terça-feira, julho 31, 2007

732.ª etapa


A BEM DAQUELES QUE GOSTAM
E SABEM ALGUMA COISA DE CICLISMO

Pensei, sinceramente pensei - e era só pesquisar na net - que o artigo que ontem aqui deixei e onde escrevia que o senhor Marc Biver (que há-de ser uma excelente pessoa, não o ponho em causa, até porque nem o conheço) acabara de assinar a sua própria certidão de óbito, viesse a ter - assente nas mesmas fontes - o destaque que uma notícia destas merecia.
Nada!...

E agora aparece uma notícia a dizer que a Astana... pára para pensar...
Ok... compreendemos todos!

731.ª etapa


DIVÓRCIO À VISTA
(ACABEM LÁ DE VEZ...
QUE ESTAMOS A FICAR FARTOS!)

Contundente, quase violenta, a carta que Patrick McQuaid - parece que é o presidente da UCI - enviou à direcção do Tour.
Arrufo monumental. Praticamente o fim do "namoro"...

E do "raivoso"... "o Tour, este ano, deu só por si uma péssima imagem do Ciclismo, no seu todo", parece-me algo de dificilmente perdoável.

Ainda por cima, a UCI acusa o Tour de estar a preparar a sesseção da família velocipédica e, sabem porquê?
Adivinhem...
"Porque o Tour se farta de gahar dinheiro e não contribui com nada..."

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh!... Maldade do Tour!...

segunda-feira, julho 30, 2007

730.ª etapa


VEM AÍ UMA NOVA ORDEM

Pegando no artigo anterior, juntando-lhe mais três ou quatro informações que se lêem aqui e ali, o VeloLuso pode “projectar” aquilo que, mais ano, menos ano, vai acontecer com o dito Ciclismo Profissional.

É evidente, para todos, que a UCI perdeu completamente o controlo sob a mais apetitosa das fatias do Ciclismo. A criação do ProTour foi a última e desesperada tentativa para conseguir manter em casa a galinha dos ovos de ouro.

A União Ciclista Internacional, enquanto “mãe” de todas as federações, com a única responsabilidade de aconchegar sob a sua asa de “mãe-galinha” toda a modalidade, não é nada de… apetecível. E a verdade – mas isso não acontece só no Ciclismo, atenção!!!! – é que está dado o sinal quando há gente que tenta perpetuar o seu lugar.

Hoje em dia já ninguém acredita no menino jesus.

A profissionalização – diria mais, a alta profissionalização – das modalidades gere, de há umas décadas a esta parte, dividendos que não são, de forma alguma desprezíveis. Daí o “sacrifício” – que às vezes tem de ser batalhado – de algumas figuras para… ficarem. Ficarem… eternamente. Mesmo que coloquem no topo figuras a que, geralmente, se chama… “testas de ferro”.

E isso acontece em nome do desenvolvimento da respectiva modalidade? – não estou só a falar a de Ciclismo –, claro que não.

É por demais evidente.
Por isso, ainda não há muitos dias, eu falei dos cartões de crédito sem plafond definido, das reuniões cirurgicamente marcadas para locais de intensa actividade social e – porque é verdade e por isso, disso falei – nas suites de luxo com direito a esculturais escorts.
É verdade!

Agora, e voltamos à pequena família do Ciclismo, o que é que aconteceu nos últimos anos?

Enquanto, com dois lamirés se comprometia um patrocinador para um período de quase uma década – e ao mesmo tempo que as grandes empresas deixaram de ser controladas por UM homem, o dono, senhor… única voz dentro da mesma estrutura empresarial, que até podia ser “dobrado” apenas por questões “sentimentais” – o panorama empresarial mudou.

Hoje as grandes empresas já não são geridas do escritório situado na divisão da casa ao lado da sala de estar. Há directores-gerais – que não são tão “gerais” quanto isso –, há conselhos de administração onde são várias as vozes com poder, há directores de marketing cujo desempenho é sujeito a avaliação, há directores de imagem… há toda uma cadeia que, de vez, eliminou a empresa unipessoal.

Hoje em dia, mesmo que se seja o dono de uma empresa, não se pode decidir sozinho. Acabou, em termos empresariais o “quero, posso… mando”.

Mas as estruturas federativas da maioria das modalidades agora atingiram esse patamar.

Quando há dez anos se chegava junto ao dono de uma empresa e se pediam 10 mil contos para fazer uma equipa… se o homem gostasse de ciclismo bastava um telefonema para a tesouraria e… o dinheiro estava disponível.
Agora tudo mudou.
E se complicou.

E chegámos à antecâmara daquilo que pode, mesmo, vir a redundar numa definitiva sesseção na estrutura mundial do Ciclismo.

O... sim, mas espera aí, talvez, entretanto… não sei, talvez… com certeza, mas sim claro!, o que é preciso? Ok… vamos ver… com certeza, não… sim… está controlado… esperem, foi apenas um caso… não…

... é finito!

Com, por um lado, a mais alta estrutura federativa, a UCI, presa ao “tacho”;

por outro, pressionada por outros que… não estão menos presos aos respectivos “tachos” do que ela própria… com os geradores de receitas a verem-se permanentemente em causa... não se admirem se, mais ano, menos ano – provavelmente, mais depressa do que aquilo que alguma vez pensaram – se decidam por adoptar figurinos já experimentados e que, ainda por cima, funcionam.

Exemplo académico: a National Basketball Assotiation. Ou a Fórmula 1.
Nem a primeira está sob a alçada institucional da Federação Internacional de Basquetebol, nem a segunda se integra na Federação Internacional de Automobilismo.
Dentro destas duas modalidades foi criada uma figura não prevista.

A da criação de ligas perfeitamente autónomas.

Com regras próprias.

Vai ser por aí que o Ciclismo vai “sair” da sua crise.

Como disse, o ProTour – e hoje percebe-se perfeitamente porquê – foi a derradeira tentativa de manter o Ciclismo, ao seu mais alto nível, sob a alçada dos corredores de Aigle.
Falhou.

Então, o que é que vai acontecer?
Simples… e não demorará mais do que 24 meses, podem crer.
Um grupo de investidores, organizados – não como o ProTour, onde ainda eram as “equipas” a procurarem patrocinadores – vão dividir entre si uma dezena, dezena e meia de equipas que vão disputar um calendário completamente à margem daquilo que a UCI comanda.
Que “perigo” correm? Não serem admitidos nem nos Campeonatos do Mundo, nem nos Jogos Olímpicos.
O que podem fazer com todo o dinheiro que podem disponibilizar?
Criar um Circuito que nada ficará a dever, nem aos CM, nem aos JO.
Porquê?
Porque terão os melhores atletas nas suas corridas.

É o que acontece com a NBA que, ainda assim, é o modelo melhor… copiável.

Nos primeiros dois ou três anos – não acredito!, se calhar ganham logo desde o início… – têm de perder dinheiro, “comprando” as transmissões televisivas?
Mas isso será “prejuízo” previsto, para uma recuperação a curto prazo.

Não perceberam ainda?
Uma Liga Profissional de Ciclismo total e completamente FORA da UCI.
Com regras próprias.

Incluindo, se necessário for – pelo menos por omissão –, deixando de fora a “cruzada” da AMA.

Se eu concordo?
Eu estou farto de dizer que o Ciclismo de Alta Competição, nos dias de hoje, é MAIS ESPECTÁCULO que desporto.
Estou farto!

Qual foi a parte do “estou farto” que não perceberam?

Espectáculo paga-se.
Se, como no caso do Ciclismo, não há maneira de fazer cobrar entradas… paga-se de outra maneira.
Com chorudos e aliciantes contratos a celebrar com duas ou três redes de televisão. Que depois diluem esse investimento vendendo os respectivos direitos.
Num calendário onde vão estar os maiores nomes mundiais do Ciclismo e onde não vai haver escândalos.
Como os não há na NBA.
Porque a AMA, ou seja lá quem fôr… fica à porta.
Como?
Exactamente da mesma forma como agora – e sem que ninguém se escandalize – fica à porta dos pavilhões da NBA.
Pagando.
Ah, pois!!!!

Parem de ser ingénuos…

Mas, e para terminar, a salvação do Ciclismo de alta competição vai acontecer, mais vírgula, menos vírgula, tal qual a “desenhei” aqui.

Estou a ver o estrebuchar dos fundamentalistas da nossa praça.

E mesmo a ver o quanto vai causar comichão ao próximos patrões do Ciclismo o seu voto de “jamais verei uma corrida”.
Mentira, claro…
Mas o que vale mesmo é que isso não interessa lhes interessa nem uma caganita.

Vai haver - e muita gente - quem veja.

729.ª etapa


ASTANA "DESPEDE" VINOKOUROV

É uma das notícias do dia. A Astana... suíça, despede o Vinokourov.
É fogo de vista.

A Astana foi "matriculada" como equipa suíça porque este país tinha um lugar licensiável, que era o da Phonak. E era o mais fácil.., ou se calhar o único, caminho para manter uma equipa com um sponsor garantido, no ProTour.

E toda a estrutura foi entregue nas mãos de Marc Biver. Manolo Sáiz fora aniquilado.

Mas, e como as gentes do ciclismo sabem, o ambiente no seio desta equipa nunca foi o melhor. Biver apressou-se a contratar o alemão Andreas Kloeden sem esconder que poderia ser ele o seu trunfo para a Tour. Ora, a Astana - nome genérico, que é o nome da moderna capital do cazaquistão, construída de raíz - é, sempre foi, suportada pelos tycons cazaques.

Que vão querer manter este suporte publicitário que é o ciclismo.

Notícia que, muito provavelmente os OCS vão deixar escapar, Marc Biver vai ser mandado tratar da sua vidinha e, mesmo sem Vinokourov - mas sem desistirem das morosas e indecifráveis lutas em tribunal - os reais donos da Astana não vão deixar acabar a equipa.

Primeiro, e isso já está por demais evidente, vão obrigar, seja a ASO, seja a UCI, seja a AMA, seja lá quem fôr... a suar bastante antes de... afastarem, de facto, Vinokourov. Vão usar tudo o que puderem. E, a verdade, é que nenhuma destas entidades se viu ainda livre de Floyd Landis... (basta ter dinheiro e arranjar uma boa empresa de advogados!)

Mas, e independentemente de tudo isto, há outros corredores cazaques que até podem "segurar" a equipa durante um ano ou dois... mesmo sem Vinokourov. Equipa que virá, definitivamente, a ser registada no Cazaquistão...

Digamos que o "despedimento" de Vinokourov foi o ultimo acto de gestão de Marc Biver.
Isso sim.

E o corredor cazaque "corre o risco" de estar de volta ao pelotão muito mais depressa que o director suíço. Não tenham muitas dúvidas.

Isto tudo só para dizer que, com mais algum tempo e muitos petro-rublos (ou lá o que seja) a Astana não corre o mínimo risco de desaparecer.

Até porque, e dizer isto é practicamente o mesmo que chover no molhado, em Aigle, na sede da UCI... o que manda, que manda mesmo, sem esquesitices... mesmo que não seja o rublo, é o seu equivalente em dólares. Ou francos suíços.

Por isso... desenganem-se os que acham que são os "anjos" de um qualquer deus...
... vai haver Astana sim. Falta é saber se com, ou sem, Vinokourov.

Entretanto, o Biver passou à história.

728.ª etapa


INFORMAÇÃO OBJECTIVA E SEM RIVAL

Já acontecera o ano passado, está de novo posta em acção.
Uma palavra de reconhecimento para o trabalho de A BOLA, na pena do Fernando Emílio.
Informações diárias sobre cada uma das equipas portuguesas que vai participar na Volta.

Este formato foi "inventado" o ano passado e acho que é mesmo para continuar. Melhorar, se possível... Três perguntas diárias (um cada dia, é claro) aos três ou quatro dos potenciais participantes (e nesta altura não é difícil definí-los) ajudariam a fidelizar o adepto.

E, sem pisar o risco do patriotismo bacoco... fazer saber o que estão, neste momento, a pensar os três ou quatro candidatos portugueses à vitória na Volta também ajudaria.

727.ª etapa


VAI FORMOSA E MUITO BEM... "SEGURADA"

Ok… e que equipa obteve mais vitórias, esta temporada, e até à Volta a Portugal?
Pois!... dou de caras com um empate.

Tanto a Liberty Seguros, de Vítor Paulo Branco, com Américo Silva enquanto responsável técnico, como a Riberalves-Boavista, do eterno professor José Santos, já somaram, até agora, 16 triunfos.

Entre vitórias em etapas, provas de 1 dia, vitórias à geral (em provas por etapas) e vitórias nalguma das quatro classificações secundárias, mais as contas referentes aos triunfos por equipas em cada uma dessas provas.

16 faixas amarelas, portanto, para a equipa dos seguros e para a do bacalhau demolhado

O que é que pode desempatar? O número de pódios alcançados.

E aqui a formação de Vítor Paulo Branco dá um salto enorme:

mais 12 lugares que a dos axadrezados.

Na terceira posição aparece a LA-MSS-Maia, com 13 triunfos, seguida do SL Benfica, com 10, e da Madeinox-Bric-Loulé, desse querido amigo que é Emídio Pinto, com oito.

domingo, julho 29, 2007

726.ª etapa


OS REIS DOS PÓDIOS

Nas 35 corridas disputadas esta temporada e nas quais participou, pelo menos, uma equipa portuguesa, e imaginado que no final de cada etapa (ou corrida de um dia) os três primeiros subiam ao pódio; que no final de uma corrida por etapas o mesmo acontecia, e somando a isto o vencedor final das quatro principais classificações chamadas secundárias (pontos, montanha, metas volantes - ou sprints especiais - e juventude), o Corredor que mais vezes subiu ao pódio, antes da Volta a Portugal, foi o valenciano Javier Benitez do SL Benfica, que o fez por 17 vezes. Manuel Cardoso (Riberalves-Boavista) esteve no pódio por 15 vezes e o argentino Martin Garrido (DUJA-Tavira), por 12.


Benitez venceu
8 etapas
foi segundo em
3 etapas
e terceiro noutras
3 etapas
e foi vencedor da classificação por pontos
3 vezes




Cardoso venceu
6 etapas
foi segundo em
2 etapas
e terceiro em
1 etapa
foi terceiro na geral final em
1 corrida
ganhou
3 provas de um dia
e foi segundo em mais
1 prova de um dia






Garrido venceu
1 etapa
foi segundo em
3 etapas
e terceiro em
5 etapas
foi segundo, à geral, em
1 prova
segundo final em
1 prova de 1 dia
e terceiro em
1 prova de 1 dia

725.ª etapa


VEM AÍ A VOLTA A PORTUGAL

E pronto, arrumada, por agora, a Volta a França, a semana que hoje começou será marcada pelas várias projecções sobre a Volta a Portugal que sai para a estrada no próximo sábado.

Já se sabe a lista provisória dos inscritos. Já, sobre ela, se esboçaram alguns comentários mas, não sendo, nem de longe, uma prova clandestina, a Volta contará com TODOS OS CORREDORES que estejam na posse da respectiva licença desportiva para poderem desempenhar a sua profissão. Doam que cotovelos doerem.

Como novidade, eu, aqui no meu cantinho - e tendo em conta o que já foi posto à disposição do Grande Público - só tenho o alinhamento do ranking nacional (dos corredores que alinham em equipas nacionais) referentes a este mês de Julho.

Mudou o líder. Agora o número 1 é o catalão Xavier Tondo da LA-MSS-Maia, depois de ter ganho o Grande Prémio Internacional de Torres Vedras/Troféu Joaquim Agostinho.

Com um bocadinho de sorte, terá direito a uma página de entrevista, o que só aconteceu com um dos seus antecessores. Quanto aos outros... paciência.

Por outro lado, e diga-se em abono da verdade, foi único que não mereceu uma página de entrevista depois de uma vitória numa corrida internacional...

Critérios. Dir-me-ão.

É o seguinte o top-10 no ranking, a 5 dias da Volta
1.º, Xavier Tondo (LA-MSS-Maia), 131 pontos
2.º, Hector Guerra (Liberty Seguros), 130
3.º, Pedro Cardoso (LA-MSS-Maia), 128
4.º, Tiago Machado (Riberalvel-Boavista), 123
5.º, David Blanco (DUJA-Tavira), 116
6.º, Cândido Barbosa (Liberty Seguros), 111
7.º, Javier Benitez (SL Benfica), 102
8.º, Manuel Cardoso (Riberalves-Boavista), 98
9.º, José Azevedo (SL Benfica), 95
10.º, Bruno Neves (LA-MSS-Maia), 90

724.ª etapa


SÉRGIO PAULINHO ESTREIA-SE COM UM PÓDIO

Em relação ao 62.º português a participar no Tour, Sérgio Paulinho, o balanço só pode ser positivo. Quero dizer... se a sua prestação for analisada por alguém que perceba o mínimo do que é o Ciclismo e o trabalho a que um Ciclista que não é opção (dentro da equipa) para nada é obrigado a desempenhar...
Esteve brilhante o Sérgio, naquilo que se lhe pediu.

Apareceu, diversas vezes, na frente do pelotão marcando o ritmo da corrida que mais interessava à sua equipa - mesmo antes de Contador ter chegado à camisola amarela -, apareceu como aguadeiro, descendo ao seu carro e carregando água e alimentos para os companheiros... foi, tacticamente, refreado, no primeiro crono, mas no segundo, quando toda a gente teve carta branca, começou por aparecer, ainda durante um período significativo de tempo, entre os dez melhores para terminar em 25.º.

E em Paris teve direito a subir ao pódio final porque a Discovery Channel foi a vencedora por equipas.

Classificação GERAL dos portugueses no Tour
3.º, Joaquim Agostinho (1978 e 1979)
5.º, Joaquim Agostinho (1971 e 1980)
5.º, José Azevedo (2005)
6.º, Joaquim Agostinho (1974)
6.º, José Azevedo (2002)
8.º, Joaquim Agostinho (1969, 1972 e 1973)
10.º, Alves Barbosa (1956)
11.º, Joaquim Agostinho (1983)
12.º, José Martins (1976)
13.º, Joaquim Agostinho (1977)
14.º, Joaquim Agostinho (1970)
15.º, Joaquim Agostinho (1975)
16.º, José Martins (1977)
18.º, Fernando Mendes (1973)
19.º, José Azevedo (2006)
22.º, José Martins (1978)
25.º, Ribeiro da Silva (1957)
26.º, José Azevedo (2003)
27.º, Fernando Mendes (1977)
30.º, José Azevedo (2005)
33.º, José Martins (1977)
33.º, Orlando Rodrigues (1997)
41.º, Marco Chagas (1980)
45.º, Herculano de Oliveira (1973)
54.º, Orlando Rodrigues (1996)
61.º, Acácio da Silva (1992)
61.º, Fernando Ferreira (1975)
64.º, Joaquim Andrade, pai (1973)
64.º, Acácio da Silva (1987)
65.º, Alves Barbosa (1960)
65.º, SÉRGIO PAULINHO (2007)
76.º, Alves Barbosa (1958)
77.º, Marco Chagas (1984)
82.º, Acácio da Silva (1986)
83.º, José Amaro (1975)
84.º, Acácio da Silva (1989)
87.º, Orlando Rodrigues (2000)
92.º, Acácio da Silva (1988)
94.º, Manuel Zeferino (1984)
108.º, Acácio da Silva (1990)
118.º, Eduardo Correia (1984)
119.º, José Xavier (1984)
122.º, Carlos Marta (1984)

Desistiram: Alves Barbosa (1957), António Batista (1958, 1959 e 1960), Sousa Cardoso (1959), Joaquim Andrade, pai (1972), Fernando Mendes (1972 e 1975), Herculano de Oliveira (1974), Firmino Bernardino (1975), Joaquim Carvalho (1975), Manuel Silva (1975), Joaquim Agostinho (1981), Benedito Ferreira (1984), Paulo Ferreira (1984), Orlando Rodrigues (1998)

723.ª etapa


“CONTANDO” A 5.ª…
OU A 6.ª VITÓRIA ESPANHOLA NO TOUR?

E pronto! Chegou ao fim o Tour que estava fadado para ficar na história pelo facto de os Corredores terem sido obrigados a assinar uma Carta de Ética que, a estas horas, já deve ser órfã. Pelo menos abandonada pelos “pais”.
(Mas parece que há muita gente que a quer adoptar...)

Vamos esperar uns dias mais, que tenho praticamente a certeza de que tudo o que aconteceu nesta última semana virá a ter consequências.

Lembram-se do que aqui transcrevi, de uma opinião de Johan Bruyneel, há alguns dias atrás?

Mas seria extremamente injusto que o triunfo do jovem – 24 anos – Alberto Contador (descoberta de Manolo Sáiz que terá muitos defeitos mas percebe de Ciclismo) fosse, propositadamente, manchado.
Não foi, em definitivo não foi ele, o responsável por nada do que aconteceu.
E assim se tornou hoje no 5.º – ou será o 6.º? – espanhol a vencer a Grande Boucle.

Tudo começou em 1959, com o triunfo de Federico Bahamontes, a “Águia de Toledo”;
depois teve que se esperar 14 anos, até que Luís Ocaña lhe sucedesse;
depois… mais 15, até Perico Delgado voltar a levar a vitória para Espanha, mas aí já estava em rodagem o campeoníssimo navarro Miguel Induráin que limpou a corrida entre 1991 e 1995, tendo-se tornado no primeiro Corredor a vencer CINCO Tours consecutivos.
E passaram mais 12 anos até hoje.

Contador tinha apenas 12 anos, quando Induraín venceu o quinto dos seus Tours.

Alberto Contador é, oficialmente, o quinto espanhol a ganhar, mas ainda falta saber se a Oscar Pereiro lhe vai ser ou não creditado o triunfo da corrida de 2006.

Comparando a morosidade em relação à decisão quanto a quem venceu o ano passado, com a celeridade com que este ano se mandou para casa – sem quaisquer motivos palpáveis para isso – aquele que, na altura, era praticamente o virtual vencedor, é algo que me confunde…

sábado, julho 28, 2007

722.ª etapa


APENAS UM OBRIGADO, RECONHECIDO E SINCERO

Está a acabar mais uma edição do Tour. Cumprindo-se o tradicionalmente aceite, a etapa de amanhã será apenas de consagração para os vencedores e, claro que há vencedores...

A começar pelo próprio Tour. Já lá vou...

Quem - realmente gosta do ciclismo-espectáculo (também voltarei a este tema, mas mais tarde) - deve ter vivido como eu vivi a última hora de corrida da etapa de hoje. O crono de todas as decisões.

A televisão - que jamais deixará de apoiar esta modalidade e isso foi acentuado hoje - dava-nos, a nós, espectadores de sofá, tudo o que queríamos saber... e comparticipava significativamente no aumento da adrenalina que todos sofremos.

Ensanduichado entre dois homens da Discovery Channel, Cadel Evans aproximava-se do líder, Contador, mas esteve prestes a ser "engolido" por Levi Leipheimer... A dúvida manteve-se até ao fim.

Espectáculo é isto. Manter... prolongar o suspense, impedir que os espectadores, neste caso os telespectadores, consigam manter-se quietos na cadeira (não tenho sofás!...)...

Arrebatador, o crono de Leipheimer. Punjante de força - repararam nos andamentos escolhidos?; mais de 53 km/hora de média... para um crono de 55 quilómetros.

Vibrante, a prestação de Evans que, certamente, ia sendo informado de quanto tempo ia "comendo" a Contador, mas a quem terá sempre sido escondido o quanto Leipheimer se aproximava.

Sofrido, o crono do jovem Contador.
Cuja história se assemelha por demais com a de Armstrong.

E, deixando para trás os sentimentalismos, resta sublinhar algo de inédito na História, velha de 104 anos, do Tour. Os três primeiros classificados, os três homens que amanhã subirão ao pódio final, estarão separados por... meio minuto e mais um segundo.

Não se baterá um dos recordes, o da diferença entre o primeiro e o segundo, que se manterá na posse de Greg LeMond que venceu em 1989 - o tal Tour, onde um Português andou de amarelo - com uma vantagem de... oito segundos sobre Fignon. Mas o terceiro, Perico Delgado ficou a 3.34 minutos.

Houve "casos"! Houve sim senhor - malgrado a Carta de Ética (também voltarei ao tema). Mas onde é que a corrida falhou, enquanto espectáculo? Apenas na primeira etapa que terminou em França, a tal em que o pelotão, silencioso - no sentido de o ter assumido - "protestou" à sua maneira. Rolando devagar.

Não vou escrever para que se esqueçam os "casos", claro que não - são para lembrar, isso sim - mas não se criem "casos" sobre "casos".

Foi, apesar de tudo, um grande Tour. Pena alguns excessos. Alguns cometidos por mim também...
Mas quem é que disse que eu era perfeito?

721.ª etapa


ABUTRES!...

O Ciclismo vive dias difíceis, todos nós - os que gostamos mesmo da modalidade - o sabemos. Na verdade, não está a acontecer nada de tão diferente assim, em relação a... sempre.
À excepção do vôo mórbido dos ABUTRES.

O Ciclismo ainda não morreu. Não vai morrer, todos sabem isso.

Mas, talvez por o saberem, há quem não resista e, ao vê-lo caído, não consegue esperar que, como desejaria, ele deixe de dar sinais de vida. E os ABUTRES atacam, e tentam debicar o corpo ainda com vida.

O Ciclismo vai resistir. Assim se juntem todas as boas vontades.
Está doente, isso está. Não o podemos negar. Mas ainda não morreu.

Por isso, exercícios destes, como o do France Soir, são inadmissíveis.

Ao menos as televisões públicas alemãs assumiram que não falavam mais deste Tour.

Este jornal francês não pretendeu mais do que, com esta primeira página, GANHAR MAIS DINHEIRO com o Ciclismo que... "mata" desta forma.

O Ciclismo ainda não morreu, mas já há quem debique, do corpo ainda vivo, aquele que acha ser o seu quinhão.

Vergonha!

E repare-se. Não falta ali, naquele mórbido exercício, ninguém?

Para além de Bjarn Riis, de Ullrich e de Pantani... Pois! A "besta negra" para os franceses.
O único homem que venceu a corrida por sete vezes consecutivas.
A grande, verdadeira e única razão pela qual todo o "hexágono", de ministros à policía, de alguns adeptos - não podem ser muitos que todos os dias vejo milhares de pessoas a aplaudir o pelotão - à Imprensa, declarou, desde há seis ou sete anos, guerra ao Ciclismo.

Mas, e quem é que hoje, aqui, agora... ousa sequer garantir que os triunfos daqueles... "heróis" foram imaculados? Quem?

Mas quem é que, e quando é que se descobriu que o doping no Ciclismo é coisa de há meia dúzia de anos?
Claro que não é!

Mas não serei eu - JAMAIS!... - a dizer que A, B e/ou C... mesmo quando, ao contrário do que hoje, por exemplo, acontece, ganhava 25 e 30 corridas na mesma temporada o não fez por... ser capaz de o fazer. Quando se ganhava no mesmo ano o Giro e o Tour; o Giro e a Vuelta; a Vuelta e o Tour... para além de um rosário infindável de outras corridas!

O que fica claro naquela 1.ª página é que, em definitivo, houve... FILHOS e há ENTEADOS.
Perante examplos destes eu só digo: há falta de rigor, há desonestidade.
Estamos perante uma gritante manipulação de meias-verdades... "papa para tolos".
E há tanto tolo que a come sem sequer pestanejar.
Bendita seja a santa ingorância.

Mas, se não gostam mesmo nada de Ciclismo... PAREM DE FAZER DINHEIRO à sua custa.




Para aqueles menos familiarizados com a língua de Voltaire,
é a seguinte a tradução daquela 1.ª página:
Comunicado de falecimento
O senhor Desgrange, seu pai;
Os senhores Garin e Cornet, seus filhos;
Os senhores Bobet, Anquetil, Thévenet, Merckx, Poulidor, Hinault, LeMond e Indurain, seus netos
Comunicam dolorosamente o falecimento do
Tour de France
Acontecido a 25 de Julho de 2007, em Orthez, com a idade de 104 anos, após doença prolongada
As exéquias serão celebradas na mais estrita intimidade

720.ª etapa


ESTRANHA FORMA DE GOSTAR...

Aqui, no VeloLuso, em comentários que vão deixando (vejam os que estão na 418.ª etapa!...), mas principalmente noutros sítios onde era suposto que se falasse de ciclismo vou lendo, umas vezes mais surpreendido do que outras, que há quem tenha, em relação à modalidade, uma estranha forma de... paixão!

Percebo, surpreendido, "festas e foguetes" de cada vez que um Corredor cai em desgraça. Agora, à hora em que escrevo, prepara-se o "enterro" de mais um - parece que o colombiano da Barloworld, Maurício Soler, também acusou positivo neste tal Tour em que só participava quem assinasse uma tal de... Carta de Ética! - e já se começam a assestar baterias contra a lista de convidados para a Volta a Portugal.

Adivinho que, se por cá tudo correr dentro da normalidade - e há já um par de anos que não há casos de doping na Volta - muita gente não vai suster as lágrimas... de desilusão.

Não há pior na Sociedade do que os falsos moralistas.

sexta-feira, julho 27, 2007

719.ª etapa


ANTES QUE OS "FUNDAMENTALISTAS" ATAQUEM...

Já sei os nomes dos corredores que vão integrar o pelotão da próxima Volta a Portugal.

Claro que é ainda e apenas a pré-lista, mas lá estão todas as principais figuras de todas as equipas convidadas.

Já aqui tinha deixado a minha opinião, mas reforço-a: ainda bem.

Com todos estes nomes, com todos estes conjuntos, com um traçado do qual gosto muito, o homem que vencer, no dia 15 de Agosto, em Viseu, vai poder dizer, de cabeça erguida "fui o melhor, entre estes todos".

quinta-feira, julho 26, 2007

718.ª etapa


NÃO SEI, JÁ NÃO PERCEBO NADA!

Como terá acontecido com a maioria dos adeptos, se ainda fiquei surpreendido com a eliminação (em termos desportivos) de Alexandre Vinokourov – que, francamente, bem que podia ter ensaiado uma melhor “defesa” – então, a confirmação, esta manhã, dos rumores que já ontem corriam e apontavam para o afastamento de Michael Rasmussen… deixou-me sem argumentos.
Não sei, já não percebo nada.

Com (quase) toda a gente a tentar empurrar o dinamarquês para fora da corrida; depois de ontem de ter passado pela humilhação pública – os elementos de oito equipas, as seis francesas e duas alemãs, atrasaram a corrida, parando, em protesto contra o doping deixando-o ali, à mercê dos apupos dos populares – quando, apesar disso, ainda foi ganhar no alto do Aubisque, cimentando um pouco mais a sua liderança, foi retirado da corrida pelo… patrocinador!!! Ou por ordem do patrocinador.

Não foi apanhado por nenhum controlo; alguns dias antes, e apesar de terem sido várias (e importantes, dentro da organização do ciclismo mundial) as vozes a apontarem-lhe o dedo, as mesmas vozes eram obrigadas a reconhecer que… nada tinham contra ele mas, eis que acontece mesmo o seu afastamento. Às ordens do patrão. Quando estava na liderança e a muito pouco de conseguir ganhar o Tour.
É evidente que, dentro da Rabobank JÁ se sabe qualquer coisa que, eventualmente, nós nem chegaremos vir a saber.
Não sei, já não percebo nada.

Entretanto, e quanto à expulsão do italiano Cristian Moreni – ontem escrevi francês, mas rapidamente fui emendado –, olhando para as fotos que hoje os jornais publicaram, olhando só para as fotos, sem ler e ignorando aquilo que já sabia desde ontem… olhando só para as fotos eu diria que o homem, pelo menos, roubou alguma coisa no hotel. Alguma coisa muito valiosa.

É chocante a imagem de um Corredor – mesmo que apanhado na rede da luta contra o doping – escoltado por dois polícias, como se de um vulgar ladrão se tratasse. Haveria necessidade?

717.ª etapa


DEIXEI DE ACREDITAR
NO MENINO JESUS,
AINDA ELE ERA... MENINO

Esqueçam o cemitério de estrelas em que, ultimamente, se transformou o Ciclismo.
Dêem uma vista de olhos pelos jornais desportivos de amanhã [hoje] e tentem fazer um juízo justo.

Quantas vezes é que um atleta - do atletismo - depois de meses e meses de preparação para uma prova específica... se lesiona mesmo, mesmo em vésperas dessa corrida?
Calma!...

Não digam que eu estou a dizer aquilo que eu não disse.
É que eu não disse mesmo.

Segunda "volta".
Se até hoje não repararam, tentem, de futuro, estar atentos à quantidade de vezes em que um atleta - do atletismo - depois de meses e meses de preparação para uma prova específica... se lesiona mesmo, mesmo em vésperas dessa corrida.

Vem uma notícia dessas em, pelo menos, um dos "desportivos" que logo, pela manhã, estará nas bancas.

Eu não disse nada!
E se dissesse não podia ser mais do que isto: só há canibais no Ciclismo.

quarta-feira, julho 25, 2007

716.ª etapa


VAI UM PALPITE?

Já agora... quem é que quer deixar um palpite sobre que número levará o primeiro dorsal do Tour no próximo ano? Será... o 111 ou o... 1111?

715.ª etapa


CRIME!... DIGO EU!

Apesar de tudo o que sempre aconteceu em todas as modalidades; apesar dos "calabotes", dos "apitos dourados" e quejandos... estamos a assistir, ao vivo e a cores, ao primeiro verdadeiro asassinato de uma MODALIDADE às mãos da Comunicação Social.

Ainda poderia tentar forçar um sorriso porque a maioria das opiniões têm sido escritas por quem não sabe sequer quantas velocidades desenvolve uma bicicleta de corrida, mas a coisa ficou preta.

Enquanto amante do Ciclismo estou seriamente preocupado.

Enquanto Jornalista... (e nos últimos dias as coisas não têm estado nada pacíficas, vide o artigo do Paulo Sousa, em A BOLA, visando um titular de Carteira Profissional; ou a "guerra" Record-Tavares Teles (O Jogo) - também não vejo abertura fiável no horizonte...

Normalmente, temos a tendência para puxar o tapete ao próximo, esquecendo que ficamos, descalços, com os pés sobre o mesmo ladrinho frio.

E há sempre quem se constipe!

714.ª etapa


VIROU TUDO EM DOIDO!...

Bem, meus amigos, acho que chegou a hora de vos confessar uma coisa. Sujeito a uma pressão atroz, consolidada em ano e meio de baixa por doença, amaluqueci de vez.

Olho, de soslaio, para o monte de caixas de medicamentos que pousam aqui ao lado. Quais serão os que ainda me podem salvar? Os brancos vidrados? Os laranja e vermelhos? Os amarelos e azuis?

Acabo de ler que o Michael Rasmussen, líder do Tour, depois de hoje mesmo ter ganho uma das etapas-chave da prova foi… convidado pela sua equipa, a holandesa Rabobank, a já não sair amanhã. Isto quando leva mais de três minutos de vantagem sobre o segundo classificado. Quer dizer… com o Tour praticamente ganho.

Não me vou alongar até porque, para além da falta de informação concreta… também não me apetece. E atingi o bendito estatuto de não passar o mínimo de cartão ao que não me interessa e/ou não me apetece falar/escrever sobre…

Só deixo duas notas para os inevitáveis teóricos da “coisa” Ciclismo…
O ano passado, quando se estreitou ao mínimo a participação de alguns corredores, o vencedor do Tour acabou por dar… dopado.

Este ano, e apesar de uma Carta Ética que TODOS foram obrigados a assinar… parece-me que amanhã já teremos menos três equipas em prova.

O que é que fará falta para que se perceba, de uma vez por todas, que não é na Secretaria que se resolvem os problemas do Ciclismo?

713.ª etapa


PARA BATER VÊM TODOS EM FILA...

Por pura coincidência, abria eu esta página em branco onde já pretendia escrever sobre o que se está a passar no Tour, quando um dos jornalistas-estrela de uma das televisões nacionais lançou, antes do intervalo no Telejornal, que foi apurado MAIS um caso de doping na Volta a França.

Chamem-me picuinhas.
É verdade, veio hoje a público o SEGUNDO caso de doping no Tour.
O francês – ai!!!, logo francês! que chatice!... – Cristian Moreni, da Cofidis, acusou testosterona num controlo que lhe foi feito à chega a Montpellier.
O primeiro caso aconteceu com o alemão Patrik Sinkewitz.

Sim! Esse foi o PRIMEIRO caso de doping nesta edição do Tour.

É que, quem nunca olhou para o Ciclismo, quem nunca escreveu sobre Ciclismo, quem nunca esteve numa corrida de Ciclismo, quando se trata de bater no Ciclismo parece-me que, em alguns casos fazem… fila!

N’O Jogo prossegue-se uma política puritana, há muito iniciada.
Nem sempre com a clarividência necessária, mas ao menos é coerente.

A BOLA deixou o comentário a cargo de alguém que, de facto, sabe muito de Ciclismo e o seu escrito é para ser recortado e guardado.

Mesmo que, desculpe lá Santos Neves, a começar no exemplo da posição extrema tomada pelos canais da televisão alemã – não consegue ler aí uma certa atitude xenófoba? Se o nosso [deles] grande Ullrich é alvo das intentonas francófonas… assim que apanharmos alguém desligamos os feixes! (tiveram azar, que o primeiro a ser apanhado foi… o alemão Patrik Sinkewitz) – e a terminar no que, em relação ao Vinokourov, pôs toda a gente a escrever sobre Ciclismo… mesmo que da disciplina não conheça nem o rudimentar, a verdade é que a Comunicação Social está perfeitamente desorientada.
Por perfeito desconhecimento.
E já dou os exemplos.

Primeiro, o grande paladino, aquele que há muito ajustou a armadura, mostrando-se preparado para lutar contra tudo o que fuja ao que está estritamente definido nos regulamentos – falo do L’Équipe –, deixou escapar a notícia do positivo de Moreni, apanhado à 11.ª etapa, mas tirou de imediato a espoleta à bomba quando em causa estava um estrangeiro.
Sejamos claros, o caso Vinokourov aconteceu dois dias depois do do francês.
Que só rebentou 24 horas mais tarde.
Não basta ser sério.
Pois é!...
Também convém que se pareça sê-lo.

E há a questão do pormenor. Aí é que eu sou capaz de ser um pouco picuinhas. Mas não pretendo desculpar ninguém.

O alemão Patrik Sinkewitz e o francês Cristian Moreni são os DOIS ÚNICOS CASOS – até agora, que já não punha as minhas mãos no fogo por NINGUÉM, e agora ainda menos – de doping detectados no Tour.

O Alexandre Vinokourov foi apanhado, não como tendo recorrido ao doping, mas por recurso a práticas proíbidas.

E se não sabem qual é a diferença... falem das camisolas cor-de-rosa do equipamento alternativo do Benfica e fiquem-se por aí!!!

Aliás…
Aliás não posso consentir que passe em claro o facto de, jornalistas que de Ciclismo nada mais sabem para além de que é praticado usando uma bicicleta, se achem com autoridade para vir a público perorar sobre um assunto do qual nada percebem.
Prevaleça a verdade.
Não sabem ponta de corno.

Houve um, hoje, que gastou os caracteres que tinha à sua disposição para, numa encenação de virgem enganada, vir reconhecer… que NADA SABE DE CICLISMO.
Convém, nestas situações, que fiquemos calados.
Foi apenas um exercício de puro onanismo.
“Eu fiquei excitado com uma etapa do Tour, mas agora parece-me que o orgasmo foi em vão. Estou muito desiludido.”
Tadinho dele!...

No mesmo jornal, assinado por outra pessoa, “derreto-me” perante a santa ingenuidade de um outro artigo. E, perante o escrito, só lamento que essa pessoa nem o seu próprio jornal leia. Vejam os documentos 1 (reporta a... 1908!!!) e 2
Foram ambos publicados pelo mesmo jornal.

(E, já agora, não deixem de prestar atenção ao… documento 3)

Entretanto a vestuta AMA, que hiberna mais meses que o próprio Urso Branco, após – e é SEMPRE APÓS – estes casos, volta a dar sinais de vida.

Pede agora que as penas sejam vitalícias.
Ok. Ok… Já estou por tudo.
Que sejam!...

Mas que os cartões de crédito a que os dirigentes da AMA têm direito não sirvam apenas para pagarem opíparos jantares e para alugarem suites de luxo, nos mais luxuosos hotéis.

Ou alugarem o serviço de esculturais… “escorts”.
Tentem – ao menos tentem – fazer o trabalho pelo qual se fazem pagar.

E não são só os senhores da AMA…
Há cartões emitidos na Suíça que não servem para outra coisa.

Descer é tão fácil...

Há coisa de duas semanas, eu escrevi por aqui que havia um cenário ainda mais pessimista do que o actual em que eu não queria nem pensar. Há coisa de meia hora, a Gazzetta dello Sport foi mais longe e até já cita gente importante. Haverá fumo sem fogo?

712.ª etapa


A ÁRVORE E A FLORESTA

Voltei atrás porque resolvi transcrever para aqui o comentário que deixei ao artigo da S.

Aqui lê-se melhor. Há mais gente a ler. Talvez percebam a estória que está por trás desta... história. Espero, sinceramente, que sim. Também eu estou desolado com os acontecimentos de ontem à tarde. Não posso é teimar em esconder a floresta atrás da árvore.


É! S.,... as pessoas declaram-se amantes do "Circo" mas no fundo, no fundo... e cada um rebusca o mais trabalhado dos argumentos... odeiam os "palhaços".

Sempre se riram a bandeiras despregadas dos valentes trambolhões que os pobres sempre deram para que eles... rissem. Um dia havia de chegar em que, já mais espigadotes, perceberiam que o estalo (sempre sublinhado por um frenético bater de "pratos" na "orquestra") não era estalo a valer. Que os tropeções que os faziam... (ok, eu escrevo) mijar a rir, eram também a fingir.
Fazia parte do número.

E deixaram de gostar de ir ao Circo.

Choram agora os "palhaços", que já não têm público. Mas choram também os trapezistas, os "homens-orquestra" que tocavam dez instrumentos ao mesmo tempo. Choram os domadores de leões. Choram os contorcionistas. Chora o Circo.

Porque, quando descobriram que as "palhaçadas" eram a fingir... deixaram de ir ao Circo. E o Circo acabará por fechar.

Mas os trapezistas, os "homens-orquestra", os contorcionistas, os engolidores de fogo, os domadores de feras... a MAIORIA dos artistas do Circo nunca fingiram.

Abraçaram aquela vida de alma e coração. Muitos nasceram debaixo do chapitô.
Não sabem fazer mais nada. Falharam a escola, falharam a juventude.
Tudo por amor à causa. Um verdadeiro amor. Uma paixão.

E porque os antigos amantes do Circo deixaram de achar graça aos palhaços... ignorando todo o trabalho de todos os outros artistas, artistas verdadeiros, puros... levaram o Circo a ter que encarar um futuro sombrio. Provavelmente a morte.

Que será do futuro dos que nunca fingiram?
Dos que fazem o que fazem por amor. Por devoção...

Será justo olhar para o Circo apenas sob a perspectiva das pantominas dos palhaços?

Percursos

A propósito de tudo o que tem sido dito e escrito nos últimos dias, permitam-me voltar a um tema recorrente.

Existem, tradicionalmente, vários tipos de ciclistas dentro do pelotão. Há os que são conhecidos pela sua capacidade de sprintar, os trepadores puros, os que se destacam na luta "solitária" contra o relógio, aqueles que não sendo dos melhores em quase nada se pautam pela regularidade em todos os tipos de terreno, etc... Temos, no entanto, assistido a uma clara redução de territórios, nos últimos anos.

Para o "adepto médio" já não chega que alguém seja o melhor a subir, se depois perder muito tempo nos contra-relógios. Como se só a classificação geral fosse importante. Até o trabalhar-se para os colegas de equipa passou a ser marca de inferioridade. Fulano já não é um excelente équipier, é o que se limita a carregar com o líder porque "não dá para mais". A um bom rolador, que tenha um bom desempenho num contra-relógio plano (desses que, aparentemente, deixaram de ter tanto interesse, face à perspectiva de ter contra-relógios em montanhas que, por norma, recebem a classificação de "Categoria Especial") é pedido que vá muito mais além das suas capacidades físicas, é-lhe pedido que "engula" parte do seu corpo e suba as montanhas a par de quem tem metade do seu peso.

Vem isto a propósito de um dos corredores que, inegavelmente, marcou a década de noventa - Mario Cipollini. Ele podia ter todos os defeitos do mundo, mas há duas coisas que poucos lhe poderão negar: o carisma e a falta de hipocrisia. E, de repente, voltou uma dúvida que me assolou durante algum tempo. Teatro à parte, os adeptos habituaram-se ao papel mais ou menos regular do Super Mario na Volta a França - ele era o que aparecia com estilo, batia a concorrência ao sprint e, assim que a estrada empinava demasiado para o seu gosto, voltava para casa no mesmo registo em que tinha chegado. Vimos estas cenas durantes anos. Até que a organização a proibiu e afastou o velocista italiano da sua prova. Acusaram-no de falta de respeito para com a Volta a França. É verdade que ele nunca chegou ao fim da prova, é verdade que não se preocupava muito em fingir e não é menos verdade que o seu feitio também não terá ajudado. Mas é aqui que - voltando à questão - surge a minha dúvida: seria a sua forma de abandonar a prova apenas a evidência de falta de capacidade de sofrimento e vontade ou seria também uma forma de, calando, dizer que há limites?

E, não me alongando muito mais, deixo a questão. Será aceitável insistir-se em provas com etapas que contemplam duas ou três contagens de montanha de categoria especial, seguidas de etapas com cinco ou seis contagens de montanha de 1.ª e 2.ª categoria, seguidas de contra-relógios de mais de 40 quilómetros, seguidos de mais etapas de montanha, antecedidas de várias etapas cujas quedas massivas se deixam adivinhar mesmo por aqueles que não possuem bolas de cristal e isto tudo compactado em pouco mais de vinte dias? Será que é aceitável ou continuamos apenas a querer engarmo-nos a nós próprios e fingir que os hiprócritas são os outros?

terça-feira, julho 24, 2007

711.ª etapa


E AGORA?

Entretanto, sabe-se que Alessandro Petacchi não violou, no último Giro, os regulamentos anti-dopagem.

Sabe-se agora, depois de o Corredor ter sido impedido de participar no Tour.
Quem é o responsável?

Mesmo sendo virtualmente impossível ressarciar o Corredor de eventuais vitórias que podia ter conquistado, era bom que houvese um culpado.

Mas já todos sabemos que, nestes casos, só há mesmo um culpado: o Corredor. E quando se prova que os acusadores estavam enganados, paciência e... uma palmadinha nas costas.

Tá mal!...

710.ª etapa


CADA VEZ MAIS CONVENCIDO QUE VÊM DE "DENTRO" OS ATAQUES AO CICLISMO

Não sou, nem a favor da caça às bruxas nem, como será evidente, pelo branqueamento de casos em que seja provada a culpa de, seja que Corredor fôr.

Contudo, e olhando a sequência das notícias que têm vindo a ser produzidas esta tarde algo me cheira a esturro.

Primeiro, é o próprio presidente da União Ciclista Internacional a vir a público defendendo que… “não seria bom que Michael Rasmussen ganhasse esta edição do Tour”; depois o “caso” Vinokourov e agora o “chefe” da ASO – que não é, pelo menos directamente, o responsável pela organização do Tour – a pedir que o dinamarquês seja afastado.

Tenho pena de não ter, na devida altura, citado aqui um artigo publicado, creio que no Mundo Deportivo. E que chamava a atenção para o desenquadramento, no tempo, do falatório sobre Rasmussen.
A federação dinamarquesa já sabia que ele faltara a três controlos surpresa mas, ainda assim, não o impediu de participar nos campeonatos nacionais daquele país para virem depois a anunciar o seu afastamento compulsivo, tanto da selecção nacional que virá a disputar os próximos mundiais, como dos próximos Jogos Olímpicos.

Perguntava-se o signatário da notícia… porquê tão tarde – porque o deixaram correr os “nacionais”? Porque tão cedo? Os mundiais são só em Setembro e os JO apenas daqui a um ano.

E, de repente, acende-se-me uma luzinha. De suspeita.

A ASO, organizadora do Tour; a RCA, organizadora do Giro, e a Unipublic, organizadora da Vuelta, fizeram valer o seu peso e opuseram-se ao projecto nascido nos corredores do mega-edifício da UCI, em Aigle, na Suíça. Exactamente… o ProTour.

Sem as três grandes – às quais há a acrescentar as demais corridas organizadas por aquelas três identidades – o ProTour (a galinha dos ovos de ouro, com a qual a UCI contava) definha.

Yo no creo em brujas, pelo que las hay, hay…
Um dia saber-se-á qual o papel da UCI, ou de funcionários seus (que, enquanto funcionários, apenas cumprirão ordens), nesta autêntica intentona contra o Tour.

E volto aqui a afirmar… Estas fugas de informação, em relação a casos de doping, sejam concretos ou apenas potenciais… são tudo menos inocentes.

Vamos cá estar todos para ver se tenho razão ou não.

Mas há uma coisa que é inegável.
Como é que o L’Équipe sabe, três dias depois, que o Vinokourov acusou positivo no sábado?

E porque é sempre o L’Équipe?

A reacção imediata da Astana, que decidiu abandonar a corrida, carimba, de facto, como real o resultado do controlo de Vinokourov. Mas está consagrado nos regulamentos que, até à realização da contra-análise, este tipo de casos são para ser mantidos em segredo.

Quem será o “Garganta Funda” ?
Lembram-se de “Os homens do Presidente”, que levou à queda de Richard Nixon?

É demasiado “larga” a zona cinzenta nestes casos todos.
Demasiado larga para que não se desconfie que nela caibam acções perfeitamente organizadas para descredibilizar o Ciclismo.

709.ª etapa


NEM TODOS TÊM A MEMÓRIA TÃO CURTA ASSIM

Nota prévia: Para que se saiba, sou amigo do Manuel Correia há muitos anos já. Muitos. E sou um dos seus maiores admiradores. Tem feito um trabalho excepcional em Santa Maria da Feira, transformando a equipa do São João de Vêr na maior e melhor cantera de ciclistas no nosso país. Mas…
Pois é.
Leio hoje que o Manel critica a presença nesta edição da Volta a Portugal do Futuro do seu antigo comandado, Rui Costa, hoje ao serviço do SL Benfica, pelo facto de o corredor já ter integrado a equipa profissional dos encarnados.

Manel, a memória dos homens tende para ser curta, mas ainda há alguns que resistem um pouco mais em preservá-la. Chatos, como eu. Que li aquilo que te é atribuído e fiquei pasmado.

Quem é que ganhou a edição de 2006 desta mesma Volta a Portugal do Futuro?

Já li o nome bem escrito, mas mal atribuída a equipa ao corredor.

Um jovem que também já dera o salto para o profissionalismo, que também já participara em corridas ao serviço da sua nova equipa (profissional, e das mais fortes do pelotão nacional) e que, alinhando com o equipamento (azul) da formação que lhe pagava (e paga, porque ainda lá continua) o ordenado ao fim do mês, teve a trabalhar para ele toda a equipa que o Manel comandava, e comanda.

Era ele O candidato, e então – e não foi assim há tanto tempo, por isso me choca que não haja quem se lembre!!! – todos os jovens, incluindo o Rui Costa e o Edgar Pinto, que eram mesmo da equipa de S. J. de Vêr, viram-lhes limitada a possibilidade de lutarem pela vitória. A que também aspirariam, com certeza.

E quem, já este ano, escreveu que o vencedor da Volta a Portugal do Futuro de 2006 foi o Filipe Cardoso, do S. M. Feira-E’Leclerc… emende lá para Filipe Cardoso, da LA-Liberty Seguros. Assim é que está certo.

Nota

SEM SABER O QUE DIZER...

Tinha acabado de colocar aqui o artigo da 407.ª etapa quando fui dar com a notícia [de A BOLA] que transcrevo na 408.ª etapa. Chocado, claro!
Venho, há meses, a bater-me aqui ao lado dos Corredores e, embora continue a acreditar - e a defender - que a grande maioria anda "limpa"... com que cara fico eu depois de uma "bomba" destas?

Ainda bem que mister McQuaid não revelou que, em vez do Rasmusen, o Vinoukurov é que daria um bom vencedor. Lá tinha eu ido na "embalagem".

Fico sem saber mais o que dizer...

708.ª etapa


VINOKOUROV "POSITIVO",
ASTANA ABANDONA TOUR

O ciclista cazaque Alexander Vinokourov, que integra a equipa italiana Astana na Volta a França que hoje teve o segundo e último dia de descanso, revelou positivo a prática de transfusão sanguínea homóloga como resultado de um controlo anti-doping a que foi sujeito.

A notícia, esta tarde adiantada pelo diário francês L´Equipe, na sua edição on-line, revela que Vinokourov sujeitou-se a um controlo anti-doping no sábado à noite depois da sua vitória no contra-relógio individual disputado em Albi. Alexander Vinokourov, até agora vítima de duas quedas no Tour que lhe provocaram um atraso considerável em relação aos restantes favoritos à conquista da grande prova, ocupava o 23.º lugar na classificação geral, depois de ter vencido a duríssima 15.ª etapa ontem disputada.

707.ª etapa


O INSUSTENTÁVEL PESO DA DESCONFIANÇA

O que sentirá um corredor quando, no pouco tempo de descanso que tem no dia de descanso, se senta num dos sofás do átrio do hotel onde a sua equipa está instalada, estica as pernas, cansadas de 18 dias de corridas e viagens, depois de na véspera ter tido que resistir com tudo o que tinha para não ver o seu principal rival ganhar-lhe tempo, dizia eu, se senta num dos sofás no átrio do hotel onde está instalado, estica o braço, agarra num jornal, folheia-o até às páginas sobre o Tour e lê isto:

“Com toda a especulação à sua volta seria melhor que outro qualquer vencesse. A última coisa que o ciclismo precisa é de mais especulações sobre doping.”

E o que terá sentido… o Michael Rasmussen. Mesmo depois de ir até ao fim da notícia onde o autor daquela declaração acaba por reconhecer que ele, Rasmussen, “não quebrou qualquer regra” e “merece o benefício da dúvida”?

E quem é que proferiu tão desditoso comentário?
O senhor Patrick McQuaid. “Só”… o presidente da União Ciclista Internacional.

Apesar de “não ter quebrado qualquer regra” e de “merecer o benefício da dúvida” – não seria o Direito à presunção de inocência? -, o “melhor”, para a UCI, é que o homem que até agora gastou menos tempo que os demais a percorrer os mesmos quilómetros, por planícies e montanhas, em contra-relógios ou resistindo, nas mais duras subidas, aos constantes ataques dos rivais, na defesa da sua camisola amarela… NÃO ganhe o Tour.
Por rumores. Por puros rumores.

Atentem, por favor, todos a isto que vou escrever: qualquer um dos milhões de OCS espalhados pelos quatro cantos do Mundo pode, nos dias de hoje, acabar com a carreira de um Corredor.
De um qualquer Corredor.
Basta registar, em gravação, em vídeo ou num bloco, com uma simples esferográfica, as declarações de quem o queira destruir.

E isto é muito grave.
E quando o presidente da UCI, mesmo reconhecendo que um corredor – que por acaso é o líder do Tour – “não quebrou qualquer regra” e “merece o benefício da dúvida”… vem dizer que “seria melhor que outro qualquer vencesse”, por causa de toda a especulação que já o persegue, embora ainda estejamos a cinco dias dos Campos Elísios, digam-me lá se não são levados a pensar o mesmo que eu logo pensei:

Para a União Ciclista Internacional – e não me custa acreditar que a Organização do Tour pensará a mesma coisa – o problema, o grande problema, não está no doping.
Está nas notícias sobre o doping. Quer elas tenham, ou não, nomes de Corredores.
A preocupação não é a luta contra o doping
É que se saiba que há doping.
E até já os rumores preocupam.

Mesmo reconhecendo que Rasmussen “não quebrou qualquer regra” e “merece o benefício da dúvida” – sendo que, nos controlos a que, desde que é líder da prova, é sujeito todos os dias não revelaram qualquer “trafulhice” por parte do dinamarquês – “o melhor era ser outro a ganhar”!
E como se sentirá o Michael Rasmussen, depois de ter lido esta… demonstração de desconfiança?

segunda-feira, julho 23, 2007

706.ª etapa


BOA SURPRESA, LOGO DILUÍDA
POR UMA IGNORÂNCIA
QUE CHEGA A RAIAR O RIDÍCULO

Fui hoje surpreendido com o conteúdo do espaço que diariamente ocupa o director de um dos “desportivos”. Porque apela ao “reatamento da paz” com o Ciclismo. Isto a propósito do Tour. Chama a atenção para o espectáculo extraordinário que o pelotão tem vindo a proporcionar e até relevo o facto de não ter resistido ao julgamento fácil daqueles que, de um modo ou outro, estão envolvidos em casos paralelos de disciplina. Que não são mais do que isso. Problemas disciplinares, o que pressupõe a existência de uma instrução, uma acusação e, depois, se os argumentos se sustentarem, o definitivo castigo… disciplinar.
Que o não esqueça nas próximas oportunidades.

Mas eu tinha mesmo razão ao começar por “desconfiar” daquele pequeno texto, ao qual não nego, contudo, a intenção de descomplicar um pouco a confusa batalha que se desenrola em terrenos não definidos, com alguma falta de estratégia minimamente consistente e com a CS completamente desnorteada, correndo a publicar tudo aquilo que as agências internacionais põem em linha.

Infelizmente, leio num outro “desportivo” que Patrik Sinkewitz (T-Mobile), está “de rastos” porque, acabado de sair do hospital, onde teve que recolher depois de uma queda grave, se vê julgado publicamente quando, e a informação vem na mesma notícia, o resultado da habitual contra-análise não será conhecida antes do próximo dia 28.
Já aqui o escrevi.
São raríssimas – mas há casos que dizem o contrário – as situações em que o resultado da segunda amostra contraria o da primeira, mas manda o bom senso que, enquanto o “arguido” tem uma hipótese de poder vir a ser considerado inocente se não o julgue publicamente.

E reitero outra coisa que já aqui deixei escrito: se há um número mínimo de pessoas com acesso aos resultados destas análises; se está previsto nos regulamentos que, antes de efectuada a contra-análise não há “positivos”, como é que estas notícias chegam ao público?

Há uma coisa que não deixa dúvida alguma, é alguém, dentro da chamada família do Ciclismo, que – vá lá saber-se com que motivação – denuncia estas situações.
Mas também já escrevi múltiplas vezes, aqui no VeloLuso, que o Ciclismo tem uma tendência para a autofagia que eu não consigo explicar.

Mas voltemos às primeiras linhas deste artigo.
O tal escrito do director de um dos “desportivos”.
Depois de uma no cravo… duas na ferradura! E cada uma delas mais infeliz que a outra.
Começando pelo fim… cito: “Vinokourov que este ano se enganou no Receituário.”

Não somos tolos e percebemos a mensagem.
Receituário = receita, receita > medicamentos; medicamentos >… doping.

Não podia ter caído nesta “armadilha” e estas situações só acontecem porque as pessoas – e os jornalistas são pessoas – estão “intoxicadas” com as míriades de notícias (quantas acabam, realmente, por ser comprovadas?) sobre casos de doping. Ou de apenas suspeitos de terem recorrido ao uso de produtos ou alinhado em práticas proíbidas.
Mas o Alexandre Vinokourov não merecia esta… alfinetada.

Não vai ganhar este Tour, isso já é definitivo, mas qual é, de verdade, e em consciência, a grande figura desta corrida? É o Vinokourov.
Vítima de quedas, com consequências significativas, arredado do seu principal, grande, único objectivo para esta temporada (único não será porque estou em crer que vai apresentar-se na Vuelta para ganhar de novo…), sem hipóteses de se chegar aos primeiros ele fez, no passado sábado, um contra-relógio só ao alcance dos grandes campeões.

E, já agora, sublinho isto: o Alexandre Vinokourov andou dias a sofrer um sofrimento a que muito poucos se sujeitariam, e isso já diz algo sobre a sua personalidade e o seu profissionalismo.

Céus!... Imaginem alguém a pedalar centenas de quilómetros com ambos os joelhos entrapados. Conseguem? Há, na história, algum antecedente? Que eu saiba não…
E como será andar centenas de quilómetros a pedalar com os DOIS joelhos entrapados. Alguém consegue medir a intensidade do sofrimento deste homem?
Imaginem um jornalista com ambos os braços partidos.
Será que se apresentava ao seu trabalho e conseguia escrever?

Depois, e sem que me sinta nem um décimo de milímetro diminuído, chamo aqui a opinião do homem que em Portugal melhor comenta o Ciclismo, o Marco Chagas. Na sexta-feira dizia o Marco que, tenha sido conscientemente ou não, a Organização do Tour “armadilhara“ [a expressão é minha] o final da segunda semana da prova.

O contra-relógio individual, largo, de 54 quilómetros, na véspera da primeira etapa nos Pirinéus, era mesmo uma armadilha. E, quem viesse a empregar-se a fundo no crono de sábado, dificilmente conseguiria recuperar em pouco mais de doze horas para a primeira etapa pirenaica.
Claro que o Marco, sabedor, tinha razão.

Arredado da discussão dos primeiros lugares, Alexandre Vinokourov esgotou-se no crono de sábado. E, sendo um corredo, frio, que traça objectivos claros, estou amplamente convencido que ele já sabia que no domingo não conseguiria intrometer-se na luta dos primeiros. Mas puxou do seu inegável brio profissional e reduziu aquela que – não tivessem sido os azares acumulados antes – seria a sua concorrência directa a pouco mais que… zero.
No Domingo pagou a factura!

Mas é preciso ter o mínimo de luzes acerca disto que é o Ciclismo para compreender isto. Limpem da vossa cabeça tudo o que sabem, ou julgam saber, sobre ciclismo.

Conseguem agora conceder a Alexandre Vinokourov o devido valor pelo que conseguiu no Sábado?
Conseguem?
Parabéns.
Sabem um pouco mais de Ciclismo do que aquilo que vocês próprios acreditariam.

Mas lá está… Nunca se sabe tudo de tudo.
Há sempre lugar para uma surpresa e essa chegou-nos hoje mesmo, com o mesmo Vinokourov. Naquela que era considerada a raínha das etapas o cazaque voltou a deixar a sua marca.
A marca de um corredor que hoje em dia não tem rival.

As coisas não lhe correram bem… mas também há “heróis” do chuto-na-bola que falham penalties ou, sendo guarda-redes, consentem frangos inadmissíveis. Sem terem tido que ir com os costados ao chão. Sem sentirem as carnes rasgadas pelo asfalto. Sem terem que se levantar e continuar, como se nada tivesse acontecido.
Anotem esta parte.

Arredondar os mil caracteres que escreve diariamente com um “engano no receituário”, para além do mau gosto, para além de revelar ignorância, cai na acusação gratuita. Sem prova sustentável e, o pior de tudo, sem respeito para com um atleta que é, de longe, um dos grandes profissionais do Ciclismo dos dias de hoje.
Não havia necessidade.

E, continuando a referir-me ao mesmo artigo, que dizer à inqualificável citação sobre a prestação de Sérgio Paulinho?
Mesmo descontando que o senhor, que é jornalista há 40 anos, ou há 50, ou há 120 anos… percebe tanto de Ciclismo como eu percebo da cultura de tulipas negras, não é coisa que se diga.

“Tem gelatina nas veias”?

Será que este senhor não é o protótipo daquela figura de anedota que, querendo atingir um adversário parlamentar – diz-se que a história é real e aconteceu mesmo no parlamento brasileiro – lhe disse que o que acabara de ouvir lhe entrara por um ouvido e lha saíra pelo outro, obteve como resposta um… “Isso é impossível, porque está cientificamente provado que o som não se propaga no vácuo”?
Parece que se ajusta ao molde. Deixei de acreditar que tenha alguma coisa entre uma orelha e outra...

E “chamo”, outra vez, em minha “defesa”, espero que percebam que isto é algo encenado, a sabedoria do Marco Chagas (eu não me canso de o ouvir e, porque quero todos os dias saber um bocadinho mais do que no dia anterior, não dispenso uma migalha que seja dos seus comentários – há outras “figuras” que, sem nunca terem produzido uma opinião sustentada, nada que vá além do mero palpite, ainda não perceberam que o seu tempo acabou).

Ainda temos mais uma etapa – e que etapa… – nos Pirinéus. Apesar de ter vindo a demonstrar que não vai ser fácil derrubá-lo do primeiro lugar, a verdade é que a posição de Michael Rasmussen na tabela classificativa ainda não lhe garante cândidas noites de sono. E… imagine o senhor em questão, imaginem todos os outros, que Alberto Contador consegue, depois de amanhã, sacudi-lo do primeiro lugar do pódio?
O que é que isso tem a ver – perguntar-se-á o senhor que teve a latarepito, a lata, de dizer que nas veias do Sérgio Paulinho corre… geleia – ?

Tem a ver que Contador precisará depois, e nas etapas – contra-relógio à parte – que sobram, de poder contar com TODA a equipa em condições de trabalhar para ele. Trabalho que nunca será menos do que extenuante.
Está claro para todos os que percebem o mínimo de ciclismo.

Nestas duas primeiras etapas nos Pirinéus, só um homem da Discovery Channel teve de dar o corpo ao manifesto. Foi George Hincapie.
Se na 5.ª feira – e as ameaças já foram tantas que eu fiquei convencido de que Contador vai ser capaz de sacudir Rasmussen do primeiro lugar na etapa do Aubisque – se cumprir o que eu antevejo, o Sérgio Paulinho vai voltar à cabeça do pelotão. Mas mesmo que nada disto venha a cumprir-se… não tem, um não iniciado, que encher “chouriços” com todos os disparates que lhe assumam à cabeça.

Não sou a favor do branqueamento de algumas prestações dos portugueses além fronteiras. Não sou. Acho que, fundamentadas, as críticas, lidas como construtivas só podem ajudar. Mas alguém que já confessou que está de “papo para o ar” numa praia algures em Portugal, fazer escarrapachar que o CORREDOR PORTUGUÊS com mais títulos sonantes no seu palmarés, Agostinho incluído, tem gelatina a correr-lhe nas veias, não merece que o considerem… não é mais que uma abjecta barata a pedir que seja esmagada por qualquer sandália de um qualquer veraneante.
Seja jornalista ou não (e quero lá saber se é director…!).