Depois dos 'entretantos', vamos então aos... 'finalmentes'. O Ciclismo português, aquele que está, por má sina, confinado ao rectângulo das nossas fronteiras, ainda existe graças à impagável vontade de meia-dúzia de boas vontades, amantes indefectíveis da Modalidade, que sabem que estão a investir para perder mas que, ainda assim, estou certo, esperariam um pouco mais de ajuda. Refiro-me aos patrocinadores. E depois há as organizações. Passam pelos mesmos problemas, têm despesas consideráveis, assumem-as na esperança de algum retorno e, no fim... calculo a frustração... No primeiro caso, curvemo-nos, os adeptos, claro, ante Carlos Barbot. Com o município de Gondomar a roer a corda - há quanto tempo?, dez anos?, sei que eu estava em Espanha, na Vuelta, quando me telefonaram a dizer que a Gondomar-Barbot acabara. Semana e meia depois, quando regressei a Portugal, soube que Gaia substituiria Gondomar. Até hoje, e sempre com Carlos Barbot - curiosamente, um homem do automobilismo, para quem não sabia - a assumir as despesas. Voltando às Organizações, para tentarem conseguir ter uma cobertura, no mínimo... que possam mostrar aos seus patrocinadores, acarretam com a despesa de 'levar' os jornalistas, proporcionando-lhes, pelo menos, o alojamento. Já acontecia no meu tempo, e, nomeadamente, o Troféu Joaquim Agostinho e este mesmo GP Costa Azul, pagaram-me hotéis... (**) mas posso mostrar, porque as tenho aqui comigo, sempre foram publicadas páginas completas sobre as respectivas corridas. Não era, nunca poderia ser - e o primeiro obstáculo a que isso acontecesse seria eu próprio - um 'pagar' de favor. E naqueles dois asteriscos, ali atrás, que serão explicados mais à frente, vão ficar a saber que nunca o foi. Era uma questão de opção editorial... o Ciclismo era prioritário. Mas se a prova não tivesse interesse não a íamos cobrir só pra dormir à borla... e houve muitas que não cobrimos. Eu era responsável editorial. Era uma altura em que se sonhava alto no Ciclismo português? É verdade. Mas é agora, mais do que nunca, que a Modalidade precisa que lhe dêem uma mão. . (a) - Esta edição do GP Caixa Agrícola-Costa Azul, oferecendo as mesmíssimas condições que oferece desde há anos, só teve a presença de dois... colaboradores de dois OCS. . Nem um, mesmo com esta ajuda, mandou um Jornalista cobrir a prova!!! . Que Ciclismo querem ter se o não apoiarem? Vamos então aos asteriscos, e começo pelos dois, vão já perceber porquê... . (**) - Foi ideia apresentada, e acerrimamente defendida, por alguém que, durante décadas, 'negociou' o Ciclismo, do qual viveu. Contactava patrocinadores, assinava contratos de publicidade, recebia o dinheiro, elaborava orçamentos, 'pegava' naquilo que era necessário para convencer o OCS do qual era... colaborador (tem a carteira profissional n.º 2137, enquanto a minha, que apareci duas décadas depois, é a 1587), e saía para a estrada como gestor supremo de um orçamento do qual já guardara o suficiente para servir de 'almofada', o que não acontecia porque mantinha a 'sua' equipa sob um regime de mão-de-ferro. . Quando o tacho acabou e se viu perdido, levou todos os outros (onde eu me incluo, na minha boa fé) a aceitarem usar isso [os convites institucionais] como argumento junto das respectivas chefias para continuarmos na estrada. Daí o não poder negar que fiz corridas do Troféu Joaquim Agostinho e do GP Costa Azul, como o último GP Jornal de Notícias, um ou dois dos CTT/Correios de Portugal com a dormida paga. . Aqui faz falta uma... duas, se quiserem, ainda que de sinal diferente, excepções: Sempre paguei, e mais do que uma vez paguei do meu bolso, as dormidas da Volta ao Alentejo; Devo - jamais o esconderia - à mesma pessoa, o facto de, se não todas, quase todas as vezes que cobri a Volta ao Algarve o ter feito graciosamente, em termos de alojamento. . Não, ao contrário do que alguns possam estar a pensar não se tratou nunca, em caso algum, de promiscuidade. Muito menos no Algarve em que até ficávamos em unidades hoteleiras muitas vezes alheias à Organização. Eram conhecimentos pessoais, e por aqui me fico... . Aliás, estendamos a questão para além fronteiras. A FPC pagava (e ainda paga) aos representantes dos principais OCS nacionais as dormidas aquando dos Campeonatos do Mundo realizados na Europa. Eu estive em Itália e na Bélgica. Como os outros. Pessoalmente sempre senti alguma relutância em embarcar neste 'sistema'. Mas assumo que o fiz. Ressalvando, uma vez mais, que sempre dei a esses trabalhos a dignidade que eles mereciam, não por causa que me pagavam a cama (que se calhar, o meu patrão não pagaria) mas porque a opção editorial era minha e, sem nunca, mas mesmo nunca - tenho os recortes todos - prejudicando outra modalidade, havia espaço para contemplar tudo o que era importante.









