ANO VIII - Etapa 27

PARA QUE ME CONHEÇAM
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Cheguei, via o mais característico motivo pelo qual, em inícios dos Anos 90, o 'rookie' da Redação tinha que cumprir, ao Ciclismo!

Hoje, com a nostalgia à qual já tenho direito, até sou capaz de esboçar um sorriso.

O meu primeiro trabalho fora das quatro paredes de A CAPITAL - já trabalhava em jornais há mais de três anos, mas tive a sorte [ou desgraça, porque eram tão maus os jornais] de quase começar por cima. Quando cheguei a A CAPITAL já tinha "queimado" todos os passos que a estrondosa maioria dos Jornalistas levam anos a cumprir  [já aqui volto] -, dizia, o meu primeiro trabalho fora das quatro paredes da Redacção de A CAPITAL, no mesmo dia em que lá comecei a trabalhar, ia o ano de 1990 a caminho do fim, foi uma Conferência de Imprensa do Carlos Gomes - sobre o qual eu nada sabia - a 'arrasar' a Direcção do Sporting! Sim, esse mesmo Carlos Gomes, guarda-redes lendário que defendeu as balizas do 'leão' mas que pensava pela sua cabeça - e não me refiro só ao futebol - e, por isso, teve que fugir do País com a PIDE à perna!

Qual o motivo da Conferência de Imprensa? Achava o Carlos Gomes que, tanto em relação a ele, como ao seu filho, também ele guarda-redes, entretanto marginalizado pelo Sporting, mereciam algum respeito! Isto percebi eu alguns anos depois, não naquele momento de nervosismo e autêntica sensação de estar 'fora de pé'... eu que nunca aprendi a nadar!

Entrei n'A CAPITAL, se a memória não me falha, a uma sexta-feira! Logo nesse dia tive aquela experiência.

E voltemos às praxes aos novatos... No dia seguinte, um Sábado, a Agenda reservava-me nada mais, nada menos que três serviços: o 'bodo' aos Pobres, nos Alunos de Apolo, ali em Campo de Ourique onde a Sociedade Recreativa entregou cabazes com víveres aos mais pobres do Bairro; uma reportagem na Crinabel - que creio, ainda existe ali para os lados da Avenida Dona Leonor, um pouco a norte do Estádio de Alvalade - cuja responsável era a esposa de um Homem que eu havia aprendido a admirar, o Joaquim Furtado, quando ainda não se podia adivinhar que a filha, Catarina Furtado haveria de vir a tornar-se a 'namoradinha dos portugueses'; e, finalmente... uma exposição de cachorros no Fórum Picoas...

As três reportagens foram publicadas, ainda que em forma de 'breves'! E a praxe ao novato estava feira... ah! todas foram feitas a um sábado quando A CAPITAL não se publicava ao Domingo! 

E ninguém me convence que a minha primeira Volta a Portugal, em 1991, tenha ficado a dever-se ao facto de MAIS NINGUÉM estar disposto a fazê-la! Soube depois que em 1989 fora o Carlos Ferro (entretanto saído para o DN) a fazê-la e que no ano anterior fora o Pedro Cravo [que saíra para o Correio da Manhã]... Nenhum dos outros elementos da Secção de Desporto fizera uma Volta a Portugal e... 'que avance o novato'!

E eu avancei. Sem medo!

Que medo pode um desgraçado que fez a instrução primária com livros emprestados? Que nunca teve um caderno - usavam-se aquelas lousas, ou ardósia para fazer as contas e que, quando cheias, se limpavam com um pano húmido para podermos continuar a escrever... que, por causa do emprego do pai, começava as aulas em Serpa, em Janeiro estava em Portel e acabava por fazer os exames em Ferreira do Alentejo!

E depois trazido para os arredores de Lisboa onde, nas aulas, nem percebiam o que eu dizia [meu querido sotaque Alentejano!]...

A minha Vida nunca foi fácil!
Concluí o Curso... Técnico, com a segunda melhor nota das duas turmas que havia., Estávamos em 1977. Eu tinha 17 anos! Não havia NADA entre mim e a Universidade... a não ser o facto de ter sido 'decidido' que eu tinha que ir trabalhar para ajudar a economia da família! Tinha, tenho e espero ter durante muitos anos, duas irmãs mais novas!

Aos 22 anos poderia ser - porque NUNCA chumbei ano nenhum - engenheiro [o meu curso era de máquinas e não poderia ter sido de outra coisa porque isso implicaria a minha deslocação para uma outra localidade e não havia dinheiro para isso] mas nessa altura estava a trabalhar como Servente de Pedreiro!

O melhor do meu Curso, o 3.º, o 4.º, o 5º... estavam em Lisboa, no IST! Um deles, meia dúzia de anos depois, até deixou cair aquela ponte/viaduto, no final da 2.ª Circular, quando das obras da quadripulação da via-férria entre Campolide e Sintra!!!

Não era tão bom como eu! Embora um acidente possa acontecer a qualquer um... é Verdade!

Eu... continuo a estudar. À noite! Faço o 12.º Ano.
Ao mesmo tempo matriculo-me numa escola de Línguas e Completo os Cursos de Francês e Inglês  [cinco anos] com nota Mais do que Satisfatória...

Queria mais para MIM!
Sem NUNCA, MAS NUNCA ter beneficiado de uma ajuda, fosse ela de que tipo fosse!

Tive 'amigos' - que agora me ignoram - que chegaram a trabalhar na mesma empresa do que eu.
Nunca foram melhores do que eu! Nem a humilhar-se - o que EU nunca fiz - pedindo 'favores... não, deixaram que fosse o seu Pai a 'rastejar' para conseguir para o filhinho melhores condições.

O meu nunca faria, como não o fez.

Cheguei onde cheguei à minha custa!
Quando acreditei... trabalhando 18 horas por dia sem pedir nada em troca...

Agora... e não é 'bluff', o FIM é uma questão de tempo! Sendo que sempre o será....
Não posso antecipar o FIM - até poderia, mas.... - ele está ali, à minha frente e não me deixa hipóteses de o 'fintar'...