quarta-feira, março 23, 2011

ANO VI - Etapa 31

ESPEREMOS QUE TENHA
'REGRESSADO' À TERRA

Ponto prévio: é evidente que a ADoP é importante no quadro da chamada 'verdade desportiva' no, passe a redundância, Desporto nacional. No Desporto Nacional. Em todo ele, não enquadrado naquela 'estranha' imagem de apenas funcionar, mais ou menos 'emboscada' em cima do Ciclismo. Não há nem mais nem menos recurso ao doping no Ciclismo do que em qualquer outra Modalidade. E, como se viu, não passou ainda uma semana, basta aumentar o número de controlos sobre praticantes de outras disciplinas para que esta constatação seja sublinhada como verdade.

Escrevi, aqui, uma vez, que o director (então ainda era CNAD) da ADoP tinha enorme dificuldade em conviver com derrotas em sede de Justiça Desportiva. Ganhei o direito de, pela primeira vez na minha vida de 50 anos e de 23 de Jornalista, pisar o espaço de um Tribunal.
Mas eu sou insignificante. Formiguinha que se esmaga com um dedo. Valeu-me uma defensora experiente mas, ao mesmo tempo, com enorme capacidade de negociação. Sou-lhe eternamente grato.

Por essa altura já 'este' caso decorria. De um lado, a mesma figura; do outro... Carlos Queiroz. Muita capacidade financeira capaz de reunir uma equipa de advogados quase imbatível, até porque a argumentação era tão frágil que desde sempre soubemos quem iria sair vencedor.

Quatro dias depois de nos dizer que o maior número de casos positivos de doping, o ano passado, ter acontecido no 'intocável' Futebol... a ADoP é vencida, em sede de Tribunal Arbitral Desportivo, por um homem do futebol. Sem apelo nem agravo.

Salvaguardando as devidas proporções e sem, nem de perto nem de longe, me querer comparar a quem quer que seja, quem conhece ambos os processos pode pesar a 'gravíssima ofensa' que me valeu uma queixa judicial àquela que o ex-seleccionador nacional proferiu, em público, durante a concentração da Selecção Nacional de futebol e ouvida por tudo o que era CS.

A minha foi escrita aqui. Teve como testemunhas os 50 amigos que, nem todos os dias, vêm ver o que escrevo.

Repito que o meu caso já corria em Tribunal quando o outro aconteceu e não posso compará-los.

Mas nunca duvidei da minha razão. Também não vou cair no ridículo de pretender que a outra queixa se enquadrou naquela que me levou a Tribunal. Só no essencial, e isso foi hoje demonstrado: não gosta de perder. Desta feita teve de se reduzir à sua real dimensão e só lhe restou 'demonstrar que aceita mas não concorda'.

E, inevitavelmente, isto leva-me a retroceder no calendário e a relembrar tudo o que já disse e escrevi, mas que pouco, ou nenhum eco teve nos grandes meios de CS. E porque não deveria ter? Hoje estarei esquecido mas, à altura não abdico de reinvidicar que a minha opinião teria que ter um peso global.

A operação que levou à extinção do PCC foi, desde o princípio, de génese ilegal. O CNAD não podia, ainda por cima 'em cima da hora' ter acesso a 'provas' descobertas por uma instituição policial como a Polícia Judiciária e não falta na PJ quem, sem conhecimento de ao que ia tenha mais tarde confessado que aquilo não poderia ter acontecido.

Os elementos do CNAD iriam fazer controlos surpresa. Batiam à porta. Esta eras-lhes franqueada. O Corredor, mais o médico, dirigir-se-iam à casa-de-banho, aquele disponibilizaria o líquido orgânico, este etiquetálo-ia e só tinha que abandonar o local.

Não podia ficar, como espectador - o que nem sequer foi o que aconteceu - a assistir à revista da casa legalizada por um mandado judicial. Muito menos tirar notas de maneira a formalizar um relatório oficial!

O que a polícia viesse a descobrir abriria um processo judicial, a ser levantado pelo Magistério Público mas de cujos resultados nem o CNAD nem a FPC se poderiam aproveitar. 'Vide' a Operatión Puerto.

A operação conjunta foi programada, logo, legal? Sancionada por quem?
Seriam precisas três assinaturas: a do ministro da Administração Interna, que tutela as polícias convencionais que têm como obrigação controlar a entrada, circulação e consumo de drogas - chamemos-lhe assim, para facilitar -; a do ministro da Justiça, que tutela a Polícia Judiciária, a única com poderes para concretizar mandados de busca domiciliária (que também precisam da assinatura de um Juíz) e a do ministro-adjunto do Primeiro Ministro que tutela a secretaria de Estado da Juventude e dos Desportos cuja figura não tem autonomia para tal, apesar do impecável penteado.

Alguém se preocupou em procurar certificar-se se todos estes trâmites foram cumpridos?
Eu respondo: não!

E depois houve avençados da FPC que se deram ao luxo de por todo o processo em causa.
Nem perceberam o porquê da decisão dos Juízes.

Depois surge o 'caso Queiroz'.
(Não posso arriscar a ser processado outra vez... passemos à frente!)

O CQ não é o MzM. Mesmo tendo sido inconveniente, até mal educado, quando chegou a hora avançou com tudo o que tinha, e pode ter muito, e hoje saiu a resolução do TAS: ILIBADO.

Berrou, gritou chamou nomes... mas não interferiu com o controlo. Não escondeu jogadores, não trancou portas... não atirou os frasquinhos com o mijo ao chão...

... do que é que os médicos tiveram medo? Porque se esqueceram de preencher aqueles autocolantes que identificam de quem é a amostra? E, quando isto foi detectado, já em Lisboa, porque alteraram relatórios. ainda por cima da forma mais patética que foi rasurando-os?

Porque na altura e, naturalmente, já conhecedores do acontecido, os figurões do desporto nacional, governantes incluídos, 'avisaram' que era a Selecção Nacional de futebol que estava em causa... eram 45 dias de boa vida na África do Sul que não poderiam, de forma alguma, ser postos em causa.

E ninguém tugiu nem mugiu.
Recordo que isto aconteceu ANTES, ainda na Covilhã.

As coisas correram mal no Mundial e 'conveniente' fuga de informação pôs toda a história cá fora. 'Fuga de informação'?, mas alguém acredita que naqueles dias todos nem um, um só jornalista soube do que acontecera? Souberam todos e todos concertados abafaram o escândalo. Com um bocadinho de sorte jamais se saberia...

Mas a sorte é madrasta. E bateram a má porta. O Homem não se ficou.
E ganhou, pelo menos, este processo.
Agora pede uma indemnização milionária à ADoP.
E a demissão do homem que não gosta de perder processos em tribunal.
O seu 'patrono' foi hoje, há aqui algumas horas, 'despedido'.
Provavelmente vai safar-se.

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