1.ª Etapa - Trofa-Oliveira do Bairro, 187,7 km
Não começou bem esta 83.ª edição da Volta a Portugal e até já tinha tema marcado para esta segunda página do meu diário, contudo, algo de mais grave e preocupante aconteceu.
Não começou bem esta 83.ª edição da Volta a Portugal e até já tinha tema marcado para esta segunda página do meu diário, contudo, algo de mais grave e preocupante aconteceu.
Incompreensível, e inadmissível a 'dúvida' dos árbitros da competição, o que mostra que não é só no futebol que há bons e maus árbritos.
Não vou complicar, Serei o mais linear possível.
Qualquer regulamento - salvo aqueles que têm tantas metas e camisolinhas, de tantas cores, com ou sem bolinhas, às riscas ou não - mesmo nos pontos, que terão que ser aceitáveis, classificados como 'particulares', o que não é normal em corridas maiores, como a Volta a Portugal, tem perfeitamente definido a forma de desempate na classificação geral individual.
Aqui será preciso abrir um parentises.
Não há Etapas ZERO em nenhuma prova oficial, muito menos numa com a chancela da UCI, logo, há que perceber o que significa o Prólogo.
O Prólogo - e a Volta teve vários anos sem o ter - não passa de um dia extra concedido à Organização (e não a todas) para que possam facturar mais algum dinheiro. Não deixa de ser enquadrado no todo do espectáculo e os seus tempos contam para a Classificação Geral Individual, mas escapa ao essencial do Regulamento Geral Técnico de Corridas. E NADA se sobrepõe a este.
Se há Jornalistas, Comentadores, Corredores e mesmo Directores-desportivos que o ignoram... isso é, de facto, um problema.
Mas deles.
Melhor, seria deles as suas dúvidas e protestos não estravasassem para o público em geral e este não é, este não, obrigado a conhecer de cor o RGTC.
Ora, recuperando o meu raciocínio, se não há - e não há mesmo - ETAPAS ZERO, a Volta a Portugal começou hoje e o RGTC é claríssimo, em caso de empate em tempos, o desempate faz-se pelos pontos somados pelos Corredores.
Aqui, defendo eu, reside uma das pontas do problema. A Volta a Portugal TEM uma classificação por pontos (que em nada interfiriria na classificação geral de hoje) mas os 'PONTOS' a que o RGTC se refere é àqueles que são atribuídos aos corredores pela ordem de chegada à meta. Sendo que o primeiro soma UM ponto, o 2.º DOIS, o terceiro TRÊS... o 125.º cento e vinte e cinco e o 160.º, cemto e sessenta. Todos os Corredores somam e acumulam estes pontos, dia após dia.
À outra classificação, que dá... pontos aos primeiros três nas metas molantes e, creio que ainda assim será, aos primeiros 15 na meta final, é uma coisa distinta e, há muito, que outras Corridas adoptaram como nome desta classificação o da Regularidade.
Outra coisa que consta do RGTC, e que será - no caso de haver pelo menos um em qualquer prova - o primeiro factor de desempate, são os centésimos de segundo de diferença... nos Contra-relógios Individuais. Os colectivos não contam.
Voltemos ao príncipio. O Prólogo, que tanto pode ser um crono individual como colectivo, é um espectáculo de Abertura de uma Corrida; os seus tempos contam para a Geral e, para desempate vai-se, sim senhos, até aos centésimos de segundo. Mas para desempatar o Prólogo.
A Corrida ainda não começou, logo, no final da primeira Etapa vinga a alínea do desempate por pontos (naquela perspectiva que já enunciei), o que em Espanha até tem um nome, chamam-lhe puntómetro.
Agora, como surgiu a confusão no final da etapa?
Quem a levantou?
Só ouvimos as declarações de Mário Rocha, DD da LA-Antarte que nem sabia bem o que se passava, mas disse que foi a Organização quem mandou chamar o Hugo Sabido à zona do pódio já depois de ele ter tomado banho. Faltou, pelo menos na emisão em directo, a versão de alguém da Organização.
Não ouvi, mas vi claramente o Comissário Fernando Gomes (abraço, amigo) argumentar com Mário Rocha e eu não fiquei com quaisquer dúvidas - até porque as não tinha - de que o Fernando arredava da discussão a 'estória' dos centésimos do Prólogo. Disse o Mário Rocha que não estava disponível um registo dos resultados da véspera com os centésimos de segundo...
Porque é que terá sido? Não sabe o Mário Rocha, como DD de uma equipa profissional que os Comunicados distribuídos ao final do dia - não os fornecidos a meio da tarde - e que estafetas da Organização entregam nos hotéis onde as equipas estão alojadas, a UM RESPONSÀVEL que tem de assinar uma nota em como os recebeu, são os Comunicados Oficiais? Já depois de analisadas e julgadas toadas as eventuais queixas apresentadas junto do Colégio de Comissários?
Claro que sabe! E se ele, o Comunicado Oficial, final, redigido após o Prólogo não citava os centésimos de segundo, porque é que seria? Porque NÂO CONTAM. E se o Mário Rocha o não sabe, como lidera uma equipa?
Mas este assunto acabou por se estender e arrastar na onda um terceiro corredor. Pelo menos no que me chegou - muito atrasado, é verdade.
Afinal de contas, não há dois mas sim três homens empatados com o mesmo tempo na frente da Classificação Geral Individual. O terceiro é o italiano Davide Riccibitti (Farnesse Vini-Neri), que foi ganhando tempo nas metas volantes ao ponto de, no final, somar as mesmíssimas 4:38.10 horas acumuladas.
Agora, o que é INADMÍSSIVEL, porque a não haver discussão, é tido como verdade absoluta, é que o Comunicado Oficial (ressalvo: o que me chegou) ordene os corredores, em primeiro lugar por uma sigla (Mls), que deduzo significar Milésimos, depois por um (ch) - ordem de chegada - e ainda um (b/p) - 'bónus/pontos', não sei...
Sei é que está errado, e se é este o programa informático que vai definir a Classificação Individual Final... então corre-se o risco de se cometerem erros tremendos. É que não é só o vencedor que conta. Há uma enorme diferença, nomeadamente em termos de curriculo e de 'argumentos' para uma melhor situação de Vida um Corredor acabar em 25.º ou em 70.º.
O Sérgio Ribeiro é o líder indiscutível.
Dessasseis pontos contra os 26 de Hugo Sabido que na Classificação que me chegou é... 3.º atrás do italiano Riccibitti que tem o mesmo tempo mas... 90 pontos.
ESTE É QUE É O TERCEIRO!!!
O Carlos Pereira terá comprado o programa informático numa loja... chinesa?
É que com estas coisas não se pode brincar.
De resto, e para já, não quero falar. O Hugo Sabido até vinha bem colocado aí a um quilómetro, quilómetro e meio da chegada... depois descaiu muito.
Foi 25.º no risco da meta;
se tivesse sido 14.º teria mantido a Camisola Amarela!
O seu chefe abdicou, de véspera, a hipótese de o defender.
Conheço o Hugo há muitos anos. Não será ele a queixar-se...
Mas arrisco uma coisa, o Mário Rocha perdeu a Volta a Portugal HOJE, logo na primeira etapa. O que me custa é que não foi por falta de 'material' humano mas de uma 'birra' de um autarca, empresário, seja o que for, mas que no Ciclismo caiu de pára-quedas.
Não ficaremos com saudades dele quando, obrigado, ou por vergonha, se decidir sair de cena.
Única nota positiva do dia - para além da magnífica vitória do Sérgio Ribeiro - as declarações de Vidal Fitas (eu já disse e reitero, deixou de ser uma surpresa como DD para se tornar no melhor exemplo de condutores de homens) - que disse, quando era preciso anular a fuga do dia, e cito de memória: "Posso perder a Volta no último dia, mas não a vou perder no primeiro. Já outros espertos a perderam, mas eu não a vou perder".
Parabéns Vidal... sei que sentes o que dizes porque estás aí de corpo e alma.
É da minha responsabilidade dizer que há muitos homens, já desaparecidos mas que merecem que o Tavira esteja, da forma mais honesta possível nesta Corrida.
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