo final da etapa.
Diz o Américo que só podia ter feito isto que fez.


Claro que não!

Se a aposta foi sempre o Guerra, se o Rui Sousa nunca seria mais do que carne para canhão… então tinha que ter jogado o vianense mais cedo. Porque, e como referi ontem, em relação a ele todos teriam que responder, porque todos estavam atrás dele.

Queimar o Nuno Ribeiro que tinha quatro minutos de atraso; depois, queimar o próprio Rui Sousa e logo a seguir o Koldo Gil que estava a três minutos… foi fogo-de-vista.


Tiros de pólvora seca.

E o Vidal Fitas só teve que segurar o natural ímpeto dos seus corredores que, acredito, terão vivido estes dois últimos dias sobre brasas.


De prevenção total, à espera de um ataque relevante do adversário, sem saberem se seriam, ou não, capazes de corresponder aos anseios da equipa.

E hoje [ontem] quando finalmente lhes foi entregue o comando da corrida já o Rui Sousa se arrastava lá para trás, já o Nuno Ribeiro se perdera na classificação e, na frente, podiam ver o Koldo Gil a derreter as suas últimas forças.

Não precisaram de ganhar a corrida que o adversário se encarregou de a perder.
No resto, seria sempre o mesmo.

O Blanco e o Guerra não entrariam em fugas, não contariam em nada para a tal “guerra” por que todos esperámos, mas não aconteceu.

O Blanco e o Guerra desde a Estrela que não precisavam de equipa.

Bastava colarem-se um ao outro.

A equipa – uma delas, em relação à outra - aqui, só tinha um papel: tentar eliminar elementos da adversária para a eventualidade de os seus ases virem a precisar de ajudas extras.

Aí, nessa situação, o que tivesse a equipa mais folgada levaria vantagem.
Foi sempre o Blanco.

Porque a Liberty se encarregou de “eliminar”, um a um, a sua própria equipa.
E termino voltando a usar a figura do xadrez.


Não é, definitivamente não é, o principal hobby do Américo Silva.

sábado, agosto 23, 2008

II - Etapa 213

E AO 10.º DIA ALGUÉM TEVE CORAGEM

clicar aqui --> [*]
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OBRIGADO, EM NOME DELES TODOS!...

sexta-feira, agosto 22, 2008

II - Etapa 212

VOLTA A PORTUGAL/2008.8

Foi bastante interessante - para além de movimentada, logo, espectacular - a etapa de hoje. Contudo, foi-o menos do que aquilo que um observador neutro - como eu quero ser - esperaria.

Caramba! Para 13 ou 14 equipas das que formam o pelotão a Volta acabou hoje.
Amanhã é a Senhora da Graça e no Domingo o crono final...

E, pelo andar da carruagem podemos riscar a hipótese, que era academicamente aceitável, de podermos vir a ter duas corridas na corrida.

Uma de (perdoem-me o termo) descartados, em relação à classificação geral - e havia, há, no pelotão excelentes trepadores prematuramente afastados da luta pela vitória final -, e a outra, aquela a sério que não teria, necessariamente, que ser discutida na cabeça da corrida: a dos candidatos.

Então, qual é a minha previsão?
A de que tudo se vai jogar na frente e que, mesmo que... os descartados, pelo menos alguns, venham a misturar-se na "guerra", só um não passará despercebido se... ganhar a etapa. O que pode acontecer.

Mas o que é que vai acontecer?
Vai acontecer que todos os candidatos - não são tantos assim!... - vão aparecer, lado a lado, ombro a ombro, marcação em cima, directa... bem na frente da corrida.

Eu percebi a estratégia do Américo Silva nestes dois últimos dois dias, só não percebo como é que ele não percebeu que toda a gente estava a perceber...

Logo, que todo o desgaste a que submeteu - principalmente hoje - meia equipa ia dar em nada. Percebi, mas jamais faria o mesmo.

Vamos por partes.
A Liberty Seguros - que não deixou nem vai já deixar de pôr as fichas todas na casa do Hector Guerra - tentou colocar o Nuno Ribeiro numa posição, em termos de tempos, que importunasse, amanhã, a Palmeiras Resort-Tavira.

Se isso tivesse acontecido, sacrificando - se isso fosse necessário - toda a equipa (sacrificando no sentido de a pôr a trabalhar à morte) a puxar pelo Nuno de forma a arrastar os adversários num sempre duríssimo trabalho de perseguição, então explicar-se-ia só por si.
Com o Guerra reservado. Colado ao Blanco.

Falhou nos seus intentos.

E se disse que eu não jogaria assim também não me importo de dizer como é que eu teria jogado.
Tinha atacado com... o Rui Sousa!
Nem mais...

Aí sim. Aí ia obrigar toda a gente a dar às pernas sendo que, como acabou por acontecer, o Guerra iria sempre na onda, com o Blanco na roda, claro.

Em vez de lançar um homem que, para começar a ser tido como ameaça teria, primeiro, que vencer um atraso de cerca de quatro minutos - e uma vez que não conta, definitivamente não conta com Rui Sousa para ganhar a Volta -, fazia explodir o pelotão com... a fuga do líder.

Estão todos atrás dele, pelo que ninguém se poderia dar ao luxo e ficar a ver como paravam as modas.

Definitivamente, o xadrês não é exactamente o passatempo mais do agrado do Américo Silva. Embora tenha tentado disfarçar, fazendo avançar um inofensivo peão, talvez na esperança de o ver transformado em raínha, se atingisse a última linha do tabuleiro.

Mas não era fácil.
Para não dizer... impossível.

Mas eu vou ainda mais longe.
E não fiquem escandalizados.
Teria tratado de garantir duas ou três alianças.

A Múrcia, de Palomares - que acabou por ser adversária -, a Barbot, de Bernabéu (embora aqui a nega fosse possível se o Carlos Pereira, arriscando menos, preferisse tentar a vitória ao sprint, com o Pacheco), a Scott, de Cobo, até o Boavista...

Alguém que estivesse disposto a queimar octanas (hei!... no bom sentido, não sejam perversos!) em troca da vitória na etapa desde que ajudasse o Nuno a recortar três quartos do atraso com que conta.

Porque já há alianças no pelotão e hoje isso ficou um bocadinho à mostra.
Aliás, façam o favor de ser justos para comigo e, se se derem ao trabalho de andar algumas etapas para trás, verão que eu há muito a anunciei.

Não é nada contra natura e só pensará isso quem não tem o mínimo de noção do que é o Ciclismo ou uma grande corrida por etapas.

E nem estou a contabilizar eventuais rivalidades, no pior sentido do termo, coisa do género... não ganho eu mas também não ganhas tu, coisa que tão bem encaixa na realidade do Ciclismo luso. Nada disso.

Qualquer observador com o mínimo de conhecimentos de Ciclismo não só não vai estranhar como já está a contar com uma clara e visível aliança entre o Benfica e o Tavira, na etapa de amanhã.

Eu escrevi-o aqui no dia da etapa da Torra.
Depois da etapa.

Deixei-o implícito ontem mesmo, quando chamei a atenção para o facto de, estando recheada de trepadores, a equipa de Vidal Fitas não ter obrigado nenhum deles ao mais pequeno esforço para além do normal.

Não, não estão furados das pernas. Estão a cumprir um rigoroso plano há muito estabelecido que - daqui a 24 horas veremos se tenho ou não razão - coloca o Vidal Fitas, e ele já teve oportunidade de surpreender-nos, logo no seu primeiro ano como técnico, no estreitíssimo rol de grande estratega.

Como já escrevi, a jornada de amanhã poderia ser jogada em duas frentes.
Um grupo de arredados da vitória final a lutar pela etapa e, mais atrás, desgastando-se menos, a luta entre os candidatos - Guerra e Blanco - que se resumiria ao ganha/perde cinco ou seis segundos para depois as coisas se resolverem no crono final.

Não vai ser assim.

O que é que eu antevejo?
Sejamos lineares e olhemos a classificação geral individual.
Por estranho que possa parecer, é a equipa do camisola amarela quem tem que atacar!

Ok...
E o que vai - de diferente - fazer o Américo Silva?
Pouco ou nada. Vai lançar outra vez o Nuno Ribeiro, provavelmente com uma guarda de honra ainda mais musculada do que aquilo que hoje fez...

Tinha dois homens numa fuga, fez sair o Nuno mais dois companheiros e mandou que os outros dois esperassem para ficar com um bloco de cinco Corredores à frente da concorrência.

Teoricamente... teoricamente a jogada tinha tudo para ser perfeita.
Mas o Ciclismo não se traduz exactamente com aquela brincadeira futeboleira do "são onze contra onze e no fim ganha a Alemanha".

E o esforço a que foram obrigados fez com que três dos operários da Liberty perdessem hoje cerca de 20 minutos para o vencedor da etapa.

O Benfica só teve Mikel Pradera dentro de registo semelhante e o sétimo homem do Tavira - Luís Silva desistiu e Martin Garrido não conta para a "guerra" de amanhã - não perdeu mais de 4 minutos e meio!

Pode ainda o Benfica sonhar com a vitória na Volta?
Numa corrida de Ciclismo não se fazem previsões destas tantas e tão alargadas são as possibilidades a ter em conta.
De um dia não, a uma queda infeliz.

Rubén Plaza, mostrou-o hoje, está forte e será sempre o candidato número 1 à vitória, domingo, no contra-relógio... e, por mais que lhe queiram fazer o funeral, o Zé Azevedo ainda não está morto. Longe disso.

O que é que o Benfica perde se ajudar o Palmeiras Resort-Tavira?
O que é que o Benfica perde se levar o David Blanco são e salvo até ao alto do Monte Farinha mas ganhar a etapa?
Nada!
Antes pelo contrário.

Já venceu três tiradas, o crono está praticamente no bolso do Plaza (o que daria 4) e se ganhasse, com o Cândido, ou o Petrov, ou... o Plaza na Senhora da Graça vencia metade das etapas da Volta.

E por muito bom que seja, e é-o, o Plaza não conseguirá dar mais de três minutos ao David Blanco no crono...

Portanto, meus amigos, o Américo Silva foi corajoso.
Jogou forte, tinha que jogá-lo.
Jogou foi mal.
Mais uma vez...

Ou acontece amanhã um cataclismo, ou eu não percebo nada de Ciclismo.
Ninguém está livre do primeiro, e se ele acontecer eu não deixo de saber o que já aprendi.
Não acontecendo o primeiro... independentemente do que acontecer amanhã (repito, não acontecendo nenhum cataclismo) o David Blanco repetirá a vitória na Volta conseguida em 2006.

.......

Em relação aos "casos" do dia...
Era o que faltava eu fugir às polémicas, como se estivesse com medo ou comprometido com alguma das partes!

Quanto à queda que envolveu o David Blanco, eu não vi.
Terá acontecido antes do início do directo, ou a RTP não a mostrou ou eu não estava aqui a olhar para a tv...

Ainda assim registo, todos pela positiva - por mais que vos custe a entendê-lo -, as reacções, no final da etapa, de três dos "protagonistas".

Se...
... o Cândido, apercebendo-se do incidente que acabou por penalizar, sobretudo o David Blanco, gritou e mandou que se tivesse calma e desse tempo aos envolvidos na queda para recuperarem, fez aquilo que é regra no Ciclismo, não excepção. O respeito pelos adversários vítimas de um qualquer infortúnio;
... pareceu-me de todo honesto o depoimento do Nuno Ribeiro. Se vai à frente - apesar do tal tique que tem de ir sempre olhando por cima do ombro - e ainda por cima a descer, não pode aperceber-se da queda, logo, não tinha que parar, contudo, pediu publicamente desculpas por uma eventual falha de desportivismo;
... e em relação ao David Blanco que dizer?
Que dizer que não isto: é um Senhor. Em cima da bicicleta e fora dela.
Nos últimos dias foi vítima de quedas mas nunca se desculpou com isso.
Hoje até usou de um extraordinário humor, ao dizer que sim, caíra que nem um gato, mas "de patas para cima".
E não se queixou de ninguém.

E quanto ao sprint final...
Analisar uma situação como a de hoje exige saber-se o mínimo de ciclismo e eu até tenho vergonha de dizer que nem de bicicleta sei andar.
Mas uso a minha desculpa habitual: também nunca estive na China e sei que os chineses são amarelos!

Estou totalmente de acordo com a análise do Marco Chagas.
Os fanaticamente puritanos carregarão na tecla de que houve um desvio de trajectória do Cândido.
Houve, e é extraordinariamente magnifico o trabalho que o António Costa apresenta no Cyclolusitano, ao separar frame por frame as imagens da televisão...

Duvido até que os Comissários tenham tido melhor auxilio para a sua decisão. Mas...
... mas (e aqui é que a coisa torce o rabo) mesmo sem saber andar de bicicleta tenho tantas centenas de horas de ciclismo que me sinto com autoridade para dar a minha opinião.
Que não é gratuita, atenção, nem movida por cores ou paixões sejam elas de que espécie forem.

Toda a gente viu o Cândido, estivese ele ou não a oferecer a vitória ao Rubén Plaza, virar-se e olhar sobre o seu ombro direito. Ora, quem sabe andar de bicicleta que mo diga... se nos inclinarmos sobre a nossa esquerda para podermos ver sobre o ombro direito... em que direcção é que a bicicleta se desvia?
(Não sei andar de bicicleta mas não sou tão mau assim em física!)

E depois - mas isto só mesmo os sprinters, incluindo o Francisco José Pacheco, podem explicar - mesmo sem se ver o adversário... sente-se ou não que ele está a chegar?
E, se estamos a olhar para um lado e o não vemos, terá que ser pelo outro.
E não cai a nossa trajectória, mesmo inconscientemente, para esse lado cego?

Quando sou envolvido por um grupo de gente, inconsciente mas automaticamente levo a mão ao bolso das calças onde tenho a carteira.

Há culpa do Cândido por ter descaído para a sua esquerda, ou foi errada a aposta do Pacheco em tentar passar entre ele e as barreiras?

Como já escrevi, subscrevo na íntegra a opinião do Marco Chagas.
Que houve um ligeiro - e naquela largura de estrada não era preciso mais - desviu do Cândido para o seu lado esquerdo, houve; que eu, se fosse Comissário, não penalizaria esta chegada, não penalizaria.

Ufff!.... parece que acabei de correr a etapa.
Estou estafado. Vou descansar.
Até amanhã.

Que tenhamos, acima de tudo, acima até do espectáculo, uma etapa sem casos.
O Ciclismo agradece.

Já bastam os mangas de alpaca para o complicar.

II - Etapa 211

APENAS... DUAS HISTÓRIAS

1. Concluía uma temporada a todos os níveis notável. Sentia-se com forças e alimentava um sonho, queria tentar ser campeão do Mundo, ainda em sub-23.

Entre o final da Volta a Portugal e os mundiais, Portugal ainda disputava uma prova a contar para a Taça das Nações e ele foi convocado. Fez saber ao seleccionador nacional que preferia não ir ao Tour de l'Avenir, pediu escusa. Não cumpriu o que está escrito nos regulamentos que o obrigava a fazê-lo por escrito... fundamentando esse pedido de escusa.

"Quero ser Campeão do Mundo e acho que sou capaz de o conseguir."

Seria este... desejo, ainda que profundo, mas apenas pessoal, argumento suficiente para convencer o seleccionador? Ainda assim, porque não informou este o corredor que deveria formalizar por escrito aquilo que lhe acabara de dizer?

Neste meio tempo o jovem Corredor participava numa outra corrida, em Portugal, corrida bem menos exigente, em termos de responsabilidades, do que o Tour de l'Avenir onde teria a obrigação de se entregar todo, em nome de um lugar de mérito para a Selecção.
Saíu a convocatória para os mundiais e o seu nome não constava.
Todos se perguntaram... porquê? E só então se soube que não fora convocado porque... era alvo de um processo disciplinar - que até o Corredor desconhecia - por ter faltado à convocatória para a corrida francesa.

Foi castigado com três meses de suspensão, castigo decidido e activado muitos meses depois, à justa medida de terminar... em vésperas do arranque desta temporada. Sem consequências desportivas objectivas, apenas um castigo moral (para além do que fica gravado na sua ficha de Corredor).

2. Figura, por mérito próprio, do primeiro plano do Ciclismo Português, com provas mais do que dadas, vice-campeão Olímpico em Atenas, há quatro anos, e líder incontestado da Selecção Nacional escalada para Pequim, tem atestado passado pelos médicos da sua equipa que o autorizam ao recurso a medicamentos interditos à esmagadora maioria dos atletas.

Ao longo de todos estes anos, desde que, repito, pelo seu incontestável valor, emigrou para equipas como a Liberty Seguros, depois Astana - ao serviço da qual venceu uma etapa na Volta a Espanha -, a seguir para a Discovery Channel e de novo para uma nova Astana que não é mais do que a velha Discovery, nunca teve problemas com o documento avalizado pelos médicos das suas equipas e aceite por todos os inspectores anti-doping com que teve de se deparar.

Acontece que ainda há uma pequena discrepância entre os regulamentos anti-doping da AMA/UCI e do COI e por isso, como fez com todos os outros atletas nas mesmas circunstâncias, o Comité Olímpico de Portugal chamou-o para fazer os necessários testes sob as normas do COI e o resultado apurado ditou que o nível do mal de que padece não justifica - observando as normas olímpicas - o recurso aos tais medicamentos que, não o referi há pouco, mas de cujo composto constam produtos interditos pelos regulamentos anti-doping. Todos.

Ainda, segundo o que veio a público, tentou deixar de tomar esses medicamentos mas não se deu bem e, a 48 horas da partida para Pequim anunciou que... não iria defender a sua medalha de Prata. Comunicou-o, como mandam os regulamentos, por escrito à FPC? Usando que fundamentos para faltar à convocatória? Que não podia ir a Pequim porque, como aconteceu a todos os Corredores, mal lá chegasse seria submetido a controlos anti-doping e, pelos parâmetros do COI acusaria inapelavelmente positivo?

Qual a diferença entre pedir escusa do Tour de l'Avenir para aligeirar um pouco a carga de esforço e poder depois apresentar-se no seu melhor, nos mundiais, e confessar - ele fê-lo, eu li-o - que não ia a Pequim porque seria apanhado nos controlos anti-doping?

Qual a diferença para a FPC, claro, que para um observador, ou para os simples adeptos, ela é tão grande que nem se põe.

Só hoje um jornal tocou neste assunto. Do presidente da FPC obteve um lacónico "vamos analisar a situação e só depois, se houver razão, se avançará para um inquérito".

Esgotaram-se na Rua de Campolide os formulários para as suspensões preventivas, é o que somos levados a pensar.

É que, embora correndo numa equipa estrangeira, a licença deste Corredor é passada pela FPC que tem toda a legitimidade - aliás, é a única entidade, nestas circunstâncias - para o castigar.

Perante a falta de... curiosidade geral, fez bem o professor José Santos em, por escrito, claro, pedir explicações à FPC. Vamos aguardar.


PS - Nem de perto nem de longe visa este artigo atingir, nem pessoal, nem desportivamente o Sérgio Paulinho. Corredor que admiro, que conheço há muitos anos, de quem sou fã incondicional. Limitei-me a constatar factos. Que mentes mesquinhas não leiam aqui mais do que aquilo que ficou claramente escrito.