ADEUS, MEU GRANDE AMIGO ZÉ
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Perdi mais um Amigo. Só há instantes vi a notícia em A BOLA.
MORREU O JOSÉ ROQUELINO.
Nunca nos conhecemos pessoalmente, mas foi a pessoa mais Importante para mim quando na Redacção me propuseram Editar o 'Caderno Madeira'. A primeira das 'extenções' de A BOLA fora deste cantinho na Europa.
O 'Caderno Madeira' foi assim como o 'tubo de ensaio' onde se fizeram experiências que haveriam de redundar nas actuais A BOLA Angola e A BOLA Moçambique. Mas com menos meios.
Um projecto pensado, e que teve, no seu início, a irrepreensível Coordenação do João Esteves... que foi deslocado para o Funchal onde ficou vários meses, até que ele, o projecto, criasse raízes.
A minha tarefa - e comecei ainda com oito páginas diárias, e embora, para além do Orlando Vieira (abraço Amigo) que tinha Marítimo e Nacional para cobrir diariamente, ter tido uma mão cheia de colaboradores, à vez (muitos duraram pouco tempo) - não era fácil... Não ao principio. Até o Fernando Guerra me 'dar mão' indicando-me o ZÉ que já fora nosso colaborador.
E eu e o ZÉ logo nos entendemos. Ele tinha conhecimento de algo interessante e ligava-me. Carta Branca... Fosse a que horas fosse. E mais, punha-me ao corrente dos factos, facilitava-me dados, dava-me os contactos. Eu só tinha que chegar cedinho ao Jornal e começar a tentar encontrar a pessoa em causa.
E fiz entrevistas com atletas, desde a esgrima ao golfe, da natação ao ténis-de-mesa... da vela à motonáutica.
Não sei se o ZÉ conhecia Lisboa, com certeza que conhecia, não conseguia era 'visualizar' o tempo que eu levava, porque moro fora de Lisboa, a chegar à Redacção... E ligava-me às sete da manhã a dizer que a Helena Rodrigues, canoísta, vencedora de um 'caixote' de medalhas em provas internacionais estaria no Aeroporto de Lisboa às 9... Eu, não tendo transporte próprio, não conseguia lá estar a essa hora. Tanta entrevista que fiz nos comboios da CP, com toda a gente a olhar para mim... Mas, que me lembre, e se me estou a esquecer de alguma vez, nunca o deixei ficar mal. Todas as suas dicas eram aproveitadas porque aqui, era-me completamente impossível saber o que acontecia na Madeira, mesmo com a ajuda da internet.
Às vezes... um dos colaboradores falhava. Acontece a todos os Jornalistas. Logo cedinho na manhã seguinte ele ligava-me. «O que é que falhou?; ZÉ não o(a) apanharam...; Eu apanho e ligo-te logo para ti...»
E assim acontecia.
Mas não era só com atletas. Técnicos, dirigentes, presidentes de Associações... Até membros do Governo Regional...
Ele tinha acesso a toda a gente, toda a gente o respeitava... e aceitava a sua 'sujestão' para atenderem o meu telefonema.
Até o presidente da Assembleia Regional, por altura de uma edição especial comemorativa do 'Caderno Madeira'... Para saber o impacto que tinha na Região... Até isso ele me conseguiu...
Não o conheci pessoalmente, mas logo ficámos Amigos... Dos verdadeiros. Ele, mais vivido, com mais experiência, confiava plenamente em mim: «Madeira! Não precisamos de mais ninguém! Eu aqui e tú aí e fazemos o 'Caderno' sozinhos, só os dois!..»
Que maior prova de confiança?
Eu, eu precisava dele, dependia dele muitas vezes... Mas nunca descurei uma 'dica' que ele me tivesse dado...
Deixou-nos hoje, Eu não vou durar muito mais tempo...
ZÉ não marco encontro porque não creio noutra vida! Nem quero acreditar... Esta já me bastou e sairei muito mal tratado...
Por isso...
QUE DESCANSES EM PAZ.
Que é a única coisa que peço para mim...
ADEUS ZÉ!
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