VENHO AQUI E DOU O BRAÇO A TORCER
Eu devia ter desconfiado - não, não da informação que me fizeram chegar, muito menos de quem ma passou -, devia ter desconfiado porque, são por de mais os exemplos que estas más notícias correm céleres, quase sempre nas mesmas asas, sem dúvidas nenhumas vindas sempre do mesmo ninho.
Dois casos positivos de doping e... um manto de silêncio à sua volta?
Ainda por mais, tratando-se de corredores de duas equipas não protegidas?
Não me chateiem com pedidos de explicação porque toda a gente sabe do que eu estou a falar (obrigado pela deixa, Octávio Machado!).
Afinal, a notícia que estou a reescrever - mas não vou apagar a original, até para que os comentários entretanto acrescentados façam sentido e quem comentou, não tem culpa do meu erro - estava ferida de inverdade.
E eu, quando erro, venho aqui e dou o braço a torcer.
Errei.
Antes de mais nada, peço desculpa aos dois Corredores em causa (não, não sei quem são e mesmo que o soubesse têm a minha garantia de que os vossos nomes jamais seriam divulgados aqui, no VeloLuso.
Nunca.
Por acaso não sei. Mas se os soubesse, calar-me-ia.
De qualquer modo, acho que vos devo um pedido de desculpas.
Então... como é que eu escrevo, sem ter a certeza, que há dois casos positivos de doping entre a élite do Ciclismo nacional?
Porque é assim que a situação está a ser tratada. Como dois casos positivos mas... à luz dos regulamentos que fazem equivaler uma falta a um controlo surpesa a um positivo.
Recordo que este é um dos pontos que os Corredores querem ver alterados no regulamento. Legalmente, todos têm 24 horas para se apresentarem voluntariamente no caso de terem falhado um controlo inopinado; para ser exactamente preciso, passe o pleonasmo, por não terem sido encontrados, no local que indicaram, pelos médicos ou técnicos do CNAD.
E, é evidente que eu lhes dou razão.
Já basta ter que lhes dar a morada, o número de telefone e avisar quando se ausentam por períodos mais prolongados - indicando para onde se ausentarem - o que mais faltava era que (e é só um exemplo, nada mais do que isso e muito provavelmente nem se encaixará em nenhum dos casos concretos de que aqui falo), em dia de comemoração do aniversário de casamento, para os casados, ou do aniversário do início do namoro, para quem ainda namora, e decidindo à última hora que era giro ir comemorar a data com um jantar romântico, a dois, antes disso tivessem que se preocupar em avisar os senhores do CNAD.
Tipo...
"Eu faço hoje dez anos de casado, os miúdos já são crescidos, a casa é pequena e resolvi, para comemorar, levar a minha esposa a jantar fora, depois vamos ver uma peça de teatro e esta noite, porque dez anos são dez anos, ficamos num hotel. Façam V. Excias o obséquio de me procurar no Hotel X, Quarto Y, que não vão interromper nada. Estejam descansados."
Ou...
"Os pais da minha namorada foram para fora e esta noite vou ficar com ela em sua casa."
Tenham dó!...
Pois o que aconteceu, e esta é mesmo a realidade, foi que dois corredores não terão estado no local que há três meses indicaram como aquele em que podiam ser encontrados e, porque não estavam, foi-lhes marcada falta injustificada, com equivalência directa a... controlo positivo.
E foi só esta última parte que eu percebi.
Mas já aqui gastei tinta suficiente na defesa dos mais elementares Direitos dos Cidadãos, que os não perdem - porque não perdem, porque não podem perder -, só pelo facto de serem Corredores de Ciclismo.
E não me venham para cá com a maldosa insinuação de que, em 24 horas se pode mascarar aquilo que presumivelmente terão tido receio de vir a acusar.
Caramba!
Isso é, definitivamente é, olhar para os Corredores, não como potenciais "criminosos", mas como "criminosos" mesmo.
E aí atropela-se, outra vez, os mais elementares direitos de qualquer cidadão, que é o de poderem provar que estão inocentes.
O do direito á presunção de inocência porque, por acaso o Direito, no chamado Mundo Ocidental, com o significado de Civilizado, onera a acusação com a demonstração de prova.
Então, e resumindo tudo numa só frase. E para terminar.
Com a cegueira a que já nos habituou - e que apenas revela uma total ausência de escrupulos e uma tendência patologicamente doentia, persecutória, que raia, às vezes, uma indisfarçável vontade de promover públicos linchamentos - o CNAD (mais a FPC) - insistem em tratar os Corredores como Cidadãos de segunda ou terceira... ou sem direito a serem considerados cidadãos de um País que assenta num Estado de Direito.
Curiosamente, num curto espaço de tempo que não terá sido separado por mais de quatro, talvez apenas três dias, em dois canais de televisão distintos, em dois filmes distintos, pude ver duas histórias com tanta semelhanças entre elas que pareciam um "original" do MST em que - mais do que seria de aconselhar - aparecem passagens vergonhosamente "copiadas" por autores de outros livros escritos... antes.
Qual o assunto dos filmes? Para que vocês, os que viram , pelo menos um, possam compreender...
Um bando de milionários que, para aliviarem o stress de uma vida marcada pelos negócios e altos e baixos das bolsas de valores, pagavam para "caçar" um ser humano.
No primeiro, porque estava tremendamente cansado, não sei como a história - de um jovem negro, sem ter onde caír morto e por isso foi escolhido como "presa" - acabou;
no segundo, que vi ontem (4.ª feira) mesmo, o azar dos "caçadores" era que o "caçado" era o Claude Van Damme. Se não viram, imaginam... Cabeças cortadas, setas envenenadas, cobras venenosas, o cenário destruído, pistolas de 12 tiros a despejarem balas durante um minuto inteiro...
Ganhou o Van Damme!
O CNAD, e por arrastamento, a FPC (não acredito que não tenha nada a ver...), em vez de tentarem, num diálogo consciencioso onde todos os interessados pudessem participar com sujestões de forma a criar um regulamento aceitável e aceite por todos, faz-me lembrar aqueles multimilionários que, para descarregarem o stress de uma vida agitada, pagam milhões para caçar um ser humano.
No fim desta lenga-lenga toda, o que mais interessa é que, por enquanto, os Corredores vão tendo quem lhes mostre o caminho, que é como quem diz, quem os aconselhe e defenda.
E claro que recorreram da stressada sentença dos stressados "caçadores de cabeças".
Por isso, ainda vai correr alguma água sob as pontes até que os casos se resolvam...
Era esta a explicação que devia aos meus leitores;
é por isto que, uma vez mais, peço desculpa aos Corredores visados.
(Texto editado pela 1.30 horas, do dia 13 de Junho de 2008)
Como referi no início, não apago texto original, que deixo aqui por baixo:
Vem aí "bronca".
Para além dos dois casos que envolvem Corredores da LA-MSS, por causa de terem sido identificados produtos passíveis de serem dopantes na revista que a PJ fez a suas casas, não mais do que isso, nenhum deles acusou positivo em nenhum teste, há - infelizmente há - dois casos positivos de doping envolvendo dois corredores de duas equipas diferentes e nenhuma delas é treinada pelo Manel Zeferino.
Mantendo-se a rigidez dos padrões aparentemente fixados... será que iremos ter equipas portuguesas na Volta a Portugal?
7 comentários:
Pois é. É a velha história da água e do azeite. Acaba por vir sempre à superficie. Estou "em pulgas" por saber quem são os atletas (infelizmente serão sempre os culpados", e principalmente quais as suas equipas (que é claro, ficaram completamente incrédulas e surpreendidas). Certamente que estas análises foram realizadas "há imenso tempo", pelo menos há mais de três semanas!!! Vamos lá a ter esperanças que os próximos resultados sejam das análises realizadas aos atletas da LA MSS. Infelizmente (para o ciclismo) ainda nos vamos rir a ver alguns a engolir "sapos vivos". E será que amanhã partem todas as equipas para o prémio CTT? A federação (as minúsculas são propositadas) já se apressou a tomar uma posição de "aconselhamento"? E as seguradoras, já se manifestaram? E os patrocinadores, já se demarcaram? Aguardo para ver (ou no caso, para ler). Cumprimentos
Diz um velho ditado alentejano... "Cada um deita-se na cama que faz!"
Estou expectante em relação à tomada de posição da "famosa" Comissão de Estrada... e aposto que, desta vez, não vai haver nenhuma.
Quem se lixa?
Os mesmo de sempre, os Corredores!
Aliás, e isso já fou publicado, a defesa da própria LA-MSS passa pelo isolamento dos dois corredores que têm a corda ao pescoço. Despedem-se e a equipa salva a cara.
Tendo em contra outros (altos) exemplos que não aconteceram assim há tanto tempo, quem lhes atirará a primeira pedra?
É, amigo... há tantos telhados de vidro que até cuspir para o ar é perigoso. A cuspidela pode cair nos próprios olhos.
Mas não entremos em histerias sem sentido.
É perante situações aparentemente incontroláveis que se descobrem os verdadeiros "chefes".
Sem falsos moralismos nem descabidas "execuções" públicas.
Ah, as duas equipas que têm, cada uma delas, um Corredor em difícil situação, ao contrário da LA-MSS fazem parte da Associação de Equipas...
Vamos ver quem tem espinha direita ou quem tem queda para o contorcionismo...
Apenas, e só isso, desejo voltar a acompanhar o nosso ciclismo na sua máxima força. Como antigo praticante e actual cicloturista, espero voltar a vibrar nas estradas e principalmente nas chegadas das provas (Senhora da Graça, Torre, etc), coisa que nesta altura não dá grande vontade! É que custa muito ver e perceber os caminhos por que segue o nosso ciclismo. Os jogos e compadrios são por demais evidentes e quem "sofre" é a modalidade, os praticantes e os "portadores do bichinho", que é o meu caso. E já agora, obrigado pelo seu blogue, uma lufada de ar fresco, onde se pode acompanhar as "últimas", escritas por quem, já deu para ver, percebe do assunto. Cumprimentos
Estou banzado... e curioso para saber quais são as equipas, naturalmente.
Caro Sr. Madeira. A sua atitude é no mínimo louvável e reveladora de grande carácter e integridade moral. Sei também quem são os atletas que "estavam ausentes" do local onde supostamente deveriam estar (pese embora toda a "áurea de secretismo" que envolvem estas situações), mas óbviamente que também não mencionarei os seus nomes, porque, mais não fosse, e tal como disse, merecem todo o respeito e nada indica que a sua "ausência" fosse premeditada. E também há que proteger as suas equipas. Cumprimentos
Equipas, fosse através do seu máximo representante, o presidente da Associação, fosse pelo ensurdecedor silêncio que vêem a manter, se apressaram a condenar (e deixar condenar) a LA-MSS-Póvoa.
Embora até eu, de quando em vez, escreva que sou parvo, devem calcular que o não sou, não é?
E estou preparado, por um lado, porque cultivo um sentido de Justiça de que muito me orgulho, pelo outro, porque sou Jornalista e assumo-me enquanto isso. Tenho deveres para com quem me lê. E não trairei quem confia em mim. nem que seja só um.
Isto para dizer que, deslindado este caso da LA-MSS-Póvoa, sendo uma eventual condenação devidamente sustentada, com provas, testemunhos e tudo o mais que se espera, quando um caso atinge a gravidade que já imputaram a este, eu não deixarei de aqui mesmo deixar a minha opinião. Que já tenho formada.
Não esperem é que como qualquer rafeiro mal ensinado eu saia logo a ladrar e a tentar abocanhar os calcanhares de seja quem fôr.
Saberei ser claro, mas também justo; e não me levarão na "onda" que desde o princípio adivinho foi completamente preparada.
A de fazer qualquer qualquer coisa para que tudo fique na mesma. Se a vontade é a de "limpar" o Ciclismo, tenham em atenção uma coisa: ou a "varredela" é completa, ou têm-me à perna.
Mesmo que lhes pareça difícil e não o consigam explicar á primeira, eu sei que sabem que eu sei.
Bem o que é certo é que corredores do ProTour, com que mantenho contacto, que estão sujeitos a um regime de controlos ainda mais desgastante (incluindo o sistema de localização ADAMS), e não se queixam. É evidente que dizem que por vezes é constrangedor, mas que pela luta anti-doping, aceitam o sacrifício e nada temem.
Em relação à equiparação de falta não justificada a um controlo a um controlo positivo, julgo que é lógica e tem toda a razão de existir. Importa é garantir que quem tem o ónus da prova é que fiscaliza, ou seja, compete ao CNAD provar que o atleta se recusou a ser controlado, esgotadas todas as alternativas.
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