segunda-feira, julho 09, 2012

ANO VII - Etapa 38

ASSINO POR BAIXO...


30 de Junho de 2012, por LEONOR PINHÃO, Jornalista... no


No ciclismo não há penaltis



Enquanto decorria o Europeu de futebol, entre a vitória de Portugal sobre a Holanda e a vitória de Portugal sobre a República Checa, aconteceu que um outro compatriota nosso, um rapaz franzino chamado Rui Costa, ciclista profissional, ganhou a Volta à Suíça que não é brincadeira nenhuma. O feito consagra-o como o primeiro português a vencer uma prova do World Tour, coisa que nem o fabuloso Joaquim Agostinho atingiu.

Em Portugal ninguém ligou peva à proeza de Rui Costa porque as atenções estavam a mil por cento concentradas na campanha da selecção nacional de futebol. E como é do conhecimento geral, bicicletas são apenas bicicletas e o desporto-rei é o desporto-rei. A aventura portuguesa no Europeu acabou na quarta-feira de maneira dramática e, como não podia deixar de ser, com direito a requerimento em papel azul de 25 linhas, aquele mesmo dos antigos procedimentos burocráticos, em favor da nossa velha conhecida Vitória Moral, que é o consolo possível e recorrente quando estas nossas andanças desportivas ao mais alto nível não terminam como era desejado.


Agora que o futebol acabou em desilusão, espelhando as frustrações da pátria que são muitas e de natureza variada, temos, finalmente, tempo para nos dedicarmos às bicicletas. O país precisa de heróis por causa da auto-estima, dizem os sociólogos, quer os amadores quer os profissionais, e está a chegar a Volta à França que conta no seu pelotão com o tal portuguesinho franzino chamado Rui Costa.


No ciclismo, felizmente, não há penaltis. Mas Rui Costa bem pode começar a pedalar tendo por certo que os olhos da nação estão postos nele. Atreva-se ele a ganhar uma etapa do Tour, como fez no ano passado, e logo teremos o país em peso a pedir-lhe, encarecidamente, que vá mais longe, que chegue em primeiro, que não caia da máquina, que desfaça a concorrência nas subidas dos Alpes e que nos devolva o orgulho perdido no momento em que Bruno Alves acertou com a bola em cheio na trave da baliza guardada por Casillas.


Rui Costa, à partida para França, estabeleceu com modéstia os seus objectivos: "Gostava de chegar bem a Paris."


Não aborreçam, portanto, o rapaz com exigências mirabolantes.
Estivessem todos mais atentos à Volta à Suíça
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O sublinhado é da minha responsabilidade

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