quarta-feira, fevereiro 28, 2007

432.ª etapa


OBRIGADO A TODOS
(50.000 visitantes)

Ao final da tarde de hoje, o VeloLuso passou a barreira dos 50 mil visitantes. Tendo em conta que só a 2 de Abril do ano passado instalei o contador de visitas, isto dá, em média, 150 visitantes por dia. 150 leitores que, por um motivo ou outro, escolheram está página como "passagem" habitual, quando na busca de artigos sobre Ciclismo.

O VeloLuso, que nasceu em finais de Outubro de 2005, não é exactamente um sítio de notícias, antes pelo contrário, e dos 462 artigos aqui deixados, a esmagadora maioria é de opinião. Isto significa que, para além dos espaços informativos, disponibilizado, quer pelos jornais, quer por outros sítios na net, há gente - 150, em média, por dia -, que se interessa pela forma como eu vejo o Ciclismo. Nacional, preferencialmente.

É verdade que muitos dos artigos que aqui escrevi mereceram respostas críticas, de quem não concordava completamente - muitas vezes não concordava nada - comigo. Por isso os mais variados agentes da modalidade, que aqui é raínha, me contactaram pessoalmente. Apesar, e como os mais assíduos visitantes sabem, de muitos outros terem aqui deixado expressa a sua opinião que nem sempre coincídia com a minha.

Com algumas trocas de mensagens, ou de telefonemas, às vezes menos tolerantes, mas que, exactamente no seguimento dessas conversas (ou mensagens) sempre terminaram da melhor maneira.

Ambas as partes se explicavam, ambas as partes aceitavam as explicações e, no final, permaneceu intocável a relação que mantenho há mais de década e meia com o Ciclismo português (ficando aqui subentendido que com todos os vectores ou agentes do Ciclismo nacional).

Neste - longo - período que levo afastado, por problemas de saúde, do meu jornal, foi bom ter sentido que não fui esquecido. Não por todos.

Atingido este patamar, estou consciente de que já não há ponto de retorno, para o VeloLuso. Por um lado, subsistirá sempre a minha vontade de escrever livremente sobre a modalidade que amo. E, a partir de agora, sinto-me na obrigação de não desiludir o grupo, já bastante interessante, de leitores que consegui congregar à volta deste Blog.

Que, repito, não é exactamente um sítio onde se dê grandes novidades... o que poderia explicar a quantidade de visitas, mas porque há mais de uma centena e meia de pessoas que, diariamente, querem saber se eu tenho ou não uma opinião sobre qualquer aspecto ligado ao Ciclismo.

Sinto-me lisonjeado. Sei das responsabilidades que tenho, que construí, ao - de alguma forma - expor-me assim à opinião pública, não só da família do ciclismo mas também dos adeptos mais ou menos anónimos.

Ninguém sabe o que nos reserva o dia de amanhã, mas eu não deixo de, nesta mensagem, reiterar a minha vontade de continuar a falar abertamente do Ciclismo que temos; do Ciclismo que eu acho que devíamos ter... e manter-me receptivo às vossas sujestões em relação ao Ciclismo que vocês acham que devíamos ter.

Um grande bem haja, para todos vocês, os que, dia-a-dia, todos os dias, me previligiam com a vossa visita.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

430.ª etapa


E AQUI... O BENFICA GANHOU!

Disputou-se ontem, no Cartaxo, a primeira "manga" da Taça Nacional de Sub-23. Pouco sei da corrida, além do resultado final. Ganhou o jovem Bruno Sancho - elemento da equipa profissional - que se impôs numa chegada talhada para a sua especialidade... o sprint.

Para a história, fica o primeiro triunfo do Benfica nesta categoria, onde se estreia este ano. Em termos gerais, no final do ano Bruno Sancho terá o privilégio de aparecer como o primeiro elemento do novo Benfica a ganhar uma corrida em 2007.

Mas este pequeno artigo visa, antes de mais, enviar daqui um grande abraço a um grande e verdadeiro amigo que tenho em Gonçalo Amorim. Parabéns Gonçalo. Uma vitória na tua estreia como técnico e logo na tua terra. Um dia destes encontramo-nos e festejamos juntos.

(Obrigado, Carlos, pela foto...)

429.ª etapa


EXPLICAÇÃO

Nos últimos cinco dias estive impedido de colocar postagens no VeloLuso devido, ao que o servidor me informou, a problemas no seu sistema central. No mesmo período, decorreu a primeira corrida por etapas do Calendário Nacional. Mas segui-a à distância - a Internet aproxima-nos de qualquer ponto do Mundo - e, por deferência dos meus grandes amigos da Rádio Gilão (de Tavira), mesmo daqui, fui fazendo comentários às etapas. Entretanto, o dia de hoje foi dedicado à leitura de TUDO o que os jornais publicaram pelo que vou agora preparar o meu comentário à Volta ao Algarve. Não prometo que a ponha em linha ainda hoje, mas amanhã cá estará.

428.ª etapa


O RÍDICULO (FELIZMENTE NÃO MATA)...
MAS DEIXA NÓDOA

Quando esperamos - porque levamos já um bom par de anos de actividade no meio - ter já visto tudo, eis que, de quando em vez, lá surge uma "novidade".

Portugal recebeu, na última semana, um dos maiores momes do ciclismo mundial. Um homem que já soma mais de uma centena de vitórias no seu currículo, que todos querem ter nas suas corridas mas que... só alguns conseguem. E uma organização portuguesa conseguiu trazê-lo ao nosso país.

É um dos melhores na sua especialidade - se é que não é mesmo o melhor - e, só o facto de o termos tido cá já seria motivo mais do que suficiente para que, o menos experimentado, disso fizesse eco. Ainda por cima, o homem ganhou a corrida.

Um dos melhores corredores da actualidade, no pelotão mundial, esteve em Portugal. Participou numa corrida portuguesa e... venceu.

Todos os jornais fizeram disso eco. Com o destaque que a situação merecia. Mas houve um que, raiando o rídiculo, em destaque na sua edição de hoje conseguiu escrever "José Azevedo acabou Volta ao Algarve em 17.º lugar".

Estou à vontade, em relação ao Zé. Sei que ele me compreende, e adivinho que concorda comigo.

À frente do Zé ficaram - falando apenas em corredores de equipas portuguesas - o Tiago Machado (6.º), o Hector Guerra (11.º), o Luís Pinheiro (14.º) e o Pedro Cardoso (15.º). Então... porque raio o destaque foi para o 17.º lugar do Zé?

Quando, pela primeira vez - logo, a única em que isso aconteceu - Alessandro Petacchi, o melhor dos actuais sprinters mundiais, veio a Portugal e... venceu a corrida?

Mesmo para o ridículo terá de haver limites. Basta que haja bom senso.

Imagine-se esta situação - parodiada, mas que poderia ter acontecido -, recuemos 30 anos. Temos o Eddy Merckx a correr em Portugal. Vem, e ganha a corrida, naturalmente. E um jornal resolve destacar o 17.º lugar de um corredor português.

Não conseguem perceber? Ok... outro exemplo... recuemos apenas dois anos. O Lance Armstrong vem a Portugal. Ganha uma corrida. Que jornal iria destacar o 17.º lugar de um corredor (português, é verdade) que nem sequer fora o melhor luso na corrida?

Há situações em que não basta ser sério, também é preciso parece-lo. O que, reconheço, nem se aplica a este caso. Aqui foi, em definitivo e sem que haja desculpas passíveis de ser aceites, uma clara falta de... mais do que do tal bom senso, foi ignorância pura.

É ter o SOL a brilhar bem alto e acender uma lanterninha de bolso para encontrar o seu caminho. Rídiculo. Não é?

427.ª etapa


E SE O SPORTING TEM ACEITE?

A meio da semana passada e na coluna que assina semanalmente em A BOLA, decidiu o Daniel Reis, camarada de escrita que admiro e leio - que já esteve comigo em várias voltas a Portugal (ele pelo Expresso, eu n’A CAPITAL e n’A BOLA) e, pelo menos, numa Volta a Espanha, a acompanhar os feitos da Maia – decidiu, escrevia eu, dedicar a sua rubrica semanal… ao Ciclismo. Ao Ciclismo não. Ao ciclismo do Benfica!

Aqui, e antes de continuar, impõem-se duas notas prévias.
1.ª - O Daniel escreve n’A BOLA enquanto adepto do Sporting.
2.ª - Eu não estou – nem poderia estar – mandatado pelo Benfica para, aqui ou em qualquer outro lado, o defender.

Já o escrevi, sou habitual leitor do Daniel e, desta vez, porque o tema – logo se percebeu pelo título - era o Ciclismo, pus-me a lê-lo ainda com maior interesse. Contudo, ao fim das duas ou três primeiras linhas comecei a torcer o nariz.
Para ser totalmente honesto, e directo, torci logo o nariz quando me apercebi que o tema da crónica era o Ciclismo.

Ora, se o Daniel escreve na condição de adepto do Sporting… ciclismo porquê? Se os leões (que bom seria que também estivessem no pelotão) nem sequer têm ciclismo?
E não foi preciso muito mais do que ler as tais duas ou três primeiras linhas para perceber – vá lá saber-se porquê – que a crónica, toda ela, era direccionada no sentido de lançar dúvidas sobre a credibilidade do projecto encarnado, assentando o principal – único, aliás - argumento por ele esgrimido no facto de, à frente (ou por trás, como preferirem) do projecto que devolveu o ciclismo ao Benfica estar a mesma figura que é também o “homem forte” da Volta a Portugal. João Lagos.

Mas, porque o Daniel – e repito-me, um colega de profissão que admiro e leio – não é propriamente um especialista na modalidade, comete algumas imprecisões que, inevitavelmente, terão induzido em erro os seus habituais leitores menos familiarizados com o Ciclismo.
Primeira imprecisão: a João Lagos Sports/PAD organiza mais meia dúzia de corridas, para além da Volta. As “dúvidas” que semeia não deveriam, então, cingir-se à nossa principal corrida. Qualquer uma delas (ou todas?) mereceria o mesmo “tratamento”;
segunda imprecisão – ou foi apenas uma omissão? - é ignorado o facto de o “anterior” Benfica ter estado dois anos no pelotão e não só em 1999, quando David Plaza conquistou a Volta a Portugal. Mas isto é de somenos.

O que aqui importa é que a crónica, que não deixará de ser um engraçado exercício no estilo do yo no creo en brujas pero, que las hay, hay… é, inexplicavelmente, expeculativa. E o que dali se tira, tudo muito bem espremidinho, é apenas um anti-benfiquismo primário.

Não sabe o Daniel, porque faz ciclismo uma vez por ano – em anos “sim”, porque já houve muitos anos “não” – que não é de todo virgem a “coincidência” de um grande organizador de corridas ser, ao mesmo tempo, o principal suporte de uma equipa de ciclismo. Não sabe, por exemplo, que, quando da renovação do contrato, há cerca de 15 anos atrás, entre a Unipublic e a Real Federação Espanhola de Ciclismo, a primeira - a organizadora da Vuelta - se viu obrigada a “sustentar” uma equipa que tinha como objectivo dar trabalho aos corredores que não encontravam lugar nas outras equipas profissionais espanholas. E, surgiu a Deportpublic. Que correu em Portugal, sim senhor, com este nome e, depois, com os dos patrocinadores que foi angariando, ano após ano.

Mas o facto de o Daniel não saber isto, eu até “relevo” (como dizem os irmãos brasileiros), já não compreendo é como é que ele, que deve estar bem informado sobre a realidade do clube do seu coração, parece ignorar que quando o João Lagos decidiu que, para que o ciclismo em Portugal pudesse garantir mais adeptos – e mais apoios, porque não? porque estamos a falar de negócios – seria interessantíssimo “recuperar” os três grandes para o pelotão, encetou contactos com Benfica, FC Porto e Sporting. E que foi de Alvalade – ele que é um sportinguista convicto – recebeu um rotundo NÃO, OBRIGADO!...
Com o Porto as coisas não andaram porque, pelo meio, havia outros projectos, ainda que, aparentemente, apenas em embrião, e o único a aceitar o desafio foi o Benfica.

Pois que eu gostaria muito de ler a mesmíssima crónica no caso de o Sporting ter aceite a proposta do João Lagos.

E não me parece que seja suficiente a ressalva, em relação à honestidade do Joaquim Gomes na decisão do(s) traçado da(s) próxima(s) volta(s). É que até essa parte da crónica está inquinada de suspeitas. Meras conjecturas… mas só porque é o Benfica.

Para todos os que (também) estão um pouco a leste do que é, na realidade, o Ciclismo, a reentrada do Benfica no pelotão garante, à partida, mais gente na estrada, mais e maior cobertura das corridas por parte da CS, proporciona, é evidente, mais luta nas corridas – porque é mais uma equipa, com profissionais de intocável carácter – mas não condiciona o espectáculo à sua prestação. Antes pelo contrário, potencia-o. Mas no Ciclismo “quem tem pernas” é que ganha. E quando o João Lagos aposta, é no espectáculo, no seu todo – que sai a ganhar com a presença do Benfica, e que ganharia ainda mais com as presenças do FC Porto e do Sporting -, não na patética hipótese de escolher, à partida, um protagonista em especial.

Eu diria que a esta crónica faltam alguns milhares de quilómetros de estrada para poder avaliar o que é, de facto, o Ciclismo.

domingo, fevereiro 18, 2007

426.ª etapa


DUAS CONFIRMAÇÕES NA "ABERTURA"

Realizaram-se este fim-de-semana as corridas de Abertura para os dois primeiros escalões do Ciclismo português e, em ambas as corridas o resultado final pautou-se pela confirmação dos seus vencedores. Ainda que de forma um tudo nada diferente. Já explicarei.

Primeiro, no sábado e, pelo que ouvi na Rádio Gilão (abraço grande para os amigos Luís Santos e Jorge Nunes), numa corrida marcada por um dia anormalmente invernoso (chuva e muito frio), os mais novos (sub-23) estiveram iguais a si próprios proporcinando uma corrida bastante animada que viria a ser ganha pelo feirense Ricardo Vilela, com a formação orientada por Manuel Correia a cometer a proeza de meter seis corredores nos primeiros dez. A primeira confirmação, a da qualidade, sempre pendular, do conjunto de São João de Vêr, malgrado as sucessivas sangrias que vem a experimentar, ano após ano.

Será - eu, pessoalmente, não tenho grandes dúvidas acerca disto - o projecto mais consistente, no que respeita à formação, em Portugal. E lembro-me muito bem das conversas que fui tendo com o Manel Correia - que faz o favor de ser meu amigo - nos últimos anos. Nomeadamente quando, há dois anos atrás chegou a pairar a ameaça de o pelotão profissional dobrar, em termos de números, porque haveria uma série de equipas sub-23 com intensão de apostarem no profissionalismo. Disse-me, então, o Manel que o seu projecto não alinharia nessa aventura. As estruturas e apoios de que dispõe chegam para poder ter uma equipa competitiva - para ganhar qualquer corrida - no escalão das antigas esperanças e ele - mais os outros responsáveis pelo projecto - não arriscariam esse passo no escuro correndo o risco de ver desmoronar-se o projecto em si. Gostei de ouvir, então.

Neste ano de 2007 voltou a equipa a sofrer nova sangria. É normal e devia ser motivo de contentamento para os seus responsáveis. É sinal de que estão a trabalhar bem e a conseguirem formar jovens que, depois, suscitam a cobiça das formações profissionais. Uma vez que a aposta numa equipa de Elite ainda não faz parte dos seus planos, terão que aceitar, pacificamente, esta situação. Até porque os jovens que orienta terão, cada um deles, individualmente, ambições. E o não lhes cortar as pernas é o primeiro passo para poderem ter uma equipa voluntariosa. Como o tem vindo a ser a E. Leclerc nos últimos anos.

Por isso não percebi o desabafo do Manel Correia, aos microfones da Rádio Gilão, no sábado, quando, foi a ideia que ficou, se queixou de terceiros que fazem... «uma concorrência desleal». O Manel não disse isso - eu pelo menos disso não tive conhecimento - quando o Luís Pinheiro e o Filipe Cardoso foram contratados por uma equipa do escalão superior. Aliás, eu não ouvi (nem li) uma palavra do Manel Correia quando, o ano passado, pôs os seus jovens pupílos a trabalhar para um outro corredor que até já nem era da sua equipa, "roubando-lhes" a possibilidade de poderem vir a ganhar a Volta a Portugal do Futuro. Por isso, não percebi o seu... desabafo.

Mas pronto, a primeira confirmação, a que me referi logo no parágrafo inicial vai inteirinha para a equipa Santa Maria da Feira/E. Leclerc/Moreira Congelados - francamente!... não esperam que os jornais escrevam isto tudo, pois não? - que, logo na primeira corrida da época mostrou continuar a ser a mais forte do pelotão sub-23.

A segunda confirmação vai direitonha, é bom de ver, para o Manuel Cardoso (Riberalves-Boavista). Aos 23 anos é já, sem sombra para dúvidas, o nosso melhor sprinter e mostrou-o, ontem, em Faro. Como é evidente, não vi a corrida e, outros compromissos, assumidos anteriormente, impediram-me até de ouvir a Rádio Gilão. Sobra-me a informação divulgada pelo meu grande amigo Fernando Petronilho, mas não fica assim tão difícil de adivinhar o quão significativa foi a sua superioridade olhando apenas para a foto da chegada. Partindo do pressuposto de que o grupo da frente (ou o pelotão completo? não sei!...) se fez ao sprint final, a vantagem de três bicicletas conseguida pelo jovem nascido em Paços de Ferreira é elucidativa. Certo que - ao que julgo saber - Angel Edo (ASC-Vitória), por exemplo, não participou, tal como aconteceu com Cândido Barbosa (Liberty Seguros) ou com a equipa do Benfica. Mas estavam lá todos os outros sprinters que iremos ter no pelotão, em 2007. Digamos que, dando de barato, aquele espaço entre o Manuel Cardoso e o homem (o espanhol Francisco Pacheco) da Barbot-Halcon poderia ter sido preenchido pelos que não puderam estar presentes nesta corrida, mas, a crer na descrição da chegada, nenhum poderia ter-se imposto ao jovem axadrezado. Está de parabéns o professor José Santos que tem nas mãos um dos mais valiosos diamantes do nosso ciclismo, no momento.

Agora, já a partir de 4.ª feira, teremos na estrada a primeira corrida por etapas. A Volta ao Algarve. Já o escrevi aqui, no VeloLuso, que não me admiraria nada mesmo se as cinco etapas fossem discutidas ao sprint mas... perante essa possibilidade - e sendo que o pelotão da Semana Algarvia vai contar com esse monstro do sprint que é Alessandro Petacchi - fico, ansiosamente, à espera da resposta que o Manuel Cardoso possa vir a dar na estrada. E, imaginem, quanto não será incentivante para este jovem corredor - mesmo que perca o duelo - aparecer a discutir as chegadas com o grande Petacchi. Só por isso, acho que é importantíssimo termos corridas internacionais no nosso país. E eu adivinho que o Manuel Cardoso não sai da Algarvia sem uma vitória.

sábado, fevereiro 17, 2007

425.ª etapa


VITÓRIA DE BRUNO LIMA EM CUBA

Chamou-me - e muito bem, o que aqui agradeço publicamente - o Paulo Sousa ["Paulão"], para o facto de o jovem corredor português, Bruno Lima, que este ano representa a formação Elite espanhola da Viña Magna Cropus, ter ontem ganho a 3.ª etapa da Volta a Cuba, corrida que conta para o Circuito Americano da UCI.

Bruno Lima, que o ano passado vestiu as cores da Maia-Milaneza, foi o primeiro na etapa Santiago de Cuba-Bayazo (125 km), tendo cortado a meta com quatro segundos de vantagem sobre o mexicano Juan Magallanes e seis sobre o italiano Gianluca Colleti.

Parabéns, portanto, ao Bruno e, uma vez mais, o meu obrigado ao Paulo.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

424.ª etapa


ELE HÁ COISAS QUE NÃO PERCEBO!...


(Como não sou completamente tolo… concerteza que, se mo explicarem, eu compreenderei.)

Volto aqui, no VeloLuso, a assumir a crítica ao que os “desportivos” dão como informação credível aos seus leitores. É uma posição que assumo, frontalmente. Medidas as consequências.
Hoje, um deles – os “desportivos” – informa-nos que a principal “contratação” do Boavista, equipa que está à beira de completar 25 anos de estrada, é… Joaquim Sampaio.
O Joaquim, que conheço há década e meia, é um dos mais velhos corredores do pelotão – e o “velho” aqui não significa mais do que o ter mais anos de vida do que os demais, sendo que considero ter o Joaquim mantidas intactas as suas qualidades – e está no Boavista há um bom punhado de anos. O que aconteceu então?
Fácil. Impreparação do jornalista que fez a reportagem e desatenção de quem, na redacção lhe deveria cobrir o flanco. Resultado: uma informação errada.

Os leitores sabem julgar estes casos.

Mas, e lamento ter de escrever isto, num outro “desportivo”, a meio da semana surge-nos a notícia de que, alegadamente, dois responsáveis por duas das equipas que vêm à Volta ao Algarve se queixaram da corrida invocando argumentos que não são fáceis de digerir.

Primeiro, seria sempre deselegante a, seja quem fosse, tratar um organizador que tudo fez para os ter na sua corrida como Maomé tratou o toucinho. E estou certo de que, se fossem coerentes, até teriam feito um favor grande em terem recusado o convite. É que, apesar de tudo, houve equipas interessadíssimas em vir correr a Algarvia que a sua não presença valeria tanto como um “dois” no Totoloto…

Mas há mais. Primeiro, deixa-me a pensar o facto de dois responsáveis por duas das equipas mais habituadas a correrem as Clássicas do Calendário Mundial se queixem daquela forma quando, e todos o sabemos – e é isso que lhes garante serrem das provas mais mediáticas do planeta –, corridas como o Paris-Roubaix ou a Volta à Flandres são corridas por “caminhos” municipais, em estradas de 2,5 metros de largura, em constante sobe-e-desce, para não falar dos paralelepípedos… e até a lama.
Pior, deixa-nos a pensar quais os fundamentos de um responsável por uma das equipas que declara “creio que não existem condições para um pelotão igual ao das grandes voltas…», quando essa equipa NUNCA correu no Algarve. Como sabe o homem das características da corrida se nunca cá esteve?

São “armadilhas” em que o jornalista só cai se quiser.

Ouve, anota e transcreve, mas faltou ali uma coisa que teria vindo muito a propósito, o famoso “contraditório”, isto é, confrontá-lo com a uma simples pergunta: «De onde é que tirou essa ideia de que as estradas do Algarve não servem para este pelotão?»
Seria muito mais interessante a resposta a esta pergunta do que aquele… «desabafo» (chamemos-lhe assim).

Se fosse eu o organizador, uma coisa era certa… para o ano o pelotão seria mais pequeno de certeza. É que a essa equipa não mais seria endossado um convite. Aliás… sê-lo-ia já este ano porque já o teria retirado. Falta agora saber qual vai ser o discurso do senhor aqui, em Portugal, no Algarve. Quando os jornalistas o confrontarem com estas declarações. E confrontá-lo-ão, de certeza. Sobre isso não admito quaisquer dúvidas.

Ah!... e a outra equipa que se queixou, por acaso há dois anos até ganhou duas etapas. Mesmo correndo por estradas… «sem condições».

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

423.ª etapa


OUTRA BOA NOTÍCIA...

Recebi há pouco uma comunicação relativa a um novo programa, dedicado ao Ciclismo, que vai passar a... passar regularmente na televisão. Coloco-a aqui na íntegra, com um grande e estreito abraço para todos os envolvidos no projecto, em especial para o meu amigo Carlos Raleiras.

A produtora PGM-Projectos Globais de Media em parceria com a SportTV, estreia esta quarta-feira um magazine inédito na televisão portuguesa!

Pela primeira vez, o ciclismo nacional terá um espaço dedicado e regular de acompanhamento das suas diversas categorias.

A série de magazines “TV Ciclismo” é quinzenal com emissões à quarta-feira e vai estar no ar até final de Outubro. Cada programa terá, em média, 25 minutos sendo o ciclismo de estrada e os seus protagonistas a base de cada emissão havendo espaço reservado para as vertentes do BTT, BMX e Downhill.

No primeiro programa, a ser emitido esta quarta-feira, às 23.30 horas, naSportTV.1 serão abordadas algumas novidades da nova temporada de estrada que arranca no próximo fim-de-semana.

O regresso do Benfica é um dos assuntos, assim como algumas apresentações de equipas Sub-23.

Na rubrica o “Homem do Dia”, Francisco Araújo testemunha 60 anos como mecânico de bicicletas.

“Tv Ciclismo” é um programa produzido pela PGM, responsável pela cobertura televisiva de algumas das principais provas de ciclismo nacional e será coordenado pelo jornalista Carlos Raleiras.

422.ª etapa


OLHA QUE CORRIDA MAIS BONITA!...

Tive hoje acesso a todos os pormenores da próxima Volta ao Algarve. Como sei que o responsável pelo traçado foi o vice da AC Algarve, aqui deixo os meus parabéns ao Bernardino Caliço.

Adivinho, em certas cabeças, algumas críticas, nomeadamente em relação à extensão das etapas.
Não têm razão. Aliás, uma pessoa pelo menos deverá estar satisfeita. Um director-desportivo, dos mais credenciados da nossa praça, há anos que se queixa que o calendário nacional é mal desenhado, em relação à Volta. Fazem-se grandes prémios de 5 dias nos quais, e na totalidade, pouco se vai acima dos 400 km e, depois, na Volta, aparecem etapas de 200 quilómetros.

Pois bem, não falei ainda com o Bernardino Caliço – hei-de fazê-lo – mas tiro-lhe o meu chapéu. O traçado desta Volta ao Algarve’2007 não será perfeito – que venha o primeiro organizador a dizer que a sua corrida o é – mas aproxima-se muito disso.

Apesar do Malhão – que este ano não será final de etapa – apesar do Cerro de S. Miguel, apesar do Caldeirão e, sobretudo, apesar de Fóia, a corrida está homogénea. Vão todas as cinco etapas terminar por ser decididas ao sprint? Talvez.
Sim. Acredito que sim.
Mas isso só acontecerá se houver equipas dispostas a controlar a corrida. E não é isso que, qualquer equipa que queira ganhar terá sempre que fazer?

Felizmente, o “tudo ao molho e fé em deus” é uma imagem que, pouco a pouco, vem a desaparecer da forma de correr, também dos portugueses.

É a primeira corrida da temporada. Óptimo. Todos sabemos que metade do pelotão aposta apenas na Volta a Portugal. Não para ganharem a prova, mas para se mostrarem. Faltam ainda seis meses para a Volta. Aproveitem agora. Mostrem o que podem valer. E qualquer façanha, tendo em conta a qualidade do pelotão que vai estar no Algarve terá que ser devidamente recompensada com o justo destaque.

Agora…

Espero que não tenham olhado o primeiro terço da temporada apenas como um espaço temporal para afinarem alguns aspectos do treino que deveriam ter sido feitos no defeso. E espero não vir a ouvir desculpas do género… «eles chegam cá já com mais quilómetros nas pernas».
Porque isso É VERDADE, mas foram somados… na pré-temporada. Esta vai ser a primeira corrida a sério para todos os participantes… Espero, também, que os portugueses não se alheiem da necessidade de aproveitarem as corridas lusas para somarem pontos UCI…

Já dei uma vista de olhos pelos percursos e dei também uma olhadela nos pormenores das chegadas. Mais uma vez, acho-as quase perfeitas. Sei de um amigo que não concorda comigo. Acha as rectas da meta curtas de mais. Isto quando, repito, se perspectivam chegadas ao sprint.
Não são. A mais curta terá 350 metros, é o suficiente. E é preciso olhar a outro pormenor. As chegadas, quase todas elas com várias curvas antes da recta da meta, tornam-se bastante técnicas, com evidente vantagem para que conhece o terreno. Não sei se terá sido essa a intenção mas, mesmo que o não tivesse sido, foi bem pensado.


A chegada a Lagos é extraordinária. Mais de 1400 metros de recta – ainda que com uma rotunda sensivelmente a meio – seria, em qualquer corrida, incluindo as Três Grandes, uma chegada 5 estrelas. Do melhor que se pode desenhar.
As outras são bem mais curtas e, como já escrevi, bastante técnicas, com a vantagem a pender para os corredores que já as conhecem. E aqui os portugueses deveriam estar em vantagem. E deveriam tirar disso algum proveito. Imaginem o Manuel Cardoso – só para falar de um jovem corredor a quem eu auguro um futuro muito promissor – a entrar melhor colocado na recta da meta que o Petacchi. Imaginem a luta ombro a ombro. Imaginem que o Manel consegue ganhar. Imaginem a motivação que isso não traria ao nosso jovem sprinter.

Agora, se o Manuel Cardoso não conhece as chegadas, é responsabilidade da equipa técnica levá-lo lá. Há aqui alguém que tenha testemunhado a forma como o Sérgio Ribeiro ganhou, o ano passado, em Beja? Ele disse-o aos microfones da Rádio Voz da Planície, que eu ouvi. Foi estudar a chegada na véspera.

Mas resumindo…
Etapas longas? Óptimo!...
Chegadas mais ou menos complicadas? Óptimo…
Parabéns à Associação de Ciclismo do Algarve.

Parabéns ao Rogério Teixeira e parabéns ao Bernardino Caliço.
Eu defendo que a Volta ao Algarve se deve candidatar ao calendário de topo. Seja ele o ProTour ou enquadrado noutra qualquer realidade que venha, entretanto, a substituí-lo.

E que eu não oiça que a corrida foi traçada à medida das equipas estrangeiras.

Interpretá-lo-ei como uma confissão de que em Portugal não se sabe preparar uma temporada.
É que o primeiro a ganhar alguma coisa é o único que entrará para a segunda corrida aligeirado de responsabilidades.
Ou não é?

domingo, fevereiro 11, 2007

421.ª etapa


VOLTA AO ALGARVE

Estamos a pouco mais de oito dias do início da 1.ª corrida por etapas do nosso calendário - simultâneamente, a primeira corrida nacional a contar para o Circuito Europeu da UCI -, a Volta ao Algarve.

Recordo as etapas
1.ª etapa - Albufeira-Faro, 191,3 km
2.ª etapa - Castro Marim-Tavira, 177 km
3.ª etapa - Lagoa-Lagos, 208,3 km
4.ª etapa - VR St.º António-Loulé, 187,2 km
5.ª etapa - Vila do Bispo-Portimão, 185,6 km

É uma corrida... comprida! Acho bem.
Para treinar há quatro meses e, numa prova do Calendário Internacional, quem pugnar pelo verdadeiro profissionalismo terá de ter corredores já em perfeitas condições para discutir a corrida. Não peçam aos organizadores que "tenham pena" de ninguém. Não se misturem as coisas.

Quem organiza tem a obrigação de traçar corridas exigentes, para que, quem venha a vencer, possa dizer que ganhou porque estava melhor que os outros.

Vai começar a "época" de exames meus senhores.
Não seria desportivamente justo priveligiar os "cábulas".
Já é a sério, sim senhor!
Vamos ver quem é que aproveitou o defeso para fazer os "trabalhos de casa".






sábado, fevereiro 10, 2007

420.ª etapa


É NATURAL...

Acabo de ler na "A BOLA-on line", que a Discovery Chanel deixará de patrocinar a principal equipa profissonal estadunidense no final desta temporada.

Nada de anormal.

Aliás, três/quatro anos é a duração habitual de uma ligação patrocinador-equipa. São ciclos que se completam.

Esta equipa já foi Motorola... já foi US Postal... é Discovery Channel e apenas fica no ar a expectativa sobre o nome que irá ostentar em 2008.

Um grupo de trabalho com a qualidade daquele que é liderado por Johaan Bruynel não ficará sem patrocinador.

E há sempre uma derradeira e, definitivamente, não descurável hipótese de a Fundação Lance Armstrong a financiar.

Sérgio Paulinho não ficará sem equipa...

419.ª etapa


APRESENTAÇÕES

Estamos a 8 dias e meio do arranque da temporada e, a verdade é que ainda nenhuma das equipas que formam o pelotão nacional para a presente temporada se apresentou oficialmente. Sendo que tomo como apresentação oficial o momento em que, por iniciativa das próprias equipas, se dão a mostrar à Comunicação Social, de forma a que, através dela, chegue a todos os seus apaniguados. A Vitória-ASC já se mostrou, no intervalo de um jogo de futebol... mas isso, por pouco, não passava despercebido (apenas O JOGO deu por isso!...)

Mas, a 8 dias e meio do Troféu RDP-Algarve/Prova de Abertura, finalmente, estão já definidas as apresentações de algumas equipas.

Daquelas, cujos responsáveis tiveram a amabilidade de me informar, a primeira a apresentar-se é a Riberalves-Boavista (obrigado Vítor Gamito) e, entretanto, desfez-se quase por completo aquela situação a que me referi há alguns artigos atrás... Afinal, no dia 16, sexta-feira, já só há duas apresentações.

Mas é mais fácil deixar a informação assim:

3.ª feira, dia 13
- Riberalves-Boavista, no Estádio do Bessa (Porto), às 18.00 horas

4.ª feira, dia 14
- Liberty Seguros, na Sala Luís de Freitas Branco, no CCB (Lisboa), às 11.00 horas
- Sport Lisboa e Benfica, no Pav. edp (Est. da Luz), às 15.00 horas

5.ª feira, dia 15
- Paredes-Rota dos Móveis, no Auditório Municipal de Paredes, às 17.30 horas
- Barbot-Halcon, no Parque Biológico E. M., em V. N. Gaia, às 17.30 horas

6.ª feira, dia 16
- LA-MSS-Maia, no Salão D. Manuel I (CM Maia), às 12.00 horas
- DUJA-Tavira, às 15.00 horas (não tenho mais indicações)

O meu obrigado ao Vítor Gamito, à Sónia Marques, à Marta Antunes, à Diana Tojal e ao Jorge Gonçalves.

Em relação à Vitória-ASC e à Madeinox-Loulé... mandem notícias...

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

418.ª etapa


POR MAIS QUE SE LHES EXPLIQUE...

Tomei hoje conhecimento que, no próximo dia 16, uma 6.ª feira, serão oficialmente apresentadas... TRÊS das equipas profissionais nacionais (1/3 de todo o pelotão luso).

Por "deficiência" profissional, a minha primeira preocupação é: como é que os jornais, na sua edição de Sábado, vão arranjar um espaço mais ou menos digno para apresentar as... apresentações?

Na edição de Sábado, quando, por motivo do "lançamento" das jornadas das diversas divisões do futebol, é literalmente impossível às Modalidades conseguirem mais do que as 4 ou 5 páginas (nos melhores casos - há um jornal "desportivo" que, nos últimos dias não passou das duas!) e acontece que, também nas Modalidades há que "lançar" as jornadas de fim-de-semana dos desportos colectivos - basquete, andebol, volei, hóquei... - ao que acrescerá sempre a necessidade de "lançamento" de qualquer manifestação desportiva individual: o atletismo, a natação...

Antecipando o problema que se vai por aos meus colegas na equipa de editoria das Modalidades, na 6.ª feira - quando, ainda por cima, há uma prova de ciclismo a decorrer, prova essa que conta com um Enviado-especial... - será extremamente difícil reduzir todas as outras modalidades aos quadros dos jogos que se disputarão nesse fim-de-semana para darem mais do que uma página ao Ciclismo. Não o farão. Como eu o não faria, até por respeito para com os leitores adeptos de qualquer uma das outras modalidades.

Assim, não é difícil "adivinhar" o que vai acontecer. Será cortado espaço ao Fernando Emílio, em relação à Volta à Malásia, e vão-se arrumar as três apresentações em rodapé, com três foto-legendas a duas colunas.

Olhando a questão profissionalmente, não tenho mais nada a dizer.

Visto agora a "pele" do adepto.
Ver a apresentação de três equipas - 1/3 do pelotão nacional, repito - reduzida a três fotolegendas sabe-me a pouco e a primeira reacção é a de "culpar" os jornais.

Contudo, que responsabilidade têm os jornais quando, com tantos dias na semana, escolhem a 6.ª feira, que é, a seguir ao Sábado e ao Domingo, o pior dia para se levar a cabo iniciativas com esta importância? E quando não é uma, nem duas... mas três as equipas que, por evidente falta de coordenação, se apresentam no mesmo dia?

Há uns dias atrás chamei a atenção para o facto de uma equipa do pelotão nacional - que é uma das que se apresentarão oficialmente no dia 16 - ter feito um estágio em tudo inédito e não ter sabido tirar disso dividendos. E já o ano passado, por esta altura, critiquei o facto de, num só dia se terem então apresentado oficialmente... quatro equipas.

Parece que não valeu de nada.
Ou não leram ou acham que as minhas chamadas de atenção não têm razão de ser.
Por mim, parece-me que pouco mais, ou nada mesmo, tenho a acrescentar.
Por mais que se lhes tente explicar como "as coisas funcionam", não o entendem.

Siga a roda. É o Ciclismo que temos. Que protesta quando não se lhe dá cobertura e depois, se "comem" uns aos outros. Mas não é a primeira vez que eu escrevo que a modalidade tem uma tétrica tendência para a autofagia.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

417.ª etapa


NÃO HÁ NADA MAIS IMPORTANTE?

Leio na Imprensa de hoje que o principal partido da Oposição vai agendar uma discussão à volta do tema «Doping no desporto». Presumo que - porque o li num diário "desportivo" (eu escrevo sempre desportivo entre aspas para não escrever... um diário de futebol com quatro páginas para toda a restante realidade desportiva) -, presumo que, escrevia eu, devido ao caso-Nuno Assis.

Enquanto pessoa muito ligada ao Desporto, digo: «Ainda bem!»

Enquanto cidadão de um dos mais atrasados países da União Europeia gostaria de dizer: «Ainda bem! Já que não há preocupações com empresas a fecharem todos os dias, com milhares de trabalhadores com salários em atraso... com hospitais e escolas fechadas com uma cruz a lápis vermelho, no conforto de um qualquer gabinete na Gomes Teixeira, da Av. 5 de Outubro ou no Terreiro do Paço...»

Desgraçado País este, o nosso, quando questínculas desportivas se sobrepõem às preocupações de larga franja da sua população. Mas, como em tudo... estamos a ter aquilo que merecemos.

416.ª etapa


TEIMOSAMENTE NA CAUDA DO PELOTÃO

Há 15 anos atrás, quando começaram a vir regularmente equipas estrangeiras competir em Portugal, ao fim dos primeiros dois dias de prova - fosse ela qual fosse - era ver os directores-desportivos dessas equipas a suar e a tentar estancar o suor com um lenço ao mesmo tempo que diziam: «Estes portugueses não sabem correr... São completamente loucos!»

Era verdade. Não importava se a etapa tinha 120 ou 250 quilómeros. Se tinha uma montanha a dez quilómetros da partida... se a dez da chegada. Corria-se aos esticões. Fugia meia dúzia de corredores, sem objectivo concreto - o que levava a pensar duas vezes no pelotão -, eram apanhados e saíam outos dez... eram apanhados e fugiam mais 15...

Não se tratava de "iniciativa", ou de táctica... era não saber correr mesmo. Nem havia televisão em directo! Eram esforços condenados à nascença... Maluquices.

Por mais que os... mais ortodoxos o queiram negar, a assídua presença de equipas estrangeiras no nosso pelotão e, principalmente, a mais assídua ida de equipas portuguesas a corridas no estrangeiro veio trazer alguma maturidade ao nosso pelotão. No geral.

Actualizou-se o pelotão, mas continua a haver sectores vitais para o Ciclismo que se mostram casmurros - eu digo mais: burros, mesmo - e adversos a... "modernices".

Como os Organizadores, por exemplo.

Não vou gastar caracteres em "entretantos" e vou directamente aos "finalmentes".

Tenho à minha frente a Meta2Mil - semanário espanhol exclusivamente dedicado ao Ciclismo - de... 23 de Dezembro.

Nas páginas 6 e 7 há 4 (QUATRO) mini artigos, todos eles acompanhados por fotografias, a "lançar" a Volta à Andaluzia. Que vai disputar-se entre 18 e 22 deste mês. Portanto, com DOIS meses de antecedência, a Organização pagou espaço neste jornal para promover a sua corrida.

Os referidos artigos não estão marcados como publicidade, mas são-no na verdade. Contudo, o jornal fica desde logo ilibado de responsabilidades em qualquer tentativa de o comprometer.

Se a Organização marca quatro eventos para promover a sua corrida, se qualquer deles tem interese jornalístico, o jornal não deixa de a eles comparecer.

O governo da Província de Granada - que terá entrado com algum dinheiro - "chama" os jornalistas para divulgar que três das suas comarcas vão receber a volta. É notícia. Principalmente para os media locais. Notícia que é aproveitada pelo único hebdomanário de ciclismo da Peninsula Ibérica. Dois dias depois o minicípio de Cabra resolve fazer o mesmo? Lá vão os OCS locais e regionais... A própria Guardia Civil acha por bem vincar a presença e o papel que desempenha numa corrida de ciclismo? É notícia... E depois o município de Carzola faz o mesmo.

Dois meses antes de a corrida ir para a estrada.

E o que é que acontece em Portugal?

Esconde-se das pessoas os itenerários das corridas até à véspera.

A Volta a Portugal deste ano sai, outra vez, de Portimão e chega, outra vez, a Viseu. Ok... mas isso já foi oficializado? Não.

Aquando do Estoril Open, provavelmente, vão chamar os jornalistas para dizerem que... a Volta sai de Portimão e chega a Viseu. Exactamente quando os jornais, a muito custo, dedicam duas páginas... ao ténis. Ficando as outras modalidades condicionadas. E mais novidades? Não, essas serão "guardadas" para a apresentação oficial, oito dias antes de a corrida ir para a estrada. E, como aconteceu na última meia dúzia de anos, quando a Volta for oficialmente apresentada já alguém conseguiu fazer publicar o seu itenerário.

Esperam o quê?

Vão voltar a ficar "ofendidos" com quem, usando todos os conhecimentos que tem, consegue chegar ao itenerário oficial da Volta?

Mas, como ninguém é adivinho, se alguém publica o itenerário é porque este já existe. E se existe porque é que a Organização o não divulgou atempadamente?

Aos poucos, sim! Que é a maneira mais inteligente.

Não é só a televisão que trará dividendos a quem investe na Volta - e estou a falar na Volta como poderia estar a falar de qualquer outra corrida. Artigos de um quarto de página, como estes que tenho aqui à minha frente, na Meta2Mil, terão, concerteza impacto. São, concerteza, publicidade para quem investiu...

Mas não!, em Portugal continua-se a fazer as coisas como se de organizações clandestinas fossem. Não vamos divulgar nada porque...

Porque o quê?

Nem percebemos nós, que somos jornalistas, nem percebem os adeptos que querem saber quanto antes das novidades.

E depois sujeitam-se a "fugas de informação".

Estamos a menos de 15 dias da Volta ao Algarve... Pior! Estamos a 10 dias da prova de Abertura! Sai de onde? Passa por onde? Acaba onde?

No artigo anterior deixei já o formato da próxima Volta ao Alentejo.

Mais uma "fuga de informação".

Se está tudo concertado, porque esperam para o divulgar?

Ou não precisam tanto assim de publicidade gratuíta?

Não me digam que não que eu SEI que não é verdade.

O pelotão português, hoje em dia, já corre à europeia. Não há fugas inocentes... são "peões" que os técnicos movem durante a etapa de forma a abrir caminho ao avanço dos "bispos" das "torres", dos "cavalos" e... finalmente, da "rainha" para prepararem o "xeque-mate". Claro que nem sempre resulta, mas destas "jogadas" advém o interesse de cada uma das etapas.

Quando é que os Organizadores perceberão que qualquer "jogada" mesmo que seja apenas de "distracção" vale para as contas finais?


Post scriptum

E já alguém percebeu porque é que a ÚINICA equipa do nosso pelotão com o cargo específico de Director de Comunicação e Imagem é... a ÚNICA da qual ainda não se sabe nada?!!!
A dez dias do arranque da temporada ainda não concentrou o plantel? Não tiraram fotos? Não treinaram? Mistérioooooooo...

415.ª etapa


"ALENTEJANA" RECUPERA
O CONTRA-RELÓGIO INDIVIDUAL

Está definida a 25.ª edição da Volta ao Alentejo em bicicleta, prova do calendário do Circuito Europeu da UCI (corrida 2.2). A Alentejana, como há muito foi cognomizada, cumpre este ano as suas Bodas de Prata e conseguiu manter, ao longo das 24 edições já disputadas, uma característica que - não o posso garantir, mas aceito como correcta - é única no mundo velocipédico: nenhum corredor logrou repetir um triunfo. 24 edições, 24 vencedores diferentes. Será desta vez que a tradição vai ser quebrada?

Este particular leva, ano após ano, à repetição do sentido de textos em todos os OCS, exactamente porque não é normal acontecer. Será este ano? voltará, quase de certeza, a ser usado como título numa das primeiras peças de todos os enviados ao Alentejo, se não prevalecer a moda que vai pegando de seguir a corrida via internet em vez de se o fazer lá, no terreno.

Estreei-me na Alentejana em 1995, há 12 anos, na edição em que o russo Asiat Saitov vestiu a camisola amarela na 1.ª etapa, em Beja, e a levou até ao fim. Fiquei a devê-lo ao meu editor, na altura, n'A Capital, o José Manuel Delgado - hoje companheiro na redacção d'A BOLA que, a muito custo, lá convenceu a direcção do jornal que a Alentejana era uma corrida para ser coberta no terreno.

Apanhei, portanto, ainda a parte final de toda uma outra tradição que, entretanto se foi perdendo, a dos longos convívios pós-trabalho, que juntavam ao jantar toda a gente à mesma mesa, dos presidentes de Câmara aos homens das barreiras, passando pelos jornalistas. Noites de estórias que se somavam, onde eu, recém chegado, ia, avidamente, somando informações. Conversas de igual para igual, entre os trabalhadores não-diferenciados que, voluntariamente, montavam e desmontavam pódios e barreiras, que marcavam a estrada - ainda era a balde de tinta e trincha na mão, marcando a branco o negro do asfalto escaldante - e os doutores e engenheiros, representantes dos municípios. Sempre com os jornalistas enviados de Lisboa a sentirem-se, dia-após-dia, também eles alentejanos.

Eu sou alentejano e os sentimentos eram diferentes. Sentir, por exemplo, que os melódicos cantes dos grupos corais, que os cheiros das searas, molhadas duante a noite por inesperados orvalhos, ou o das terras de barro do meu Baixo Alentejo, mexiam comigo. Que me faziam sentir que aquela era e será sempre a minha terra.

As noites abafadas, nas quais havia sempre ainda uma horinha ou duas para nos juntarmos em pequenos grupos, em qualquer lugar que estivesse ainda aberto, ouvindo as anedotas do Teixeira Correia que nos levava às lágrimas de tanto rirmos...

No ano seguinte, em 1996, nova experiência arrebatadora. A presença do rei Miguel Indurain que se apresentou no Alentejo como o primeiro homem a ganhar cinco Tour consecutivos. O meu espanto ao vê-lo fazer, de bicicleta, o percurso hotel-partida. A sua enorme paciência e disponibilidade para, de cinco em cinco metros parar, fosse para dar um autógrafo, fosse para que um qualquer pai baboso tirasse uma fotografia do seu rebento ao lado do Indurain. Sem uma recusa, sem que aquele seu sorriso, meio fechado, é verdade, mas era mesmo assim, se apagasse. Um rei plebeu, que se sente bem entre o povo, escrevi eu na altura nas páginas d'A Capital.

Depois fui somando voltas ao Alentejo atrás de voltas ao Alentejo.

O crono quase suicída de Cechu Rubiera, num dia de chuvada monumental, que lhe valeu o triunfo. As quatro etapas (em cinco) ganhas por Manuel Sanroma, que viria a falecer muito pouco tempo depois, na sequência de uma queda, na chegada de uma etapa da Volta à Catalunha. A estreia do Cabeço do Mouro (Portalegre) como final de etapa, ou aqueloutra chegada bem no alto da Serra de São mamede, junto às antenas das televisões e outras de telecomunicações. 400 ou 500 metros finais de cortar a respiração...

Os almoços à pressa na Gruta (Portalegre) do meu grande amigo Felício, e os jantares prolongados no Rolo (também em Portalegre) ou, mais recentemente, no Quarta-Feira, de outro grande amigo, o Zé Dias, em Évora. As sucessivas estadias no Hotel D. Fernando, ainda em Évora, onde todos os empregados já me tratam pelo nome... Histórias mil, que não cabem, nem nesta página que não está sujeita a limites de caracteres.

Em ano de Bodas de Prata, a organização agendou este ano uma série de eventos paralelos, como uma homenagem a todos os 24 vencedores da prova...

A BOLA já havia publicado um trabalho do Fernando Emílio (outro alentejano) sobre a próxima Alentejana, mas há bocado o Teixeira Correia (alentejano também, claro!) chamou-me a atenção para o seu artigo no site da Rádio Voz da Planície (www.vozdaplanicie.pt), rádio que o ano passado conseguiu transmitir a parte final da derradeira etapa a partir de... um helicóptero da Força Aéria!

Naquela página há mais novidades, deixo só aqui o quadro de etapas, sublinhando o facto de Serpa, a minha terra natal, voltar a receber uma chegada de etapa. Quero lá estar.


ETAPAS
11 de Abril: Santiago do Cacém-Odemira
12 de Abril: Zambujeira do Mar-Alcácer do Sal
13 de Abril: Moura-Serpa (1.º sector)/Salvada-Beja (cri, 2.º sector)
14 de Abril: Redondo-Portalegre
15 de Abril: Évora-Évora