sábado, julho 28, 2007

721.ª etapa


ABUTRES!...

O Ciclismo vive dias difíceis, todos nós - os que gostamos mesmo da modalidade - o sabemos. Na verdade, não está a acontecer nada de tão diferente assim, em relação a... sempre.
À excepção do vôo mórbido dos ABUTRES.

O Ciclismo ainda não morreu. Não vai morrer, todos sabem isso.

Mas, talvez por o saberem, há quem não resista e, ao vê-lo caído, não consegue esperar que, como desejaria, ele deixe de dar sinais de vida. E os ABUTRES atacam, e tentam debicar o corpo ainda com vida.

O Ciclismo vai resistir. Assim se juntem todas as boas vontades.
Está doente, isso está. Não o podemos negar. Mas ainda não morreu.

Por isso, exercícios destes, como o do France Soir, são inadmissíveis.

Ao menos as televisões públicas alemãs assumiram que não falavam mais deste Tour.

Este jornal francês não pretendeu mais do que, com esta primeira página, GANHAR MAIS DINHEIRO com o Ciclismo que... "mata" desta forma.

O Ciclismo ainda não morreu, mas já há quem debique, do corpo ainda vivo, aquele que acha ser o seu quinhão.

Vergonha!

E repare-se. Não falta ali, naquele mórbido exercício, ninguém?

Para além de Bjarn Riis, de Ullrich e de Pantani... Pois! A "besta negra" para os franceses.
O único homem que venceu a corrida por sete vezes consecutivas.
A grande, verdadeira e única razão pela qual todo o "hexágono", de ministros à policía, de alguns adeptos - não podem ser muitos que todos os dias vejo milhares de pessoas a aplaudir o pelotão - à Imprensa, declarou, desde há seis ou sete anos, guerra ao Ciclismo.

Mas, e quem é que hoje, aqui, agora... ousa sequer garantir que os triunfos daqueles... "heróis" foram imaculados? Quem?

Mas quem é que, e quando é que se descobriu que o doping no Ciclismo é coisa de há meia dúzia de anos?
Claro que não é!

Mas não serei eu - JAMAIS!... - a dizer que A, B e/ou C... mesmo quando, ao contrário do que hoje, por exemplo, acontece, ganhava 25 e 30 corridas na mesma temporada o não fez por... ser capaz de o fazer. Quando se ganhava no mesmo ano o Giro e o Tour; o Giro e a Vuelta; a Vuelta e o Tour... para além de um rosário infindável de outras corridas!

O que fica claro naquela 1.ª página é que, em definitivo, houve... FILHOS e há ENTEADOS.
Perante examplos destes eu só digo: há falta de rigor, há desonestidade.
Estamos perante uma gritante manipulação de meias-verdades... "papa para tolos".
E há tanto tolo que a come sem sequer pestanejar.
Bendita seja a santa ingorância.

Mas, se não gostam mesmo nada de Ciclismo... PAREM DE FAZER DINHEIRO à sua custa.




Para aqueles menos familiarizados com a língua de Voltaire,
é a seguinte a tradução daquela 1.ª página:
Comunicado de falecimento
O senhor Desgrange, seu pai;
Os senhores Garin e Cornet, seus filhos;
Os senhores Bobet, Anquetil, Thévenet, Merckx, Poulidor, Hinault, LeMond e Indurain, seus netos
Comunicam dolorosamente o falecimento do
Tour de France
Acontecido a 25 de Julho de 2007, em Orthez, com a idade de 104 anos, após doença prolongada
As exéquias serão celebradas na mais estrita intimidade

2 comentários:

SG disse...

Não me parece que seja tanto assim. Ou, então, sou eu que, estando já tão habituada a este tipo de coisas, não me deixo chocar com tanta facilidade.

Compreendo a tua indignação, mas também compreendo a opção do "France Soir". Desconheço o conteúdo da edição, mas - e falando apenas da capa - não creio que tenham assim tão más intenções. Aliás, estou até capaz de supôr que a ideia de anunciar a "morte do Tour" tenha surgido de declarações de nomes importantes da modalidade que falaram da "morte do ciclismo". Poderá não ser, de todo, justa e comportar até um certo humor negro, mas... não irá muito além disso... E, segundo li por aí, terá também servido para anunciar que o "France Soir" terminou a sua cobertura da prova.

Compreendo, igualmente, a exclusão do Armstrong da lista de "netos". Esta é uma publicação francesa, destinada a franceses e todos nós sabemos que os franceses (que não só a comunicação social francesa) não morrem de amores pelo americano. A sua inclusão nesta capa poderia ser pior do que a exclusão. Se calhar, esse seria o verdadeiro choque para os franceses...

Até porque me parece injusto acusar os franceses de quererem matar o Tour (ou o ciclismo). Se há alguém à face da terra que deseja o melhor ao ciclismo serão mesmo os franceses. Ninguém mais do que eles desejará que o Tour viva muitos e longos anos.

mzmadeira disse...

Tens razão S.,
claro que os franceses continuam a gostar do Tour (e do Ciclismo); e os espanhóis continuam a gostar do Ciclismo, e também do Tour, ainda mais agora, quando, 12 anos depois do penta de don Miguellon, se preparam para ganhar de novo a Grande Boucle. Tinha então o Alberto Contador... 12 anos de idade.
Claro que os portugueses continuam a gostar de Ciclismo; e os italianos, e os alemães, e os austríacos...

Não é meia dúzia de descrentes, mesmo que tenham passado à categoria acima, que é o de acusadores (espero que com provas), se apliquem a sério - é o grande defeito dos fundamentalistas - no descrédito total da modalidade da qual dizem gostar.

Desde que não atem à cintura uma fita de cartuchos de dinamite e não se façam explodir no meio do pelotão... sejamos condescendentes.