UM ABRAÇO APERTADO QUIM
Na sequência da 'etapa' anterior - peço desculpa pelo atraso com que aqui trouxe o tema - impõe-se esta nova entrada.
Porquê? Porque a chegada do Quim Sampaio ao pelotão profissional, e a de outros, como a seguir lembrarei, coincide com a minha chegada ao Ciclismo enquanto mero escriba que, e peço-vos, aos conhecedores, aos que já lá andavam e me acolheram de braços abertos, reconheçam, foi muito discreta.
Porquê? Porque eu pouco ou quase nada sabia de Ciclismo. Aprendi na estrada, cometendo erros, com certeza, mas com a humildade de o reconhecer.
Foram precisos cinco ou seis anos (os que eu julguei necessários, sem que, ainda assim, isso não signifique que não tenha continuado a cometer erros) para, pela primeira vez me atrever a ir além da crónica e da entrevista... da reportagem, para me aventurar na opinião.
Por respeito, muito respeito, pelo Ciclismo e, naturalmente, mais respeito ainda pelos meus leitores.
(Ironia das ironias, a primeira vez que o fiz, então já em A BOLA, foi para, sustentando-a, defender a realização dos Mundiais de Estrada de 2001, em Lisboa, contra argumentos esgrimidos pelo meu caro Carlos Flórido, que desmontei; e até hoje não há como negar que, em termos organizativos, esses mundiais foram um tremendo êxito e cimentaram a então já forte influência do dr. Artur Lopes nos meandros da UCI. Dr. Artur Lopes que, à minha frente, e dirigindo-se ao responsável (meu amigo do peito e contra quem jamais direi seja o que for de mal) por uma revista especializada que era sustentada pela FPC, disse (tenham em conta que já passaram dez anos e que as palavras possam não ter sido exactamente estas): "Só este gajo [eu] é que teve tomates para nos defender..."
Daqui a alguns dias o mesmo Artur Lopes vai estar em tribunal, como testemunha abonatória de alguém que me processou... maldito corporativismo. E a maldita a falta de memória... mas já não aconselho médicos a mais ninguém!)
Nunca me 'curei' dessa espécie de vergonha de ter entrado para esse Grupo de Grandes Jornalistas sem ter sido convidado. Mas fui recebido como então era usual e logo aceite. Nunca consegui foi chegar aos calcanhares da maioria deles. Da maioria...
Voltemos então atrás...
Chegámos ao pelotão, eu e o Joaquim Sampaio, no mesmo ano de 2001. Eu escrevia para um Jornal com uma Enorme História, mas que estratégias de produção o limitavam a um jornal regional (apesar da sua distribuição nacional), ainda por cima numa altura em que havia jornais vespertinos. Só em Lisboa. E eram grandes Jornais. Foram grandes Jornais.
Trabalhava em 'A CAPITAL', mas também havia o 'Diário Popular' e o 'Diário de Lisboa'. Não havia ainda sido 'inventada' a expressão de... 'jornais de referência' mas quem tem 50 anos, ou mais, sabe bem a tremenda influência que, principalmente 'A CAPITAL' e o 'Diário de Lisboa', este mais ainda, tinham na imprensa nacional.
Dispersei-me outra vez... vocês estão habituados.
Voltemos, em definitivo, ao Ciclismo. E a esse ano de 1991.
Foi quando fiz a minha primeira Volta a Portugal onde a grande surpresa era uma uma nova equipa chamada Tensai-Mundial Confiança.
Apoiada por estas duas marcas, a formação de Santa Marta de Portuzêlo, então bem na frente de todas as outras no aspecto da formação, liderada pela família Barros - de quem toda a gente, entretanto, se esqueceu - avançou com uma equipa profissional (com o significado que isto tinha na altura, claro).
Dela, da Tensai-Mundial Confiança, faziam então parte os seguintes Corredores:
Gonçalo Martinez, 25 anos
Rui Bela, 21 anos
Arximiro Blanco, 25 anos
Ricardo Felgueiras, 21 anos
Paulo Ferreira, 21 anos
Luís Machado, 21 anos
Joaquim Salgado, 25 anos
João Silva, 22 anos
José Xavier, 30 anos
e...
Joaquim Sampaio, 21 anos
(média de idades: 21,2 anos)
O técnico era... Marco Chagas, então com 35 anos, que se estreava como director-desportivo, e que na temporada anterior tinha sido 5.º classificado na Volta ganha por Fernando Carvalho na última etapa, um 'crono' na Maia, superiorizando-se por 23 segundos a Joaquim Gomes que andara metade da prova de amarelo... e de amarelo saíra para o contra-relógio final.
Marco Chagas representava a Orima-Cantanhede.
Em 1991, depois de Jorge Mendes ter ganho o prólogo, Luís Machado venceu a primeira etapa, arrebatando a camisola amarela de líder da prova, ligeiramente mais amarela que a da Tensai-Mundial Confiança. Perdê-la-ia logo no dia seguinte, mas augurava-se um grande futuro para aquela equipa tão jovem que, apesar da sua juventude, e a do seu técnico, terminaria a Volta na 5.ª posição colectiva.
Desculpa Quim Sampaio, era suposto estar a escrever sobre ti e acabo por falar mais de mim. Mas tu garantiste um lugar na História do Ciclismo português nesta transição de século e eu orgulho-me muito por poder ter contribuído, sem enfabulamentos, apenas contando o muito que fizeste pelo Ciclismo português. E espero que continues ligado a ele. Tens muito que ensinar aos mais novos...
Um abraço apertado para ti, Quim...
1 comentário:
Manel, como estás amigo? Nunca mais te vi...
Como te considero amigo e sigo atentamente o blog, venho aqui congratular-me por teres escolhido uma fotografia minha ao grande Marco Chagas! Foi nas "bodas de prata" da Volta ao Alentejo, em Ferreira do Alentejo quando o entrevistava na minha primeira saída em reportagem para a Antena 1.
Abraço grande
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