quinta-feira, março 29, 2007

461.ª etapa


NÃO TEM NADA A VER COM CICLISMO
MAS... ATÉ QUE PODERIA TER

Escrevi, há dois artigos atrás, que tive que varrer a Net para tentar perceber o que acontecera hoje na etapa raínha da Vueta a Castilla y León...

Nesse passeio virtual, fui deparar com o artigo que tomo a liberdade de aqui transcrever porque o subscrevo sem hesitações. Espero que, nem os colegas do sítio Sportugal, nem o David Borges se importem...


Selvagens
Dantes éramos, nós os jornalistas, civilizados. Quando iamos ao aeroporto esperar uma equipa, nossa ou estrangeira, não impedíamos a passagem de alguém e não forçávamos declarações que os chegados não queriam fazer. Era nosso direito solicitar declarações e era direito dos chegados a decisão de as prestar ou não. Praticávamos a nossa liberdade de jornalistas em estrito respeito pela liberdade dos outros, dirigentes, treinadores, jogadores, cidadãos inteiros nós e eles, cientes os dois lados de que havia códigos na relação entre uns e outros, códigos de respeito de uns pelos outros, códigos de educação de uns e outros. Agora, somos uma chusma, um bando que se junta para exigir declarações a quem não as quer fazer e fotografar à força quem não deseja ser fotografado. Fico sempre constrangido por esta nova imagem do bando jornalístico a assaltar o alvo do seu interesse e uma parte desse constrangimento resulta do episódio que, há já algum tempo, revelou, mais do que algum outro, a nova face agressora do jornalismo moderno. Aconteceu não longe do Estabelecimento Prisional de Lisboa, quando o então primeiro-ministro António Guterres saía de uma visita ao deputado Paulo Pedroso, detido preventivamente no âmbito do desgraçado caso-Casa Pia. Rodeado de jornalistas e fotógrafos, querendo caminhar e não podendo, farto de dizer que não prestava declarações, Guterres parou, olhou os jornalistas nos olhos e perguntou: “já repararam na figura que estão a fazer?”

A vergonha dos jornalistas foi visível e a minha foi maior que a deles. De então para cá, a situação não melhorou e pelo contrário degradou-se. As turbas jornalísticas reunidas para conseguir uma fotografia ou uma opinião ou as duas coisas, transformaram-se nisso, em turbas descontroladas. A chegada a Lisboa, na quinta-feira passada, da selecção da Bélgica foi apenas mais um episódio do processo de degradação em que entrou o jornalismo e muito por causa da exigência que é feita a jovens repórteres (ou que estes resolvem fazer a si próprios…) atirados para a rua com a obrigação de regressarem às redacções com “aquela foto” ou “aquela declaração”. Consideremos, rapidamente, as circunstâncias. Stijnem, elemento da selecção belga, numa declaração irresponsável, disse, mais ou menos, que era preciso ir às canelas de Cristiano Ronaldo, logo no princípio do jogo, para o colocar (e à equipa portuguesa) em respeitoso sentido. Apesar de posteriormente ter tentado dizer que não disse o que tinha, de facto, dito, Stijnem, logo destacando como um pobre pateta, tornou-se, naturalmente, num alvo prioritário dos jornalistas portugueses e, em sequência, do público de Portugal. À chegada, protegido pela segurança, Stijnem quis seguir para o autocarro mas os jornalistas não deixaram. A tensão, os nervos, os empurrões, as alegadas agressões constituíram a natural sequência do filme, com o título a surgir, enorme, no dia seguintes: “selvagens!”

Eles, os belgas. E nós? De um jornal belga de sexta-feira, retiro esta pequena síntese dos acontecimentos, feita a partir de um olhar belga: “cinquenta jornalistas esperavam Stijnem a pé firme. Protegido por Timmy Simons e quinze policias, o jogador pensava que poderia chegar ao autocarro sem problemas. A tensão instalou-se porque os jornalistas impediam-no de passar (…). Pendurados no autocarro, mais jornalistas procuravam outra vítima, Mbo Mpenza (…). O presidente da federação foi também rodeado pela massa e o bravo homem ainda tentou dizer alguma coisa, mas os empurrões prosseguiram e a atmosfera degradou-se completamente”.

O episódio de quinta-feira, no aeroporto, foi, e bom seria que o jornalismo português o reconhecesse, não mais que a consequência de uma pressão a que não se deve dar o direito de existência. Sem a pressão jornalística, desrespeitadora dos direitos dos outros, nada se teria passado. E o problema é que, face à imparável subida desta pressão mediática, tudo é possível que venha a passar-se no futuro. A menos que, finalmente, o jornalismo se olhe ao espelho e, envergonhado, lembrando de novo António Guterres, descubra a linda figura que faz nestas ocasiões…

David Borges
Jornalista

460.ª etapa


DUJA-TAVIRA COM DIA AZIAGO NA NORMANDIA

Sei que vou, de novo, mexer com algumas consciências mas, de facto, e quando uma equipa portuguesa, seja de que modalidade fôr - principalmente se o fôr ao nível do primeiro escalão (nacional) - deveria merecer um pouco mais de esforço por parte da CS. Caramba!, mesmo que se trate do Ciclismo, não deixa de ser uma representação Nacional além fronteiras.

Isto a propósito da (arbitrária) desigualdade de espaço que a DUJA-Tavira está a merecer nos nossos jornais. Aliás, e descaindo apenas um pouquinho do assunto, já o ano passado foi dedigual o espaço que o Zé Azevedo e o Sérgio Paulinho tiveram, em comparação com o Hugo Sabido; e este ano parece que o jovem Bruno Lima não conta como emigrante.

Continuando...
Sempre com o apoio da RP da formação algarvia - obrigado Ana Luísa de Jesus - cá vou sabendo o que está a acontecer na Volta à Normandia. O dia de hoje, e segundo o comunicado da equipa, não foi bom de todo. Primeiro, porque Martin Garrido caiu na geral individual, mas mais grave foi a queda real do jovem Daniel Petrov, queda que lhe valeu a fractura num pulso e o consequente abandono.

Um contratempo que o Vidal Fitas vai ter que superar nos últimos dias de prova.

459.ª etapa


NEM BOM, NEM MAU...
ANTES PELO CONTRÁRIO!

Já sabia que hoje não poderia assistir à transmissão em directo do Canal 29. Fui, logo que cheguei a casa, procurando informação sobre a etapa raínha desta Vuelta a Castilla y León e soube que – por mais que os teóricos se venham a abespinhar – o Benfica voltou a fazer uma etapa muito boa. Mas já lá irei.

Varri alguns sítios na Internet, para colher informação e assim soube que o Zé Azevedo foi 12.º na etapa, colado a Ivan Basso e à frente do anterior camisola vinho tinto.

Achei piada a esta designação, há dois dias, do pivot da emissão do canal regional castelo-leonês que, muito à espanhola, questionava a designação bordeaux, nome similar ao da cidade francesa que é o centro de uma larga região vinícola. Ora, e segundo o pivot espanhol, camiseta viño tinto – recorde-se que a Comunidade de Castilla y León faz fronteira com o nosso Douro Interior/Trás-os-Montes – é bem mais agradável do que recordar um concorrente estrangeiro.

Isto tudo por eu não conseguir deixar de ficar e pelos arrepiados quando oiço/leio que o líder de qualquer corrida, seja ela qual fôr é… o camisola amarela. Não é verdade, nada obriga que aquela côr seja o símbolo de líder. E ela, a côr da camisola do primeiro classificado na geral, varia muito mais do que os não iniciados podem supôr.

Mas voltando ao que interessa, o Zé foi 12.º na etapa – que não vi (já lá irei, também) – e passa a ser o benfiquista melhor colocado, ocupando o 17.º posto na geral se bem que com muito poucas hipóteses de vir a melhorar. E será o melhor classificado da equipa.

Como já tinha dito, não me foi possível ver hoje o directo, por isso esperei pelo resumo diário que passa à noite, resumo que, para meu descontentamento, hoje foi mesmo… resumidinho. Caramba!

Mas deu para saber o que ignorava. Na principal fuga do dia o Benfica tinha metido um corredor, o catalão Didac Ortega. Estratégia perfeita, como é dos livros. Com um homem na fuga, o Benfica deixava de estar obrigado a fazer a perseguição. Nenhum de nós sabe, ainda e em consciência, o que valerá este jovem neo-profissional, mas isso não importa. Jogou bem o Benfica, esteve bem o Orlando ao – e à falta de dados concretos a leitura é feita assim, genericamente – instruir os seus corredores para que alguém estivesse na fuga do dia. Perfeito, tacticamente perfeito. Melhor que nos dias anteriores, no aspecto táctico.

Depois, pouco mais sei do que Alberto Contador – impressionante o aranque de temporada deste jovem espanhol que este ano se transferiu para a Discovery Channel – bateu Koldo Gil (vou repetir-me, em parte… impressionante a corrida que a cantábrica Saunier Duval está a fazer – e, ao que me é dado perceber, juntando algumas pontas soltas, também a madrilenha Relax-GAM, embora sem o mesmo impacto), que, como era previsível, houve cortes significativos à chegada… e que o Benfica vai ficar no ouvido dos espanhóis mas que vai sair de Castela-a-Velha (anterior designação desta região espanhola antes da divisão em comunidades autonómicas) como entrou. A equipa portuguesa, que há-de apresentar-se mais vezes por Espanha, mostrou-se aplicada mas… pouco mais.

O que é que este comentário significa, realmente?

Basta perguntar ao Manuel Zeferino. A Maia que ele dirigiu em dezenas de corridas em Espanha também começou assim. Era uma equipa portuguesita, com algum sangue na guelra mas que dispensava cuidados de maior. Isto, é claro, nos primeiros anos em que a grande Maia foi presença assídua em terras espanholas. E assim continuaria a ser vista até que, até mesmo já na Vuelta, o comboio verde-e-azul assumia as despesas no trabalho de perseguição e imprimia um ritmo tal que, e eu testemunhei presencialmente isto, alturas houve que, no Grande Grupo, outros técnicos tinham que mandar as suas equipas para a frente, mais para evitar que fosse a Maia a fazê-lo do que para caçar, de facto, os fugitivos do momento. Mas isto levou dois ou três anos a acontecer.

O Orlando Rodrigues é uma pessoa que muito admiro – o que vai muito para além do facto de ter nascido no mesmo dia do que eu… ok, dez anos depois! -, teve uma experiência sensacional (não me cansarei de o dizer: mal ajuizada pelos portugueses, Imprensa à frente, é evidente) e sabe muito do como se corre em Espanha; de como se corre no Grande Pelotão.

Esta foi apenas a segunda corrida que o Benfica fez no país vizinho – e apenas a quarta, esta temporada – e muitas coisas terão ainda que ser limadas. Para além do Orlando, o Benfica conta também com a experiência do Zé Azevedo. Ambos sabem que, principalmente em Espanha – o Manel Zeferino que o diga –, se não se arriscar um pouco, é difícil que venham ser levados a sério. Daí, eu não me importar nada mesmo de, no que pode parecer um passo à rectaguarda, aceitar que o esforço feito nas segunda e terceira etapas possa ser justificado.
Não é um passo atrás. De todo.

A tirada de hoje era a chave da corrida. Toda a gente saberá que, em corridas com montanha do nível de uma Navacerrada… as etapas para discutir ao sprint servem apenas para fazer publicidade e… lá está, o Benfica forçou a Comunicação Social a falar no seu nome.

Em termos desportivos, como eu escrevi ontem, foi um desperdício de energias o assumir, praticamente sozinho, as despesas das perseguições à fuga do dia. Mas o Benfica conseguiu dois segundos lugares. Ainda por cima, e isto potencia o feito de Benitez… atrás do mesmo corredor.
Quem fizer uma leituta honesta do que aconteceu tem, obrigatoriamente, que chegar à mesma conclusão: neste pelotão, só Fran Ventoso é mais rápido que Javier Benitez.

E parece que já estou a fazer o balanço final da corrida porque, e como já ontem referi, amanhã estou de novo condicionado (por causa de mais exames médicos a que estou a ser sujeito) a não poder ver a etapa, logo, de ter que atrasar este meu exercício com o qual venho, ao mesmo tempo, tentando não perder a roda em relação à actualidade, e… matando o vício de escrever.

E termino. Um lugar entre os 20 primeiros – e atendendo à qualidade deste pelotão - não é, de todo, desprestigiante para o Benfica.
Mas não é famosao também.

Andar na frente da corrida 40 quilómetros para depois ficar em segundo… condiciona o destaque que, provavelmente, a equipa mereceria, mas é assim na estrada e é fazendo experiências que se podem tirar ilacções para o futuro.

E termino mesmo com um sublinhado especial.
Naquelas duas etapas que vi, o Zé Azevedo foi o que mais vezes apareceu no comando do Grande Grupo; hoje foi o melhor classificado da equipa, na única etapa realmente selectiva.

Ainda estamos muito longe de Agosto, o Zé vai ter que apalpar ainda mais o seu momento de forma, vai ter que atingir um primeiro top para, depois de um natural abaixamento, poder estar, como todos os objectivos da equipa o apontam, no seu melhor em Agosto.
O dia de hoje terá dado indicações preciosíssimas a esse respeito.

quarta-feira, março 28, 2007

458.ª etapa


DUJA-TAVIRA CONTINUA
A DAR BOA CONTA DE SI

Entretanto - e aqui deixo o meu obrigado à equipa que me vai fazendo chegar informações de França - os algarvios da DUJA-Tavira continuam a dar muito boa conta de si, na Volta à Normandia, e Martin Garrido está a tão somente dois segundos do primeiro lugar - é o segundo - ocupado pelo holandês Lars Boom.

A Volta à Normandia, apesar de ser da Classe 2.2, não é uma corrida fácil. Primeiro, porque as equipas - muitas equipas - têm apenas seis corredores o que torna praticamente impossível a seja quem fôr tentar controlar; depois, porque as equipas francesas - Elite, está bom de ver!... - se esfarrapam para somar pontos porque a prova pontua para a Taça de França.

É verdade! Em França há um pelotão de Elites e há uma Taça de França, e as equipas não se poupam no sentido de amealharem pontos para a Taça.

Pode ser que isto dê alguma ideia a... seja quem fôr.

457.ª etapa


UM TANTO OU QUANTO… “NAÏF”

Hoje não pude assistir à transmissão do Canal 29 – tal como acontecerá amanhã e, provavelmente, na 6.ª feira também (mais uma série de exames médicos a impedirem-mo) – mas acabo de visionar o resumo diário, de 10 minutos, que o canal regional castelo-leonês transmite pelas 21.10, hora portuguesa. Já sabia, é claro, que se repetiram (na etapa) os três primeiros lugares da véspera e até pensei que o Benfica, principalmente o Javier Benitez, estava com algum galo, mas não, o Fran Ventoso ganhou à vontade, como quis… depois de ter sido, uma vez mais, o Benfica a assumir as despesas da corrida.

Ok… assim, à distância e sem ver sequer a etapa, é arriscado patrocinar uma opinião, mas, mesmo assim, eu deixo-a: parece-me que nestas duas etapas o Benfica se revelou um tudo-nada… naïf!

Explico… Se tem um dos melhores sprinters – está provado que sim – neste pelotão, será mesmo necessário assumir o trabalho de sapa? Há mais equipas interessadas em ganhar uma etapa, pois bem… e que tal experimentar dar-lhes o comando da corrida enquanto, ao mesmo tempo, se resguardam forças para o ataque ao risco final? E sustento isto no facto de, nem ontem, nem hoje, ter visto a Saunier Duval na frente da corrida a não ser… nos últimos 800 metros. Muito antes disso, o Benfica aparece a dar a cara ao vento.

Amanhã a etapa será totalmente diferente – e confesso que não sei como será a jornada de sexta-feira, mas essa já não deve contar para a geral – e o Benfica terá outras opções para jogar. Sem ter qualquer pretensão a ser técnico, até porque reconheço não ter qualificações para tal, só arrisco a minha modesta opinião: o Benfica foi um pouco ingénuo nestas duas etapas, no que respeita a controlar (?) a corrida.

Amanhã, como referi, tudo isto não passará de um mero apontamento. Chega-se ao Alto de Navacerrada – e há a hipótese de estar a nevar – uma subida que conheço razoavelmente bem para garantir que fará diferenças. Num terreno para o qual o Benfica tem, em Castela, corredores com o perfil ideal para tentar uma surpresa.
A não ser que o esforço dispendido pelo colectivo nestes dois dias apareça a cobrar factura.

Nota de rodapé

por manifesta falta de oportunidade é que ainda aqui não tinha falado de mais um sítio na net dedicado ao Ciclismo, ainda por cima, porque é da autoria do meu jovem amigo Rui Quinta, que tive o prazer de conhecer quando da última Volta ao Algarve.

Trata-se do Ciclismo Digital (o link fica aqui ao lado) e, enquanto - já quase veterano - acompanhante da Modalidade, só tenho que me congratular pelo facto de o número de sítios dedicados ao Ciclismo irem aumentando, principalmente conduzidos por jovens adeptos. É um sinal de vitalidade desta modalidade que nos une.

Em relação a este Ciclismo Digital, só posso dizer uma coisa: recomendo.

Parabéns Rui, já to disse pessoalmente e aqui o reitero, escreves muito bem e, como bom algarvio, levas a paixão pelo Ciclismo a sério. Longa vida para este teu projecto e já sabes que podes contar comigo para o que for necessário.
Um abraço,
MJM

terça-feira, março 27, 2007

456.ª etapa


DUJA-TAVIRA COMEÇA BEM
VOLTA À NORMANDIA (FRANÇA)


Presença que se tornou habitual na corrida normanda, a DUJA-Tavira vai conquistando, ano após ano, o respeito de todos, conseguindo ir somando resultados que só dignificam o Ciclismo português. Depois de, no domingo, e num critério que normalmente antecede a corrida principal, Nélson Vitorino venceu o prémio da montanha, com Krassimir Vasilev a merecer também m destaque, ontem o argentino Martin Garrido foi segundo no prólogo, um crono individual de seis quilómetros, ganho pelo nosso conhecido (o rapaz está a tornar-se chatinho!...) Lars Boom, da equipa Continental da Rabobank.

455.ª etapa


BOAVISTA NA "CASTILLA Y LEÓN"?
OH, MEUS AMIGOS!... NÃO HAVIA NECESSIDADE!

Graças a esta coisa fabulosa, que é a Internet, o Mundo já deixou de ser a tal aldeia global para caber na casa de cada um. Num monitor qualquer, até o de um mui transportável telemóvel. Está tudo – ou practicamente tudo, porque todos os dias se inventam coisas novas – ao alcance de um simples click.

Esta conversa toda para dizer que, e isto há muito que deixou de ser novidade, pude ver hoje, pela internet, a 2.ª etapa da Volta a Castilla y León sintonizando no meu PC o Canal 29/Télévisión de Castilla y León, que emite a partir da antiga capital de Castela, Valladolid. Uma televisão regional, claro, mas à qual se deve exigir o mínimo de rigor.

Quando liguei, a etapa estava à beira do fim. Faltariam para aí uns 40 quilómetros, pelo que vi um pouco menos de uma hora da corrida. Em directo, ainda que recuperando algumas entrevistas feitas antes de a etapa ter saído para a estrada.
E as coisas começaram logo bem, com o jornalista (?) a entrevistar o galego Oscar Pereiro – que ainda espera para saber se ganhou ou não o Tour’2006 – chamando-lhe, por mais de uma vez, Oscar… Sevilla. Os rapazes até nem são parecidos, e o engraçado (?) é que o entrevistador até recordou esse facto, o de Pereiro não saber ainda se ganhou ou não o Tour. Mas pronto… Como os dois são Oscar… o homem enganou-se. Acontece – embora não devesse acontecer – a qualquer um.

De volta às imagens em directo – na altura iam oito corredores fugidos – na cabeça do pelotão, fazendo a perseguição, aparecem vários homens do Benfica com predominância para o Zé Azevedo, a dar o exemplo. E o que diz o pivot que comandava a transmissão? Pois, recordando que Sérgio Ribeiro, então na Barbot, já ganhou uma etapa nesta mesma prova, há dois anos, arriscou um «a equipa portuguesa do Boavista (!) está a trabalhar para o seu sprinter, Sérgio Ribeiro».

O comentador convidado, que, pareceu-me, era o Santi Perez (que também já representou a Barbot), pegou na deixa emendando de Boavista para Benfica e frisando que o sprinter dos encarnados é o valenciano Javier Benitez, falou dessa vitória de Sérgio Ribeiro, ignorando outra achega do apresentador que os colocara juntos na mesma equipa, em Portugal. O que não aconteceu.

O realizador alternava as imagens – que os comentadores estariam a ver nos estúdios, em Valladolid (a etapa acabou em Salamanca) – a partir das moto-reportagem e de um héli. Nas deste via-se uma mancha vermelha na cabeça do pelotão – este ano há muitas equipas que escolheram o vermelho para os equipamentos – mas, nas obtidas pelas motos percebia-se perfeitamente que era o Benfica que impunha o ritmo – viria a anular a fuga, como era de esperar – e o pivot da emissão lá debitava «os homens da Relax-GAM comandam a perseguição…»
Ok… também equipam de vermelho, mas nas imagens até dava para ver a cor dos olhos dos corredores, melhor ainda as letras estampadas nos equipamentos.

Fuga anulada, o pelotão entra compacto em Salamanca. O Benfica continua na frente e o pivot… «os portugueses do Boavista preparam a chegada para uma possível vitória do seu sprinter».

Irra! Que o homem nem ler sabia, porque se dizia os nomes certos, com os dorsais certos era porque estava a ler a lista de inscritos… A não ser que o erro – e aqui seria ainda mais grave – não fosse dele mas da organização que teria trocado os nomes de Benfica pelo de Boavista!...

Mas pronto, a estória que queria contar era esta.
Ah!, num sprint muito renhido, Francisco Ventoso (Saunier Duval) ganhou a etapa, com Javier Benitez a conseguir um bom segundo lugar para o… Benfica, claro.
Os portugueses vinham muito bem na fase final mas o último homem que deveria rebocar Benitez até à recta da meta – não deu para perceber quem era – abriu um pouco cedo de mais, à entrada da última curva que antecedia a recta final o que não aconteceu com Ventoso cujo lançador o deixou já a meio dessa recta. Um pouco mais de treino – porque é uma situação de corrida que requer uma enorme mecanização – e Orlando Rodrigues conseguirá olear o comboio vermelho para dar a Benitez as condições ideais.

Em Portugal, e nos últimos anos, só uma equipa fazia isto muito bem, a Liberty, com David Garcia e Pedro Lopes a colocarem Cândido Barbosa em condições de ganhar, o que ele aproveitou dezenas de vezes. O algarvio está agora no Benfica – mas não está em Castela – e Sérgio Ribeiro, também ele muito rápido nos finais, poderá vir a fazer o papel de David Garcia

Sérgio Paulinho (Discovery Channel) terá mantido, pelo que disseram no Canal 29, o décimo posto na geral individual que continua a ser liderada pelo russo Vladimir Karpets, da Caisse d’Épargne.

sexta-feira, março 23, 2007

454.ª etapa


“CARNE PARA CANHÃO” E OUTROS MAL-ENTENDIDOS

Recebi – e agradeço, sem esconder a satisfação que sinto –, em resposta à “etapa 361”, duas mensagens assinadas com o nome de Marina Albino.
Começa a Sr.ª D.ª Marina Albino por dizer que, cito, “por razões profissionais, tive conhecimento do seu [meu] “blog”, sublinhando a seguir que vê ciclismo … “ há quase 40 anos”.

Inclino-me, respeitosamente, ante quem, sem dúvida, saberá mais da matéria do que eu. Por isso continuei a lê-la.

Honestamente, confessa que são mais os artigos por mim aqui postos de que não gosta do que aqueles que gosta. Respeito. Fui educado de forma a respeitar a opinião dos outros. Mais, sei que me exponho de forma a que muitos poucos têm a coragem de se expor. E sei quais as consequências que disso tirarei.

Mas vamos ao que interessa.
Recupera a Sr.ª D.ª Marina Albino a história da insana tendência que leva a que se tente cruxificar o “mensageiro” quando a notícia não agrada. É como a Senhora deve ter percebido, um mero extrapolamento, “colando-o” a conhecido exemplo histórico.
E a Sr.ª D. Marina Albino – de quem não faço a menor ideia de quem seja – aventura-se depois disto por fechar os olhos e atirar no escuro sem se preocupar com o alvo.

Ok… como me escreveu a mim, presumo que seja eu.
Por isso não fica sem resposta.

Se leu no que escrevi algo parecido a uma “defesa dos meus pares” parte, claramente em desvantagem, porque está errada. Posso ter muitos defeitos – e tenho-os – mas corporativista não sou.

Mas o seu “reparo” é tão vazio de credibilidade que não resisto em questioná-lo.

Cito: “O mensageiro – [nota minha] leia-se… jornalista – tem pelos seus estatutos profissionais a obrigação de se informar e esclarecer, utilizando a linguagem correcta e apropriada [minha nota: passe o pleonasmo], sob pena de escolher palavras sensacionalistas que o jornalismo sério não utiliza”. Fim de citação.

Embora deslocada no que ao artigo diz respeito, não me é difícil identificar onde quis chegar. Não serei eu a encolher-me e a resposta vem a seguir.

Refere-se a Sr.ª D.ª Marina Albino à estória da notícia sobre dois corredores da DUJA-Tavira que, após controlo de saúde patrocinado pela União Ciclista Internacional, foram dados como inaptos para prosseguirem em prova. No caso concreto, na Volta ao Algarve.

Começou a Sr.ª D.ª Marina Albino por dizer que tomara conhecimento do meu Blog por… questões profissionais. Ignoro – é essa a minha desvantagem – a que profissão se refere.

Jornalista não é… que eu conheço quase todos os que seguem o ciclismo. Se vem de outra área, permita-me, com todo o respeito, que questione a sua autoridade para julgar questões meramente jornalísticas.

SE… e sublinho pela segunda vez… SE se refere apenas a questões jornalísticas… não lhe reconheço qualquer espécie de autoridade. E assumo isto.
Se aparece aqui – profissionalmente…? – com outros intuitos, é meu dever, em nome de uma sã convivência entre todas as partes, dizer-lhe, já, agora, que não sabe o que está a dizer.

Mas prossigamos, que eu não deixo uma tentativa de querela sem resposta.

A Senhora está, é evidente, a referir-se a A BOLA.
Ora, A BOLA nunca foi sencionalista e prove, se for capaz disso, que não se pratica nesta instituição um jornalismo sério.

Não há, prosseguindo, “infelicidade” (citei) nas palavras.
Como, provavelmente, de jornais sabe pouco, eu ajudo…
Quando uma equipa, seja do Departamento Médico da UCI, seja do português CNAD, aparece de surpresa a fazer testes… não é para estarem entretidos durante meia hora. É, anote aí, s.f.f., para “apanhar” alguém que tenha… “pisado o risco”.

Logo, e se era ao título da peça que se referia, APANHADOS foi um título excepcional. Informativo e, porque nós, os jornalistas, não temos que prestar vassalagem a quem quer que seja… acusativo. Sim.

APANHADOS. Sim.
Se o seu problema era o título, ficou explicado?


Agora, se quiser explanar-se sobre o artigo, não há nele uma vírgula que não seja verdade. O jornalista em causa ficou-se pela notícia. Não tem por onde lhe pegar. Não houve juízos de causa, não houve ponta de opinião. Foi notícia pura… mesmo que dura.

Não houve, e volto a citar: “infelicidade das palavras”.
Quando a autoridade, legitimada para esse efeito, procura… “apanhar”, sim, que não há alternativa, e “apanha”… que queria a Sr.ª D.ª Marina Albino de mais puro pragmatismo que um… APANHADOS?

Não tem nada a ver com, cito outra vez, “leitores àvidos de escândalos”… peço desculpa, mas tem uma ideia totalmente desenquadrada daquilo que A BOLA pratica.

Entretanto, subscrevo a sua opinião de que a equipa, de facto, não soube gerir a sua imagem. E era tão fácil… Tão fácil como 90% dos “jornalistas” não saberem os regulamentos e puderem ser manipulados. Tiveram azar. Havia um que conhecia de trás para a frente os ditos regulamentos.

.....

Mas a Sr.ª D.ª Marina Albino deixou-me outra mensagem
Nesta deixou a descoberto que, de facto, está muito mais por dentro do que é o Ciclismo português actual do que na anterior – onde li interesses escondidos.

Eu, apesar de todos os esforços que vou tentando, ainda não consigo PROVAR coisas que a Sr.ª D. Marina Albino deixa como consumação de factos reais…
Dando-lhe a minha palavra de honra em como, e usando a prerrogativa que me é dada pelo facto de ser Jornalista Profissional, estou legalmente defendido em relação à protecção das minhas fontes… se sabe, de facto, de casos semelhantes aos que insinuou… entre em contacto comigo. Sabe como.

453.ª etapa


Em resposta ao artigo anterior

Em primeiro lugar, não quero esconder o quanto sensibilizado fiquei por, nas respostas ao artigo anterior ter merecido comentários de duas pessoas que muito estimo. Verdadeiras conhecedoras do Ciclismo em Portugal. O Manuel Amaro e o Paulo Couto. Sem menosprezar aqui o meu caríssimo Paulo Sousa, que admiro tanto quanto os demais.

Eu limitei-me a ir à página oficial da FPC e consultar a classificação da Taça de Portugal… SUB-23. Está lá perfeitamente explícito. E depois manifestei aqui a minha estranheza.
Aproveitei para tentar reforçar uma opinião que há alguns meses atrás deixei. É verdade. Mas o essencial resume-se a isto, e tomo como correcta a designação da competição que vem no próprio site da FPC: Taça de Portugal para… SUB-23.

E achei curioso, nada mais do que isso, que a Taça de Portugal para… SUB-23, seja liderada por um corredor da categoria Elite. E tentei explicar-me recorrendo a exemplos do futebol…

Lendo, tanto o que o Manuel Amaro, como o Paulo Couto escreveram… creio que não restam dúvidas. A contribuição do Paulo Couto é de importância extrema. Embora me suscite ainda algumas dúvidas.

Diz o Manuel Amaro que só pode ser um erro administrativo o facto de um corredor da categoria Elite liderar a Taça de Portugal de… SUB-23. Claro que só pode.

Chama o Paulo Couto a minha atenção para o facto de, desde há dois anos se vir a tentar “emendar” a designação das equipas, deixando estas de ser de sub-23 para passarem a ser… Equipas de Clube-sub-23 e elites.

De facto, a figura de equipas de clube está contemplada nos regulamentos da FPC. Para mim – e não me advogo dono da verdade absoluta, nunca tal o fiz – começa aqui a “embrulhada”.

É que há, tem que haver, a categoria de sub-23… e eu ando a clamar, há meses, pelo reconhecimento da categoria que falta no organograma do nosso ciclismo a de Elites. Que sejam inscritos pelo mesmo clube… ora, caramba!, isso não é nada de mais.

O Sport Lisboa e Benfica inscreveu este ano duas equipas… uma no escalão de sub-23… outra como Profissional Continental UCI.

O que depreendi – e já calculava que assim fosse – é que há equipas que ao inscreverem-se como de sub-23, juntando-lhe dois ou três elementos já abrangidos pela categoria Elite. Também não vejo que daqui venha grande mal ao Mundo.
Se houvesse competição claramente destinada a esta categoria de Elite.

Não há. Não há volta a dar-lhe… não há. E numa coisa chamada Taça de Portugal de… SUB-23 correm as equipas que se inscreveram nesse escalão, mas que contam, com corredores mais velhos. Elite, portanto. E que correm junto com os outros. E que ganham. Ganham, de tal forma que é um corredor Elite que comanda a Taça de Portugal… SUB-23.

Até aqui, creio que não poderão subsistir dúvidas.
O que eu denunciei foi que a Taça de Portugal de… SUB-23 é liderada por um corredor… Elite. Não pode ser rebatido, por mais argumentos que se apresentem.

É erro administrativo, como diz o Manuel Amaro? De certeza que sim.
Devíamos chamar… “amadores” a todos, como defende o Paulo Couto? Sim. E, em vez de deixarmos de ter a categoria de Elites… passávamos a não ter a de sub-23?
É que são duas categorias etárias diferentes. Não estão ao dispôr de qualquer boa vontade de quem quer que seja…

Mas eu sei o que se passa. Não me tomem por completamente parvo. Com oito sub-23 e dois Elites… inscrevem-se equipas como… sub-23. E ninguém vê isto, e quem vê prefere não ver e quem não sabe fala como habitualmente. Como se percebesse.

Mas também o amigo Paulo Sousa tentou ajudar com um depoimento. Estás certo em quase tudo, Paulo. Aliás, como conhecedor que és da realidade velocipédica nacional.

Escapou-te um ou outro pormenor. Nada de grave. Mas, já agora e porque foste tu a puxar o assunto… as Equipas ProTour NÃO podem ter corredores amadores. Todos os seus inscritos são profissionais. Tenham 30, 25, 23, 21 ou 18 anos. E, enquanto profissionais, não podem correr provas para amadores.
Aquilo de que tu falas… de neo-profissional, ér apenas uma questão de português (língua portuguesa). Se uma equipa, mesmo portuguesa, claro, inscreve um corredor como profissional quando ele ainda tem 19 anos, por exemplo – e isto não é um estatuto, é apenas uma forma de o designar, usado, principalmente, pela CS – diz-se dele que é neo-profissional. No ano seguinte terá apenas 20 anos mas já está a cumprir a segunda temporada como profissional, pelo que o prefixo “neo” cai. Naturalmente.

Para finalizar… nenhum dos meus caros interlocutores o disse, mas eu fiquei com a sensação de que não estou ERRADO DE TODO.

Falta, falta mesmo uma categoria intermédia, entre o final do ciclo de formação – que vai até aos sub-23 – e a entrada no profissionalismo, no pelotão português.

Ainda que por portas travessas, e num caso que nada tinha a ver com esta discussão particular, descobri que, afinal de contas, não estou sozinho nesta cruzada.

Obrigado a todos vocês que puderam gastar um pouco do vosso tempo para participar neste bocadinho de discussão. Sem vocês, o VeloLuso não faria sentido. Bem hajam.

quinta-feira, março 22, 2007

452.ª etapa


CONTINUEMOS, ENTÃO,
A ASSOBIAR PARA O AR...

(Duas horas depois de ter escrito este artigo, volto aqui porque ele enferma de uma inverdade. Em vez de ranking, queiram, por favor, ler... Taça de Portugal de SUB-23. Como acho que isso não colide em nada com a minha opinião, mantenho o texto antes escrito, sem qualquer alteração.)
Há algumas semanas (já mais do que isso), deixei aqui, neste mesmo espaço, uma (longa, confesso) leitura daquele que eu, pessoalmente, acho, deveria ser o caminho mais certo para o Ciclismo português.

Recordo: reduzir ao mínimo (que significa, termos 4 ou 5 equipas profissionais) o pelotão reconhecidamente profissional; tentar oferecer aos sub-23 um calendário condigno e... entre as duas categorias, criar, em definitivo e sem peneiras - não, não é vaidades, é mesmo aquele artefactozinho que servia para separar a farinha do farelo - que, todos sabemos, por ter um fundo de rede... não tapa o Sol.

É preciso avançarmos para a institucionalização da categoria Elite. Fazer com que haja equipas Elite. Ainda que à custa, mesmo compulsiva, da "despromoção" de algumas das "profissionais" que hoje existem. Basta à Federação "carregar" nas obrigações a cumprir.

Porque, os jovens corredores, atingida a idade com a qual podem correr no escalão sub-23, precisam - mesmo - de um período de adaptação antes de entrarem no profissionalismo.

Mas há mais. Na originalidade - este termo, em português corrente deve ler-se: desenrascanso - do nosso ciclismo, confunde-se (será propositadamente?) Equipas de Clube, aquelas que deveriam preencher o escalão de Elites, com equipas de sub-23.

Os mais novos, dos que me estão a ler, não perceberão o que a seguir vou escrever. Peço desculpa por isso, mas é o melhor exemplo que posso, de momento, encontrar. Ao contrário, os dirigentes do nosso Ciclismo perceberão perfeitamente.

Há 30 anos atrás, no futebol, havia uma coisa chamada... Reservas. E havia competição para esse escalão que albergava, por um lado, os jovens que deixavam de poder jogar pelos júniores (estou a falar de futebol) mas que ainda não tinham lugar nas equipas principais. Mais... acolhiam os jogadores que, pela idade, já não rendiam aquilo que era exigível na "primeira" equipa. Era desta mescla de juventude e veterania que se sustentava a chamada "reserva". Que, por definição, era sempre aonde se ia buscar, episodicamente, algum jogador para completar o quadro da equipa principal, por castigos e/ou lesões dos seus elementos-base.

No futebol acabou-se com isso. Começou, ou retomou-se a ideia há uns anos atrás com a criação das "equipas-satélite" e, mais tarde ainda, com as Equipas B. Falhou.

Falhou no futebol porque era a mesma entidade que tinha que suportar as duas equipas.

O que eu defendo, no ciclismo, é mesmo um escalão Elite. Que pode até ser ocupado com equipas dos actuais clubes de sub-23... que nele teriam a vantagem de poderem valorizar (ainda mais) alguns jovens que depois despertariam a cobiça das equipas maiores - e aqui devia ficar previsto um qualquer artigo, à imagem do futebol, que fizesse com que o comprador indemnizasse a tal equipa pela formação do atleta - e mantendo em competição corredores com, mais ou menos, a mesma idade. Onde, naturalmente, os corredores com mais de 32/33 anos, que deixavam de "caber" nas equipas profissionais, pudessem, ainda assim, continuar a correr.

Isto parece-me, a mim, tão claro que não vejo como é que não pode estar já a ser uma realidade.

O que choca - realmente choca - é que, neste momento, porque nada do que atrás escrevi é realidade, o líder do ranking nacional, na categoria sub-23 seja um atleta que já não tem idade para ser sub-23. Aliás, na sua equipa, o CC Sintra, está federado como... Elite. Categoria que não existe.

De Elite são todos os corredores com mais de 23 anos. Poderiam ser Profissionais ou não-amadores, mas esta última hipótese está coartada nos regulamentos.

O Mário Figueiredo não tem culpa nenhuma disto. Nem a sua equipa.

Se for mesmo necessário encontrar culpados... moram na Rua de Campolide.

Porque os regulamentos exageram no que é hibrído. As equipas de sub-23 (imaginem uma equipa de fuebol de juniores) podem inscrever corredores Elite e isto de ser corredor Elite pode ir até aos 46 anos.

Imaginam uma equipa júnior de futebol a fazer alinhar jogadores com 40 anos? Claro que não!

E o que é que acontece? Os melhor sub-23 estão, neste momento, em lugares secundários no ranking porque o primeiro lugar é ocupado por um atleta que já não cabe no seu escalão.

Imaginem um miúdo, júnior (no futebol) que leva 40 golos marcados, mas que é o segundo da tabela atrás do... Rui Costa!

terça-feira, março 20, 2007

451.ª etapa


E TERMINO COM UM B... DE BONITA!

Terminou a 2.ª edição da Volta ao Distrito de Santarém – eu sei que este balanço já sai tarde, mas outras preocupações pautam a minha agenda, paciência. Venceu mais um estrangeiro. Não foi um corredor qualquer e, apesar de todo o respeito que me merece essa jovem promessa que dá pelo nome de Lars Boom… perder para Robert Hunter, numa corrida que teve três chagadas ao sprint, não é demérito nenhum.

Aliás, as formações portuguesas ganharam três das etapas. Todas por corredores estrangeiros, é verdade, mas não esqueçamos que o que conta é o nome da equipa.

O Benfica, numa corrida com estas características, esteve bem. Ganhou duas etapas e Javier Benitez ganhou a confiança de que precisava. A terceira vitória foi para o surpreendente Martin Garrido, da DUJA-Tavira.

· Já agora, deixo aqui uma explicação que os meus caros companheiros da comunicação inscrita não devem relevar.
· Durante anos houve no pelotão uma equipa que era patrocinada pela Organização Nacional dos Cegos de Espanha – ONCE, está bem de ver. Esta designação sempre foi respeitada. Era uma sigla que juntava as iniciais do patrocinador;
· Então, façam o favor de anotar: o patrocinador principal do Tavira é a empresa Desarrollos Urbanisticos Jimenez Alvarez.
· DUJA, não tem que saber. Aliás, é assim, em maiúsculas que está escrito nas camisolas. O nome da equipa é DUJA-Tavira.

Mas passemos à frente.
Foram apenas quatro etapas, sempre condicionadas pelo facto de uma delas ser um contra-relógio individual e apenas na primeira se consentiu uma fuga que ultrapassou o quarto de hora de avanço. Ou quase.

E houve equipas, a Riberalves-Boavista, por exemplo, que soube disso tirar proveitos. Venceu o prémio da Montanha. Parabéns ao Célio Sousa que tem vindo a ser um dos corredores mais regulares nas últimas temporadas mas, limitado ao papel de operário, poucas oportunidades tem tido de dar nas vistas.
Já agora, e para encerrar o capítulo dos parabéns… que bem esteve o Ricardo Martins (Fercase-Rota dos Móveis) no crono… Quem haveria de dizer?

E volto a chamar a atenção para o que escrevi há alguns meses atrás. Os jovens que completam o seu tirocínio no escalão sub-23 deveriam ter uma oportunidade – em equipas de clube, na categoria de Elites – para sublinharem todas as suas qualidades.
Como o nosso ciclismo está organizado (?), os melhores – como o foi Ricardo Martins, nos sub-23, onde chegou a campeão nacional – são contratados porque ainda são baratos e são-no para servirem de carne para canhão. Sem uma oportunidade.

Dou só um outro exemplo: Hugo Sabido. Reduzido a co-equipier, pese embora – e isso eu sei-o – com a oportunidade de correr livre uma ou outra corrida… não convenceu o seu patrão de então. E saiu. E fez uma escolha estranha. Foi para uma equipa de segundo plano. Ganhou a Volta ao Algarve nesse ano.

O que eu escrevi não o fiz por acaso. E serviria para que as equipas profissionais fossem buscar jovens, nem para preencherem o plantel, nem para os reduzir a trabalhadores para os estabelecidos chefes-de-fila.

E, tal como o Hugo viria a mostrar que o seu papel não pode ser o de mero co-equipier, também o Ricardo o há-de fazer.

De resto, e cingindo-me apenas aos factos, temos que na geral final, apesar de tudo, ficaram, no top-10, cinco corredores de formações nacionais. Nos primeiros 25 ficaram apenas mais três. Destes oito, apenas três foram portugueses. Mas eu não faço distinções. Corredor de equipa portuguesa tem o mesmo peso que um luso nascido.

Foi bom? Foi mau?
Não… foi mesmo assim-assim.

O que primeiro ressalta destes resultados – bem como dos da Volta ao Algarve – é que, em corredores que se iniciam em competição ao mesmo tempo, os portugueses saem sempre a perder. A descodificação deste problema é óbvia. As pré-temporadas são o que marca a diferença. E o que mais me irrita é que não há, em todo o pelotão internacional, corredores com férias maiores do que as dos portugueses.
E aqui entra um outro dado. Como é possível que não haja, já em Março, corredores com um pico de forma acima da dos demais? Eu sei a resposta.

O objectivo de todas as equipas portuguesas – incluindo o Benfica – é o mesmo e só aparecerá lá para Agosto. O primeiro pico de forma de alguns dos seus corredores não será visível antes de Maio. Para depois puderem ter um tempo de relaxamento e reiniciarem os trabalhos a fundo para estarem a top em Agosto.

Com os plantéis de 10 corredores… esperamos o quê?

Aqui creio que os organizadores poderiam – porque o interesse também é deles – dar uma mãozinha. Por exemplo, em colaboração com o patrocinador principal, na Volta a Santarém, pois então, subirem consideravelmente os prémios em jogo. Eu sei que os prémios estão tabelados. Mas também sei que há uma abertura que podia ser usada, que seria a dos prémios particulares.

Mais prémios em jogo – e não os interpretemos mal porque são profissionais – seria maior ainda a sua disponibilidade para darem espectáculo. É apenas mais uma ideia que aqui deixo.

Mas, ao fim de tantas linhas já escritas, sei que esperam pelo meu veredicto. Ok. Não, não acho que a prestação das equipas portuguesas tenha sido mau. Antes pelo contrário.

A Barloworld demonstrou estar melhor preparada que as demais. É verdade. Mas a Barloworld procura outros objectivos. Apesar de equipa Continental Profissional aspira a um lugar numa das Três Grandes. E fez um trabalho magnífico.

Onde se notou – mais ainda do que na geral individual – a maior diferença de preparação entre as equipas nacionais e as estrangeiras foi na classificação colectiva.
A Barloworld ganhou, em segundo lugar ficou a equipa de “esperanças” da Rabobank, mas em terceiro ficou a DUJA-Tavira. A segunda melhor portuguesa foi a LA-MSS-Maia, em 8.º lugar. E o Benfica foi apenas 12.º.

Uma palavra para a formação algarvia.
Já o ano passado, na Volta, fez uma corrida extraordinária. A recente Volta ao Algarve sofreu um percalço. Percalço esse que deixou a claro a incapacidade de os seus responsáveis lidarem com situações do género.

O que aconteceu à DUJA-Tavira podia ter acontecido a qualquer outra. O mal, no que aconteceu, foi a falta de tacto com que os seus responsáveis lidaram com a situação. Eu sei que, explicadinho… quatro quintos dos jornalistas presentes não iam perceber. Mas era tão fácil de explicar.
Infelizmente recorreram a métodos que só a eles lhes ficam mal.
Não é nunca o mensageiro o culpado pelas notícias que traz. Mas passemos à frente.

O Benfica, apesar de tudo, levou o primeiro lugar da classificação por pontos e, como já referi, Célio Sousa venceu a Montanha. Numa corrida de quatro dias não é fácil emendar erros cometidos logo no primeiro. Que lhes sirva de lição.

Resumindo: voltou a ser uma corrida interessantíssima, acho que o actual figurino é para manter e espero, sinceramente, que para o ano as formações portuguesas já consigam dar um pouco mais de luta. O ano passado só ganhámos uma etapa. Este ano vencemos três… Afinal, parece que não estamos tão mal quanto isso.

Só mais uma coisa…
E, sinceramente, não sei como – senão ajudava – mas é preciso levar o ciclismo até às populações. Situações como a do contra-relógio de Alpiarça (no sábado fui lá ver) não podem acontecer.
Em Portugal não podemos continuar a tirar as corridas dos locais onde há público para não chatear as autarquias com cortes de ruas (ainda por cima a um fim-de-semana). Como em tudo na vida, quando todos se calam, tem de haver alguém que erga a voz e diga… mando eu! E eu quero que seja assim…

segunda-feira, março 19, 2007

450.ª etapa


... PERO QUE LAS HAY, HAY!...

(Começo com um pedido de desculpa. Hoje [ontem], apesar de ter ficado preso em casa, não tive oportunidade de completar o trabalho sobre a Volta ao Distrito de Santarém. Problemas de ordem meramente pessoal.)

Não tive tempo para escrever sobre aquele tema, e não o faço agora que não tenho as informações necessárias (nem tempo, que já é tarde), mas há uma coisa que, depois de ter lido meia dúzia de sites já trazia artilhada e não quero guardar por mais tempo.

Peço a atenção de todos os (verdadeiros) amantes do Ciclismo para este pequeno pormenor que, aparentemente, passou completamente ao lado de todos:

A Operación Puerto arrastou-se durante mais de meia dúzia de meses; enquanto os implicados eram só ciclistas... arrastou-se;

há cerca de dois meses atrás - e depois de veladas denúncias - veio a público que vários (quantos?) clubes de futebol também estariam implicados, que mais não fosse porque alguns (quantos?) jogadores de primeiro plano estariam nas listas do dr. Fuentes;

... tal como alguns tenistas... e, vá lá saber-se quem mais;

Volto atrás... enquanto a coisa só implicava ciclistas, a OP ainda se foi arrastando, metido nisto outras modalidades, ou, refraseando... metido nisto o futebol, num piscar de olhos o processo é arquivado.

Continuem, pois, os adeptos do Ciclismo a perorar contra as fraquezas do sistema judicial espanhol; continuem a alimentar suspeitas em relação ao Ciclismo e a lançar gasolina na fogueira que teima em queimar a modalidade.

O maior cego - sempre se disse - é mesmo aquele que não quer ver...

sábado, março 17, 2007

449.ª etapa


B... DE BRAVO! PARA A DUJA-TAVIRA
... E TAMBÉM PARA RICARDO MARTINS

O que aconteceu
Confesso que, a acertar em cheio, preferia que fosse no Euromilhões, mas assumo que, se não na generalidade, pelo menos na especialidade falharam as minhas previsões para o primeiro contra-relógio da temporada. Mas não falharam assim tanto.

Como só olhara para o primeiro quinto da classificação geral, deixei escapar o Martin Garrido. O Argentino, lembram-se?, foi 2.º no crono da Volta’2006. Em relação a Robert Hunter… deixei lá as reticências. E o sul-africano defendeu-se – foi segundo – mesmo muito bem no crono. E Lars Boom voltou a estar muito bem.

Por outro lado, para somar dez corredores de equipas portuguesas tive que descer até à 31.ª posição na etapa e preciso do 32.º para assinalar os primeiros… cinco portugueses.

No primeiro caso, aplauso para os algarvios da DUJA-Tavira que, naquele grupo, mete três: Garrido (1.º), Nélson Vitorino (30.º) e David Blanco (31.º), mais o 32.º, que foi Cláudio Apolo, o 5.º português. De equipas lusas, porque Hugo Sabido (Barloworld) foi, de facto, o 2.º melhor português do dia.

O melhor foi o jovem Ricardo Martins, o Biscaia – desculpa a familiaridade Ricardo! -, da Fercase-Rota dos Móveis, 9.º, na meta.
José Azevedo foi apenas o 3.º português (20.º, a 20 segundos de Martin Garrido). Os outros já os citei.

Palmas, portanto, para a DUJA-Tavira que, de entre as formações domésticas foi a mais consistente, com quatro corredores nos primeiros 32.
Exactamente!… Trinta e dois.
Se isto não chegar para sensibilizar as organizações para a necessidade de termos mais cronos nas nossas provas… que mais será preciso?

O que pode acontecer?
Com o segundo lugar no crono, Robert Hunter ganhou seis segundos em relação ao segundo classificado na geral individual. Era o benfiquista Javier Benitez (a sete), passou a ser Martin Garrido, outro sprinter. Complicaram-se as coisas para as equipas portuguesas.

Aliás, complicadas já elas eram… e a única maneira que havia de inverter o cenário teria sido a de alguém ter desalojado Hunter do primeiro lugar. Agora, e com uma vantagem mais ou menos confortável, a Barloworld dificilmente deixará escapar o triunfo final. Lembram-se do que aconteceu na segunda etapa? Pois amanhã, e antes ainda de permitir que alguma fuga pegue, a formação sul-africana não vai deixar de tentar levar Hunter a alargar a sua vantagem na(s) primeira(s) metas volantes do dia. Conseguido isso… bem, com tanta gente que ainda não ganhou nada não será difícil aparecer um grupeto em fuga, com corredores que não ameaçam a vitória anunciada e não esperem que a Barloworld faça mais do que deixar correr o marfim.

É aqui que residirá a grande dor de cabeça, principalmente para Vidal Fitas, o técnico da DUJA-Tavira. Optar por comandar a corrida nos primeiros quilómetros, e levar Garrido a tentar recortar o atraso que tem nas metas volantes não dá garantias nenhumas. Garrido não terá autorização para sair do grande grupo e, com este junto… Hunter será a sombra do argentino.

Deixar que uma fuga aconteça logo no início também não é solução. O que acontecer e ponha minimamente em risco a liderança de Hunter… é fatal para os algarvios. O que é que sobra?
E em caso de uma fuga que possa por em risco o actual alinhamento da geral? – hipótese mais do que remota, convenhamos – que fará a DUJA? Não pode ajudar a Barloworld, porque Hunter está à frente de Garrido…

E as outras equipas?
Bem, como as equipas dos dois primeiros classificados não poderão, nunca, ser aliadas porque as separam o mesmo objectivo… quem é que poderia beneficiar com isso?

A Rabobank.3 tem Lars Boom a pouco mais de 30 segundos… e depois?
Os corredores – ou a maioria dos corredores - que ocupam os primeiros 15/20 lugares não terão ordem para por pé em ramo verde e depois há ainda o facto das parelhas em termos de tempo, neste caso, de atraso em relação a Robert Hunter.

Qualquer hipotética aliança entre equipas portuguesas para tentar destronar o actual líder envolveria, quase sem possibilidade de escolha, cada um rebocar um potencial rival – porque de outra forma não haveria colaboração.
Eu gostava que assim acontecesse…
… mas, francamente, e dada a demonstração de força que a Barloworld já evidenciou, a mim parece-me que a vitória está entregue.

Volto a destacar, por o mereceram, as prestações da DUJA-Tavira, a melhor equipa portuguesa na etapa; e para o Ricardo Martins, ontem, o melhor português.

sexta-feira, março 16, 2007

448.ª etapa


AINDA SOB O SIGNO DO B,
AGORA DE... BARLOWORLD

A segunda etapa da Volta ao Distrito de Santarém, que – creio eu – ninguém acreditava pudesse mudar grande coisa em relação ao desfecho final, revelou apenas que, para além do Benfica, só a Barloworld parece disposta a “investir” na vitória. Tomando como “investir” o correr alguns riscos.

Javier Benitez não é (nunca poderia ser) candidato à vitória na cidade capital do Ribatejo mas os comandados de Orlando Rodrigues começaram a tirada mostrando que querem ser uma referência neste pelotão. O valenciano conseguiu mesmo, na Meta Volante do Tramagal, aumentar em um segundo a sua vantagem na geral, mas o facto de Robert Hunter ter discutido as bonificações deixou bem claro que a equipa sul-africana não facilitaria. Foi, pelo que percebi, a equipa portuguesa quem mais trabalhou para adiar a concretização da indispensável fuga diária. Percebe-se.
Percebe-se, principalmente depois daquela passagem pelo Tramagal…

Havia segundos, preciosos segundos, em disputa e o Benfica queria continuar dono da camisola amarela. Só que, na segunda passagem bonificada do dia a Barloworld não facilitou e, com o português Hugo Sabido, protegeu de forma irrepreensível a posição do seu sprinter que, voltando a ser segundo em Pernes, inverteu o perde&ganha do dia a seu favor, roubando um segundo a Benitez.

Que, contudo, continuou a merecer a confiança da equipa pois até o chefe-de-fila, José Azevedo, passou pela frente do pelotão, impondo o ritmo que mais interessava na altura.

Na chegada ao Cartaxo, Robert Hunter viria a superiorizar-se a Benitez que, e lendo a chegada apenas pela classificação, terá desistido cedo de mais. Ou houve ali qualquer coisa que eu, à distância, não posso saber.

De qualquer modo, pouco ou nada se alterou. Amanhã, no crono individual veremos quem é que pode, de facto, ganhar a corrida. Isto – e eu defendo esta teoria – se não ficar mesmo tudo decidido.

Temos dois cenários possíveis.
Primeiro: ganha o crono um corredor… menos provável. Não sei… o ano passado ganhou um Lars Boom sobre o qual poucas referências havia…
Segundo: ganha um corredor… previsível.
E aqui, teremos que subdividir as saídas possíveis.
Olhando a classificação – e tendo em conta que nem eu, nem a maioria dos portugueses tem um real conhecimento sobre todos aqueles corredores que estão a uma distância que poderá ser potenciada no crono – atenção ao que podem fazer, por exemplo, Hector Guerra (Liberty Seguros), Hugo Sabido (Barloworld) – ambos a apenas 20 segundos do primeiro lugar – ou Lars Boom (Rabobank.3), David Blanco (DUJA-Tavira) e… José Azevedo (Benfica), a 23 segundos de Hunter. Que não deve ser descartado só porque é, reconhecidamente, um finalizador. O crono é curto e eu não me admiraria por aí além se ele se defendesse a contento.

De qualquer modo, e até – repetindo-me – pelo facto de o Zé Azevedo não ter regateado o acto de vir à frente do pelotão para impôr o ritmo, creio que a hipótese mais segura é mesmo a de que o Benfica quer ganhar esta corrida. Falta saber, exactamente, quais os trunfos que as outras equipas nacionais, porque recuso aceitar que se demitam assim da corrida, podem ainda jogar.
E, por exemplo, a LA-MSS-Maia tem, com os mesmos 23 segundos de desvantagem para o primeiro lugar, um especialista, o alentejano – de Vila Viçosa – Edgar Anão.

Em nome do espectáculo… digamos que me agradaria muito se o vencedor, amanhã, não fosse um dos tais… previsível. Porque isso iria carregar de emoção a derradeira etapa. E aí sim, tudo ficaria entregue ao colectivo e cada uma das formações que quer mesmo ganhar esta corrida. É que as hipóteses podem ficar tão reduzidas que podem, inclusivé, acabar com algumas alianças no pelotão.
E aí, no último dia seria quase o… um contra (quase) todos.

quinta-feira, março 15, 2007

447.ª etapa


B... DE BENITEZ, B... DE BENFICA

E à terceira corrida, logo na etapa inaugural, o novo Benfica chegou à vitória. Javier Benitez – que, se não estou errado, tem o seu currículo de vitórias totalmente preenchido em solo luso –, o sprinter que Orlando Rodrigues escolheu, depois de ter andado um pouco eclipsado na Volta ao Algarve – onde, é preciso reconhecê-lo, esteve um lote de grandes finalizadores que dificilmente se repetirá – e de, na Volta à Comunidade Valenciana (correndo em casa) já, então sim, se ter mostrado, venceu hoje a primeira ronda da II Volta ao Distrito de Santarém, com chegada a Torres Novas.

Segui a etapa como pude, através do filme no sítio internet da corrida.

Foi, aliás tal como aconteceu o ano passado, uma das maiores, em quilómetros, etapas a que o pelotão nacional é obrigado e, tal como acontece em quase 98% das vezes, houve estrada e tempo suficiente para que se autorizasse uma fuga que chegou a raiar o quarto de hora de avanço, mas isto já não é novidade. Nem isso, nem a facilidade com que, depois, e havendo interesses conjugados no grande grupo, este acabe por pôr fim à aventura dos descendentes dos velhos gloriosos malucos das fugas impossíveis.

É claro que, sabendo-se, à nascença, que a fuga só acontece devido à permissão do pelotão, se perde alguma emotividade. Por outro lado, mostra a forma como cresceu, em termos tácticos, o ciclismo português. O velho toca-e-foge de há de 15 anos para trás já é história. Por mais diferentes que sejam as ambições das equipas, já se contabiliza como ganho o conseguir acertar na fuga certa – malgrado o esforço ter o seu quê de inglório, uma vez que nem há televisão para potenciar a publicidade nas camisolas – e, concretizada aquela, rola-se apenas (atenção que isto não é depreciativo, é assim o ciclismo moderno) com o intuito de poupar o mais possível o desgaste daqueles que, amanhã, talvez… ou no domingo, tentarão ser eles a acertarem na tal fuga do dia.

Entretanto, as equipas com pretensões, normalmente aquelas que têm nos seus quadros os melhores – nem que seja apenas na teoria – finalizadores, não regateiam, no início da programada recuperação, unir esforços, imprimindo à corrida uma velocidade a que os desgastados homens na fuga jamais poderão corresponder.
Depois, mas isso também vem nos livros, há uma certa desmobilização por parte das formações que só queriam mesmo era que a fuga fosse anulada, sobrando para as mais credenciadas as despesas finais.

É quando a parada em jogo sobe mais alto.

Assume-se, sem tremideiras, que se quer – ou que se pode – mesmo ganhar a etapa e isso acarreta a responsabilidade de não levantar o pé… correndo o risco de levar o inimigo à boleia. É o que fazem sempre as grandes equipas dos grandes finalizadores.

Para além do tal filme da etapa, já pude, também, ver as fotos disponibilizadas pela organização da corrida. E a leitura dos últimos quilómetros fica facilitada. Foi o Benfica que chamou a si as despesas nessa altura da corrida.

É preciso muita confiança no seu finalizador e… porque não?, alguma também. Jogou, arriscou o Orlando Rodrigues e Javier Benitez não o deixou ficar mal.

À terceira corrida, logo na etapa de abertura, o novo Benfica chegou à vitória.

Amanhã a história da etapa, adivinho-o, não será muito diferente. Esta corrida, porque tem um contra-relógio – recordo que já aqui defendi que, prova sim-prova não, deveriam os organizadores serem obrigados a incluir esta especialidade, mormente em corridas nas quais a montanha não pode fazer a diferença – deve ficar resolvida no sábado mas os encarnados não quererão deixar de fazer vincar a sua qualidade de única equipa lusa no escalão Continental Profissional.
No crono, Benitez não terá hipóteses e, malgrado conte nas suas fileiras com o campeão nacional em título, no que ao contra-relógio diz respeito, o Benfica não poderá contar com Hélder Miranda (mais de 16 minutos de atraso) para o relevo, em relação ao sprinter valenciano, mas tem… José Azevedo.

De qualquer dos modos, o que interessa é que, só amanhã é que se poderá começar a especular. A corrida está totalmente aberta – o que, com apenas uma etapa disputada não é sequer merecedor de destaque especial – e então, sim, poder-se-ão arriscar prognósticos.

segunda-feira, março 12, 2007

446.ª etapa


ALGARVE NA FRENTE, DÁ O EXEMPLO,
MAS HÁ COISAS A EMENDAR

Num curto espaço de três semanas apenas, a Associação de Ciclismo do Algarve pôs na estrada quatro provas. Uma para os sub-23, duas para o pelotão nacional e a primeira das corridas do Circuito Europeu da UCI que se realizam em Portugal.

Já aqui fui directamente questionado sobre se achava, ou não, que seria da responsabilidade das associações fazer corridas para profissionais (foram 3, aliás... quatro, que os sub-23 também vivem do ciclismo).

Nenhuma outra associação – nem com “empresas” criadas para “darem” o número de contribuinte – fará tanto. Nem este ano, nem nos que estão num passado recente.

Ok, o Algarve reúne condições excepcionais para a prática da modalidade, nesta época do ano.

Ok… o Algarve sustenta-se no turismo e, por esta altura, não é difícil conjugar os interesses do organizador e dos operadores turísticos. Está bem...
Só temos uma coisa a fazer. Continuar assim.

Para melhor… tudo bem; manter as coisas mais ou menos como estão… está bem… do mal o menor.

Entretanto, não se confirmaram os "receios" apontados a alguns responsáveis (?) por algumas das equipas que viriam correr a Volta ao Algarve. Como é que responsáveis (?) por algumas das equipas que habitualmente correm as grandes clássicas do Norte da Europa se queixavam de estradas que – está bem, somos pequeninos mas... – não eram, de facto, piores que aquelas por onde correm essas clássicas?

Mas passou a Volta ao Algarve e esses (seriam mesmo responsáveis?) representantes dessas equipas acabaram por não confirmar a
s queixas, nem ninguém procurou, recolhendo depoimentos na altura certa, rebater o que fora dito.

As estradas algarvias não estão más. Basta lá ir ver.
E já acolheram, como disse logo no início,
quatro provas este ano...

Não tenho testemunhos das corridas de abertura.
Na Volta ao Algarve, e como o não escondi, estive lá.
Não há estradas más e por isso não ouvi queixas.
Houve falhas primárias na Volta ao Algarve.
Eu sou o mais insuspeito de todos para o dizer. Ligam-me relações de amizade, de profunda amizade, com a organização.

Faltaram coisas básicas. Tão básicas como a sinalização do caminho entre a meta e a sala de Imprensa. Logo num ano em que a Volta ao Algarve teve metade da sala de Imprensa preenchida por jornalistas estrangeiros.

Há novos (?) – aqui abro um parentisis para dizer que há, pelo menos, três anos, que conheço essas sinaléticas… só através das corridas que passam na televisão. Dizia, há novos sinais que, como é costume, a Portugal chegam meia geração atrasados.
Sinalética essa que, embora a organização tivesse dela conhecimento, foi ignorada.
Não li nada em jornal nenhum.

Por outro lado – será que eu nasci para estar errado? – ouvi mil e uma críticas em relação a chegadas quando, honestamente, quem as fez foi porque não tinha outro assunto.

Já vi dezenas… dezenas, de chegadas cada uma pior do que a pior que vi este ano no Algarve onde, em consciência, não vi nada de anormal.

Se se marcam chegadas para as circunvalações. Sempre vazias de público… é porque se tira a corrida à população. Se se traçam as chegadas nos centros das cidades… é porque há rotundas.
Há rotundas até em aldeias onde só uma via transitável a atravessa.

O pelotão internacional está mais do que habituado a rotundas, a curvas apertadas… a quedas. Houve mosquitos por cordas em Tavira?... Há-os por todo o Mundo. Há sempre quem se julgue penalizado… por erros que só a si mesmos podem ser imputados.

Ainda por cima na Volta ao Algarve onde, apesar de só ter cinco etapas, tenho quase a certeza que quatro quintos das equipas passaram os cinco dias pelas mesmas estradas na ida e vinda para e de qualquer uma das etapas.

Mas volto atrás. As estradas algarvias eram más. Não aguentavam um pelotão de 200 corredores
Aguentaram e não houve nenhum problema. As chegadas seriam sempre as mesmas e aí é que aconteceram três ou quatro quedas… e ninguém desistiu da corrida por uma queda.

Entretanto… este último fim-de-semana aconteceu mais uma corrida no Algarve. Não estive lá mas já vi imagens. Por exemplo… vi que as bicicletas não levavam o obrigatório dístico com o número do dorsal do corredor que a monta. Outro erro grave, a ser emendado de mediato para o ano que vem.

E não li nenhum comentário a isto porque… os jornais nem foram lá.

445.ª etapa


HUGO SABIDO, QUARTO NA GERAL
E "REI DA MONTANHA", NO CABO

Excelente, o comportamento do português Hugo Sabido que terminou a Volta à Província do Cabo, na África do Sul (categoria 2.2) na 4.ª posição da geral individual e se sagrou rei dos trepadores com uma vantagem significativa, 82 contra 61 pontos, em relação ao seu companheiro de equipa Felix Cardenas, um trepador de méritos comprovados.

Aliás, o português venceu duas das três contagens para o prémio da montanha, na derradeira etapa, na qual cortou a meta incluído no pelotão (55.º).

Hugo Sabido andou quase sempre pelos lugares cimeiros, na geral, resultado, é evidente, das boas classificações que foi somando nas etapas.
No prólogo, um curto contra-relógio de apenas 5,5 km, Hugo foi quarto. Na primeira etapa em linha foi segundo, venceu uma das contagens para o prémio da montanha e ficou segundo na geral individual, a três segundos apenas do companheiro de equipa, Felix Cardenas; na segunda etapa foi 12.º na meta, venceu mais uma contagem para o prémio da montanha mas baixou para o 3.º posto na geral, ultrapassado por outro companheiro de equipa, Ryan Cox, que empurrou Cardenas para segundo; na terceira jornada, foi sexto na meta, defendeu a sua posição de rei da montanha ao ser segundo numa das contagens do dia e, com a Barloword imparável, desceu mais um lugar na geral com a entrada directa de Alexander Efinkim para o primeiro lugar. Os quatro primeiros classificados eram da Barloworld.
A quarta etapa era uma crono-escalada, curta, outra vez, com 5,5 e o português foi sétimo mantendo, contudo, o 4.º lugar na geral, posição em que terminaria depois de, no último dia, ter entrado incluído no pelotão principal.


Parabéns Hugo. Continuamos a confiar em ti.
(foto Cyclolusitano/Rosário Botelho)

sexta-feira, março 09, 2007

444.ª etapa

TAVIRENSES RECUPERAM LICENÇA

Acabo de ler, num site privado, que, tanto Samuel Caldeira como Daniel Petrov, corredores da DUJA-Tavira, cumpridos os 15 dias de afastamento regulamentares quando em situações idênticas às que lhes foram detectadas - um nível de hematócrito superior ao estabelecido - estão, de novo, aptos a correr. Ainda bem.

Estas situações, e para os menos esclarecidos, acontecem mais amiúde do que o suposto e, nós, portugueses, NUNCA deveremos esquecer a arbitrariedade cometida com Nuno Ribeiro, há dois anos quando, numa situação em tudo semelhante, foi liminarmente despedido pela sua equipa, então a espanhola Liberty Seguros. Feitos os tais contra-exames, 15 dias depois, como, repito, está bem claro nos regulamentos, o Nuno foi ilibado de quaisquer responsabilidades… mas ficou sem equipa.

Na última Volta ao Algarve aconteceu o mesmo com aqueles dois jovens corredores da DUJA-Tavira. Todos os jornais o noticiaram mas, por infelicidade ou desgraça, apenas um preencheu o resto da página que sobrava do texto – que foi meramente informativo, e onde se ressalvava o que veio a acontecer: 15 dias de suspensão da licença (esteve mal quem escreveu que tinham sido expulsos da corrida), novas análises e, em caso de negativo, a imediata devolução das licenças – com duas fotos desproporcionadas em relação à notícia.

Aconteceram, entretanto, duas coisas que não vão passar em claro pois eu tenho (e orgulho-me disso) memória de elefante.

Primeiro, esvaziaram alguns responsáveis da equipa o facto de que nem todos os jornalistas são “pés de microfone” ou se limitam a escrever o que se lhe diz, porque de mais não são capazes.

Nem que seja apenas por respeito ao número de anos que alguns de nós (jornalistas) já levamos de ciclismo, deveriam aceitar, sem pestanejar, que, quem gosta realmente do que faz, procura estar informado. E conhecer os regulamentos faz parte do estar informado.

Não aconteceu comigo, mas, tal como o companheiro em causa, também eu sei, desde as medidas que os rectângulos de publicidade nas camisolas devem ter, até à distância em que o risco atrás do qual os fotógrafos podem estar, numa chegada, passando, naturalmente, pelas sanções neste género de situações.

E, entendam isto apenas como (mais) uma tentativa de explicar que o “aparato” todo não se ficou a dever ao jornalista no terreno.

O que me doeu fundo, ainda por cima, vindo de onde veio, foi a reacção e senti-a como se a mim tivese sido dirigida. Porque, com uma certeza a rondar os 99%, se não tivesse sido ele a escrever aquela notícia – repito-me, 100% informativa, sem quaisquer juizos de causa – teria sido eu. Que só lá não estive em pleno, todos os dias, porque, como é do conhecimento dos responsáveis pela equipa, me encontro, por motivos de saúde, afastado do jornal.

Cumpriu-se aquilo que o jornalista escreveu. 15 dias depois, os corredores seriam sujeitos a novos exames e, caindo estes dentro dos parâmetros estabelecidos, era-lhes devolvida a licença e poderiam, como podem, voltar ao pelotão. Ainda bem que assim aconteceu. Digo eu.

Nada, contudo, apaga a vergonha do cartaz que apareceu na estrada a insultar o jornalista. Do qual estou certo porque vi fotografias.

E nada me convencerá que algum simples adepto que, de certeza, nem conhece os regulamentos, se tenha saído com aquela ideia.

O assunto morre aqui.
Mas eu não retiro uma vírgula ao que antes escrevi sobre este tema.

443.ª etapa


DECEPCIONANTE FALTA DE VISÃO EMPRESARIAL

Já aqui o revelei, sou assinante da única publicação semanal de ciclismo na Península Ibérica, o valenciano “Meta2Mil”. E olho para este jornal tentando, sempre, perceber como é possível que, com tanta gente a investir no ciclismo, em Portugal, não é mesmo nada fácil, no nosso país, fazer parir uma publicação regular sobre o desporto velocipédico.

Eu sei qual é a resposta: Falta de visão. De visão empresarial.

Os patrocinadores, que investem, já de forma significativa, no apoio às equipas, ainda não perceberam que, sem uma publicação especializada… não, não vou dizer (até porque em consciência o não poderia) que estão a deitar dinheiro à rua.

Mas digo, com todas as letrinhas, que não estão a mexer uma palha de forma a tentarem rentibilizar o primeiro investimento. Que, no que respeita ao segundo – o apoio concreto, em numerário, sim, mas em troca de publicidade garantida – seria uma pequena gota de água no total que gastam com uma equipa.

Sujeitam-se, aparentemente sem se preocuparem, aos resultados da equipa que patrocinam e à lotaria dos espaços que a Imprensa lhes dedica. Que é pouco.
Sei eu e deveriam saber, não digo os patrões, que terão outros problemas de maior envergadura a resolver, mas os responsáveis pelo investimento em publicidade e, até, por quem lhes pede dinheiro para pôr na estrada uma equipa.

E o que é que a Meta2Mil tem a ver com isto? Não sabe quem a não lê.

A edição desta semana, com as habituais 40 páginas (mancha de 28,5cm x 25 cm x 40 = 28,5 metros quadrados de espaço) usa, em publicidade, 15% do espaço publicitando 50 (cinquenta!) marcas e/ou eventos ligados directamente à prática do ciclismo.

O jornal não diz qual a tiragem… mas, e pelo conhecimento que tenho – encontro-o à venda pelos 4 cantos de Espanha – arriscaria, por baixo, entre os 70 e 100 mil exemplares/semana. O que dará à volta dos 300 mil leitores/semanas. Qualquer aprendiz de marketing perceberá o quanto é importante investir em publicidade no ramo das bicicletas e numa publicação deste género.

Em Portugal, pese embora sejam cada vez mais as equipas que – mais vale tarde do que nunca – já apostam na divulgação da imagem e comunicação ligada à equipa, por exemplo através de gabinetes próprios que usam, sobretudo a Internet - continuam a rechassar toda e qualquer proposta que vise um pequeno acréscimo ao investimento, fazendo, por exemplo, publicidade numa revista da especialidade. Que, garantidamente, publicitaria a sua marca, independentemente dos resultados desportivos.

Tenho vindo a escrever – e os leitores mais assíduos sabem-no – que é triste que metade das equipas do pelotão nacional joguem a época numa única corrida. Os seus sponsors, levados ou não por promessas que deveriam ser capazes de pesar, no contexto do ciclismo nacional, aceitam investir 300, 400, 700 mil, um milhão de euros “acreditando” que, só por si, os resultados desportivos chegarão para compensarem, em retorno publicitário, esse investimento.

Aonde? Nos jornais que, salvo raras e honrosas excepções, dão os primeiros dez em cada etapa? Na rádio, que só fala nos vencedores e que corrida, corrida mesmo, só fazem a Volta? Na televisão que segue a mesma regra?

É um tema que não esgoto neste artigo. E mais um que deixo à discussão dos meus queridos leitores, muitos deles suficientemente avalizados para se pronunciarem sobre esta temática.