sexta-feira, novembro 30, 2007

989.ª etapa

COM UM ESTREITO ABRAÇO
PARA O “MESTRE” EMÍDIO

Há 15 dias, mais ou menos por esta hora, estava aqui a escrever um texto no qual expressei de forma clara – acho eu – os porquês de uma entrevista publicada perlo Jornal Ciclismo não me ter agradado.

O editor do jornal enviou-me um e-mail “codificado” que não cheguei a perceber; o seu director – com quem falei já esta semana – mostrou uma maior abertura, aceitando as minhas críticas naquilo que, na essência, elas realmente eram: somente a minha opinião.
E o que vem a seguir volta a ser apenas isso: a minha opinião.

Gostei muito do trabalho com o Mestre Emídio Pinto. Muito mesmo.
(Também não incorrerei no erro primário de pretender ler, escrito por outro camarada, aquilo que eu escreveria… Espero ainda poder vir a fazê-lo eu mesmo.)

Mas aplaudo a oportunidade das entrevistas. Desta, com Mestre Emídio Pinto, e também da anterior, com o Cândido. Revelam, por parte do jornal, uma visão séria do fenómeno Ciclismo e, mais do que isso, revelam que sabem perfeitamente o que estão a fazer. E que conhecem os terrenos que pisam.

O Mestre Emídio Pinto é um homem impar.


Tenho a felicidade de ser seu amigo e de saber que é recíproco. Tantas vezes falámos já…
Tantas “estórias” já lhe ouvi – e quero ouvir ainda muitas mais – e exemplos destes deixam a descoberto a desorientação vigente nas redacções dos vários jornais – não há um que escape a esta apreciação – no que concerne às modalidades.

Estou perfeitamente consciente do que acabei de escrever.

O jornalismo – para além daquilo que é notícia – é também a arte de contar histórias.

E é preferível ouvi-las enquanto os seus protagonistas estão vivos.
E às vezes gasta-se espaço a contar histórias decalcadas dos serviços de agência ou pior ainda, que está-se a abusar da Wikipédia.
Isto enquanto ainda temos à mão, à distância de um simples telefonema – embora eu considere esta como a última hipótese –, tanta gente do desporto português (na área das modalidades) com tantas histórias para contar.
Parabéns, portanto, ao Jornal Ciclismo.
E calculo que o João há-de ter sentido aquilo que eu já tantas vezes senti.
Tenho aqui material para uma dúzia de páginas… como vou meter tudo em duas?

É o fantasma que jamais deixará de nos assombrar, amigo.
Pior do que isso, só ver como é tão fácil decidir-se por ocupar duas páginas com biografias decalcadas dos serviços de agência, sobre nomes que só são mais mediatizados do que aqueles que, se calhar são conhecidos por menos gente, mas que são… nossos.

Termino com um estreito abraço para o Mestre Emídio Pinto.

988.ª etapa

APENAS UM FACTO CURIOSO...

O "boneco" que vai aqui ao lado é um exclusivo do Jornal Ciclismo - e espero que não levem a mal reproduzi-lo aqui - e encerra a particularidade de, num "boneco" só nos apresentar, em primeira mão, a terceira versão - em três anos consecutivos - dos equipamentos (agora fundidos num só) da Madeinox e do Boavista Futebol Clube.

Canelas (Gaia), Loulé, Boavista (Porto), foi o percurso do laranja da empresa de materiais de fixação para a construção e lar;

Vermelho (Carvalhelhos) e Azul (Riberalves), foram as cores que acolheram, antes deste Laranja, as franjas com o tradicional xadrês que identifica os boavisteiros.

Tudo isto em três épocas apenas...

quarta-feira, novembro 28, 2007

987.ª etapa

SERÁ A DISTÂNCIA QUE OS FAZ TER
UMA MELHOR PERSPECTIVA?


De Espanha, nem bons ventos… uma ova!
É de Espanha que vou sabendo algumas curiosidades... muito, curiosas.

E pergunto-me, será por olharem para nós com um maior afastamento, logo, com uma maior objectividade?
Claro que há alternativa a este… “supônha-mos”, mas nem me atrevo a insinuá-la sequer.
Fiquemos pelos factos.

O Meta2Mil desta semana dá-nos, na forma de um dos destaques, uma interessante entrevista com Eládio Jimenez, o ex-Karpin-Galicia que para o ano correrá com as cores da mui lusa Fercase-Rota dos Móveis-Paredes.
Revela o natural de Ciudad Rodrigo que se sentiu muito bem na formação galega mas que, a partir de dada altura, percebeu que estava no fio da navalha. O que viria a confirmar no final da temporada quando a renovação do seu contrato foi sendo sucessivamente adiada até que… em comum acordo com o DD, Alvaro Pino, acabou por aceitar o convite da formação portuguesa.
Onde vem ganhar mais ou menos o mesmo que a Continental Profissional Karpin lhe pagava e claramente acima de tudo o que conseguia por parte de outras equipas espanholas.
Paga-se melhor em Portugal. É o que se deduz da reportagem.

E vem a primeira nota a não descurar:
É, basta somar as várias situações que vão ficando do domínio público, cada vez mais consistente que há, de facto, pressões vindas de patamares superiores e que visam, interferindo junto das várias equipas, penalizar os presumivelmente implicados na Operação Puerto, fechando-lhes, uma atrás de outra, as várias portas a que poderiam bater.

Aqui permito-me – berrem o que quiserem berrar os detractores do Ciclismo – uma leitura que não, não é tão pessoal assim…

Sei que não estou só.
O que é que quero dizer?

Que a Operação Puerto foi abortada – em termos desportivo-disciplinares – não em defesa dos Corredores Profissionais de Ciclismo (se calhar fomos todos inocentes demais…) mas para “abafar” algo de que nós ainda não temos sequer a percepção.

E insisto naquilo que li. Não sonhei, não inventei… li.
Li o nome das principais estrelas do ténis espanhol; li o nome das principais equipas espanholas de futebol… como presumivelmente implicados na “rede” do doutor Fuentes.

Isto já é leitura minha (agora, ano e meio depois):

Havia tanto peixe graúdo implicado que até foram obrigados a “proteger” os Corredores de Ciclismo.

ATENÇÃO: Nada do que atrás escrevi se sobrepõe – muito menos anula – aquilo que sempre tenho defendido: a separação entre as investigações da polícia no sentido de, à luz do Código Penal, encontrar culpados em transacções de produtos proíbidos, e a não possibilidade do aproveitamento de seja o que fôr dessas iniciativas para punição desportivo-disciplinar de seja lá que atleta fôr.

Mas quer-me parecer que há atletas que não convém chamar a este “teatro de guerra” e, por isso, a operação deu em nada.

E tenho, cada vez mais, a impressão de que NÃO foi por causa dos Corredores Profissionais de Ciclismo.

Estes – e basta ir lendo o noticiário diário – conseguem fazer-se parte do estranho fenómeno que condena mesmo aqueles sobre os quais não é possível produzir prova.
É o “clássico” se é Corredor Profissional de Ciclismo, é culpado.

No Editorial do Meta2Mil leio ainda que a Volta a Portugal teve um índice de audiências a rondar os 50% o que é… brutal! No melhor sentido do termo.
Quer dizer que, ignorando os serviços Cabo e/ou Satélite… metade dos portugueses que só podem escolher entre 4 Canais, estava sintonizada na RTP1.

Isto significa, não só para o organizador – embora seja muito importante para ele – que os patrocinadores das diversas equipas tiveram um período concreto de exposição que jamais conseguiriam ter. Não, de borla!...

Então, o que quer isto dizer?

Quer dizer meus senhores, meus caros amigos – porque alguns dos investidores são meus amigos –, que apostar no Ciclismo AINDA é rentável.
É MUITO MAIS rentável do que aquilo que provavelmente pensam.
O que falta para que deixem de considerar o vosso investimento, não como um risco mas como investimento mesmo?

Que posso eu dizer?
Li num jornal espanhol que a Volta a Portugal chegou a ter 50% do share, que é como quem diz, metade dos espectadores ligados a uma mesma hora.
E acham que não é rentável apostar no Ciclismo?

Acham mesmo?

986.ª etapa

MEIAS NOTÍCIAS... MEIAS VERDADES...
MEIO COMPROMISSO!
E... PARA QUEM SOBRA O ODIOSO DA "COISA"?

A empresa estatal alemã de telecomunicações, que há cerca de 12 anos vinha a patrocinar o principal conjunto tadesco no pelotão internacional, depois de alguns meses de hesitações acabou por anunciar que deixa cair o seu apoio ao Ciclismo.

O motivo... o esperado.
São demasiado perigosas as ligações ao doping. Umas concretas, não o podemos camuflar, outras que, apesar de estarem por provar, fazem maior mossa ainda.

Aliás... não sei se têm lido os suplementos económicos dos principais jornais alemães, deve estar a ser penoso para a empresa o facto de, e por causa das notícias que saem nos jornais franceses a darem Jan Ullrich como suspeito de ter recorrido ao doping, a cada dia que passa milhares e milhares de alemães terem vindo a rescindir os respectivos contratos com o principal operador telefónico do seu país e terem passado a contratar assinaturas com companhias concorrentes da Polónia, do Liechenstein, Luxemburgo e Áustria.

A culpa está perfeitamente identificada.
É do Jan Ullrich.
Tinha que ser de um Corredor.

Lembro que, após as convulsões na antiga Team Coast, quando Ullrich regressou a "casa" foi negado o regresso do "anjinho" Rudi Pavenage. O Ullrich passou por dificuldades e acabou por fazer finca pé... queria o "papá"-Pavenage junto a si... Acabaram por lhe fazer a vontade...

O Ullrich não conseguia dormir à noite porque o "papá"-Pavenage não estava para lhe aconchegar o cobertor ao pescoço e por-lhe o ursinho de peluche ao lado, na cama... ou porque sem o que o "papá"-Pavenage lhe arranjaria ele, afinal não corria?

Mas quem é o mau da história neste momento?
O Corredor, claro!...

Adivinho as notícias que daqui a oito horas teremos nas bancas de jornais.

terça-feira, novembro 27, 2007

Nota

INFELIZMENTE, NÃO VOU PODER ESTAR

Serve esta nota - assim, pública - para agradecer à Associação Portuguesa de Corredores Profissionais (especialmente ao Paulo Couto) o convite que me foi dirigido para estar na Gala Anual da APCP que terá lugar na próxima 6.ª feira, na Póvoa de Varzim.

Infelizmente, não vou poder estar pois nesse dia tenho uma consulta, marcada há quase três meses, à qual não posso - nem devo - faltar.

Eu quero - eu preciso - ultrapassar esta última fase que estou a viver.
Preciso reganhar a confiança em mim mesmo para poder apresentar-me, confiante, o mais depressa possível no meu trabalho.

Mas aqui fica o meu público agradecimento ao Paulo Couto.
Vocês nem calculam a importância que tem para mim constactar que ainda há quem não se esqueceu de mim...
Bem hajam!...

(Eu jamais esquecerei quem não se esqueceu de mim...
... aos outros, que sempre tenham tudo aquilo que fizeram por merecer.)

985.ª etapa

E A SEGUIR À RÚSSIA VIRÃO
A CHINA E A VENEZUELA…

A UCI, se fosse pessoa, em vez de coração teria, tenho a certeza, um cartão de crédito sob o externo e ligeiramente inclinado para a esquerda. Não bate… mas vale dinheiro.
Porque a UCI gasta muito dinheiro – demasiado dinheiro – e precisa de… fazer dinheiro.

A Rússia aparece agora com a intenção de realizar uma corrida de Ciclismo e, claro, se isso vier a acontecer será directamente encaminhada para o híbrido ProTour.
Venham de lá os Roman Abramovich’s do Ciclismo…

Gente com muito dinheiro… como o governo do Cazaquistão – mesmo com denúncias de salários em atraso, em relação a ex-Corredores, a Astana aí está a construir uma super-equipa para o ano que vem…

A seguir falta que alguém descubra a veia ciclista de Hugo Chavéz… e se der dinheiro (do petróleo, claro) para fazer uma equipa, a Venezuela não pode vir cá, mas o ProTour irá à Venezuela… e à China.
Haja dinheiro.
Para já, certa está a ida à Austrália…

O Ciclismo europeu já deu o que tinha a dar… à UCI.
Agora só traz problemas.

Na Rússia, na China, na Venezuela… não vai haver hipóteses de aparecerem controlos positivos.
Há-de estar escrito, algures e em letras pequenininhas, nos contratos.

984.ª etapa

DIVIDIDO ENTRE O CARINHO QUE NÃO POSSO
ESCONDER E A RAZÃO QUE NÃO DEVO IGNORAR

Aqui há uns meses atrás permiti-me a ousadia de avançar com o que, na minha opinião, poderia ser o tal passo que falta dar para uma concreta cimentação do Ciclismo Profissional em Portugal. Muitos se lembrarão…

Defendo – e dêem-me o benefício da dúvida, mesmo que achem que entro por terrenos que me não dizem respeito – que a casa tem de começar a ser construída pela base (e é preocupante o facto de, confirmando-se notícias que já todos lemos, para o ano irmos ter menos cinco equipas no escalão que serve de ante-câmara para o profissionalismo), mas sustento que é fundamental alargar o horizonte dos jovens Corredores, no sentido de ter haver saídas para os melhores. Tem que haver equipas PROFISSIONAIS.
Entendem a diferença sublinhada pela diferente grafia da palavra?
Na diferença entre profissionais e PROFISSIONAIS?

Mas, perguntar-se-ão, onde raio quero eu chegar.

Explico.
Não pude deixar de ficar contente (lá está… o carinho que não posso esconder) com a notícia de A BOLA que nos diz hoje que o Centro de Ciclismo de Loulé conseguiu da UCI um prazo extra para se inscrever.


E fiquei contente, manda-me a consciência que o ressalve, porque assim, com mais uma equipa, pelo menos (dez, segundo a notícia de A BOLA) teremos menos um punhado de profissionais no desemprego, sendo que nem todos poderão regredir e voltar às equipas de sub-23.

A minha paixão pelo Ciclismo, a amizade que me liga de forma muito especial com a maioria (grande maioria, felizmente) dos homens que, mais com o coração do que com a cabeça, insistem em apostar no escuro e avançar com um projecto… profissional, obriga-me a ficar feliz.

Depois… depois vem a razão que não devo – não posso – ignorar.

Li, há algumas semanas atrás, que a formação de Loulé abandonava o pelotão de sub-23 por inultrapassável falta de condições para continuar a apoiar o Ciclismo jovem.
Logo a seguir leio que, apesar disso, e graças a um patrocinador irlandês, a equipa profissional continuaria no pelotão. Li, mais tarde, que esse tal patrocinador falhara e que a equipa não tinha patrocínio…
Leio agora que, graças à tal condescêdencia por parte da UCI, a Centro de Ciclismo de Loulé – assim mesmo, sem patrocinador – vai aproveitar a porta que se lhe abriu. E a tal empresa irlandesa, que começou por ser patrocinador, agora aparece num nível abaixo, apenas como apoiante, abaixo daquele que me parece ser, neste momento, o primeiro parceiro da equipa: a Câmara Municipal de Loulé.

O plantel inicial e que já foi publicitado na CS, teria 13 corredores… a versão emendada da equipa de Loulé não tem dinheiro para mais de dez corredores. Lamento.

Lamento e fico desconfiado.
Uma equipa profissional na estrada tendo como principal apoio uma autarquia?


Com os problemas que as autarquias atravessam e que todos sabemos?

Mas neste caso concreto fico, para além de desconfiado, quase diria chocado.

Então… o Centro de Ciclismo de Loulé acaba com a equipa de sub-23 – alegando que a maioria das provas para o escalão se desenrolam a Norte, o que implica inultrapassáveis despesas – e… apresentam-nos uma equipa profissional?

E a Federação Portuguesa de Ciclismo, que melhor do que ninguém estará habilitada a perceber e a antever problemas, aceita o fim de uma equipa de formação - na fase final de formação - e, ao mesmo tempo... abre a porta a um projecto que todos adivinhamos não pode vir a ter sucesso?

Por isso me sinto dividido.
Caramba!!! Claro que gostava que o Centro de Ciclismo de Loulé se mantivesse no pelotão profissional…
… mas não entendo as opções.

983.ª etapa

PROJECTO QUE SE SUSTENTA

A Casactiva-Quinta das Arcas-Madeilongo já levou a cabo o seu primeiro estágio de preparação para a próxima época. O conjunto da União Ciclista do Sobrado – cujo presidente é o profissional da Liberty Seguros, Nuno Ribeiro - será formado por onze corredores, entre eles, Hélder Magalhães e Marco Cunha que em 2007 correram, respectivamente, na Riberalves-Boavista e na Madeinox-Bric-Loulé.

José Barros manter-se-á como director desportivo.

Hélder Magalhães, de 24 anos, transferiu-se para a Carvalhelhos-Boavista em 2006 e na última temporada foi segundo na Volta a Trás-os-Montes, enquanto Marco Cunha, de apenas 20 anos, também ele com dois anos de profissionalismo, em 2007 era o profissional mais novo no pelotão nacional o que não o impediu de bater-se com os melhores em algumas chegadas ao sprint.

Outro ciclista merecedor de destaque é Carlos Sabido, que em 2007 foi sexto na Volta a Portugal do Futuro, sétimo na Taça de Portugal e terceiro na Volta a Terras de Santa Maria.

A equipa completa para 2008 é a seguinte:
Marco Cunha (ex-Madeinox-Bric-Loulé),
Hélder Leal,
Joel Lucas (ex-ACD Milharado),
Fernando Machado,
Hélder Magalhães (ex-Riberalves-Boavista)
Luís Moreira (ex-ERA-Mortágua-Siper)
João Rego
Carlos Sabido
Bruno Silva (ex-ERA-Mortágua-Siper)
Jorge Teixeira (ex-ERA-Mortágua-Siper)
Rui Vinhas
Mecânico - Manuel Garcêz
Massagista - Pedro Claudino

sexta-feira, novembro 23, 2007

982.ª etapa

BENFICA JÁ “FACTURA” EM ESPANHA

Em Outubro de 1999 estava eu em Verona, Itália (a cobrir os campeonatos do Mundo de ciclismo), quando, regressando ao meu quarto de hotel e ligando a televisão, soube, através da RAI, que falecera Amália Rodrigues. A Dona Amália Rodrigues.


No dia seguinte os dois ou três jornais que comprei pela manhã, todos eles falavam do seu passamento e o Corriere Della Sera dedicou-lhe uma página inteira – daquelas grandes, como as do Expresso, maiores, como as da velha A BOLA – num artigo assinado por António Tabucchi, autor do best-seller “Afirma Pereira”.

Página que ainda guardo nos meus arquivos de recortes.

O estranho – que senti na altura – é que nessa (longa) crónica de Tabucchi acabei por ler coisas sobre a Amália das quais não tivera antes conhecimento.

Salvaguardando as devidas – e óbvias – diferenças, sou surpreendido com um grande trabalho – duas páginas, as centrais – dedicadas pelo Meta2Mil, esta semana, ao Benfica.


Ao Ciclismo do Benfica.



Surpreendido por nesse trabalho ter tido acesso a informações que não lera ainda antes. Porquê? Não sei… Principalmente porque em Portugal não há jornal que dedique duas páginas a uma equipa de Ciclismo.
Nem mesmo ao Benfica.

Todos sabíamos já que, quando se decidiu a ir um pouco mais além na sua envolvência com o Ciclismo, João Lagos tinha na ideia fazer regressar às estradas os Três Grandes e que só o Benfica se mostrou receptivo. Isto escrevi-o eu mesmo.

O que não foi escrito – e não foi porque eu não o li e eu li tudo – foi que o acordo com o Benfica obrigou João Lagos a desistir de apoiar os rivais das águias.
Aceitou a exclusividade.

Também não tinha lido em lado nenhum que o acordo com a Central de Cervejas foi assinado por 5 anos. Aliás – bastará procurar no arquivo – creio mesmo ter lido que o acordo que pôs a Sagres Zero nos equipamentos vermelhos seria de um ano…

E muito mais. Vale-me ser assinante do Meta2Mil.
Duas páginas. As centrais… sobre uma equipa portuguesa.

José Saramago!...
Ainda vou a tempo de apoiar a Ibéria como um só estado?
Desde que aceitando a autonomia de cada uma das nações ibéricas, claro.

quinta-feira, novembro 22, 2007

981.ª etapa

UM GRANDE “CAPITÃO”

Interessantíssima e muito esclarecedora a excelente entrevista do Pedro Cardoso ao Jornal de Barcelos (que li aqui). O Pedro esteve ao nível daquilo que dele conhecemos. Claro, objectivo, sem se furtar às questões mais incómodas. Respondendo com coragem.

O Ciclismo é um desporto para sofredores e para pessoas humildes.
Foi a frase do Pedro que o jornal escolheu para título da entrevista e nela sintetiza o mais importante do que é ser-se Corredor.

E para se chegar ao nível que ele chegou é preciso paciência e confiança mas, sobretudo, trabalhar. Trabalhar muito. Como se lê na entrevista. Seria bom que os Corredores mais jovens lessem o que o Pedro diz.

Grande momento capitão. Parabéns Pedro.

980.ª etapa

DE VEZ EM QUANDO UMA BOA NOTÍCIA

Faz-nos bem ao ego. Que o temos, é evidente, e não há mal nenhum em assumi-lo. Aquele “nos” engloba todos os que gostam muito de Ciclismo.

O Benfica é hoje notícia porque faz parte de um grupo – ainda que elevado – de equipas que merecerão ser convidadas para as principais corridas do calendário. Não é pelo facto de poderem vir a preencher vagas para além das do ProTour, é porque, apesar das diferenças económicas que as separam, demonstraram ser, em termos desportivos e de gestão, tão credíveis quanto aquelas. E é bom para o Ciclismo português que tenhamos uma formação portuguesa nesse lote.


Muita gente houve que desconfiou deste projecto do Benfica, ou da JLS, que escolheu para parceiro o clube encarnado. Desconfiou porque sim, porque é geneticamente português olhar de soslaio seja o que for que apareça de novo. Principalmente se a iniciativa for doméstica. Seremos eternamente uns pobres provincianos. Fechados nas nossas respectivas conchas e tendo como primeiro pensamento algo do género… “se fosse possível já eu tinha feito”.

Custa-nos conceder o benefício da dúvida a seja quem for. Até num projecto com o selo de um nome que não nada a provar, o de João Lagos. Isto numa primeira fase. Depois, quando se começa a perceber que a coisa até pode ser que funcione, sobressai outro dos sentimentos que mais cultivamos. A inveja.
Invejamos tudo e todos os que conseguem ser melhores, fazer melhor.

Mas aí está o projecto JLS-Benfica a mostrar-se perfeitamente exequível reforçando-se a partir de dentro, demonstrando que o primeiro passo para que algo vingue é haver, por parte de quem se empenhou nele, uma dose equilibrada de trabalho e auto-confiança. Muito trabalho e muita confiança. O caso deste Benfica nem é virgem. Foi usando os mesmos ingredientes que a antiga Maia se impôs a nível interno, mas também internacionalmente.

Podemos dizer que hoje, para variar, tivemos uma boa notícia de Ciclismo. Por isso, todos os que gostam da modalidade terão ficado satisfeitos.
Há uns meses atrás ainda se falou na hipótese de podermos vir a ter mais duas equipas no escalão Continental Profissional… Ficou-se pela intenção. É pena.

Embora já contemos com um número não desprezível de provas internacionais no nosso calendário, o Ciclismo português só teria a ganhar se aumentasse o número de equipas que, para além das nossas corridas, fossem também ganhar experiência lá fora. Mais vezes. Em melhores corridas.

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Aproveito para felicitar a coragem e ambição demonstradas pela Fercase-Rota dos Móveis-Paredes, com a contratação de um reforço de peso, no caso, o Eládio Jimenez (ex-Karpin-Galicia). E a contratação do experiente Vergílio Santos pode vir a revelar-se fundamental numa equipa cujo plantel é muito jovem. E espero, sinceramente, que o Joaquim Andrade ainda possa ser reforço. É outra boa notícia.

De sinal contrário, as dificuldades por que passa o Vitória que parece ter herdado as aflições anuais do velho Tavira que, entretanto, conquistou alguma serenidade nos últimos anos. E, claro, a possibilidade de o Centro de Ciclismo de Loulé poder vir a ficar de fora do pelotão. Esperemos que ambos os casos terminem a contento de todos nós, o que seria tê-las, a ambas, no pelotão de 2008.

quarta-feira, novembro 21, 2007

979.ª etapa

SERÁ QUE VAMOS RETROCEDER
ATÉ… 1985?
PELO ANDAR DA CARRUAGEM…


- Com Lance Armstrong atravessado na garganta
(e creio que será um engulho para durar uma eternidade);
- apanhado Floyd Landis
e com as suspeitas sobre Alberto Contador a saltarem para a CS logo no dia a seguir a ter ganho a edição deste ano;
- sem esquecer que Oscar Pereiro também teve direito ao seu momento de incriminação numa altura em que ainda não se sabia se lhe outorgariam, ou não, o triunfo de 2006;
- com a confissão de Biarn Riis
e uma vez que Marco Pantani já morreu…
… aí está o cerco à volta de Jan Ullrich.

Quem é que falou em caça às bruxas?

Ok, olhemos para a lista dos vencedores do Tour…
hummm! A seguir vem o espanhol Miguel Indurain! O primeiro a ganhar cinco edições consecutivas! Muito suspeito…
Chiça!, depois dele outro sacana de outro estadunidense (embora com um apelido francófono), um tal Greg LeMond que até detém o recorde da vitória mais curta da história da Grande Boucle. Oito segundos sobre… ai, ai!, sobre um francês!!!
E outro espanhol! Perico Delgado… ah! e um irlandês, o único britânico que ganhou o Tour. Olha que também é suspeito…
Onde é que vamos já?
Em 1987. Mas no ano anterior já o tal LeMond tinha ganho…
Bolas… querem ver que vai ser preciso limpar a lista de vencedores do Tour em mais de 20 anos? 21, para ser preciso.
Já deve chegar para mais um ano e tal de noticiários… e se calhar é melhor ficarmos por aqui.

Não. Claro que o facto de nos nove a nos a seguir aparecerem oito vitórias francesas não tem nada a ver… Mas não podemos limpar toda a lista, não é?

978.ª etapa

DIRIGENTE DO CICLISMO LUSO TERMINA MISSÃO

O presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo e vice-presidente do Comité Olímpico de Portugal, Artur Moreira Lopes, regressou ontem ao seu país depois de ter ministrado, durante quatro dias, uma acção de formação a trinta desportistas angolanos. Abordado pela Angop no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, o dirigente desportivo luso explicou que no seminário abordaram-se temas como organização de provas de ciclismo, calendários anuais de provas, doping no ciclismo, segurança, publicidade e os meios de comunicação social, entre outros. Segundo disse, além do intercâmbio de ideias com os colegas angolanos, durante a sua estadia manteve também encontros com o presidente da Federação Angolana de Atletismo (FAA), Diógenes de Oliveira, e o vice-ministro dos Desportos, Albino da Conceição, com quem abordou aspectos concernentes ao fortalecimento das relações de cooperação e de amizade no capítulo desportivo, entre os dois países, mormente na área do ciclismo. Com Artur Lopes, esteve também em Angola o vice-presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Francisco Manuel Fernandes.

(in "Jornal de Angola")

terça-feira, novembro 20, 2007

977.ª etapa

DEMASIADAS CONTRADIÇÕES
MAIS COISAS QUE NÃO
LEMBRARIAM AO DIABO

Por tudo o que escrevi nos dois artigos anteriores sou obrigado a declarar uma coisa. O novo Código Mundial Anti-dopagem – e é curioso que isso não tenha sido referido, mas a verdade é que a história do “passaporte biológico” é só para os Corredores Profissionais de Ciclismo – não vem “apertar o cerco ao doping coisa nenhuma!
Vem apenas (tentar) estrangular o Ciclismo.

E espanta-me que ninguém tenha sentido a necessidade de sair em defesa da modalidade que, em definitivo, está entregue aos bichos!

Não me digam – que eu não acredito – que na UCI, nas federações nacionais de Ciclismo… em qualquer outra, porque me irrita solenemente que SÓ o Ciclismo apareça sob a nefasta e dispensável (neste caso) luz dos holofotes, não saibam qual é o caminho mais curto para enfrentar, aí sim, de caras e sem medos o problema do doping. Se eu sei!... E eu não sou ninguém.

Escrevi-o dois artigos atrás, na Etapa 975.ª.
Em vez de assentar a sua “luta” – que é apenas para parolo ver – na caça ao Corredor, reescrevam-se os regulamentos de forma a chegar mais alto. Tenha-se a coragem suficiente para isso ou então calem-se.

Eu não tenho dúvidas nenhumas de que os Corredores – todos os Corredores – são apenas vítimas do… sistema. Ah, pois é! Também há um sistema no Ciclismo e só não o admite quem é profissionalmente desonesto.

Eu – e remeto-vos de novo para a Etapa 975.ª – fui objectivamente, ainda que sob o sempre desprezível manto do anonimato, acusado de defender os… batoteiros. Que seriam os Corredores. Mas já dei tantas baldas que não consigo perceber como ainda o não entenderam. Ou sei. Afinal – e houve um leitor do VeloLuso que se queixou de eu, pretensamente, lhe ter chamado “burro” – são mesmo burros, ou estão apenas a fazer de conta?

Voltemos àquilo que hoje nos foi dado a ler sobre o malfadado “passaporte biológico” porque ainda há pontos que não foram focados mas não podem deixar de o ser.

“Os Corredores irão ser controlados ao longo dos meses à hemoglobina e aos reticulócitos, através de controlos em competição e fora dela [sic].”…/… “Todos os que apresentarem níveis fora do normal são considerados positivos (…) visto que não ser preciso [sic] um atleta dar positivo para ser considerado dopado.”
? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ?

Tento perceber…
Far-se-ão controlos [sanguíneos], presumo que regulares, ao longo da temporada… mas, mesmo que nenhum deles dê positivo, ainda assim os Corredores podem ser considerados… dopados?
Como assim?
Porquê?
Por quem?
Sustentado em que bases?
Mistério!...

Mais à frente…
“No tocante ao ‘princípio da responsabilidade objectiva’, o novo Código prevê que, depois de um positivo, a responsabilidade da prova seja do atleta.”

O que será, objectivamente, o “princípio da responsabilidade objectiva”?

Que Lei o regulará?
E o mais preocupante de tudo… depois de um positivo a responsabilidade da prova é do atleta!

Que prova? Que se dopou?
E em nome do quê é que a UCI – ou a AMA – chuta para canto a contra-análise?

Aqui – confesso – não consigo deixar escapar um sorriso.

Tentem perceber este quadro.
Eu sou Corredor. Dou positivo na Amostra A e sou suspenso. Não é tão simples assim…
E porquê? Porque logo desde o início ponho em campo o meu advogado que obrigará – para me poder defender, e é para isso que lhe pago – a que me seja (ou a ele, pronto… pode ser…) facultado parte do sangue ou líquido orgânico que me seja retirado de forma a poder solicitar, eu, uma contra-análise independente.
Imaginam o que irá dar se esta contra-análise contrariar a análise única feita pelas entidades indigitadas para isso?
Pois é… multiplicado por todos os corredores que ao longo da época são sujeitos aos controlos… prevejo uma redução drástica nos plafonds dos cartões de crédito distribuídos pelos elementos de topo das várias comissões da UCI.

Se é que vai sobrar dinheiro depois das indemnizações pedidas, nem que seja, só para chatear, por corredores que mesmo sem serem santinhos... têm dinheiro para contratar (muito) bons advogados...

Não podem suspender ninguém antes que se faça uma contra-análise que comprove um primeiro resultado. Não podem!
Hugo Chavez só há um. O da Venezuela e mais nenhum!
Não me façam rir, por favor.

E lá tem que vir a Operação Puerto
O que mais me custa é que, ao fim de tantos meses – mais de um ano – ainda não terem percebido uma coisa tão simples quanto isto: a Operação Puerto foi uma operação policial.

As leis de Espanha são iguais (ou, pelo menos semelhantes) às nossas e às de todas as leis de todos os Estados europeus.

O resultado de uma investigação, primeiro, ou, se isso vier a acontecer, uma operação policial, não pode reverter em benefício de nenhuma entidade privada.
Simplificando: se eu for preso por assalto à mão armada, o meu patrão, que considerará não justificadas as minhas faltas por estar preso, pode despedir-me.

Por faltar ao emprego. Não por ter sido condenado.

Mesmo que todos os telejornais tenham mostrado a minha prisão e a minha condenação em tribunal.

O material que, presumivelmente, a polícia espanhola terá arrestado – contendo, ou não, nomes declarados ou mesmo pseudónimos que sejam identificáveis – não pode ser utilizado pelas estruturas desportivas, mesmo as disciplinares, para, a partir dele, penalizar desportivamente seja quem for.
Quem é que ainda não percebeu isto?

Agora pergunto eu, olhando para o último período da notícia a que tenho vindo a referir-me, como é que as autoridades desportivas, ou, dizendo melhor, com que autoridade as… autoridades desportivas, poderão imiscuir-se numa hipotética investigação que leve… à descoberta de “tráfico de substâncias [proíbidas]”?
Isso será sempre terreno para as polícias.

E, acho eu, só à posteriori, e apenas negando-lhes as respectivas licenças, é que as autoridades desportivas se podem ver livres de eventuais prevaricadores…

Era bom que isto ficasse esclarecido.

Mas começo a perder a esperança...

976.ª etapa

O “PASSAPORTE” BIOLÓGICO!
FALHAM OS ESCLARECIMENTOS,
ADENSAM-SE AS DÚVIDAS…
(*)

Confesso-me, mais do que incomodado… confundido.
Incomodado, sempre, na linha que venho a defender. Se há um problema para resolver, que se actue, mas sem beliscar os direitos do Cidadão. Já devem começar a ficar fartos disto… compreendo, mas não posso – nem quero – calar-me.
Confundido com o que li hoje.

Logo, por ler que um Corredor pode vir a ser punido mesmo que não seja apanhado em nenhum controlo.
Porquê? Por quem e como?
Depois porque leio que, e cito: “… considera-se dopante uma substância ou método que melhore o rendimento desportivo, seja prejudicial à saúde ou contrarie o espírito desportivo”.

Não sei sou só eu – e pode ser que seja, porque a cabeça não anda boa – mas vejo que ali se enquadra perfeitamente algo tão vulgar como… um normal treino de estrada.

Explico: treinar melhora o rendimento desportivo; treinar, de Dezembro a Fevereiro, sob aguaceiros e temperaturas baixas faz, de certeza, mal à saúde; e como os Corredores treinam habitualmente agrupados consoante a zona de residência, acho que se enquadra no “contrário ao espírito desportivo” ver um corredor da equipa “A” a fazer de lançador a um outro, da equipa “B”, ou ainda um outro da equipa “C” a puxar declaradamente por um quarto, da equipa “D” em eventuais ensaios em qualquer rampa, mesmo que estejam apenas a treinar.

Levada a coisa ao extremo, treinar passa a ser considerado… método proíbido!!!
Logo, passível de penalização!
Definitivamente… está tudo doido!
(Se ainda não leram… leiam a 975.ª etapa…)

Mas antes de voltar à explicação que hoje pudemos ler, deixem-me intercalar isto:
“O passaporte biológico visa controlar subjectivamente o desportista. Parece-me inaceitável que um indivíduo interprete os diferentes parâmetros [que constarão no “passaporte”] sabe-se lá sob que critério a não ser apenas aquele que ele próprio possa ter. Um sistema [deste tipo] para que seja credível deve ser objectivo. Um “passaporte”, um documento que fique à mercê de uma interpretação alienatória, de uma, duas ou três pessoas, é absolutamente ilegal. Tanto como aquela ideia peregrina de colocar um “chip” nos Corredores para que se possa saber em qualquer altura onde é que se encontra.”

Isto foi dito pelo espanhol Luis Sanz, advogado, doutorado em direito e antigo assessor da Real Federação Espanhola de Ciclismo, numa conferência-colóquio patrocinada ontem pelo jornal El Diário Vasco, e citado pelo Todociclismo.

Passemos então ao “passaporte”.
Já todos ouvimos falar dele, mas poucos sabemos realmente o que virá a ser.
Leio: “… serão sancionados por doping os corredores cujo passaporte biológico (curva de hemoglobina e reticulócitos fixada em seis análises) não se encontre na média estabelecida.”

Ok…
Desprezemos o que em português escorreito (ai! ai!...) poderia ser lido como definição de “passaporte biológico” (o passaporte é uma curva?!) - já agora, reticulócitos são glóbulos vermelhos jovens, no sentido de recém produzidos pelo organismo - e assentemo-nos no que interessa.
Quem é que vai aferir esses “passaportes” sendo que estamos, inequivocamente, em presença de dados médicos, logo, sujeitos a protecção?

Como é que vai ser?

Tal como acontece hoje em dia, na véspera da corrida, na obrigatória reunião técnica na qual os directores-desportivos levam consigo as licenças de todos os seus corredores… vão passar a levar também o “passaporte”? E ver o que nele consta? E passá-lo ao adjunto que o representará nessa reunião?
Quantas pessoas vão ter acesso a uma informação protegida?
Seja como fôr, é uma clara violação à Lei de Protecção de Dados Individuais em todos os países do Mundo.
Pelo menos onde há democracia que garanta os Direitos dos cidadãos.

“Passaporte” é uma mariquice que inventaram para baptizar o que não é mais do que uma Cédula de Saúde. E a verdade é que o meu médico pessoal, se isso me for pedido, pode passar-me um atestado médico a garantir que estou apto para ser não importa o quê, mas jamais nele poderá referir quaisquer dados concretos. Isso é sempre e para sempre assegurado.
Nenhum médico dará informações específicas sobre um paciente.
E pode negá-lo, mesmo que o paciente se não oponha. Assim dita o seu Código Profissional.

Como irá, então, funcionar esse bendito “passaporte”?
Percebi que se farão seis análises – presumo que decaladas no tempo – a cada um dos que (apesar de tudo) querem continuar a ser Corredores Profissionais.

E depois?
(Os laboratórios também estão obrigados ao sigilo!, aliás… são coordenados por médicos…)
Baseada em que Lei (e não há regra que se substitua à Lei) é que os corredores serão obrigados a entregar a terceiros resultados médicos que a Lei lhes garante serem pessoais?
Ninguém me pode obrigar a mostrar as minhas análises clínicas a mais ninguém que ao meu médico. E este delas não falará a ninguém.
Então como raio é que funcionará o “passaporte”?

Ok… pelos regulamentos os Corredores são obrigados a aceitar que se lhe façam análises sanguíneas. E a Agência Mundial Anti-dopagem (ou uma das suas associadas) pode, de facto, somar informações. A questão é esta: mas pode usá-las?
É que guardá-las é uma coisa (e estará previsto na Lei que superintende a Agência), mas… poderá usá-las?

E aqui reside a linha de fronteira que separa claramente o Direito corporativo dos Direitos Fundamentais do Homem.
Lá está… é isso mesmo!

O fantasma do caso-Bosman, no futebol, que os actuais advogados do cazaque Andrei Kashechkin pretendem accionar.

Não há saída legal para obrigar seja quem fôr a disponibilizar a, não se sabe quem, dados de teor estritamente pessoal. Dito de outra forma, é garantido ao Cidadão que ninguém, para além do que as leis gerais do seu país já prevejam, terá acesso aos seus dados pessoais.
Venha de lá a mais bem pintada UCI.

Portanto eu acho que o “passaporte” é ilegal.
É ilegal sem dúvida.

Pode a UCI, tal como fez a ASO este ano, limitar a participação nas suas corridas a quem assine um “compromisso de honra” ou disponibilize um “passaporte biológico” que – (chamo a atenção para isso) afinal de contas parece que, pelo que li hoje, pretende reunir muitas mais informações do que a tal… curva dos blá-blá-blá (até os papagaios, às vezes com menos esforço, repetem o que se lhe diz…), indo até a parâmetros hormonais e ao ADN – por tudo o que já foi dito é ilegal?
Se calhar acha que pode.

A questão que sobra é esta: e o que vai ser do Ciclismo?
Sem esquecer esta outra… são os seus responsáveis que estão a acabar com ele!...

Voltarei ao tema…
-
(*) - Que fique bem claro e sem o menor espaço para dúvidas que o que questiono aqui é a "mensagem", não o "mensageiro"! Para que conste...

975.ª etapa

CONTRA TODA A ESPÉCIE DE “BATOTA”, SEMPRE!

“A democracia é a pior forma de governo, com a excepção de todas as outras que foram experimentadas ao longo dos tempos.”
Digamos que concordo em absoluto com estas palavras proferidas por Winston Churchill no “baixo parlamento” britânico há pouco mais de 60 anos…

Muitas coisas mudaram nestas seis décadas e a democracia evoluiu. Talvez que não no melhor sentido, principalmente para a esmagadora maioria dos cidadãos que nela acreditaram, acreditam e continuarão a acreditar.
Talvez nunca antes, como agora, tenha estado tão perto de ser verdade apenas… a primeira parte da frase. Mas a frase, aquela frase toda, será sempre óbvia.

Contudo, hoje, mais do que nunca – e as coisas tendem a piorar – é preciso que todos os cidadãos, cada um dos cidadãos, se mantenham alerta e preparados para defenderem os seus direitos. São eles a trave mestra do edifício que é a democracia, mas há cada vez mais quem, a propósito de tudo e de nada, encontre uma justificação para os restringir. Minando, corroendo, amputando… fragilizando o pilar que sustenta a democracia, fácil é de antever que um dia… a casa vem abaixo.

E, como já aqui tenho escrito, a melhor maneira de preservar os meus direitos é ajudando o vizinho a lutar pelos dele.

E entre os direitos não alienáveis – sendo que não aceito que qualquer deles possa ser dispensável –, a liberdade de expressão e o direito à opinião são dos mais importantes.

Por isso aceito, democraticamente, as várias opiniões que me foram chegando (o meu e-mail é público, porque achei que o devia ser), opiniões em relação à posição que há muito tempo tomei em defesa dos Cidadãos que não têm (não podemos deixar que isso aconteça) menos direitos que os outros só porque são Profissionais de Ciclismo.

Refuto, contudo, as etiquetas que me querem colar.

De “defensor da mentira”, de “defensor da imoralidade do doping”, de “opositor” em relação “à verdade desportiva”.

Nunca aqui escrevi, porque não o poderia fazer já que a minha consciência o impediria, nada que pudesse ser lido (a não ser por maldade ou inconfessáveis intenções) nem sequer como insensibilidade em relação ao (real) problema do doping no desporto. No Desporto em geral. Não. Sou contra toda a espécie de batota. Sempre!

Mas, se as liberdades de expressão e de opinião são direitos que uns esgrimem a seu favor, o direito ao bom-nome também o é. Mesmo no colectivo, e o Ciclismo, no geral, tem sido arrastado pela lama, curiosamente com a preciosa ajuda dos seus mais altos responsáveis.
Imaginemos um pai que tem alguns filhos problemáticos e, em vez de, dentro das quatro paredes da sua casa fazer algo para os reabilitar, os expusesse na praça pública para que a turba os lapidasse.
É mais ou menos o que as altas instâncias do ciclismo mundial estão a fazer aos Corredores.

A alguns Corredores.
Porque a situação assemelha-se, cada vez mais, com aquilo do “vergonha não é roubar… é ser apanhado a roubar”.

Poderão dizer que não, não é nada disto!

Que o objectivo é o de, punindo exemplarmente os batoteiros (que… foram apanhados), com isso fazer com que os outros não o tentem. Não tentem fazer batota? Porque o que acontece é que – e não me digam que foi iniciativa dos Corredores – se tenta sim, mas que não sejam apanhados. E assim, creio que ninguém o negará, se chegou à situação de os laboratórios, investigadores, ou lá o que sejam, que se dedicam ao doping andarem – e isso eterniza-se – dois passos às frente dos homónimos que pretendem dar-lhe luta.

Se doping é droga pode-se fazer uma comparação. As autoridades desportivas competentes esfalfam-se em apanhar os consumidores não se ralando nem um pouco com os deallers.
Já faltou mais para, tal como acontece com o tabaco – as tabaqueiras contribuem voluntariamente com chorudas verbas para ajudarem as instituições que têm de lutar contra os malefícios que ele provoca –, apareçam laboratórios a patrocinar equipas ou, quiçá, as próprias União Ciclista Internacional e Agência Mundial Anti-dopagem.

Entretanto, e voltando um pouco atrás, o método escolhido pelas autoridades desportivas – levar ao cadafalso o maior número de nomes, quanto mais sonantes melhor e exibir depois as suas cabeças – teve o condão de arregimentar um já considerável número de seguidores que se entretêm numa versão moderna da caça às bruxas. Ao melhor estilo mccarthista dos anos 50 do Século XX, nos Estados Unidos.
E estas milícias intelectuais (alguns, outros, como sempre acontece, apenas arrastados por qualquer espécie de ódio ou frustação), que se dizem amantes do Ciclismo, já só querem saber quando é que vão apanhar mais este ou aquele Corredor, sem deixarem de ter debaixo de olho aqueloutro.
Para esta espécie de vigillantes, todos os Corredores passaram a ser potenciais batoteiros. E negam-lhes o direito ao bom-nome, o direito à privacidade, juntando-lhes ainda, e invertendo o sistema, a exigência do ónus da prova. Que a democracia entrega, e bem, a quem acusa.

E voltamos assim à democracia e aos direitos dos cidadãos, justificando a forma como comecei este artigo.

Já não falo da caça às bruxas, na Idade Média, ou no Santo Ofício, uns séculos mais tarde. A democracia ainda não tinha sido inventada.
Mas aqui há meio século atrás, num dos países que foi o berço da democracia, como a conhecemos nos dias de hoje, e em nome daquilo que ele próprio definira como segurança nacional, o senador Joseph MaCarthy perseguiu, prendeu, deixou morrer milhares de cidadãos apenas por suspeita de puderem ser simpatizantes comunistas, negando-lhes os mais elementares direitos que protegiam os estadunidenses… patriotas.

Há ou não alguma coisa de mccarthismo no Ciclismo actual?
No Ciclismo. Porque sendo o doping um problema transversal, uma nódoa em todo o Desporto, parece que o espírito de Joseph McCarthy só vagueia nas noites de pesadelo que atormentam (mas inspiram) as autoridades máximas do Ciclismo mundial.
Mas pronto. Isto tudo só para garantir àqueles que acharam por bem criticar-me - curiosamente, três dos quatro e-mail que recebi serão falsos porque as respostas que enviei vieram deviolvidas - que não senhor, eu não sou defensor do recurso ao doping ou métodos proíbidos. Nem, como um deles referia - e bem, porque eu escrevi-o aqui - quando cheguei a defender a cração de uma liga tipo-NBA à margem das instituições vigentes e que, à imagem do que acontece na liga norte-americana de basquetebol, blindasse as suas competições a ingerências externas.
.
Como sabem, a AMA não risca nada naquela competição, que tem órgãos próprios e, por acaso, com mão bastante pesada sendo vários os casos dos jogadores multados e temporariamente excluídos por testes positivos em relação... às chamadas drogas sociais. Doping é coisa de qe não se fala. E toda a gente já viu jogos da NBA... Sem falar que, não raro, entre dois jogos consecutivos de uma equipa, jogados a milhares de quilómetros um do outro, não passam mais do que 48 horas. E o que correm aqueles homens!!!

sexta-feira, novembro 16, 2007

974.ª etapa

VENDO O MUNDO AO CONTRÁRIO…

Bonito, bem escrito… interessante até, o editorial do n.º 9 do Jornal Ciclismo. Se o lermos “vestindo” a pele do editorialista.

Não conheço o José Carlos Gomes mas acredito piamente que seja uma pessoa de bem. Que gosta de ciclismo. Tanto… ao ponto de ter assumido de corpo e alma um projecto, dentro da Comunicação Social, inteiramente dedicado à modalidade.
Admiro-o por isso.
E creio na sua honestidade.
Já elegi a sua opinião como válida e a ter em conta quando se fala de Ciclismo.

Tudo o que ele escreve sobre o chamado “passaporte biológico” é perfeitamente defensável. De certeza que, com os argumentos apresentados – apesar destes não diferirem em quase nada dos da própria UCI – conseguirá arregimentar seguidores. Contra isso nada a dizer.

A propaganda foi inventada exactamente para estas situações mas, embora seriamente tentado a listar aqui uma série de puras manobras de propaganda que cumpriram o seu papel, após o necessário período cinzento na História, acabamos, mais cedo ou mais tarde, por compreender qual fora o seu verdadeiro objectivo, por isso não o vou fazer.

Mas explico o parágrafo anterior.
E basta-me uma frase para isso:

É preciso deixar assentar a poeira que nos é atirada aos olhos.

Já agora, aproveito para um outro esclarecimento.
Não escrevo este artigo para “responder” ao editorial do Jornal Ciclismo.

Embora não me tenha sido difícil identificar-me entre… “as vozes do costume”.
Vamos lá ver se sou capaz de traduzir em texto aquilo que penso.

Permitam-me – e desculpem-me – um pequeno desvio no discurso.
Já escrevi, em situações que nada têm a ver nem com o Ciclismo nem com os jornais, que às vezes me sinto deslocado no tempo.
Definitivamente, e não sei explicar as razões, muito menos apontar “culpados”, sinto que apareci aqui, neste mundo, fora do meu tempo.
Atrasado, em relação ao que penso e sinto.

Venho, embora atrasado, de um tempo de compreensão e de solidariedade.
Não tenho nada a ver com esta autêntica “guerra” pela sobrevivência em que vivemos.

Na qual, para “salvar” a pele se descarta tudo o resto.

Voltando ao editorial do Jornal Ciclismo.
Se há coisa de que o José Carlos Gomes não pode ser acusado é de falta de coerência.

Mas disso também não me acusarão a mim!
O problema é que olhamos para a mesma coisa sob perspectivas diametralmente opostas.

E, como – mesmo que eu insistisse em ser modesto – não podemos reescrever a História temos, de um lado, um adepto do ciclismo que sabe muito pouco de Ciclismo; do outro, outro (já “carregado” com o ferrete de jornalista) que lhe dedicou os seus últimos 16 anos de vida…

Não lhe reconheço, por isso, autoridade para me etiquetar.
Eu sei que o não fez nominalmente… mas quem é que nos últimos meses tem sido “a voz do costume?”
Mas não me arrependo nem um bocadinho, amigo!

Eu sou por um dos lados, tendo perfeita consciência do que digo, escrevo e defendo.

E tenho a certeza de que o mesmo não se pode dizer em relação a ti…
O que não faz de ti menos jornalista do que eu.
Apenas um jornalistas que sabe muito menos do que eu.

Disse, lá atrás, que estávamos na presença de alguém que, pelo menos, é coerente.

Mas quando se é coerente é para que se o seja… sempre.
Aqui vai um exemplo da minha memória de elefante…

Não há muitos meses ainda escrevia essa pessoa
num dos Blogs que assina, e que era, mais coisa menos coisa, isto: “A Comissão da Carteira Profissional enviou-me uma carta a notificar-me para o facto de ainda não ter regularizado a minha situação profissional. Ora se estou desempregado [trabalhava numa loja de venda de telemóveis] não tenho que pagar nada… porque me chateiam?”

Mesmo que apenas induzido, reclamava direitos. Ou, no caso, a não obrigatoriedade de os cumprir por se sentir não abrangido.

Malgrado isto, a mesma pessoa que se insurgiu contra aquilo que achou ser um atropelo dos seus direitos, continua a negar direitos aos Corredores profissionais de Ciclismo.

Aparentemente apenas com um grande e demolidor argumento: porque sim!

O editorial está bonito, bem escrito… como referi logo no início.

Só lhe falta uma coisa.
Porque é que um jornalista (que enquanto cidadão clamou pelos seus direitos) não reconhece os direitos que os cidadãos Corredores profissionais de Ciclismo têm? Será por que são diferentes de quaisquer outros cidadãos?

Repesco, de mais ou menos a meio do editorial, uma outra frase-chave:

“Aqueles que julgam defender o ciclismo contestando a ideia de que é preciso agir com mão de ferro, mais não fazem do que alimentar o manto de suspeição que pende sobre a modalidade.”

Errado!
Não acertou na mouche, mas pior ainda, falhou completamente o alvo.
E contradiz-se nesta frase, o que é mais grave em termos de artigo de opinião.

Afinal, estamos perante uma modalidade… “podre”, ou apenas se suspeita disso?
Eu nunca disse a primeira coisa.
E sempre sustentei que suspeitar não vale.
Ou se prova, ou se calam todos.
Foi, ou não foi?

E o que é isso da “mão-de-ferro”?

Voltamos ao princípio de tudo e o articulista não tem pejo em o sublinhar.

Passando ao de leve sobre a presunção de inocência – que eu defenderei até ao fim como incontornável – afirma que, e cito: “O Ciclismo está sob um manto de presunção de culpabilidade”.
Que me enquadrem isto na Lei em vigor.
Não?
Não conseguem?
Ok…

Então, uma vez mais, sou obrigado a voltar atrás no tempo.
O editorialista do Jornal Ciclismo está apenas a repetir-se. Escreve agora, no papel, o que já antes escrevera na blogosfera, e que eu, atempadamente, contestei.

Não, não é aceitável que alguém que queira ser respeitado diga, cito:

“Não há direitos absolutos”.
O que é que isso quer dizer?

Comecemos pelo princípio.
Não sendo… “absoluto” o direito à vida, como o balizamos?
Os que têm a infelicidade de nascer sem serem perfeitos, por exemplo… podemos descartá-los?
Não sendo… “absoluto” o direito a uma habitação condigna… continuamos a deixar o “pessoal das barracas” a viver em condições sub-humanas?
Não sendo… “absoluto” o direito à saúde… quem não tem dinheiro para pagar a médicos particulares devemos deixá-los na lista das vagas para aquilo que deveria ser o Serviço Nacional de Saúde… até morrerem?
Não sendo… “absoluto” o direito à liberdade… vamos meter na prisão quem, como eu, por exemplo, não concorda genericamente com quase nada do que é vigente?

Os DIREITOS SÃO absolutos.

Sempre!
Embora, e quando há tendência para cair para a baboseira, me deixem a pensar se os devo, ou não, questionar.

Como noutras discussões, noutros fóruns, acabamos sempre por chegar ao mesmo ponto.
E, mesmo que me veja, por convicção, na situação de ter de aceitar – porque todos têm DIREITO à opinião – ideias menos bem conseguidas, não abdico do meu DIREITO a contestá-las.

E em relação ao objecto, concreto, do editorial do Jornal Ciclismo, eu reforço a minha opinião: Não!

O Ciclismo não tem que andar à frente das outras modalidades.
Foi giro ter partido para esta “corrida” antes das demais, mas agora, e perante os factos… quando a modalidade enfiou o barrete - para além das orelhas - de que é uma mentira (enquanto em todas as outras todos se riem à sua custa)… a reacção lógica - e é aquela que falta - é a de que os mais prejudicados desportistas de todas as modalidades finquem pé e digam: BASTA! Não somos mais “ratos de laboratório”…

Querem combater o doping?
Hellas!, olha aqui eu de braço no ar a concordar!...

Mas porque tem que ser o Ciclismo a dar o exemplo?
E para que conste… também não concordo com o tal “passaporte biológico”.

Claro que não.

Aceito-o como válido para os Corredores profissionais de Ciclismo e, daqui a meia dúzia de meses ele é imposto aos jornalistas…

Digam que não se importam!…

973.ª etapa

UMA IMAGEM… MIL PALAVRAS

Já o afirmei em alturas anteriores, sou indefectível admirador do cartoon e dos cartonnistas. E não há dúvidas de que, pela sua pena, se confirma a máxima de que uma imagem vale mais que mil palavras.

Temos muitos bons cartoonistas em Portugal e sou fã de todos eles.
O Luís Afonso, n’A BOLA, no Público e no Sol; o Augusto Cid, também no Sol; o António, no Expresso. Mas também o Ricardo Galvão, n’A BOLA; o Carlos Laranjeira, no Record… e a tira da última página de O Jogo, principalmente pelos textos, que são de uma fina mas afiada ironia. Não perco. E às vezes guardo alguns recortes.

O espanhol Meta2Mil também tem um cartoonista que me enche as medidas.

É o Etayo. É raro não me arrancar um sorriso…

Como, por exemplo, esta semana. E para que todos possam perceber do que falo, com a devida vénia aqui o reproduzo…


Creio que quase todos entendem o castelhano, mas, ainda assim, permito-me uma tradução muito livre e que daria nisto:

“Confesso, padre, que pequei no sexto [mandamento (não pecar contra a castidade; in Wikipédia)], uma noite, em…”
“Deixa-te de mariquices!”
“Dopas-te ou não?”

quinta-feira, novembro 15, 2007

972.ª etapa

CUSTA A ACREDITAR MAS... É VERDADE!
VERGONHA!!!

Deu brado e mereceu honras de exposição pública o caso da falta de pagamento - por parte da Associação de Ciclismo do Algarve - de parte dos prémios devidos aos Corredores. Prémios esses relativos à edição deste ano.

Aliás, as primeiras notícias, surgidas há cerca de mês e meio, apontavam, não só a ACA mas também a Associação de Municípios do Distrito de Évora, organizadora da Volta ao Alentejo. Eu li que ambas as provas estavam, na altura, em dúvida exactamente pelos mesmos motivos. A parte da AMDE caiu.
Provavelmente já pagaram...
Não sei.

Entretanto sei que há corredores que ainda não receberam os prémios devidos e em relação a corridas... no estrangeiro.
Pior do que isto, parece que as organizações dessas corridas pagaram a tempo e horas, mas o dinheiro não chegou aos clubes/equipas.

Aparentemente, as contas bancárias apresentadas junto dos organizadores como destinatárias dos prémios não eram as das equipas mas as de... directores-desportivos!
Que sustentam nada ter recebido.

Onde pára esse dinheiro que é dos Corredores por direito?
Isto tem todos os ingredientes de uma história mal contada, mas garanto-vos que não é.

É, isso sim, uma - mais uma - grande vergonha para todos os que se esfolam para tentar dar uma expressão credível ao Ciclismo, em geral, e ao português, em particular.

Quem ficou com o dinheiro que não era para ser para si?
Há um velho ditado que diz: Podemos esconder a fogueira, mas que fazer com o fumo?
E que há fumos mui pouco fáceis de esconder, isso há.

Quo Vadis?, Ciclismo português?

971.ª etapa

VUELTA-2008 VAI SER PARA… SUBIR!

Ao contrário da Organização do Tour, que apostou na suavização do traçado para 2008, em termos montanhosos, a Unipublic parece ter como objectivo por o pelotão a… trepar.

Ontem um jornal local avançava com a notícia do regresso do Angliru e hoje (só hoje, porque só hoje o fui buscar) leio no Meta2Mil que a 19.ª e penúltima etapa, antes da consagração do vencedor final em Madrid, como habitualmente, será… uma crono-escalada. Em Navacerrada.




A Vuelta-2008 arranca de Granada, de onde saíra a última vez em 2005. A última que eu cobri…

970.ª etapa

E, DE REPENTE, O PAREDES É EQUIPA
EXPORTADORA DE VALORES

Há aqui meia dúzia deparei, na minha caixa de correio electrónico, com uma mensagem oriunda da Fercase-Paredes Rota dos Móveis. O meu caro Jorge Gonçalves – a quem aproveito para mandar um abraço – não saberá que ainda não regressei ao serviço e eu fiquei com aquelas três folhas sem saber muito bem como ajudar.

Pensei que tivesse, e é mais do que certo que o fez, enviado a mesma mensagem a outros jornalistas, responsáveis, eles tanto como eu, pela divulgação – dentro daquilo que é possível – das notícias sobre as equipas do nosso pelotão.
Mas não era uma notícia fácil para os jornais. Sem que isto signifique que a mensagem não tivesse razão de ser. Tinha, claro que tinha. E ainda tem.
A verdade é que não vi nada nos jornais desportivos.

Mas, como já confessei, até eu levei este tempo todo para encontrar, digamos… uma razão para relatar aquele press-release.
Encontrei-a há pouco, quando visitava um novo espaço que se propõe discutir o Ciclismo. (Para quem não saiba, aqui vai:
www.rodalivre.pt.vu).

Passei por lá e o que é que encontrei à discussão?
Como é que a CS pode ajudar mais o Ciclismo. Mais coisa menos coisa é este o tema.


E eu respondi: primeiro é preciso que as equipas percebam que têm de fazer chegar notícias às redacções.

E justifiquei: Se estão todos à espera das corridas, como só um é que ganha e na maioria das vezes os jornais não tem mais espaço do que aquele para colocar os cinco primeiros… então há equipas que correm o sério risco de não verem o seu nome – nem o dos seus patrocinadores – escrito uma única vez em toda a temporada.


E é isso que “vendem” aos patrocinadores… visibilidade.

E estava a escrever no Roda Livre quando me veio à memória o mail do Jorge Gonçalves. Repito, não era fácil a abordagem do tema que nos enviaste Jorge. Mas enviaste. E como eu aqui não sofro de problemas de espaço, se é verdade que não me referi à tua mensagem logo na altura, agora achei um motivo para o fazer.

O Paredes é uma daquelas equipas que não custa nada gostar-se dela.

O trabalho que transparece para fora é que há ali gente interessada em apoiar o Ciclismo.
Isto é notícia.


Depois, há uma certa empatia fácil de constatar entre o seu director/técnico/director-desportivo… o Mário Rocha - que faz o favor de ser meu amigo - é um homem talhado para as relações públicas. De fácil abordagem e discurso claro e fundamentado.

Como comecei por dizer, o Paredes é uma daquelas equipas que não custa nada gostar-se dela.

E o Jorge Gonçalves cumpriu de forma profissional aquilo que se propôs fazer: divulgar o nome da equipa. O nome dos patrocinadores...
Insisto, porém, que o assunto não era fácil de “pegar” pelos jornais.
Mas o VeloLuso não é um jornal.

Entretanto, e pelo meio ficaram referências não concretizadas, em que é que consistia esse tal press-release?

Chama a si o Paredes – e aviso já que ponho algumas reticências mas… vou mesmo divulgá-lo – a mais valia de, em dois anos ter “exportado” três corredores para o pelotão internacional.
É notícia! Claro que é.

Há dois anos o Hugo Sabido – que conquistara para a equipa duriense a Volta ao Algarve – saiu para a Barloworld e este ano a Fercase-Paredes-Rota dos Móveis vê sair dos seus quadros o Ricardo Martins, para a italiana Cerâmica Flaminia, e o jovem André Cardoso para a madilista Relax.

Não é muito normal a saída de Corredores portugueses para equipas estrangeiras e até sou capaz de relevar alguma sobranceria do Paredes, nomeadamente em relação ao Hugo e ao Ricardo que tiveram passagem efémera pela equipa onde já chegaram Corredores formados. Mas a verdade, e essa é inquestionável, é que foi graças aos resultados conseguidos com a camisola da equipa de Paredes que acabaram por suscitar o interesse das novas equipas.

Só depois do triunfo na Volta ao Algarve, em 2005, é que Hugo Sabido “saltou” para a Barloworld, e o facto de Ricardo Martins se ter sagrado campeão nacional de contra-relógio, com as cores da Fercase-Paredes-Rota dos Móveis, não terá sido alheio ao interesse manifestado e concretizado por parte dos italianos da Cerâmica Flamínia.
Já o André Cardoso – e se estiver errado que mo perdoem –, ao contrário dos outros dois que já tinham mostrado, ao serviço de outras equipas, o seu real valor, deu mesmo nas vistas com a camisola da equipa de Paredes. Foi o Rei da Montanha, este ano, na Volta a Portugal.

No fundo, no fundo… o Paredes não teria legitimidade para reivindicar responsabilidades na formação, nem do Hugo, nem do Ricardo, mas a verdade é que, depois de terem passado por outras formações, foi com a camisola laranja, e sob a orientação do Mário Rocha que atingiram resultados que os levaram a ser notados por equipas estrangeiras. Logo, não posso escamotear à Fercase-Paredes-Rota dos Móveis a “responsabilidade” de ter contribuído para a visibilidade destes três atletas.

Como consequência disto, os três corredores – os últimos três portugueses a ganharem lugar no pelotão Profissional Continental (onde só há uma equipa lusa, o Benfica) – saíram mesmo da formação de Paredes. E mais ninguém pode reivindicar o que os durienses reivindicam: tê-los promovido de forma a suscitarem o interesse de equipas estrangeiras.

Jorge Gonçalves, explicar isto seria muito difícil – quase impossível – numa pequena notícia num jornal, mas o caminho é esse.

Estás certo.
Continua a mandar notícias…


Crédito das fotos:
1. Do meu inesquecível amigo Carlos Vidigal
(onde quer que estejas, amigo, aquele abraço...)
2. Da Maria João Gouveia
(Super Ciclismo - http://www.superciclismo.pt/)
3. Da PAD/JLS

quarta-feira, novembro 14, 2007

969.ª etapa

O REGRESSO DO “INFERNO” DO ANGLIRU EM 2008

O Director-Geral dos desportos, do governo autonómico do Principado das Astúrias revelou esta semana que a próxima edição da Vuelta, a correr entre 30 de Agosto e 21 de Setembro de 2008, terá chegada ao Angliru e uma outra, também em alto e ainda no Principado, esta a estrear, será na desconhecida Estação de Inverno de Fuentes de Invierno.

“Parece-me uma forma muito interessante de publicitar esta nova infra-estrutura na Região, aproveitando a cobertura global da Vuelta”, disse Micael Fernández Porrón que aposta forte tendo em vista um retorno positivamente capitalizável e que se enquadrará no plano da promoção turística das Astúrias.

A subida até ao Alto de el Angliru, nos montes la Gamoral, muito perto de Oviedo, a capital da região, é uma subida íngreme que parte desde La Vega-Riosa, uma pequena cidade que é um dos centros mineiros das Astúrias e é uma das escaladas mais exigentes do ciclismo mundial de estrada, tendo sido usado na Vuelta a España por três vezes.

Nem sequer é muito alto o monte. Fica a cerca de 1570 metros acima do nível do mar e o desnível, a partir do início da subida é de apenas 1256 metros, mas a escalada, com 12,55 quilómetros e uma inclinação média de 10,04 % é a mais difícil que eu conheço.





Subi-a duas vezes.

Em 2000, na companhia do meu querido e eternamente presente Bruno Santos;
depois, em 2002, com o Fernando Emílio, acompanhando, por alturas da Volta às Astúrias, o Manel Zeferino que levou junto o Manel Neves, o seu 1.º mecânico, num “apalpar” das dificuldades que haveriam de encontrar cinco meses depois, na Vuelta.

Nos primeiros cinco quilómetros da escalada a subida engana. Tem uma inclinação média de 7,6 %, é verdade, mas ainda me lembro das palavras dos dois homens da então Milaneza-Maia. Tanto o Fernando como eu já tínhamos falado da singularidade desta subida e eles – tal como acontecera comigo, na primeira vez que a subi – tiveram a mesma reacção: “Subidas destas temos nós em Portugal!”



Não temos!

Nem nada que se aproxime e eles perceberam isso quando, depois de uma ligeira “baixada”, por alturas do parque de merendas, então a coisa se tornou séria.
Desde a marca dos 6 km até ao topo a inclinação média é 13,1 %. A parte a mais íngreme, que tem uma inclinação incrível de 23,6 % e é conhecida como Cueña les Cabres a, aproximadamente, três quilómetros do topo.
E desengane-se quem pensa que a escalada é mais fácil após este ponto, pois ainda há mais duas rampas mais com inclinações de 18 a 21 %.

Os organizadores da Vuelta procuraram durante muito tempo por uma montanha que poderia rivalizar com d'Huez de Alpe ou o Mont Ventoux, do Tour de France. E aceitaram o desafio lançado alguns anos antes pelo jornalista José Enrique Cima – ex-Corredor que foi contemporâneo de Joaquim Agostinho na segunda metade da década de 70 e primeira da de 80, no século XX – que escrevera um livro a partir dos dados que lhe chegaram através dos Cicloturistas que já usavam a espécie de estrada que leva até ao alto.

Depois… depois foi a felicidade de ter encontrado nas autoridades locais - ao nível das nossas câmaras municipais - a vontade de investirem. Foi asfaltado o caminho até ao topo e criada no alto uma zona plana capaz de albergar as infra-estruturas de uma máquina como a Vuelta e a subida fez-se pela primeira vez em 1999.

Depois disso foi-o por mais duas vezes.
Venceram lá no alto, primeiro o já falecido José Maria Jimenez, depois o italiano Gilberto Simoni e, finalmente, Roberto Heras.

De assinalar que, desde a primeira subida sempre tivemos equipas portuguesas no pelotão. E para o ano, quando já é certa a quarta subida, anuncia-se que poderemos ter o Benfica – que foi a primeira equipa lusa a subir o Angliru – na Vuelta.
Faremos, então, o pleno.

Subida de 1999

O moldavo Ruslan Ivanov chegou ao início da subida com cerca de 1 minuto de avanço, mas o russo Pavel Tonkov atacou forte perto de Ablaneo e pouco depois alcança-o. Em Viapará, Tonkov tem 40 segundos sobre um grupo formado por Rubiera, Heras, Jiménez e Ulrich e um minuto sobre Casero e Olano.
A 8 km de meta Olano alcança o grupo de Ullrich e pouco depois Heras lança um ataque ao qual apenas Jiménez consegue responder. Tonkov passa a 4 km da meta com 57 segundos sobre o duo formado por Heras e Jimenez e com 1.19 minutos sobre Olano e Ulrich. Beltran alcança Olano e este aproveita para deixar Ullrich para trás.

No Avirú, Jiménez deixa Heras para trás e começa a aproximar-se de Tonkov que já acusa o esforço e só tem 45 segundos de vantagem sobre o corredor da Banesto. Nas últimas curvas Jiménez alcança o corredor russo da Mapei e assegura a vitória… ao sprint.

Lá cima a grande surpresa era que Olano, apesar de uma queda e da grande dureza da etapa, foi quinto e manteve de forma explêndida a Camisola Dourada, aumentando a vantagem sobre Ullrich em um minuto.

Classificação final da etapa:
1.º, José Maria Jiménez (Esp/Banesto), 4.52.04 horas
2.º, Pavel Tonkov (Rus/Mapei), m.t.
3.º, Roberto Heras (Esp/Kelme), a 1.01 m
4.º, Manuel Triqui Beltrán (Esp/Banesto), a 1.13 m
5.º, Abraham Olano (Esp/ONCE), a 1.44 m
6.º, Leonardo Piepoli (Ita/Banesto), a 2.03 m
7.º, Jan Ullrich (Ale/Telekom), a 2.45 m
8.º, José Luís Rubiera (Esp/Kelme), m.t.
9.º, Davide Rebellin (Ita/Polti), a 3.00 m
10.º, Igor González de Galdeano (Esp/Vitalício Seguros), a 3.09 m
… e os portugueses?
30.º, Melchor Mauri (Esp/Benfica), a 9.07 m
37.º, Orlando Rodrigues (Banesto/Esp), a 11.12 m

61.º, Joona Laukka (Fin/Benfica), a 17.12 m
63.º, Oscar Lopez Uriarte (Esp/Benfica), a 17.32 m
64.º, Quintino Rodrigues (Benfica), a 17.57 m
101.º, Daniel Bayes (Esp/Benfica), a 27.54 m
108.º, Luís Sarreira (Benfica), a 29.20 m
127.º, José António Garrido (Esp/Benfica), a 30.47 m
161.º, Jorge Silva (Benfica), a 34.50 m


Subida de 2000

A 60 km da meta o pelotão estava esgotado devido ao trabalho da Kelme. Somente os melhores estavam no grupo de trinta corredores que seguia na frente depois da penúltima montanha do dia. A Kelme já não contava com Oscar Sevilla, que tinha o seu dia mau, nem com Chechu Rubiera que fez uma grande selecção na parte final da subida a La Colladiella, bem como na decida e também na subida ao Soterraña, onde o terceiro da geral, Igor González de Galdeano, descolou e abandonou a Vuelta antes da subida ao Angliru.

O grupo já só contava com uma dezena de corredores no topo de La Soterraña, grupo esse que continuo na frente até La Vega-Riosa. Dois quilómetros depois de Viapará, Escartín lança um ataque e Casero sente muitas dificuldades. No contra-ataque de Tonkov e Heras, em Les Cabanes, com 21 % de inclinação, Casero perde o contacto.

A 6,5 km da meta Heras toma a iniciativa de ir para a frente, tentando conseguir a maior vantagem possível sobre Casero. O seu forte arranque deixa Casero a 2.09 minutos, a 3 km para o topo. Entretanto, Casero começa a acusar o cansaço e tanto Rumsas como Escartín deixam-no para trás. Começa então o seu calvário até a meta, onde acaba por perder 3.41 minutos para Heras, o seu maior rival.

Este também passava mal, mas tinha obtido uma vantagem maior do que a que pensava. Heras não ganhou a etapa porque Simoni esteve incrível nos últimos 3 km, mas deu um passo de gigante rumo à vitória final em Madrid.

Classificação final da etapa:
1.º, Gilberto Simoni (Ita/Lampre), 4.37.34 horas
2.º, Jan Hruska (Che/Vitalício), a 2.19 m
3.º, Roberto Heras (Esp/Kelme), a 2.58 m
4.º, Thomas Brozyna (Pol/CCC), a 3.11 m
5.º, Pavel Tonkov (Rus/Mapei), a 4.27 m
6.º, Roberto Laiseka (Esp/Euskatel), m.t.
7.º, Laurent Brochard (Fra/Domo), a 4:44
8.º, Raimondas Rumsas (Lit/Fassa Bortolo), a 5.16 m
9.º, Gorka Gerrikagoitia (Esp/Euskatel), m.t.

10.º, Fernando Escartín (Esp/Kelme), a 5.46 m
… e os portugueses?
45.º, Segis de la Torre (Esp/LA-Pecol), a 14.06 m
47.º, Andrei Zintchenko (Rus/LA-Pecol), a 14.38 m
50.º, José Rosa (LA-Pecol), a 15.01 m
65.º, Fernando Mota (LA-Pecol), a 20.52 m
66.º, Saulius Sarkauskas (Lit/LA-Pecol), m.t.
72.º, Youri Sourkov (Mda/LA-Pecol), a 21.21 m
85.º, Rubén Oarbeaskoa (Esp/LA-Pecol), a 22.52 m


Subida de 2002

Na aproximação ao Angliru, José António Flecha e Oscar Pereiro seguiam na frente após mais de 150 km de fuga. A Kelme toma a comando para proteger o seu líder, Oscar Sevilla, mas a Saeco responde, tentando garantir a vitória para Simoni e no Cordal o seu companheiro Di Luca adianta-se com um grande ataque. No início do Angliru acaba a aventura de Flecha e Pereiro e Aitor Osa toma a dianteira.

O basco fez um grande trabalho mas foi neutralizado após o Viapará pelo ritmo alucinante imposto por Tauler, que arredou da luta muitos favoritos. Na rampa de La Cuesta les Cabanes (de 21,5%) surge um inesperado ataque de Aitor González que deixou ko o seu companheiro e líder da prova, Oscar Sevilla.

Roberto Heras aproveita a ocasião para contra-atacar e segue em solitário para a meta. Em La Cueña les Cabres (23,5% de inclinação) Heras teve um momento mau, mas recuperou de imediato. Beloki esteve brilhante nos últimos 3 km e conseguiu ser segundo, a 1.35 minutos de Heras.

O italiano Casagrande também demonstrou muita força e foi 3.º, a 1.41 minutos. O então jovem Iban Mayo deslumbrou ao ser quarto, a 1.54 minutos, à frente de Aitor González, Di Luca, Simoni e Casero

Classificação final da etapa:
1.º, Roberto Heras (Esp/US Postal), 5.01.02 horas
2.º, Joseba Beloki (Esp/ONCE), a 1.35 m
3.º, Franceso Casagrande (Ita/Fassa Bortolo), a 1.41 m
4.º, Iban Mayo (Esp/Euskatel), a 1.54 m
5.º, Aitor González (Esp/Kelme), a 2.16 m
6.º, Danilo Di Luca (Ita/Saeco), m.t.
7.º, Gilberto Simoni (Ita/Saeco), m.t.
8.º, Angel Casero (Esp/Team Coast), a 2.22 m
9.º, Fabien Jeker (Sui/Maia), a 2.34 m
10.º, Feliz Garcia Casas (Esp) Bigmat a 2.42 m
… e os (outros) portugueses?
15.º, Rui Sousa (Maia), a 3.48 m
17.º, Claus Möller (Din/Maia), a 4.08 m
29.º, Joan Horrach (Esp/Maia), a 8.53 m
46.º, José Azevedo (ONCE/Esp), a 12.16 m
53.º, Rui Lavarinhas (Maia), a 13.13 m
66.º, João Silva (Maia), a 18.52 m
133.º, Angel Edo (Esp/Maia), a 28.07 m
134.º, Melchor Mauri (Esp/Maia), m.t.

Portanto, o melhor representante de uma equipa portuguesa é ainda o suiço Fabien Jeker (Maia-2002), o único que terminou no top-ten na etapa; e o melhor português Rui Sousa, também dessa equipa da Maia, que foi 15.º, a menos de quatro minutos do vencedor.

Textos sobre as etapas a partir da Wikipédia