VOLTA A PORTUGAL/2014 * 1
Há 23 ANOS - não consegui recuperar a data exacta, mas 'serve' o "ARRANCAR DA VOLTA" - estava eu numa pensão em LOULÉ, num quarto com apenas com uma janela, ainda assim num plano tão superior que para a abrir tinha que subir a uma cadeira [era o 'ar condicionado' que tinha à disposição] - e, por esta hora vivia uma ângustia tremenda!
Estava a poucas horas de iniciar a MINHA PRIMEIRA VOLTA A PORTUGAL e levara uma tarefa bem clara! Fazer uma entrevista ao Vencedor da Volta do Ano anterior para 'abrir' o lançamento da Corrida na minha velha A CAPITAL! Fora o Fernando Carvalho, em representação da Ruquita-Feirense!
Os 'Jovens Lobos' que hoje irão estrear-se, ou ainda não eram nascidos ou tinham dois ou três anos de idade e não fazem a mínima ideia de como era naquele já longínquo Ano de 1991!
O telemóvel era... Ficção Científica e creio mesmo que terá sido a primeira edição da prova em que podíamos enviar os nossos textos, via fax, batidos à máquina (emendados à mão), que isso dos computadores, embora já existissem em muitas empresas e em alguns Jornais, eram maiores que um Guarda-fatos!
Portáteis e com ligação, analógica, acrescentando ao aparelho uma... 'plataforma' à qual se 'ligava', com elásticos, o bocal de um telefone normalissímo [também sei que não sabem, eram aqueles telefones pretos que terão visto em casa dos vossos avós] que depois, e através da plataforma acoplada, transformavam os 'bip.bips' em caracteres, no moutro lado da linha, que me lembre só 4 anos depois, em 1995!
Escusado será dizer que não raro a ligação ia abaixo e tinha que que reiniciar todo o processo desde o princípio.
O JN - Organizador da prova - e depois o Jogo, pertencente à mesma empresa, foram os primeiros a quem vi usarem este método 'completamente revolucionário'.
Os outros Jornais ainda precisavam de um operador de telex - que vocês nem sabem o que era - mas tenho quase a certeza que nesse ano de 1991 já havia o REVOLUCIONÁRIO Fax!Fax!
Ora, para a utilização do Fax havia... 'castas' instaladas.
A Volta era do JN.
Eu, d'A CAPITAL, que era um vespertino, logo, só no dia seguinte contava a história da etapa, tinha que arranjar - tinha duas páginas diárias para preencher - uma estória aparte para encher uma das páginas... e quase sempre o consegui! Por isso, mal chegava à Sala de Imprensa, e porque as escrevia de noite, antes de me deitar, ia logo entrega-las ao responsável para que mas enviasse para Lisboa. Mas o sistema ainda não era perfeito e falhava muitas vezes, razão pela qual esse responsável, o Saudoso Rodrigo Pinto (presidente do CNID) que não me conhecia de lado nenhum... as 'congelava' até aparecerem as primeiras 'laudas' do JN! Que lhe estava a pagar... Não arriscava meter as minhas e ver o sistema colapsar...
Nessa minha primeira Volta ainda havia, nomeadamente por parte de A BOLA e de o Record, e da Gazeta dos Desportos do Zé Neves de Sousa - a MAIOR DAS FIGURAS do 'pelotão' de Jornalistas - preferência de o enviado especial rascunhar um resumo da etapa e transmiti-lo para a redacção por telefone. Na Redacção, alguém comporia aquilo como um artigo!
Todos estes parágrafos para os neófitos... - porque não o podem compreender - imaginarem a diferença das realidades...
Ah! NÃO CONSEGUI a entrevista com o Fernando Carvalho!
Há 23 anos não havia estradas, não havia hotéis, não havia informação de onde é que cada uma das equipas estava... Os telefones, a partir de Loulé, onde A CAPITAL, me conseguiu instalar, para ligar para Faro era preciso um indicativo; para ligar para a Quarteira... outro indicativo... Ir de carro, de terra em terra, de Hotel em Hotel, à procura do Fernando Carvalho seria possível, mas havia mais que fazer... e eu era o 'rookie' do pelotão de Jornalistas... Não conhecia ninguém... não podia pedir ajuda a ninguém, não revelando qual era o meu objectivo!
Mas as duas páginas saíram preenchidas e sem recurso a 'palha'!
Consegui um (pequeno) depoimento do presidente da Associação de Ciclismo do Algarve...
Do responsável pela pensão/residencial onde estava e pelo gerente do tasco - que restaurante!!! - onde almocei e depois fui jantar.
Ambos se manifestaram MUITO SATISFEITOS porquea Volta 'trazia muita gente e isso era bom para o negócio!
E escrevi uma peça sobe a inestimável importância de a Volta a Portugal ter o seu arranque em Loulé!
15 dias depois, na chegada a Lisboa, à Avenida da Liberdade, o Jorge Silva (Sicasal/Acral) vencia a sua primeira e única Volta a Portugal!
Nunca mais ouvi falar dele. Espero, sinceramente, que esteja bem! A Vida segue, não é Jorge?
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