quarta-feira, abril 30, 2008

II - Etapa 45

TAÇA DE PORTUGAL CONCLUI-SE
AMANHÃ, EM SETÚBAL

O primeiro dia de Maio ficará a assinalar a conclusão da Taça de Portugal para equipas de clubes do escalão Sub-23, com a realização da derradeira prova em Setúbal, evento organizado pela associação de ciclismo da cidade do Sado.

Chegados a este ponto, ainda está tudo em aberto para saber-se quem sucederá a Fábio Bento, na época transacta a correr com as cores do Sporting Clube Lourinhanense.

Realizada noutros moldes, eliminada que foi a disputa de uma fase final, o que veio trazer maior verdade à competição, na actual temporada prevalece, para a atribuição do vencedor, o somatório dos pontos das cinco provas que compõem a Taça de Portugal. Daniel Mestre (Tavira-Palmeiras Resort) encontra-se isolado no comando, seguido de perto por Márcio Barbosa (SL Benfica) e por Marco Cunha (Casactiva-Quinta das Arcas-Aluvia), corredores que estão legitimamente na discussão do apetecido troféu.

A tirada terá início pelas 11 horas na Avenida Luísa Tody, em Setúbal, junto ao Montepio Geral, e as 11 equipas em prova efectuarão um percurso de 134,1 quilómetros, com chegada à meta no mesmo local. Locais de passagem: Figueirinha, Alto da Arrábida, Vale da Rasca, Alto das Necessidades, Vila Fresca de Azeitão, Vendas de Azeitão, Cabanas, Quinta do Anjo, Pinhal Novo, Lagoinha, Vale de Touros, Palmela, Volta da Pedra, Lau, Lagameças, Cajados e Pontes.

Para esta última prova da Taça de Portugal, a Casactiva-Quinta das Arcas-Aluvia far-se-á representar pelos seguintes corredores: Bruno Silva, Carlos Sabido, Fernando Machado, Hélder Leal, João Rego, Joel Lucas, Marco Cunha, Rui Vinhas, Jorge Teixeira e José Martins. O director-desportivo José Barros apenas não pode contar com Luís Moreira, a recuperar de uma lesão sofrida num joelho.

Pontuação Taça de Portugal,
após a realização de quatro provas
:
1.º, Daniel Mestre (Tavira-Palmeiras Resort), 190 pontos
2.º, Márcio Barbosa (SL Benfica), 175
3.º, Marco Cunha (Casactiva-Quinta das Arcas-Aluvia), 175
4.º, Carlos Sabido (Casactiva-Quinta das Arcas-Aluvia), 127
5.º, João Benta (SM Feira-E. Leclerc-Moreira Congelados), 123
6.º, Ricardo Vilela (SM Feira-E. Leclerc-Moreira Congelados), 115
7.º, Ivo Fernandes (SL Benfica), 111
8.º Bruno Saraiva (Maia-SEC-ABB), 110
9.º, Marco Coelho (SM Feira-E. Leclerc-Moreira Congelados), 102
10.º, Henrique Casimiro (Tavira-Palmeiras Resort), 92


(Texto: Vaz Mendes/Casactiva;
fotos; SuperCiclismo)

II - Etapa 44

SEM A MAIS PEQUENA DÚVIDA
DEFENDO A RETALIAÇÃO.
NEM MAIS UMA EQUIPA ESPANHOLA
A CORRER EM PORTUGAL

A má notícia todos a lemos ontem de manhãzinha – os que se dão ao trabalho de gastar 75 cts na compra de um jornal em papel. De um jornal não! Neste caso concreto, n’A BOLA.

O Fernando Emílio, que continuo a ter em conta como amigo, enquanto homem – mas a quem não perdoou (porque em consciência não posso) falhas graves enquanto jornalista – é, sem margem para quaisquer dúvidas, o Jornalista português de Ciclismo com melhores contactos e relações no pelotão – e não só – internacional. E ele deu-nos, na edição de ontem de A BOLA e em primeiríssima mão, que o Benfica ia ficar de fora da Vuelta.

Duro golpe para os amigos Orlando Rodrigues e Justino Curto. Duro golpe para a LagosBike. Duro golpe para o Ciclismo luso.

Não é que tivesse duvidado da informação do Fernando, mas tenho os dias ocupados e só quando chego a casa posso vir aqui ao Blog.
E, antes de aqui vir, vi no meu mail a confirmação àquilo que o Fernando escrevera.

Primeira nota: não sejamos de todo ingénuos.
Que há negociações nos bastidores… há!
Não nos queiram comer como ingénuos.
Eu não o sou.

É – quase diria – exaustiva a explicação da Unipublic em relação aos critérios de escolha das 20 equipas que vão participar na Vuelta, mas não me convence.

O importante – o que era MESMO importante – era que os principais OCS portugueses, a começar, naturalmente, pelos “desportivos” usassem o seu direito à… indignação.
Não vou, agora, citar nomes de equipas, mas não me peçam para, teoricamente, tentar demonstrar que o Benfica tinha lugar naquele pelotão. PORQUE TINHA. TEM!...
Não me vou ficar pelas meias tintas quando, em consciência, acho que os espanhóis estão em dívida para connosco.

Ok… ponho-me no lugar dos responsáveis pelo Benfica e direi que dispensava um convite por favor. Porque sim.
Porque a equipa tem valor suficiente para correr a Vuelta e não seria favor nenhum, por parte da Unipublic, ter integrado o Benfica na lista das equipas convidadas.

Aliás, vou ficar à espera e com atenção redobrada, ao comentário que os colegas do Meta2Mil virão a fazer deste lote de equipas escolhidas.

Atenção!... Não me interpretem mal.
Não quer dizer que estou de acordo mas…
Os franceses andam, há anos, a tentar fazer a cama aos corredores espanhóis. E toda a gente sabe que o vencedor do Tour do ano passado, o Alberto Contador, vai – tudo o indica – ser impedido de correr o Tour …
A Vuelta aceita CINCO equipas francesas que não vão fazer mais do que número!...

Aqui será conveniente ressalvar uma questão: dada a proximidade de interesses das duas organizações, até que ponto os espanhóis não estarão a respeitar um numeros clausus, em relação a equipas francesas, antecipadamente acordado com a ASO que, entretanto, pagará o favor com o convite a duas ou três equipas espanholas...

Mas isso, e para o caso, não interessa.
Nem vou aqui indiciar as razões pelas quais a Unipublic deveria ter mesmo uma equipa portuguesa na Vuelta.

Mas não deixo de protestar.
Mais… Há equipas espanholas que a Unipublic também não vai admitir na Vuelta e que estão a contar com o convite da Organização da Volta a Portugal.

Aqui, e sublinhando a minha assinatura – sou Manuel José Madeira – faço um desafio à JLSports: NEM UMA EQUIPA ESPANHOLA NA VOLTA A PORTUGAL!...
Porque não!

Falamos – porque realmente falo – com companheiros jornalistas espanhóis e de cada vez que falamos mais de acordo ficamos. Para que o Ciclismo, o Ciclismo de alta roda, descaia para este cantinho que é a Península Ibérica, o ideal era fazermos um calendário comum, com as corridas portuguesas e espanholas alinhadas na mesma pauta.

Mas se a Unipublic acha que não há lugar para uma equipa portuguesa – que no caso é o Benfica, mas a antiga Maia passou pela mesma situação – integrar no pelotão da Vuelta e convida as (de todo) não superiores AG2R, Bouygues Telecom, Crèdit Agrícole, para não falar na Tinkof… [deixando formações espanholas de fora] há aqui algo que não bate certo.
E logo que eu saiba o que é… não deixarei de aqui o denunciar.

Mas, para já – e eu nem sequer faria pressão, tipo ameaça, se fosse da JL Sports - sairia a aplaudir a mãos ambas o retirar (porque creio já terem sido endossados) os convites a TODAS AS EQUIPAS ESPANHOLAS convidadas para as provas internacionais portuguesas.

Há um velho ditado popular – e perdoar-me-ão o estar, vai, não vai, a valer-me dos ditados populares – que diz que só nos sobem para cima das costas se nos baixarmos.
Não nos baixemos.

Convidamos também a AG2R, a Bouygues Telecom, a Crédit Agrícole.
Convidemos, antes das demais, a Tinkof.
Ou equipas da Rep. Checa, ou da Polónia…

O que eu gostaria mesmo de ver era que, na próxima Volta a Portugal não teríamos NENHUMA equipa espanhola.

Algumas vão acabar…
Paciência.
Mas não somos nós quem tem de dar a mamar aos filhos dos outros.
Cada um que assuma a sua responsabilidade.

Deixem-me sacudir a cabeça e afastar estes pensamentos mais negativistas…
Esperem um pouco…
Ok… Caramba!
É tão injusto que a Vuelta não convide uma equipa portuguesa que deixam de merecer o meu respeito!...

As equipas portuguesas tiveram a CORAGEM - honra lhes seja feita - para contratarem nomes da primeira linha do pelotão espanhol que as equipas espanholas deixaram cair!

E, em minha opinião, fizeram-no [as equipas portuguesas] bem, pois nenhuma acusação de âmbito desportivo lhes foi imputada.

Agora, também digo, com os ordenados que estão a pagar a esses espanhóis, equipas, como por exemplo, o Benfica, tinham contratado TODOS os melhores corredores dos principais rivais. E, provavelmente, hoje já tinham um airoso ramalhal de vitórias.

Se os espanhóis não têm consideração por nós... porque haveremos de ser nós a ter pena deles? Usando um termo comum, embora pouco correcto, eu diria... desemerdem-se.

Com o dinheiro que paga ao Rubén Plaza o Benfica contrata metade da equipa do Boavista, por exemplo.

Coitado do Rubén Plaza, sobre quem ninguém conseguiu, até hoje, constituir prova, mas se os espanhóis não estão "lá" para nos ajudarem... porque raio é que nós, cá, teremos que desenrascar a vida a uma vintena deles?
Para o ano, que fiquem por lá!...

Nós por cá - e cá estarei eu a bater-me a favor disto, como desde sempre, aliás - com duas equipas profissionais chega para fazer a festa.

terça-feira, abril 29, 2008

II - Etapa 43

CALEIDOSCÓPIO

O tempo que me sobrava, ao longo dos dois últimos anos, agora começa a faltar e disso se ressente o VeloLuso. Mas não vou parar. Só peço um pouco de compreensão.

1. Até ao último fim de semana tivemos LA-MSS-Póvoa e Liberty Seguros a correr a Volta a Rioja. Vão descobrir que não vai ser fácil fazer figura lá fora. Escasseiam as corridas e as equipas que resistem têm que mostrar serviço. Como só ganha um... Bem, nem estiveram assim tão mal, e nesta rapidinha... destaque para o Bruno Neves (LA-MSS-Póvoa), que foi o melhor classificado dos corredores das duas formações nacionais.

2. Mais ou menos ao mesmo tempo, Madeinox-Boavista, Palmeiras Resort-Tavira, CC Loulé e Barbot-Siper correram, também em Espanha, a Volta à Extremadura. Nota muito positiva para a formação de Gaia que venceu duas etapas, ambas com Francisco José Pacheco, em chegadas ao sprint. Destaque também para a Madeinox-Boavista que triunfou colectivamente.

3. Ainda lá fora, está a passar praticamente despercebida a participação da Selecção Nacional de esperanças no Giro della Regione, em Itália. É a quinta prova que pontua para a Taça das Nações que Portugal lidera. No final da etapa de ontem, 2.ª feira, o benfiquista Rui Costa era o melhor português na geral, ocupando o quarto posto.

4. Já intramuros, disputou-se no fim-de-semana a Volta a Terras de Santa Maria, na região da Feira. Esta prova, que já foi para os profissionais e este ano acolheu apenas o pelotão de sub-23, visa também homenagear a memória de um dos maiores vultos de sempre do Ciclismo português, Fernando Mendes. Infelizmente... não há espaço para, pelo menos, tentarmos manter viva a memória, nem dos maiores. Destaque aqui para a equipa do Sobrado, que colocou três corredores nos três primeiros lugares finais.

sábado, abril 26, 2008

II - Etapa 42

PABLO URTASUN (LIBERTY SEGUROS)
O MELHOR DOS PORTUGUESES EM RIOJA

O espanhol Pablo Urtasun foi ontem o corredor representante de equipas portuguesas mais bem classificado na 1.ª etapa da Volta a Rioja corrida entre Autol e Calahorra, na distância de146,4 km que Paco Ventoso (Andalucia-CajaSur) venceu ao sprint. Urtasum cortou a meta na 5.ª posição e o melhor da LA-MSS-Póvoa foi Bruno Neves, nono classificado. Como não há bonificações, as posições na Geral Individual são as mesmas.

Destaque ainda para Pedro Romero (LA-MSS-Póvoa), que é 3.º na geral da Montanha, sendo que, por equipas, a LA-MSS-Póvoa é 3.ª classificada e a Liberty Seguros, quinta.

II - Etapa 41

DOBRADINHA DA BARBOT-SIPER
NA VOLTA À EXTREMADURA

A formação gaiense da Barbot-Siper, comandada por Carlos Pereira e José Marques, conseguiu ontem a dobradinha no final da 3.ª etapa da Volta à Extremadura (Espanha), 182 km com partida e chegada a Guareña onde o pelotão se apresentou compacto.

No sprint final Francisco José Pacheco foi o primeiro, secundado pelo colega de equipaVidal Celis. De salientar que, entre os primeiros 15 da etapa podemos ainda contar Hugo Rocha (Madeinox-Boavista/4.º), Pedro Soeiro (CC Loulé/5.º), Nuno Marta (CC Loulé/10.º) e Samuel Caldeira (Palmeiras Resort-Tavira/12.º).

Na geral individual, comandada pelo belga Benny de Schrooder, o melhor corredor de equipas portuguesas é Bruno Lima (Madeinox-Boavista/5.º, a 30 s), seguindo-se-lhe Samuel Caldeira (Palmeiras Resort-Tavira/9.º, a 37 s), Paul Sneeboer (Palmeiras Resort-Tavira/10.º, m.t.), Hugo Rocha, Sérgio Sousa, André Vital, Sérgio Sousa, Joaquim Sampaio e Tiago Machado (todos da Madeinox-Boavista, do 11.º ao 16.º lugar, com mais 39 s que o líder).

O melhor da Barbot-Siper é Francisco José Pacheco (22.º, a 46 s) e o melhor do CC Loulé, Pedro Soeiro (58.º, a 1.36 m).
Na geral por equipas, a Siper-Barbot é 4.ª; a Palmeiras Resort-Tavira, 5.ª; a Madeinox-Boavista, 6.ª e o CC Loulé, 12.ª.
Samuel Caldeira lidera a geral das metas volantes; Luís Bartolomeu (Palmeiras-Resort-Tavira) os sprints especiais; Vidal Celis é 2.º nos pontose André Vital, 7.º na montanha.

II - Etapa 40

CPA: MAIS ABRANGENTE;
MAIS DEMOCRÁTICA

Teve lugar ontem à tarde, no Palácio de Congressos de Liège (Bélgica) a reunião plenária anual da Associação Internacional de Corredores Profissionais (CPA), no decurso da qual os Corredores puderam expor as suas preocupações quanto a uma série de situações delicadas que o Ciclismo vem a enfrentar.

Como curiosidade – e não só, apenas mostra a forma eficaz como a CPA está a trabalhar – recorreu-se à tradução simultânea, para cinco línguas diferentes, de forma a que todos os Corredores percebessem exactamente do que se falava ao longo do debate.

Depois de abordados os principais temas que marcam a actualidade na modalidade, os Corredores insistiram na necessidade de se encontrar uma forma concreta pela qual as suas opiniões possam ser ouvidas.

Ficou decidido que cada uma das equipas elegerá, de entre todos os Corredores que a formam, um que passará a ser o porta-voz do colectivo, garantindo-se, assim, que a opinião de todos será ouvida. Ao mesmo tempo, e porque as diversas correntes de opinião podem ser expostas de uma forma mais concentrada, mais rapidamente se poderão tomar decisões, prevalecendo o voto da maioria, sempre que for necessário e urgente tomar qualquer medida.
Na segunda parte deste encontro, a Coordenadora do Departamento anti-doping da UCI, Anne Gripper, colocou-se à disposição dos Corredores para responder e tentar esclarecer todas as questões que aqueles acharam por bem levantar.

A reunião terminou com uma Conferência de Imprensa na qual, Cédric Vasseur, presidente da CPA, comunicou aos representantes dos OCS presentes as decisões tomadas no encontro.

quarta-feira, abril 23, 2008

II - Etapa 39

O QUE SERÁ ISSO DO...
SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO?

Embora, enquanto pagador de impostos, e sabendo que parte do meu dinheiro serve para alimentar a Estação Pública de Televisão, confesso que nem sequer estava aí, para me preocupar com a coisa, mas hoje [que já foi ontem], vejo duas coisas em dois jornais que me fizeram arrebitar a orelha.

Primeiro, no Correio da Manhã, em anúncio de página inteira, a João Lagos Sports "agradece" aos parceiros que conseguiu para pôr de pé mais uma edição do Estotil Open, em ténis.

Vêm separados, consoante a ajuda prestada, como "fornecedores oficiais", "entidades oficiais" - onde aparece o Estado, através da Secretaria de Estado da Juventude e Desportos - e "patrocinadores oficiais". Em relação a estes, não há eufemismo que resista. Se foi patrocinador... entrou com dinheiro.

E entre os vários - e ainda bem que a João Lagos Sports consegue tantos - está a... Radio e Televisão de Portugal (RTP).

Portanto, a RTP pagou para ter o exclusivo do torneio. Claro que não duvido que tenha sido um bom negócio até porque depois vendeu essas mesmas imagens à miríade de canais ao nível planetário que estavam interessadas no Torneio que, ainda por cima, contava com a presença de Roger Federer. Que, também ele, se faz pagar muito bem.

É bom para Portugal promover eventos como este?
É. Não serei eu a dizer o contrário, mas o que lucra o desporto português com isto?
Nem a campeã-proveta Michelle Brito passou da primeira ronda...

Para os amantes do ténis, termos um torneio destes em Portugal não é em nada diferente dos outros que ocorrem noutros países. A televisão dá.
E a esmagadora maioria fica-se pela televisão já que as bancadas dos courts do Jamor são poucas para tanto VIP e outros que o não sendo, vão à boleia daqueles.

Confunde-se o que é desporto com o que não passa de uma provinciana feira de vaidades onde o jet-set que não temos, mas que inventámos através das revistas cor-de-rosa onde o "jornalismo" cheira a fossa de esgoto e onde tudo é combinado.

Os candidatos a figuras de jet-set pagam para aparecerem, as revistas fingem que fazem reportagens jornalísticas quando não fazem mais do que cumprir o acordo de fazer aquilo para o qual foram pagas, e o círculo vicioso adensa-se, aproximando-se, num ápice, de um labirinto sem saída no qual cada uma das partes precisa escandalosamente da outra para sobreviver.

Volto um pouco atrás...
É bom para Portugal termos um evento destes? É!
Agora... o que é que o ténis português ganha com isto?
Nada!
Temos algum tenista de nível mundial?
Não!

E passo de imediato da página 34 do Correio da Manhã de ontem, a tal onde vinha o anúncio referido, para a página 39 do Record onde o presidente da Federação Portuguesa de Triatlo - aquela modalidade dos três segmentos, natação, ciclismo e corrida, onde, a nível mundial manda uma tal... Vanessa Fernandes, por acaso, portuguesíssima de gema, natural de Gaia - se queixa que vamos organizar um Campeonato da Europa, já no próximo mês de Maio, dentro de pouco mais de 15 dias, e que não tem ainda garantido o dinheiro necessário.

O jornal com sede nas Avenidas Novas dá-nos, inclusivé, os números da prova, na área financeira, assim numa espécie de deve & haver.

O que me motivou a escrever este artigo é que na coluna das despesas constar uma alínea que diz: transmissão televisiva na RTP - 98 mil euros!

Isto é... o Canal Público de Televisão PAGA para transmitir o ténis que pouco ou nada tem a ver com a realidade da modalidade em Portugal; e faz-se pagar para mostrar uma modalidade onde, pelo menos no sector feminino, um dos dois maiores nomes a nível mundial é portuguesa, se chama Vanessa Fernandes e que, normalmente, bate a sua rival mais directa.
Será isto Serviço Público?

E as corridas de Ciclismo?
As voltas ao Algarve e ao Alentejo gastaram, tanto quanto julgo saber, 65 mil euros para poderem ter pequeninos resumos diários das suas etapas. São os enteados. Os portugueses, os nascidos cá, os campeões que ainda vamos conseguindo fazer, são os enteados do nosso Desporto. Pelo menos são tratados como tal.

As mordomias, o alargar dos cordões à bolsa, isso só para pagar aos que parecem ser os verdadeiros filhos, mas que não nasceram cá, não têm nada a ver connosco e aos quais o comum dos cidadãos continua a não ter acesso, por isso, dar o Open do Estoril na RTP ou na EuroSport seria de todo igual, pelo menos para quem tem televisão por cabo...

Mas é que os resumos da Alentejana, por exemplo, passaram não só num canal apenas acessível por cabo, como também codificado e sujeito a assinatura complementar.

E com o que os jornais deram da prova, já percebem porque eu escrevi aqui uns artigos atrás que a CS está a matar aos poucos uma das modalidades mais populares e queridas dos portugueses?

terça-feira, abril 22, 2008

II - Etapa 38

CICLISMO NO FEMININO

A Selecção Nacional Feminina participou no passado Domingo no V Prémio Cidade de Sevilha, primeira prova pontuável para a Taça de Espanha.

Perante uma corrida com uma quilometragem bastante elevada para aquilo que é hábito nas provas portuguesas e perante adversárias de valor internacional, as atletas nacionais deram uma grande demonstração de empenhamento e de espírito de sacrifício, tudo fazendo para terminar a corrida no melhor lugar possível.

O resultado mais vistoso acaba por ser o de Rosa Moreira, que conseguiu a nona posição no escalão júnior, uma corrida em que participaram 25 ciclistas.

Entretanto, e como estou a falar de Ciclismo Feminino, posso acrescentar que a Cláudia Vitorino, nome dos primeiros, no início deste milénio, agora, com o seu Curso Superior terminado e com muito menos tempo para dedicar-se à competição, ainda assim não abandonou a modalidade e está a estrear-se como directora-desportiva, dando uma mãozinha na Bicicastro tendo, inclusivé, dirigido já a equipa em duas provas, uma em Castro Marim (Algarve), outra na vila alentejana de Avis.

Em relação à Cláudia - porque não tive nunca oportunidade de acompanhar a carreira da Ana Barros - tenho que dizer que foi a mais completa corredora portuguesa que eu tive oportunidade de acompanhar. E, para sempre, me ficará na memória aquele fim de tarde pré-verão, em Cantanhede quando, numa manobra muito pouco desportiva, lhe roubaram a possibilidade de ser consagrada como campeã Nacional de estrada.

E jamais me esquecerei, nem do nervosismo mal disfarçado, quando cortou a meta largos minutos à frente da segunda classificada, nem como, muito adultamente, depois de saber que, pelos regulamentos, não podia ser declarada campeã, olhando-me olhos nos olhos, sem um mínimo de tremuras me disse: «Não sou campeã Nacional, mas logo à noite vou dormir de consciência tranquila. O mesmo, tenho a certeza, não vai acontecer com ela

«Ela», era a corredora que, misteriosamente, "desaparecera" na parte final da corrida quando seguia na segunda posição. Como o título só podia ser dado se terminassem a prova, pelo menos, cinco atletas e como só havia cinco em prova, com o "desaparecimento" dessa tal atleta, não foi possível, pelos regulamentos, entregar o título ganho sem margens para dúvidas pela Cláudia.

Mais tarde, e tendo em conta o misterioso "desaparecimento" dessa outra atleta - cujo nome sei, mas omito propositadamente - a Federação Portuguesa de Ciclismo decidiu dar mesmo o título à Cláudia. Numa cerimónia quase às escondidas.

Pelo menos uma coisa lhe foi sonegada, o poder ter sido vitoriada pela multidão de espectadores que seguiram esses Nacionais, em Cantanhede.

II - Etapa 37

AINDA QUE ATRASADOS...
PARABÉNS AO JOÃO CABREIRA

Disptuou-se no passado domingo mais uma edição da Clássica da Primavera (Póvoa de Varzim) e os poveiros terão, certamente vibrado com resultado. Ganhou o João Cabreira, natural e residente na Aguçadoura e a equipa do Cycling Clube da Póvoa (LA-MSS), de Manuel Zeferino, também ele um poveiro, meteu três corredores nos primeiros... quatro classificados.
O meu caríssimo Bruno Neves subiu à liderança da Taça Nacional de Clássicas.


São importantíssimos estes resultados, principalmente quando a autarquia é um dos principais investidores na equipa.
Parabém pois, ao João Cabreira e ao Manel Zeferino. E que esta Clássica da Primavera continue no nosso calendário ainda por muitos e bons anos.

Póvoa de Varzim-Póvoa de Varzim, 157 km
(média de 38,779 km/h)

1.º, João Cabreira (LA-MSS), 4.04.00 horas
2.º, Sérgio Sousa (Madeinox-Boavista), m.t.
3.º, Angel Vicioso (LA-MSS), m.t.
4.º, Bruno Pires (LA-MSS), a 4 s
5.º, Rui Costa (Benfica), a 1.33 m
6.º, Bruno Neves (LA-MSS), m.t.
7.º, Pablo Urtasun (Liberty Seguros), m.t.
8.º, Celestino Pinho (Barbot-Halcon), m.t.
9.º, Rui Sousa (Liberty Seguros), m.t.
10.º, Tiago Machado (Madeinox-Boavista), m.t.

II - Etapa 36

CICLISMO NA TELEVISÃO

O meu caro Carlos Raleiras continua a enviar-me os planos de transmissão de Ciclismo, na SportTV e é com todo o gosto que sempre aqui os colocarei de forma a que a informação chegue a mais centena e meia/duas centenas de adeptos. Continua a mandar, Carlos.

Assim, tomem nota:
Quarta-feira, 23 Abril
às 23.3030 horas (SportTV.1)
Quinta-feira, 24 Abril
às 16.00 horas (SportTV.1)

Esta semana, no Magazine TV Ciclismo:
- Volta Alentejo 2008 – Vitória para Hector Guerra (Liberty Seguros)
Mais um vencedor na Alentejana, a singular prova, por etapas a nível internacional, que em 26 anos nunca conheceu um duplo vencedor.
- Renato Silva (CC Loulé) abandonou pelotão nacional
O corredor fez a última prova, enquanto profissional de ciclismo, na Volta ao Alentejo.
Neste Magazine TV Ciclismo, Renato Silva é o “Homem do Dia”
- Ciclismo de Estrada, BTT e Dirt Jumping

Como na altura referi, apesar de eu próprio ter aqui deixado os horários, acabei por não ver o resumo da 1.ª etapa da Alentejana. Os outros quatro resumos vi-os todos.
Amanhã vou estar atento, até porque me chegou aos ouvidos que, na etapa para Odemira, quando aconteceu uma queda colectiva na qual ficou o candidato de uma das mais fortes equipas nacionais, houve quem tivesse aproveitado para acelerar a corrida com o nítido intuito de logo ali descartar aquele rival.
(Por acaso... ou a minha miopia piorou?, não li nada que referisse este incidente.)

Vou ver, e depois falarei de uma coisa cada vez mais em desuso a que se chamava... desportivismo.

E antecipo já, agora, um forte abraço para o Renato Silva. Do Gondomar, a primeira equipa que me recordo ele ter alinhado, a figura-chave na grande Maia do início deste século, o Renato construiu uma história que merece ser respeitada por todos.
Um grande abraço, amigo.

sábado, abril 19, 2008

Nota

CRÉDITOS
(ou... Plágio, digo eu!)*

A história é pertença de todo um povo, mas para que ela sobreviva à passagem do tempo e fique à disposição dos vindouros é preciso que alguém a escreva.

Há uma mão cheia de cronistas sobre o trabalho dos quais assenta grossa fatia da História de Portugal. Pero Vaz de Caminha, por exemplo, que nos deixou a história do achamento do Brasil pela armada comandada por Álvares Cabral a meio do segundo milénio da era pela qual nos regemos...
Mas quando falamos em cronistas há um nome que se sobrepõe a todos os outros, Fernão Lopes.

Este (presumível) lisboeta que viveu entre o último lustro do século 14 e meados do século 15 foi contratado e pago por D. Dinis para deixar escrita a História do nosso país (ou dos nossos reis e é sua a obra que nos revela tudo o que aconteceu nos reinados de D. Pedro I, D. Fernando e D. João I), obra essa que, lá por ter sido encomendada pelo rei (D. Dinis) e paga pelo erário da coroa, não deixa de ter uma assinatura: a de Fernão Lopes.

E todos conhecem o nome de Fernão Lopes, sendo que duvido que haja muitos que saibam que, afinal, não passou de um Carlos Castro da Idade Média.
Escreveu a pedido dos reinantes, à medida dos reinantes e retratando os reinantes.
Mais... pago pelos reinantes.

Contudo, ninguém (pelo menos quem tenha um pouco de consciência e muito de boa fé) se atreve a usar aquilo que ele escreveu sem referir que foi ele quem o escreveu.

O facto de ter sido a mando da coroa, logo, da nação Portugal, é suficiente para que abusemos do seu trabalho sem referir que esse trabalho foi ele quem o fez?
Não, pois não?

Centenas de historiadores que viveram depois dele aproveitaram as suas crónicas. A nenhum passou pela cabeça que, pelo simples facto de terem sido encomendas da coroa eram assim como um baldio onde quem chega primeiro toma conta das terras.
Todos eles, os historiadores, passados ou contemporâneos, quando usam como fonte dos seus trabalhos as crónicas de Fernão Lopes dizem-nos que o fizeram.
Não há excepções.

A obra até pode ser propriedade física de uma qualquer entidade, mas não existe a figura do endossamento da propriedade intelectual e desta não há forma de descolar os nomes que a criaram.

Chega para perceberem, ou será preciso fazer um desenho?

(*) - O plágio configura um ilícito passível de processo criminal e, no caso dos Jornalistas, a perda do título de Carteira Profissional e impedimento do exercício da profissão

II - Etapa 35

VOLTA AO ESTADO DE SÃO PAULO (BRASIL)
ONDE ACONTECEU A PRIMEIRA
GRANDE VITÓRIA DE AGOSTINHO

Considerada uma das principais competições do calendário brasileiro, arranca amanhã mais uma edição da Volta do Estado de São Paulo, em Ciclismo, que terminará no dia 27 e tem mais de um milhar de quilómetro, no total do seu traçado, que é dividido em nove etapas e reunirá os nomes mais fortes da modalidade no continente sul-americano. Para a edição deste ano os organizadores convidaram 14 das melhores equipas do ranking brasileiro da temporada 2007, garantindo, mais uma vez, a qualidade da corrida. No total serão 20 equipas sendo as restantes convidadas oriundas da Argentina (2), Uruguai, Venezuela, México e de uma selecção da europeia Suíça, numa disputa que tem tudo para ser muito equilibrada.

No total serão cerca de 180 ciclistas, a primeira etapa disputa-se no Circuito Automóvel de Interlagos e a prova terá honras de transmissão em directo, através da Rede Globo de Televisão.


Recorde-se que foi exactamente na Volta ao Estado de São Paulo que - faz agora 40 anos (foi em 1968) - o maior nome do Ciclismo português, Joaquim Agostinho, conseguiu o seu primeiro grande triunfo. E que foi a partir dessa vitória em Terras de Vera Cruz que ele explodiu para uma carreira internacional, ainda sem par, até aos dias de hoje.

II - Etapa 34

CALEIDOSCÓPIO

1. Num inquérito levado a cabo pela Associação Internacional de Corredores Profissionais (ACP) junto dos seus associados, feito no início deste ano, metade dos inquiridos revelou-se a favor do uso do pinganillo [prometo que a partir de agora passo a usar o termo português, auricular... mas eu gosto de pinganillo, que querem?], enquanto a outra metade concorda que, sem essa umbilical ligação ao carro de apoio, as corridas poderiam ser mais abertas.

A ACP divulgou este resultado como forma de sublinhar que não pretende intrometer-se nesta discussão. Recordo que a UCI já interditou o uso do ping... do auricular nos sub-23 e não está posta de lado a hipótese de acabar de vez com a ligação-rádio entre os carros de apoio e o pelotão. (Aposto que já há quem esteja a inventar uma forma de contornar isto, no caso de vir a ser concretizado).

2. A meio desta semana a Selecção Nacional de sub-23 participou na terceira prova a contar para a Taça das Nações. O que terá sido uma enorme surpresa para todos aqueles que despudoradamente escreveram, aquando do GP Portugal, que o Vítor Rodrigues tinha ganho a Taça das Nações. Ainda não perceberam que esta é composta por um conjunto de várias corridas e... burros velhos não aprendem línguas.

Mas recomecemos, a meio desta semana a Selecção de Portugal de sub-23 participou no GP Côte Picarde (França), uma corrida de um dia a contar para a tal Taça das Nações e o Vítor Rodrigues, ao terminar na 5.ª posição, recuperou para Portugal o primeiro lugar que perdêramos por não termos participado na 2.ª prova da Taça, a Volta à Flandres.

Aqui, provavelmente convirá dizer que nenhum corredor vai ganhar, ou já ganhou a Taça das Nações que - como o nome indica e bastaria não se ter uma relação com a língua portuguesa, mais ou menos como a de padrasto para enteado - é uma prova para selecções.

Aliás, e creio que a maioria dos adeptos não sabe disto, basta procurar o regulamento da prova (nos sítios habituais) para se ficar a saber que não importa que de corrida para corrida um país mude completamente a equipa, uma vez que, o que conta, são os pontos acumulados pela Selecção desse país. Já agora, acrescento que hoje se corre a quarta prova a contar para a Taça das Nações, o ZLM Tour, na Holanda.

Mas onde eu queria chegar era aqui. Há tanta gente a acusar a Federação Portuguesa de Ciclismo de inércia e, quando esta se empenha - e a fundo - numa prova que vai ganhando o seu lugar no calendário, ao mesmo tempo que sobe de prestígio... esse esforço é praticamente ignorado. Vá lá ser-se prior numa freguesia destas!...

3. Disputa-se amanhã mais uma edição da Clássica da Primavera, uma organização do Centro Desportivo de Navais (Póvoa de Varzim), com a colaboração da Associação de Ciclismo do Porto e de Manuel Zeferino, o único poveiro que venceu cinco voltas a Portugal, uma enquanto corredor, e mais quatro como DD. Não tenho a certeza - faltam-me as informações (o meu telefone continua o mesmo de sempre!) - mas creio não estar enganado se disser que, tal como aconteceu o ano passado, a corrida - que já vai na sua 14.ª edição e é a Clássica mais antiga do país (Porto-Lisboa àparte) - levará como sobrenome Troféu José Zeferino, em homenagem a este Corredor falecido nos anos oitenta do século passado no decurso de uma etapa da Volta ao Algarve. Se bem que o trágico acidente tenha ocorrido em Castro Verde, no Baixo Alentejo. Daqui um abraço para o Manel Zeferino.

4. Achei curiosa a interpretação que o Carlos Flórido faz (no Jornal Ciclismo) das encriptadas declarações do Orlando Rodrigues durante a última Volta ao Alentejo, declarações às quais eu já aqui me referira. Sinceramente, eu apenas consegui ler nelas a falta de colaboração entre as turmas lusas que preferem deixar chegar uma fuga e que um corredor de uma equipa estrangeira ganhe uma etapa, a unir esforços para a anular e depois... que ganhe quem tiver mais forças.

5. A Volta a Portugal do Futuro termina este ano em Oliveira do Bairro, a 27 de Julho. Em 2009, a mesma prova volta a ter o seu final nesta cidade bairradina que acolherá também uma partida de etapa da Volta a Portugal, tal como aconteceu o ano passado.

quarta-feira, abril 16, 2008

II - Etapa 33

VOLTA À TURQUIA

Embora pelo adiantado da hora não tenha tido oportunidade de lhe pedir autorização, com a devida vénia coloco aqui este documento disponibilizado pelo António Costa. Documento que fala por si. Palavras para quê?
É... num sprint e com ruas daquelas com três metros de largura é impossível co-habitarem Corredores e... carros. Ainda por cima da polícia!!!
Continuem a dizer mal das organizações portuguesas...

terça-feira, abril 15, 2008

II - Etapa 32

NICOLAU E TRINDADE CENTENÁRIOS

Os campeões do ciclismo naturais do concelho do Cartaxo, Alfredo Trindade e José Maria Nicolau, cumpririam em 2008 cem anos de vida. A efeméride foi recordada pelo vereador da CDU na Câmara do Cartaxo, Mário Júlio Reis, que os apelidou com dois dos maiores vultos do ciclismo português, vencedores da Volta a Portugal.

É uma notícia do O Mirante.

«Em tempos difíceis, quer ao nível dos equipamentos quer em termos de estradas, divulgaram pelo País a modalidade e entrelaçaram o nome do Cartaxo nas suas vitórias», salientou o autarca afirmando não ter conhecimento se a câmara pretende assinalar o centenários dos seus nascimentos para fazer um registo público.

Alfredo Trindade nasceu na freguesia de Valada, a 3 de Janeiro de 1908; destacou-se na década de 30 durante a qual venceu duas voltas a Portugal (1932 e 1933), em representação do Lisboa Clube Rio de Janeiro - vizinho de A BOLA, ali no Bairro Alto - e o Sporting Clube de Portugal.

José Maria Nicolau nasceu no Cartaxo a 15 de Outubro de 1908 - em relação a este ainda há tempo para preparar alguma coisa de digno (atenção SL Benfica!) -, ingressou no Benfica em 1929 e com a camisola encarnada venceu as Voltas a Portugal de 1931 e 1934.

II - Etapa 31

VOLTA A PORTUGAL

No passado sábado, dia 12 de Abril, o Jornal Norte Desportivo avançou, em primeira mão e em exclusivo, os locais de partdida e chega das dez etapas (+ prólogo) da Volta a Portugal'2008.

Que a Volta voltaria a sair de Portimão, já se sabia desde há dois anos; que terminaria com um inédito crono a terminar em alto, saindo de Penafiel e com a meta no alto de Santa Quitéria, em Fegueiras, foi a própria organização que há umas semanas atrás divulgou.

O resto - e tenho a garantia de que as informações conseguidas pelo companheiro Joaquim Sousa estão certas - ficamos, desta vez, a dever ao Norte Desportivo.

Desapaixonadamente, e sabendo o que sei - e mantendo eu, extremamente viva, a paixão pelo Ciclismo - acho muito bem que se tenha entrado nesta espécie de competição para ver quem é o primeiro a avançar com o traçado da Volta. Uma vez que, ao contrário do que acontece em todo o lado, a Organização ainda não percebeu muito bem como potenciar o investimento que consegue colher junto das autarquias. Que seria, e digo-o já, ir anunciando, devagar, com tempo, uma a uma, as etapas obrigando a CS a estar presente, a falar das localidades aderentes que, assim, mesmo muito antes de a Volta ir para a estrada, podiam ter logo resultados palpáveis do investimento que fazem, traduzidos na promoção dos seus municípios na CS.

Aparentemente, isto parece ser um bicho de sete cabeças.
E até me escuso a voltar a falar da Volta à Andaluzia que, em anúncios pagos - nem sequer é fornecendo a oportunidade aos diversos OCS de falarem da corrida -, tendo cinco etapas consegue publicitar, não só a corrida, como mostrar os patrocinadores, a partir de três meses antes daquela ir para a estrada.

Em cada semana paga aquilo a que nós - nos jornais - chamamos fotolegenda, a primeira com a assinatura do compromisso com o mayor da cidade onde começa a promeira etapa; a segunda com o da cidade onde essa mesma etapa termina e assim sucessivamente até todas as cinco partidas e cinco chegadas serem atempadamente reveladas.

Não faço a mínima ideia dos preços que se praticam em Espanha pela publicidade nos jornais. Por cá, e dentro daquilo que julgo saber, com 300 a 350 euros fazia-se coisa parecida.
Sendo que se pede às autarquias 30 ou 35 mil euros para terem uma partida ou chegada de etapa, era um gasto de 1%. Porque é que não se faz? Ignoro.

Mas recomecemos, no passado sábado, ao princípio da tarde, houve um amigo que me ligou, não para me dar as etapas da Volta, mas para me chamar a atenção para o facto destas terem, nesse mesmo dia, sido tornadas públicas pelo Norte Desportivo.

Recolhi as etapas, entreguei-as a quem poderia fazer avançar o processo de divulgação das mesmas e, chegado a casa, madrugada feita, deixei aqui uma etapa a avisar que no dia seguinte os leitores de A BOLA poderia ficar a saber quais os locais de partida e chegada de cada uma das jornadas da Volta a Portugal deste ano.

Na segunda-feira, dia 13, assim que abro o jornal verifico que não há referência alguma à Volta. Antes que fique demasiado tarde apago a etapa que escrevera na madrugada anterior.
Percebi a falta de espaço, adivinhei a vontade de se dar à Volta o destaque que ela merece.

Passou depois um dia; dois dias, quatro dias... cinco dias.
Sobre a Volta, nem uma linha.
É evidente que, durante todo este tempo fui espreitando de hora a hora as edições on-line da concorrência.

Ninguém tinha tido conhecimento que o Norte Desportivo revelara as etapas da Volta, ou todos o ignoraram olimpicamente só porque já não seriam os primeiros a divulgá-lo?
Esta parte eu nunca percebi, nem vou perceber.
Nem sempre somos capazes de sair com uma cacha, mas temos, obrigatoriamente, que pensar que os nossos leitores, os que nos escolheram e não lêem outros jornais. Devemos-lhes isso. Ele não têm a obrigação de ler todos os jornais. Nós temos a obrigação de lhes dar conta de tudo aquilo que sabemos.

E sabiam-no porque eu, no passado sábado, logo que aquele amigo me ligou a avisar que o Norte Desportivo avançava com as etapas da Volta a Portugal - e me garantia que eram mesmo aquelas - escrevi, imprimi e entreguei a quem de direito, o quadro das etapas.
Logo que vi que, afinal, a notícia não merecera qualquer referência, calei-me aqui.
A aguardar.

Entretanto, em cada um destes dias eu ia aos sítios da Internet mais conhecidos para ver se tinham ou não já dado a notícia.
Nenhum o tinha feito!
Contudo, segundos antes de começar a escrever este artigo, num conhecido forúm dedicado ao Ciclismo, alguém perguntava: "Mas ninguém viu a notícia que o Norte Desportivo deu no passado sábado?"

Eu vi.
E terei sido o primeiro a avisar quem pode decidir estas coisas.
Fi-lo logo no sábado, ainda não eram três da tarde.
E ntreguei a quem de direito a lista das etapas da próxima Volta a Portugal.

Nenhum jornal de âmbito nacional as tinha.

E eu apaguei aqui uma mensagem que escrevi nessa mesma madrugada porque pensei que, não havendo espaço na edição de 2.ª feira, a coisa saíria na terça...
Não saiu. Nem na quarta, nem na quinta...

Como, pelo que a mim me diz respeito, ainda respeito quem me lê, é este o quadro das etapas da Volta a Portugal'2008:

13 Agosto – Prólogo - em Portimão
14 Agosto – 1.ª etapa - Portimão-Beja
15 Agosto – 2.ª etapa - Vila Viçosa-Castelo Branco
16 Agosto – 3.ª etapa - Idanha-Torre
17 Agosto – 4.ª etapa - Guarda-Viseu
18 Agosto – Descanso
19 Agosto – 5.ª etapa - Gouveia-S. J. Madeira
20 Agosto – 6.ª etapa - Aveiro-Gondomar
21 Agosto – 7.ª etapa - Póvoa Varzim-Santo Tirso
22 Agosto – 8.ª etapa - Barcelos-Fafe
23 Agosto – 9.ª etapa - Fafe-Senhora da Graça
24 Agosto – 10.ª etapa - Penafiel-Felgueira (alto de St.ª Quitéria), CRI


Ninguém me pergunte porque é que os dados que eu entreguei não foram usados. Porque não sei!...

II - Etapa 30

A ALENTEJANA NÃO PRECISA DE…
FOLCLORES DEPRIMENTES

Conselho só se dá a quem o pede!
Conselho, se fosse bom não se dava, vendia-se.

Perante estes dois exemplos da proverbial sabedoria popular, eu devia ficar aqui quietinho, mas não fico.
Ao longo desta edição da Volta ao Alentejo - para todos os efeitos, e para as gentes do Ciclismo, a Alentejana -, vindo mesmo de um pouco mais atrás, desde a sua apresentação oficial, fui lendo que, perante o facto do inédito de a corrida ter tido 26 vencedores noutras tantas edições, a organização estará a ponderar candidatar a Alentejana ao Guinness Book of Records.

Hipótese que questiono e explico porquê.
Primeiro, não é seguro que o caso seja inédito. Há centenas de corridas por todo o Mundo e, em países que nunca conseguiram dar nenhum corredor ao grande pelotão internacional exactamente porque o seu ciclismo é amorfo… porque é que ninguém se lembrou disso antes? Era uma maneira de chamar a atenção.
Recorrer a registos é praticamente impossível. Há milhares de corridas que escapam à égide da UCI.

Então, como seria feita essa candidatura, de forma a que não sobejassem dúvidas? A única corrida internacional que nunca teve um vencedor repetido? Convenhamos que só esta figura, por si, rouba muito daquilo que os hipotéticos mentores da ideia poderão estar a pensar.

Não creio que o GBR seja exactamente o local onde possa ver a Alentejana. Ao lado do fulano que mais cebolas comeu de seguida, ou daqueloutro que fez 100 quilómetros ao pé-coxinho. Não há necessidade. Acho eu!...

Somos, os alentejanos, um povo pacato, pouco dado a meter-se na vida dos outros e que – numa esmagadora maioria, porque há excepções – fazemos questão em passar despercebidos.

Somos como somos, não devemos envergonhar-nos disso. Antes pelo contrário. A publicidade à Alentejana passa perfeitamente sem essa incursão num mundo de extravagâncias.

Nem a pedido poderia ter um argumento mais forte do que aquele que a seguir deixo e que me caiu no prato da sopa.

O único semanário ibérico exclusivamente dedicado ao Ciclismo, o valenciano Meta2Mil, vem, desde há algumas semanas – 10, para ser preciso – a destacar nas suas páginas as melhores corridas do Mundo.
Já li sobre o Paris-Roubaix, sobre o Milão-San Remo…

A semana passada – agora estou com visivelmente menos tempo para poder deixar aqui posts mais regularmente – fui surpreendido, no sentido positivo, com o destaque dado pelo Meta2Mil dado à Volta ao Alentejo.

A Volta a Portugal, por exemplo, e o Troféu Joaquim Agostinho (pela ligação do nome do grande campeão de Brejenjas), ainda não apareceram nessa página especial, semanal.

Na edição da semana passada o Meta2Mil destaca a Alentejana. Afinando pelo mesmo diapasão que todos usamos, o título lá refere a… Maldição sem fim (referindo-se ao facto de nenhum corredor ter bisado uma vitória final).

E, aliás como quem conhece o jornal sabe, lá vem um resumo bastante bem sustentado com tudo o que a Alentejana tem e as outras não.
Esta sim, é uma óptima publicidade à corrida da Associação de Municípios do Distrito de Évora.


Impagável!...

II - Etapa 29

ALENTEJANA FIEL À TRADIÇÃO

Terminou mais uma edição da Volta ao Alentejo – a Alentejana – e, é isso que nos diz o palmarés da prova, e assim será para todo o sempre recordado, manteve-se a famosa tradição. Em 26 edições da corrida, que se estreou no calendário nacional no já longínquo dia 29 de Junho de 1983 e que foi ganha por Paulo Ferreira (Sporting-Raposeira) – no ano seguinte viria a ganhar uma etapa no Tour -, em 26 edições, escrevia eu, soma oficialmente (e isto é que conta), vinte e seis vencedores diferentes.

E, ano após ano, e porque a tradição já atingiu a maioridade, a hipótese de esse recorde se alargar começa a ter o seu peso específico, tanto que já li até que é possível uma candidatura ao famigerado Guinness Book of Records. Tenho as minhas dúvidas se isso vai servir para alguma coisa. Mas voltarei ao tema.

Este ano, como desde há mais de uma década, desde que eu fiz pela primeira vez parte do pelotão de jornalistas que cobrem a Alentejana, esta… particularidade voltou a ser amplamente publicitada.
E é norma sublinharem-se os nomes dos dois ou três (já houve anos em que foram mais) candidatos a quebrarem a tradição.
A verdade é que ninguém cujo nome já está perpetuado no palmarés da prova conseguiu, até agora, repetir um triunfo, mas este ano – e fiquei sem saber se alguém se recordou ou não disso – ganhou a corrida o único corredor que não o poderia ter feito.

Calma. Calma Américo Silva, calma Vítor Paulo!
Aquele não podia não tem nada de negativo, nem para a vossa equipa, nem para o Hector Guerra. No fundo, não é negativo para ninguém, uma vez que o que conta sãos os resultados aceites pelo Colégio de Comissários e depois homologados pela federação. Que só tem que os homologar pois as decisões finais do CC não são passíveis de contestação. Uma vez tomadas são definitivas.

A maioria dos que têm a santa paciência de me ler já sabe onde é que quero chegar. Lembraram-se disso?

Porque é que raio eu escrevo que o único corredor que não podia ganhar a Alentejana era o Hector Guerra? Que a ganhou de forma imperial, incontestável e supremamente justa depois de no crono da passada sexta-feira ter dado mais de um minuto de avanço a todo o pelotão, com as excepções do David Blanco e do Tiago Machado. Aliás, o triunfo de Hector Guerra num crono, nos dias de hoje nem pode já ser considerado surpresa. Todos sabemos o seu indiscutível valor, nomeadamente nestas etapas em solitário, contra o cronómetro.

Sabemos hoje, mas há quatro anos muitos de nós testemunhámos uma situação que mancha para sempre o bonito historial da Alentejana. Malgrado o branqueamento aparentemente encetado.

No domingo, ao princípio da madrugada, quando vi o resumo da etapa final da edição deste ano da corrida, nomeadamente, a entrevista final feita ao Hector Guerra, eu que estive sempre à espera que o episódio fosse relembrado, não pude evitar um sorriso quando constatei que o único que se recorda... é o próprio Hector Guerra.

O madrileno já vai metendo umas buchas de portunhol no meio de um dos sotaques mais difíceis do castelhano, que é o que se fala na região da capital espanhola. Falam muito rápido, vincando de tal forma as palavras que há sílabas que nos escapam e, não estando muito habituados a ele [ao sotaque madrileno] podem-se perder pormenores importantes em declarações importantes.


Foi exactamente o que aconteceu.
Pergunta/deixa do jornalista: (mais ou menos isto) Satisfeito com a sua primeira grande vitória numa corrida internacional por etapas?
A resposta do Hector Guerra foi esta: … a primeira foi aqui há uns anos, mas tiraram-ma.

E, cá está!


Disse-o no seu sotaque natal, falando rápido, comendo sílabas, só isso explica que o jornalista não tenha reparado. E é provável que este nem saiba da estória que aconteceu no largo fronteiriço à sede da Adega Cooperativa do Redondo, na tarde de 30 de Maio de 2004.

II - Etapa 28

TERÁ MESMO ACONTECIDO O QUE SE DIZ QUE ACONTECEU?

E o que é que aconteceu então nessa tarde em que nem uma ténue brisa soprava e calor era de fazer derreter o alcatrão, quando da derradeira etapa da 22.ª edição da Alentejana, um crono de 25,3 quilómetros com partida do centro do Redondo, junto aos Paços do Concelho, e chegada às instalações da ACR?

Aconteceu que um tal Hector Guerra, então com 25 anos e a representar a hispano-belga Relax-Bodysol, ganhou a etapa com menos 1.28 minutos que o segundo classificado, o boavisteiro Joaquim Sampaio. Guerra fez o tempo de 30.31 minutos para os 25,3 km, o que dava uma média incrível de 49,7 km/h (este ano, para um crono com mais seis quilómetros e com o último terço a correr com forte vendo de caras, fez uma média de 44,7).

Logo, assim que cortou a meta, deixando todos surpresos e a, rapidamente, terem de fazer contas em cima do joelho, houve três ou quatro vozes que se levantaram para gritar que era impossível fazer-se um tempo daqueles. Quem era aquele Hector Guerra que ninguém conhecia?
Já nessa altura a tradição de um vencedor por edição era um dos atractivos da corrida, mas, paralelamente, era sempre esperado com grande ansiedade o momento em que ela [a tradição] fosse quebrada e um dos favoritos à vitória final, em 2004, era Joaquim Andrade (então no Tavira) que havia ganho a 20.ª edição da corrida ao serviço do Cantanhede.
Fosse como fosse, e isso só se soube quando todos os corredores chegaram, o Quim não conseguiria fazer história pois, com o resultado que fez, ficaria em terceiro atrás de Guerra e do então também ainda muito jovem Danail Petrov (Carvalhelhos-Boavista).

Ficaria em terceiro, mas terminou em segundo e o vencedor foi mesmo o jovem búlgaro, hoje corredor do Benfica.

O que é que aconteceu então? Depois dos gritos – e podem estar certo que foram mesmo gritos, a par de cenas menos dignas a que fomos todos obrigados a assistir – de que era impossível fazer-se aquele tempo, começou-se a sussurrar que havia quem tinha ouvido quem tivesse dito que houve que visse que, primeiro, Hector Guerra teria sido ajudado pelo carro de apoio (provavelmente colocando-se ao abrigo este), depois apareceu quem tivesse ouvido dizer que alguém tinha fotografado o Hector a ser ajudado por um companheiro de equipa, no caso, Moisés Dueñas que, tendo partido antes dele, terá esperado para depois o rebocar.

Essa foto não apareceu na altura. Depois, a verdade é que a prova seria de difícil aceitação uma vez que uma fotografia prende um momento, um só momento. O que é que aconteceu antes? E depois do click? Quem tirou a foto foi testemunha, mas o seu testemunho também não seria válido, à luz dos regulamentos, para interferir na decisão do CC. Só uma prova seria válida: o testemunho in loco da infracção por parte de um comissário.

Como sabem, nos contra-relógios, para além dos comissários-moto que acompanham a corrida, seguindo um determinado corredor, mas sempre com a possibilidade de se deixar descair e indo esperando por mais dois ou três, controlando, assim, a verdade da corrida, a equipa de comissários divide-se ainda, em postos fixos de observação, ao longo do traçado.

Escolhem pontos estratégicos onde, à primeira olhadela não sejam imediatamente detectados. O que obriga os corredores e quem os acompanha no carro de apoio a resistirem a tentações pois nunca se sabe se, para lá daquela curva, lá à frente, ou atrás daquele pequeno aglomerado de árvores não está um comissário vigilante.

Como o mesmo carro de apoio faz o percurso diversas vezes, acompanhando corredores diferentes, os comissários apeados mudam (ou devem mudar) de poiso porque nas primeiras passagens podem ser identificados.

E foi aí que o CC – ou um comissário por iniciativa individual, levando o Colégio a aceitar o seu depoimento – chegou à conclusão que o corredor da Relax teria mesmo tido um comportamento anti-desportivo e resolveu penalizá-lo em 2.30 minutos o que deu para que Joaquim Sampaio (Boavista) fosse declarado vencedor da etapa, com dois segundos menos que David Plaza (Paredes), e que Danail Petrov (Boavista) fosse declarado vencedor da corrida, com menos quatro segundos que Joaquim Andrade.

Quem mais barulho fez, naqueles longos quarenta e tal minutos de discussão, foram, exactamente, elementos do clã Andrade e o professor José Santos, técnico dos axadrezados. E, claro, José Maria Perez, o DD da formação hispano-belga. Uma peixeirada à moda antiga que ensombrou o final da festa. Os prémios que a formação Relax tinha conquistado ao longo da prova ficaram no chão, junto ao pódio já que a equipa se retirou de imediato, com a jura de não mais voltar a Portugal.


Voltaria no ano seguinte e até tiveram a camisola amarela na Volta a Portugal, com José Miguel Elias que ganhou a primeira etapa, com meta em Castelo Branco.

Mas eu transcrevo aqui as palavras que Hector Guerra me disse, sentado – como escrevi – num degrau das escadas de acesso à porta principal da ACR, fazendo um esforço evidente para suster as lágrimas.
«Dizem que fiz uma corrida combinada com o meu colega de equipa. É falso. Depois penalizam-me na medida justa para não ganhar a volta [teria ganho por oito segundos, não fora a penalização]. No contra-relógio de Alcobendas fiquei 4 segundos atrás do Isidro Nozal [que no ano anterior tinha arrasado na Vuelta, tendo ganho os dois cronos e só perdendo a corrida para Roberto Heras, já nas últimas etapas, junto a Madrid, e sido quarto no mundial de contra-relógio, no Canadá] e no crono da Volta a Múrcia fui segundo a oito segundos do Armstrong e fiquei à frente do Ullrich.»

Pois é!... Mas ainda há mais. Acabei por vir a saber que o comissário que «viu» a irregularidade não a podia ter visto justamente porque não estava naquele posto de controlo. Talvez devesse estar, mas não estava (fazia muito calor, a convidar a uma bebida fresca, não é?!).
E é assim que, quatro anos passados, Hector Guerra é o 26.º vencedor da Alentejana que mantém a tradição de nunca ter tido um vencedor repetido.

Mas, por tudo o que ficou aqui escrito, Hector Guerra era o único corredor que não podia, nem ter ganho este ano, nem ganhar mais esta corrida… Porque, não se podendo reescrever a História, também não podemos ignorar que há, na História, episódios que a contrariam e nunca podem ser esquecidos.

(Nota.1: Publico aqui fotos, do António Costa, a que tive acesso; não sei, nunca soube, se foram estas fotos aquelas de que se falou naquela tarde, mas continuo a sustentar que uma foto, porque fixa apenas um momento, parando-o para sempre no tempo, só nos mostra exactamente esse momento. Vemos, de facto, os dois corredores muito juntos [o Guerra é o que vem atrás]. Mesmo quem tirou as fotos, só pode ter visto os corredores durante meia dúzia de segundos. O que é que elas mostram? Que um deles alcançou o outro, ou está a apanhá-lo. Depois seguem perto durante algum tempo? Certamente, enquanto o mais forte não descolar o ultrapassado. Também há regras para estas situações. O corredor que vai ser ultrapassado deve deixar livre a melhor trajectória para o que vem para passar por ele, e depois deve manter-se no lado oposto da estrada até que a distância entre os dois já seja significativa. Só um comissário-mota, porque pode acompanhar os corredores junto deles é que pode dizer que um foi na roda do outro durante mais tempo do que o necessário para o ultrapassar. Mesmo para o comissário fixo, os corredores passam á mesma velocidade que para o público, e não dá tempo para perceber se está a ver a ultrapassagem a acontecer naquele momento, ou se a situação se prolongará, para além daquilo que a sua vista alcança, isto se não desaparecerem imediatamente do seu campo de vista numa qualquer curva algumas dezenas de metros à frente.)

(Nota.2: É claro - e creio que esta nota nem seria necessária, mas, para evitar mal-entendidos cá vai -, é claro que nem o Joaquim Andrade, nem o Joaquim Sampaio, nem o Danail Petrov tiveram nada a ver com este episódio.)

domingo, abril 13, 2008

Nota

VOLTA A PORTUGAL'2008

Comprem A BOLA de hoje para saberem as etapas da Volta a Portugal que irá decorrer entre 13 de Agosto - prólogo em Portimão - e 14 de Agosto, CRI a correr entre Penafiel e o alto de Santa Quitéria, em Felgueiras.

Não as publico aqui, por motivos óbvios, mas como entreguei o documento a quem de direito... logo, pela manhã, saberão todos os locais de partida e chegada de todas as etapas da Volta'98.

II - Etapa 27

OBRIGADO, BRUNO! OBRIGADO MANEL...

Para minha sorte, segundo o relatório diário que recebo, houve mais de 150 pessoas que leram a etapa anterior, isto até às três da tarde de ontem. Antes de se saber quem ganhara na Serra de São Mamede. De contrário corria o risco de algumas mentes mais perversas ainda aparecerem - nem que fosse nas conversas de café - a dizer que eu pusera aquela foto onde apareço junto do Bruno Pires depois de saber o resultado da etapa.

Desta vez não têm por onde me pegar.
Foi um artigo diferente, como o está a ser este.
Mesmo aqui no VeloLuso nunca arrisquei parecer ser parcial, muito menos sê-lo. E não o sou. Tenho amigos - felizmente ainda tenho amigos - em todas as formações e faço questão de cultivar a mesma seriedade que sempre me caracterizou. E assim há-de ser até ao fim.

A maioria não terá percebido a mágoa que interiormente sinto por não estar no Alentejo porque, como bom alentejano que sou, disfarço a tristeza com uma ou duas saídas que desviam as atenções.

Infelizmente - e há-de haver razões sustentadas para que medidas destas tenham sido tomadas - a partir da ligação internet do Jornal não consigo aceder às emissões on-line das rádios. Da maioria das rádios.

Ontem cheguei mesmo a pensar em levar o meu portátil pessoal com o qual e através da internet móvel, poderia aceder, por exemplo, à Rádio Voz da Planície... Acabei por não levar. Acabei por ter como informação apenas o filme da etapa. Que, permitam-me uma crítica objectiva e construtiva, é leeeeeeentinhooooooo, porra!

(Ah!, e já agora - mesmo que isso não tenha lá grande interesse porque é fácil perceber que se tratou de uma gralha - como é que hoje [leiam sábado, por favor] houve mais corredores à partida do que aqueles que terminaram a etapa de sexta-feira? Houve repescagens ou há substituições?)

Também vi há pouco o resumo da etapa na Sport-Tv e, em relação àquilo que escrevi na etapa anterior, as coisas ficaram-se pelas meias tintas. Nem foi uma jornada assim tãoooooooo espectacular, mas pronto...

Para pôr um ponto final ao meu momentâneo facciosismo, ganhou o meu compadre Bruno Pires. E ganhou de uma forma espectacular. Hoje não tive oportunidade de ler ainda crónica nenhuma, não sei qual será a leitura dos camaradas que estão no terreno, mas o alentejanito ganhou com classe. Pena é que não foi o suficiente para ganhar a volta...

Acabou aqui o puxar a brasa à minha sardinha porque a sério, totalmente a sério, é preciso reconhecer - porque o merece - que Hector Guerra fez uma grande etapa também. Aliás, exemplar, tendo em conta que era (e assim se manteve) o líder.

Desta feita, amigo Manel Zeferino, as coisas não resultaram. Eu sei que era difícil, mas tiremos o chapéu à corrida do Guerra. Tinha que se preocupar com o David Blanco, e foi isso que fez. Nota 20. Para ele e para o Américo Silva. Dificilmente - eu diria mesmo, impossivelmente - perderá esta prova. Irá ser o segundo triunfo do Américo na Alentejana, depois de já ter ganho com o russo Andrei Zintchenko.

Seria preciso acontecer uma hecatombe para que Hector Guerra perdesse esta Volta ao Alentejo. E assim se manterá a tradição. Ainda não vai ser desta vez - e disso já há a certeza - que alguém consegue bisar. 26 voltas... 26 vencedores diferentes.
Que bonita é a minha Alentejana!...

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Para não estar a queimar artigos e porque amanhã tenho de estar cedo no Jornal e tenho que ir para o vale de lençóis, junto aqui mais um comentário. Às palavras do Orlando Rodrigues, após o crono de 6.ª feira.

Disse o Orlando - com um fino tom de sarcasmo - que a concorrência [ao Benfica] é mais forte dentro de portas do que quando corre no estrangeiro [leia-se Espanha e, para sermos precisos, Comunidade Valenciana].

Quem leu percebeu exactamente o que o Orlando quis dizer nas entrelinhas, mas, e num fim de semana aziago para as águias, quando se quer fazer passar a imagem de que alguém as está a empurrar para baixo... conseguem a proeza de, gratuitamente - no sentido do... não havia necessidade!... - cometerem hara-kiri.

Segui o filme da etapa, vi o resumo da Sport-TV e, tirando uma meta volante ganha pelo Hélder Miranda, onde esteve o Benfica?

E, já que cheguei aqui, e para terminar, deixem-me dizer... na grande fuga do dia as equipas portuguesas foram comidas. Adrian Palomares, Eládio Jimenes e aquele moço sul-africano da Barloworld eram sempre candidatos a vencer no alto. O Paredes ainda lá meteu também o André Cardoso, mas o Benfica meter o Hélder Miranda, ou mesmo a LA-MSS o Cláudio Faria... revela que não acreditaram nunca na fuga. A questão que deixo no ar é esta: porque é que levaram tanto tempo a anulá-la?

sábado, abril 12, 2008

II - Etapa 26

O QUE EU NÃO FARIA PARA PODER ESTAR AÍ!...

Depois do crono de hoje [que já foi ontem!], não é difícil adivinhar o quanto emocionante se perspectiva a etapa de amanhã [que já é hoje...].

Até pode não dar em nada. Pode. Se em vez de cada um tentar fazer a sua corrida, se preocupar mais em fazer com que o parceiro do lado a não faça, tudo pode redundar num tremendo fracasso.

Etapas destas, e numa situação destas, corridas há 15 anos atrás quando ainda não tinha sido inventado o maldito pinganillo e o Ciclismo - parafraseando palavras do Carlos Flórido - passou a parecer-se mais com um jogo de play-station, jogado pelos DD's nos respectivos carros, tinham tudo para poderem ser épicas.

Mas pronto... É assim e que havemos de fazer?

Em vez de corredores valentes, a pelejarem ombro a ombro com os seus rivais, o mais provável é que tenhamos um cerebral jogo de xadrês, onde se sacrificarão, uma a uma, todas as peças, a começar pelos peões, para no final acontecer um empate porque o rei não pode comer o rei...

Esperemos que não.

Entretanto, candeia que vai à frente ilumina duas vezes, e não posso passar sem aqui deixar os meus parabéns ao Hector Guerra e ao Américo Silva. Para já, a Liberty Seguros vai ganhando por 2-1... a uma formação de valor abaixo da média das portuguesas.

Hoje, meus senhores, é dia de pôr toda a carne no assador. Sabem quem usa esta expressão... Até prova em contrário ainda é o melhor estratega do nosso pelotão. Com provas mais do que dadas. Permitam-me ser parcial - só esta vez, e já perceberão porquê - caro amigo Manel Zeferino, na hora de um Alentejano ganhar a Volta ao Alentejo.

Força aí compadre Bruno!... 'tou contigo!

(Entretanto, aproveito para agradecer ao amigo Joaquim Gomes que na 5.ª feira me ligou a convidar-me para ir com ele ver o contra-relógio. Agora já não dá. Voltei às lides. Como aqui deixei muitas vezes escrito, fazia-me uma falta de morte o cheiro da redacção. Mudei de poiso, agora estou a trabalhar para o "Caderno Madeira" - não, não tenho o previlégio de ter no Jornal um caderno com o meu nome - é que A BOLA, na edição que é distribuída na Ilha da Madeira acrescenta algumas páginas exclusivamente dedicadas a noticiário local. E há sempre umas entrevistas interessantíssimas com gente de alguma forma ligada ao desporto madeirense. É isso mesmo que eu agora estou a fazer. Serve também isto para explicar aos muitos amigos porque é que não voltaram a ver o meu nome no jornal. Em contrapartida, os madeirenses já se estão a habituar às peças assinadas por um tal... Madeira!)
(Podem clicar na imagem que ela abrirá...)