sábado, junho 30, 2007

630.ª etapa


A DATA DE HOJE MARCOU UM NOVO RUMO...
NÃO NOS PERCAMOS

30 de Junho de 2007.
É, é a data de hoje, mas também uma data que não devemos esquecer, nós, os jornalistas mais ligados ao Ciclismo.
Pela primeira vez, fora de quaisquer estruturas organizativas, um site na Internet “deu”, em directo, uma corrida de Ciclismo.

Estou de fora, aqui, no meu cantinho, provavelmente com mais tempo para fazer introspecções. Mas aconselho.
… a que se façam mais introspecções.

Andei – Calmaaaaa!.... Calma, eu sei que não fui o único!... - durante dúzia e meia de anos a tentar recuperar para os jornais os velhos adeptos do Ciclismo, mas os jornais hoje em dia são diferentes. Não há espaço. Eu sei.

Entretanto, e só não o vê quem não quer, a televisão trouxe o Ciclismo até aos mais jovens. E a Internet ainda mais… É preciso repensar quase tudo de novo.

Os falsos “directos” da estrada, as “buchas” que se metiam, tornando airosos os discursos… tudo isso já não cabe mais nos dias de hoje.
Os adeptos, e felizmente que cada vez são mais jovens, dominam as novas tecnologias e, quem não tiver pernas para os acompanhar…

Já tínhamos os Gabinetes de Imprensa de algumas das principais provas – PAD à parte, que este organizador o tem em todas – a manter um “filme da etapa” quase em tempo real; já tínhamos a possibilidade de, seja onde fôr, ouvirmos as rádios, mesmo as locais, via-net... Os velhos hábitos de uma geração que está a dizer-nos adeus já não são tolerados.

Escrever que houve uma fuga aos quilómetros “xis”, que foi apanhada aos quilómetros “y” e que tudo chegou ao sprint, isto escrito num jornal, chega ao público-alvo com 16 horas de atraso. Em relação a quem compra o jornal às… sete da manhã.

Está a acontecer o mesmo com o futebol, por exemplo, mas aqui, a cronologia dos acontecimentos – hoje em dia dados nas coberturas “na hora”não esbarra com as crónicas dos jornalistas.

Eu, que tão crítico sou em relação à secundarização das Modalidades, tenho a humildade de reconhecer que o futebol reinventa todos os dias novos estilos, mantendo a posse do feudo. Nada contra!...

Chegámos a uma encruzilhada. Aqui, manda o bom senso. Que paremos e tentamos perceber qual é, de facto, o melhor caminho. Baixar a cabeça e investir em frente, não o é.
Em definitivo, não.

Hoje, com um atraso mínimo, todos os que sabiam que um determinado site ia fazer a cobertura ao minuto, tiveram a informação practicamente na hora.

Nem os sites dos principais jornais – que terão lá “enviados especiais” – conseguiram aproximar-se. No d’A BOLA, só li quem era o Campeão Nacional (elites) às cinco e meia da tarde!!!, se calhar, porque quem lá está não se preocupou em avisar mais cedo!
A prova terminou antes do meio-dia.

Neste turbilhão, quando as armas – leia-se, os meios à disposição – são terrivelmente desiguais; quando, com o desinteresse generalizado dos jornais nas Modalidades, crescem sites a elas dedicados quem, ao serviço dos jornais, cobre os mesmos eventos tem, obrigatoriamente, que se reinventar.

As três frases debitadas, arfantes, 30 segundos depois do Corredor cortar a meta já não dizem nada a ninguém.
Nós, os “veteranos” temos que tentar inverter a tendência.
E só há uma maneira: ir mais longe e mais fundo.
E fazer valer tudo o que sabemos a mais que os jovens "lobos". Que o estão a fazer... por amor à causa.

Como nunca se sabe tudo – muito menos se sabe de mais –, temos que manter-nos atentos.
Por exemplo… amanhã vou outra vez ligar-me bem cedo ao site que está a dar tudo, minuto a minuto.

629.ª etapa


PARABÉNS AOS CAMPEÕES







Ricardo Martins (Fercase-Rota dos Móveis)
Tiago Machado (Riberalves-Boavista)

Isabel Caetano (SPOL-Caixanova)

sexta-feira, junho 29, 2007

628.ª etapa


TESOURINHOS "DESENTERRADOS" - XV

Já passaram sete anos desde que José Azevedo se sagrou pela terceira vez Campeão Nacional de Contra-relógio. Foi em Almeirim, a 14 de Junho de 2001. O primeiro ano do Zé na espanhola ONCE. Antes disso, já em 1996 e 1997 (em ambas as vezes ao serviço da Maia) ele fora o mais rápido contra o cronómetro. Hoje disputa-se mais uma edição dos campeonatos. O Zé está de volta a uma equipa portuguesa. Dez anos depois de ter sido campeão, também por uma equipa nacional... Não sei. Tenho cá um feeling...

627.ª etapa


POR FAVOR... PODEM LER O QUE SE SEGUE
E TÊ-LO EM CONSIDERAÇÃO?

Sigla > s.f. (do latim sigla). Em sentido lato da palavra, indicava toda a classe de abreviaturas, mas no sentido mais restrito a sigla é uma letra isolada que representa uma palavra inteira da qual é a inicial, in-Grande Dicionário da Língua Portuguesa.

Alguns exemplos mais comuns de siglas que TODO o português conhece:
OTANOrganização do Tratado do Atlântico Norte, ou, mais comum entre nós…
NATONorth Atlantic Treaty Organization
PSPartido Socialista
PCPPartido Comunista Português
PSDPartido Social Democrático
BEBloco de Esquerda
UE União Europeia
PCPersonel Computer
SLBSport Lisboa e Benfica

Passemos isto para o Ciclismo
ONCEOrganização Nacional dos Cegos de Espanha ( e não Once)
US Postal Service – United States Postal Service ( e não Us Postal Service)

Aproximemo-nos mais…
ASC – António Silva Campos (e não Asc)
LA – Luís Almeida (e não La)
MSS – Marcelino Silva Santos (e não Mss)

Então, tentem convencer-me que…
Desarrollos Urbanísticos Jimenez Alvarez é Duja e não… DUJA.
Até o Gabinete de Relaçõs com a Imprensa da própria equipa tavirense escreve… Duja!
Então tomem nota: ESTÁ ERRADO!
É DUJA-Tavira.

626.ª etapa


PRESTAÇÃO POSITIVA
DA DUJA-TAVIRA EM FRANÇA

Decorreu a semana passada, em França, uma prova Classe 2.2 do EuroCalendário da UCI, na qual participou uma formação portuguesa. Concretamente, a DUJA-Tavira que, por isso, não se fez representar na Volta a Trás-os-Montes.
Alguns jornais – dois dos “desportivos”, o terceiro, aparentemente não sabia nem procurou saber – sabiam-no pois, no lançamento da corrida transmontana fizeram referência ao facto de “estarem presentes todas as equipas portuguesas, à excepção do Tavira (a correr em França) e do Benfica". O Record apenas falou da ausência dos encarnados que, como se sabe, não pode disputar as corridas domésticas.

Entretanto – a prova terminou há quase oito dias – e porque os amantes do Ciclismo, em geral, os algarvios em particular e, especialmente os tavirenses, não mais viram nenhuma referência ao que a DUJA-Tavira fez em França, o VeloLuso dá uma pequena ajuda, sublinhando, contudo, que os leitores do sítio Ciclismo Digital tiveram diariamente informações sobre a corrida.

Paul Sneeboer VENCEU as metas volantes e Samuel Caldeira foi SEGUNDO na 2.ª etapa e SEGUNDO na Geral final da Juventude. Aliás, Caldeira foi sempre o melhor algarvio tendo sido 21.º, 12.º, 2.º e 8.º, em cada uma das etapas.
Terminou a corrida à porta do top-10, foi 11.º, a apenas 27 segundos do vencedor, o francês Nicolas Vogondy, da Agritubel.

Parabéns, então, à equipa da cidade do Gilão.

quinta-feira, junho 28, 2007

625.ª etapa


DESCULPEM LÁ A IMODÉSTIA...

Só venho aqui escrever isto porque acho, de facto, que é importante.
Não para mim... isto é o meu passatempo. Sem isto já tinha enlouquecido... Acreditem!

Sabem que tive mais reacções, não no blog, mas no mail e eu não sei de quem são, não sei..., a acusarem-me de exibicionista e convencido por ter aqui colocado o registo de visitas e páginas vistas no último mês?
Fiquei muito "chateado". Tão chateado agora vou pôr TODAS as semanas.

Mas, há 5 minutos... foi o tempo de desligar o telefone e abrir aqui o blog, um grande e verdadeiro amigo - que por acaso, só por acaso - também é Corredor profissional, ligou-me só para dizer que cada vez está mais convencido de que eu tenho razão.

A maioria dos que se dizem amantes do Ciclismo... cultivam uma inexplicável má vontade contra os... Corredores.

É!... Eu já escrevi isso, de facto. E não foi por acaso.

Abraço amigo. E felicidades...

624.ª etapa


IMAGINEM... QUE ERA CONVOSCO

Quando há algumas semanas atrás se falou pela primeira vez do Acordo de Compromisso redigido – atenção que isto é apenas uma caricatura!... - nas catacumbas do faraónico edifício da UCI, de luzes apagadas para que ninguém mais pudesse dele ter conhecimento, para que não fosse discutido e, finalmente, para, quando posto à frente dos Corredores estes fossem induzidos a subscrevê-lo quase sem o ler (ou lendo-o, sem possibilidade de pedir um tempo para se aconselharem), ainda assim não faltou quem viesse a terreiro a aplaudir a iniciativa.
Mas confessem… não tinham a menor ideia do conteúdo desse documento que as diversas associações de corredores, por esta Europa fora, logo contestaram, pois não?

Em Portugal, pelo menos, e em termos de exposição à opinião pública, esse documento só apareceu hoje.
Já o leram?
Ok… Mantêm a mesma opinião?
Não… não por teimosia. Em consciência…
São capazes de manter a opinião que apressadamente se propuseram defender?

O que é que, agora que lido, aquilo parece? Que realmente parece.
Pois, mas o dramático reside aí. Não parece. É!.

Há pouco, e nem sei porquê, ao reler o documento lembrei-me de um dos filmes que mais me marcou. Que tenho gravado em VHS e que, de quando em vez revejo. Porque me marcou de tal maneira que a mensagem final ainda consegue arrancar-me um arrepio.

É um filme de Joel Schumacher, interpretado, entre outros, por Samuel J. Jackson (em mais um extraordinário registo), Sandra Bullock, Matthew McConaughey e o grande Donald Sunderland.
Chama-se, originalmente, “A Time to Kill”.
Em português correu com o nome de “Tempo de Matar”.
Conhecem? Lembram-se?

Muito resumidamente a história é esta: num estado do Sul, nos Estados Unidos, ainda segregacionista, apesar de a história se passar no Século XX, dois jovens sem profissão, que passam o tempo livre (que é todo) a beber cerveja, interceptam, apanham, violam, violentam e tentam matar uma menina negra.

O pai desta (Samuel J. Jackson), no dia do julgamento dos dois, escondido no edifício do tribunal mata ambos à queima-roupa e entrega-se às autoridades. Depois é o desenrolar de todo o processo de instrução. O advogado é um jovem branco que sofre toda a espécie de pressões que incluem ataques do próprio Ku-Klux-Klan.

O juri, escolhido a dedo, era maioritariamente composto por brancos o que practicamente tornava impossível a tarefa do advogado (tinha que tentar evitar a condenação de um negro), ajudado por uma jovem recém formada (papel interpretado por Sandra Bullock) e que não conseguiu o apoio material do seu professor e mestre (Sunderland), que só aparece no final e lhe diz algo parecido como “deixa o teu coração falar, só assim chegarás ao coração do juri”.

As alegações finais são a tal parte que me tocou de tal forma que, volta e meia, estou a rever o filme.

O advogado pede aos jurados que fechem os olhos e relembra toda a história. Fala de uma menina de 9 anos violentada, violada, que resistiu, por milagre, à tentativa de assassínio, que jamais poderá ser mãe porque o seu útero ficou irremediavelmente destruído.
Depois faz uma pausa.
E termina de forma arrasadora:
“Imaginem” – diz – “que essa menina era branca e os seus agressores negros”.

É isso.
Imaginem que é o vosso patrão, quem vos proporciona a pratica da vossa actividade laboral, que vos obrigava a assinar um documento destes, adaptado a cada uma das vossas profissões.
Assinavam?

623.ª etapa



TESOURINHOS "DESENTERRADOS" - XIV


Pois... e porque não?

Na sequência da 530.ª etapa, recebi hoje do meu caro Teixeira Correia dois contributos que são, ambos, Tesourinhos, pese embora um deles seja relativamente recente. E depois?

Nesse artigo, se se lembram, eu falava do quanto seria interessante as corridas regionais - e Volta ao Algarve, Volta ao Alentejo, Volta a Trás-os-Montes ou Troféu Joaquim Agostinho, bem que podiam explorar as potencialidades locais, a nível de tradições e imagem - e falei do dia em que, em 1996, antes da partida de Cuba - em Alentejano diz-se... DA Cuba! - O Teixeira Correia "sacou" o tradicional chapéu preto alentejano a um espectador e colocou-o na cabeça de Miguel Induráin. Pois bem, se não havia testemunho disso - mas há, com certeza - este ano, na Alentejana, quando houve um pequeno encontro que juntou alguns dos anteriores vencedores da prova, o Teixeira Correia entregou uma foto/poster, devidamente emoldurada, ao campeão navarro.

A outra foto, mostra onze dos 24 vencedores - à altura da cerimónia. Este ano a lista foi engrossada com mais um vencedor Manuel Vazquez, o 25.º, em 25 anos.

Para quem ainda era muito novinho, ou a quem a memória já prega as suas partidas, aqui ficam os nomes.

Começo por recordar que a primeira Volta ao Alentejo foi em 1983 (o seu vencedor está na foto), depois... é só somarem edições para saberem qual delas cada um deles ganhou.

Assim, em cima temos:
Paulo Ferreira (1983); Manuel Zeferino (86); Carlos Carneiro (94), Melcior Mauri (98), Claus Möller (2000) e Xavier Tondo (05)...
... e em baixo: Joaquim Gomes (88), Jesus Blanco Villar (91), Marco Chagas (84), Miguel Induráin (96) e Danail Petrov (04).

Ah!... o que eu quis dizer logo a abrir é que... se alguém tiver qalquer espécie de "tesourinhos"... pode mandar para o meu mail. Pode ser que seja publicado.

622.ª etapa


VAMOS LÁ VER NO QUE VAI DAR...

Eis então, o novo e único "passaporte" para os profissionais do Ciclismo.

Imposto, claro. Por essa lei que não está escrita, que não gostaríamos de ver usada e que é... a lei do mais forte.






621.ª etapa


AS COISAS QUE DESCOBRIMOS NA NET!...

Para me manter activo, tenho a minha própria agenda diária. Neste momento – e já estou atrasado – estou a recolher todos os resultados de todas as provas onde participam equipas portuguesas.

Como algumas foram no estrangeiro – nomeadamente, a DUJA-Tavira acabou de correr em França – tenho que vasculhar a net. Às vezes, por indigência, deixo-me levar de link em link… dispersando-me. E perdendo tempo, na maioria das vezes.

Mas encontram-se notícias giras.
Por exemplo, esta que é datada de Paris com o selo da AFP (o que significa que terá chegado a todas as redacções nacionais) mas que não li em nenhum jornal.
Vou tentar sintetizá-la.

A Federação Francesa de Ciclismo (FFC) foi condenada a pagar uma indemnização no valor de um milhão e 350 mil euros ao ex-corredor Patrice Sulpice, mais 600 mil euros à “segurança social” lá do sítio, pelos custos dos tratamentos a que este teve de ser sujeito na sequência de um acidente ocorrido há 12 anos quando, ainda nas sessões de treino dos mundiais de Bogotá (Colômbia, 1995), Sulpice ficou paraplégico depois de ter chocado violentamente, em plena pista, contra um outro corredor que rolava calmamente à sua frente.

Em Março passado, o Tribunal de Chambéry considerou a FFC culpada por negligência na informação aos seus corredores. Estes deveriam ter subscrito apólices de seguro individuais, para além do seguro colectivo subscrito pela própria federação. Que, deduzo, não cobriria a possibilidade de incapacidade permanente.

A estória vem a seguir. A FFC recorreu da sentença alegando que… cito: “Sendo obrigada a pagar essas verbas, a federação teria de vender a sua sede e, complementarmente, dispensar os seus funcionários, pagando-lhes as devidas indemnizações o que significaria… a falência financeira do organismo."

Reconhecendo que a situação de Sulpice (actualmente com 32 anos) é dramática, a FFC pede “um prazo razoável, até que o os tribunais se pronunciem sobre o recurso a esta sentença, entretanto accionado”, avança até com a possibilidade de negociar um pagamento fraccionado da indemnização “compatível com as possibilidades da federação” e reconhece esta coisa surpreendente: “O dinheiro que é movimentado pela federação é o dos prémios dos corredores; não é dinheiro da federação”.
Leram bem… a FFC “vive” dos dinheiros que deveria entregar aos corredores seus filiados!!!

E pode fechar a qualquer momento, porque, ao fim de 12 anos de espera, Patrice Sulpice já esgotou a paciência e diz, cito: “Tenho que reconstruir a minha vida, preciso ser autónomo. Quero viver como toda a gente.”
E a seguir o desabafo: “O mundo do desporto, tal como está, enoja-me.”

Esta notícia é da Agence France Press, é datada de Paris com a data de 26 de Junho de 2007 e hora de linha das 18.22. As fotos são do site pessoal do ex-corredor.

quarta-feira, junho 27, 2007

620.ª etapa


TESOURINHOS "DESENTERRADOS" - XIII

Ainda há pouco, na etapa anterior - mesmo a fechar - me referi a uma das duas grandes equipas transtaganas que já andou pelo pelotão nacional.
Volto à Alentejana.
Quando scannei este Tesourinho, não tive o cuidado de ver a data do jornal.
Mas também não é relevante.
Já n'A BOLA apareceu como... Tesourinho, na página do Cautchú.

Na foto de cima, quem aparece de amarelo é o Juanmi Mercado, que não venceu nenhuma, logo, não me ajuda a descobrir a data; na de baixo, TINHA quase a certeza que ERA o Adelino Teixeira, então no Sporting, pelo que SERIA de 1985. Mas a mensagem de um amigo garante-me que é o Eduardo Correia que também corria no Sporting e no mesmo ano ganhou o prémio do Combinado!... Também não sei se este pódio é o final... pode ter sido a meio da corrida. Numa qualquer etapa.
Ficam abertas as apostas...
De resto, não há nada a alterar...
A legenda diz tudo, mas eu quero aqui subescrevê-la.

Nestas provas vincadamente regionais perde-se a oportunidade que é oferecida pela CS, nomeadamente através das fotos (como é o caso) ou, de há alguns anos a esta parte, pela televisão - mesmo que seja em compactos exibidos 15 dias depois -, de se acrescentar qualquer coisa que a identifique de imediato.

Exemplo: olhem para estas duas fotos.

Na primeira, olhando para o cenário atrás dos corredores consegue-se perceber que é a Volta ao Alentejo. Aumenta-se o tamanho, tenta-se melhorar a definição da foto e... chega-se lá.
Na segunda, olha-se e diz-se: olha uma foto antiga da Volta ao Alentejo.
Mesmo sem que nem uma única referência escrita esteja à vista.

Onde é que está a diferença?

Em 1985, apesar de todo o País, onze anos após a Revolução dos Cravos, estar em estado de explosão, tentando-se ganhar, no mais curto espaço de tempo, todo o tempo que o tempo do famigerado "orgulhosamente sós" nos tinha roubado, ainda não se tinha vergonha, não de o ser, mas de... parecer Alentejano.
(Mas atenção, isto é válido para todas as regiões do País.)

E os pódios da Volta ao Alentejo mostravam... Alentejo.
Na primeira foto, nem as meninas são alentejanas!
Voltando à legenda que vai aqui ao lado, abaixo das fotos, compreendo que hoje se prefira a calça justa (ou uns mini-calções) e a t'shirt quanto mais curta melhor. Quero dizer... compreender, não compreendo, porque isso é o que se vê a toda a hora, em todo o lugar. Mudam as cores e as estampagens nas t'shirts, consoante o patrocinador, mudam, às vezes, as meninas.

Não é isso que me incomoda (como poderia incomodar? apesar de não ter chegado ainda à idade de me "babar" a olhar para os corpos perfeitos das novas... hospedeiras), incomoda-me é que... se percam oportunidades para vincar o regionalismo das corridas. E eu continuo a dizer que é por aí que temos que ir. Regionalizando, corridas e equipas.
Ou o fim chegará muito mais depressa do que estamos todos à espera.

E, vendo esta dupla foto, obriguei as minhas pequenas células cinzentas (ando a ver a colecção de filmes do Poirot) a um exercício mais apurado e - que raio de coisa! - dentro daquelas corridas a que assistimos com maior facilidade - as que acontecem em Espanha - consegui num fragmento de segundo lembrar-me de três que fazem questão de fazer subir ao pódio algo que é "marca registada" da sua região.
Concentrem-se.
Na Volta às Astúrias ao vencedor da etapa é posta a montera, barrete típico do homem rural asturiano até á primeira metade do século passado;
Na Volta ao País Basco e na Bicicleta Basca... lá está a reconhecidíssima boina basca;
Na Volta à Andaluzia aparece o tradicional chapéu de aba redonda, que nos faz lembrar os ganaderos, na região espanhola onde a fiesta brava tem maior impacto.

Lembro-me que, em 1996 - por iniciativa do super-activo Teixeira Correia -, antes da partida de uma etapa que começou em Cuba lá apareceu o Miguel Induráin com o tradicional chapéu preto alentejano. A cena repetiu-se em 2000, quando da apresentação da então nóvel Porta da Ravessa-CC Redondo, exactamente nesta vila alentejana quando se fotografou todo o plantel de chapéu preto na cabeça (a minha mania de guardar tudo, proporciona-me a hipótese de vos mostrar isso mesmo, scannando a capa da revista de apresentação).

Se calhar não fui tão objectivo quanto o queria, mas acho que o essencial da mensagem é perceptível. Quando nem os locais já se lembram de como vestiam e viviam há 40 anos... aproveitem-se estas ocasiões para deixar uma marca regional.

Não cobro nada pela ideia.
Na próxima Volta ao Alentejo... que haja um chapéu preto para pôr na cabeça de cada um dos vencedores das etapas. E, se fôr possível... uns "chavelhos". Acho que só no Alentejo se usava os cornos de boi como recepiente de transporte, pelos trabalhadores do Campo - que eram quase todos - do azeite e do vinagre para temperarem as mínguas refeições que, no Verão, eram... vinagradas ao almoço e vinagradas ao jantar.


* Vinagrada é um típico prato do Baixo Alentejo (ligeiramente diferente do gaspacho) que é feito com aquilo que era mais fácil de encontrar: Um prato (grande) cheio e água, o mais fresca possível, pão (duro, que só se podia comer assim, molhado), tomate e pepino, temperado com sal, azeite e vinagre.

619.ª etapa


TESOURINHOS "DESENTERRADOS" - XII

Ainda não sabemos se o próximo Tour – faltam dez dias para a saída de Londres – terá, ou não, um dorsal n.º 1 no pelotão e, apesar de tudo, não há unanimidade. Deveria o galego Oscar Pereiro ter essa honra? Normalmente teria, até porque não estando presente o vencedor – na estrada – do ano passado e tendo a sua equipa sido extinta, seria concedida à formação do segundo classificado a honra de levar os primeiros nove dorsais. Aí, bastava a Eusébio Unzué escalar Pereiro como o número 1 da equipa! Isto só está a acontecer porque, inacreditavelmente, 11 meses depois e às portas de uma nova edição, ainda não se sabe quem ganhou o Tour'2006!

Recordo que, embora a situação fosse totalmente diferente, o ano passado, quando o vencedor de 2005 também não se apresentou, foi mantido o dorsal n.º 1 na sua equipa. E porque, desde sempre, a formação estadunidense, arruma os corredores por ordem alfabética dos apelidos – o que dava sempre Armstrong como primeiro – a honra de sair com o primeiro dos algarismos coube ao português José Azevedo. Mas estas são regras que não estão escritas. E, do sorteio puro da ordem das equipas à escolha directa da organização – querem apostar que vai ser um francês? -, tudo depende… da organização.

O ano passado, porque é nosso meio-irmão, como o são os galegos, e porque até debutou como profissional em Portugal, fizémos uma grande festa quando se soube da desqualificação de Landis. E não houve jornal que não fosse ao arquivo buscar uma foto de Oscar Pereiro e recordasse isso mesmo. Que ele se tornou profissional em Portugal e até que tinha ganho uma Volta a Portugal do Futuro, ainda na elite espanhola Águas de Mondariz.

Agora, e na minha “caça” aos Tesourinhos descobri aquela que foi a sua PRIMEIRA VITÓRIA como profissional.

Foi no Grande Prémio CCRLVT (Comissão Coordenadora da Região de Lisboa e Vale do Tejo), no dia 12 de Maio de 2001. Na 3.ª etapa, corrida entre Alcochete e a Amadora, disputada ao sprint no qual ele bateu o italiano Mario Traversoni (LA-Pecol), o russo Alexei Markov (Itera), Pedro Soeiro (Carvalhelhos-Boavista) e Orlando Rodrigues (LA-Pecol), que era o líder da Geral Individual. O vencedor final viria a ser Claus Möller (Maia-Milaneza).

Oscar Pereiro corria pela única equipa que representou em Portugal, a alentejana Porta da Ravessa-CC Redondo.

618.ª etapa


OU HÁ MORALIDADE...

Parece definitivo. A Organização do Tour não aceitará no pelotão os corredores que não assinem o "contrato" que ela própria fez com a UCI. Reduzindo isto à expressão mais simples... é inatacável. O RGTC prevê que haja particularidades nos regulamentos acresentadas pelos organizadores. Terão, sempre, que se enquadrar nele, no RGTC, mas se a ASO parte com o beneplécito da UCI não terá grandes problemas.

É apenas um primeiro passo. Não, desenganem-se os puristas, não é na luta anti-doping.

É um primeiro passo para as organizações escolherem quem querem nas suas corridas.

Este não que tem pele escura, aquele não que tem olhos azuis, o outro... talvez não, porque sim!

Deixem-me divagar...

"Aceitamos a Astana mas não queremos o Vinokourov!...", imaginem isto num outro campo, assim: "Queremos os Rolling Stones mas não queremos o Mick Jager..."
Claro que é num traço caricatural, mas já estivemos mais longe...

O problema é que eu até apoio os franceses na sua luta contra o ProTour. Não estou a enender é isto de se oporem à UCI numas situações, e aliarem-se a ela noutras. No fundo, acho que os franceses não sabem o que querem.

E lanço mais uma acha para a fogueira.
Se todos lançam, porque não hei-de eu lançar?

Se mais um ou dois ex-corredores, digamos... do iníco a meados da década de 80 viessem a público "confessar" como ganharam etapas e corridas dopados?...

Hellas!, isso atingia a "era" Hinault e, querem apostar que se mudava logo de assunto? Ou este andava a champagne?

Mais uma... se o segundo classificado, o ano passado, em vez do espanhol Pereiro tivesse sido um francês?... Será que não tinha já sido investido como vencedor?
Sou só eu a dizer...

Agora, e por cá, não sei ainda se foram aceites, na totalidade, as alterações propostas pela APCP e relação ao nosso Código de Ética.

Eu sei quais são mas falta lá uma.

A "levar porrada" de tudo o que é gente eu dizia-lhes...

Aqui estão as análises, venham de lá os "vampiros", ok, a gente acorda às 6 da manhã, já que estamos acordados... bora lá!, equipamo-nos, alinhamo-nos atrás do risco de partida e... sair para a estrada?

MAS ONDE É QUE ESTÁ O DINHEIRO DOS PRÉMIOS QUE AINDA NOS SÃO DEVIDOS?

Nem mais!
Não há dinheiro, não há "palhaço"!

Ainda por cima para quem fica com o cú enterrado no sofá os apelidar, a todos, de "batoteiros"... a não ser que provem o contrário.

terça-feira, junho 26, 2007

617.ª etapa


AQUI ESTÁ UMA QUESTÃO
QUE PODE DEIXAR PREOCUPADOS
TODOS OS QUE GOSTAMOS DE CICLISMO

Deu a abrir o Telejornal. 74% das Câmaras Municipais não têm dinheiro para pagar as dívidas já contraídas. Três em cada quatro. Certo que temos 388 (ou coisa assim), mas o facto de as nossas organizações de provas ainda assentam, sobretudo, nas parcerias com os municípios... é preocupante. Urge encontrarem-se soluções alternativas. E todos podemos contribuir para isso.

616.ª etapa


NÃO QUERO DEMONSTRAR NADA!
DIGAMOS... "CAÍU-ME A MOSCA NA SOPA!..."

Bendito arquivo!
Bendita a hora em que, com o seu quê de loucura, me pus a coleccionar recortes.
Este trabalho, publicado em A BOLA de 16 de Agosto de 1998, hoje será uma relíquia.


Pronto!
Os "teóricos" têm agora um documento onde sustentar as suas teoria.
Sem ironias!

Mas, ao longo do trabalho também muita outra coisa é posta a descoberto.
Dir-me-ão: Pois, mas do que se fala é de Ciclismo.
É verdade. Mas não só!











E isso sustenta a minha tese de que o Ciclismo há muitos anos que anda por "baixo" porque querendo mostrar... trabalho, deu ambos os flancos.
E ainda hoje isso acontece. E sofre com isso...

Se uma pequena papelaria resolver expôr o ter&haver diário... corre o risco de um dia se descobrir que o empregado se esqueceu de apontar a venda de um lápis.
A fábrica dos lápis, mantendo as contas na sombra, pode vender milhares deles sem os incluír nos lucros conseguidos ao fim do ano.

Ah!... já sabem, clicando nas imagens... isso!
Separei a coluna de declarações, que aparece à esquerda
e aquela que aparece no artigo que surge imediatamente antes deste... está marcada a amarelo.

segunda-feira, junho 25, 2007

Extra!...

Pois... agora só amanhã é que volto ao assunto!
Mas é uma notícia de... 1998! Tchiiiii... ninguém deu por isso?
Ah!... Em 1999, no Tour, foi segundo na Geral Final atrás de... Lance Armstrong.
O tal que os franceses ainda andam danadinhos para "apanhar"!...
Será que... coerência tem tradução para francês?

615.ª etapa


TESOURINHOS "DESENTERRADOS" - XI

Ok, prometo que hoje fico por aqui...

Mas não resisti a este Tesourinho. A notícia é do dia 19 de Março de 1998. António Brás e José Manuel Antunes preparavam-se para cumprir uma das promessas de João Vale e Azevedo e já se trabalhava na construção da equipa que marcaria o regresso das "águias" à estrada.

António Brás desmultiplicava-se em contactos para formar a equipa e, naturalmente, Orlando Rodrigues, então na espanhola Banesto, fazia parte dos seus planos. Como se prova.
Só que o Orlando tinha ainda dois anos de contrato com José Miguel Echevarri e terá declinado o convite. Contudo, o técnico garantia:

Isto foi há NOVE anos.

A experiência do regresso do Benfica ao Ciclismo não correu, então, da melhor maneira, como todos se recordam, e quem poderia adivinhar, então, que nove anos passados os "encarnados", e depois de apenas dois anos no pelotão, voltariam comandados por... Orlando Rodrigues?

E que o Orlando, mais o Justino Curto, conseguiriam o que Brás e Antunes não conseguiram então, ter na equipa o melhor português do momento? Que até tinha também contrato válido para mais um ano com a anterior equipa...

614.ª etapa


TESOURINHOS "DESENTERRADOS" - X

Este aparece aqui mais pela estória que tenho para contar do que por ser, de facto, um Tesourinho.

Nas redacções de todos os jornais há gente atrás das "trincheiras", gente (quase) anónima, pelo menos para a esmagadora maioria dos leitores, mas de cujo trabalho e boas vontades muitas vezes depende... o nosso trabalho.

A começar pelas telefonistas, tendo como força de "élite" os companheiros da Secretaria de Redacção.

As primeiras são as que, na maioria das vezes, recebem as chamadas dos leitores que, sempre atentos, vão descortinando, aqui e ali, "gralhas" ou às vezes mesmo erros que cometemos, que não somos infalíves.

E há as apostas! Ai, as apostas...

Os nossos leitores estão em amena cavaqueira - às vezes já com "companhia" - discutem sobre quem ganhou aqui ou além, não chegam a conclusões... conclusivas e "vamos lá ligar para A BOLA"! (ou outro jornal qualquer, claro).

N'A BOLA, e para casos de estatísticas, quem ganhou, por quantos, em que data e quem marcou os golos... temos na Secretaria de Redacção o insuperável Ivo que, cheio de paciência, desfaz as dúvidas perante a alegria, ou não - depende em que apostara -, do leitor.

Mas às vezes há gente chata. Confessemo-lo.

Num fim de tarde entra-nos o Ivo pelas Modalidades adentro e atira-me: «Atende aí uma chamada que te vou passar, é sobre ciclismo e o tipo é chato!»
Ok...

A questão foi posta de rajada:
«Em 1999 o Benfica correu de vermelho ou de branco?»

Já tinham passado três ou quatro anos, tive de procurar no fundo deste maravilhoso "disco rígido" que é a nossa memória mas respondi: «De branco... com uns laivos laranja e vermelhos. Por causa do patrocinador.»
Do outro lado, e secamente, ouvi um rotundo: «É mentira!... Foi de vermelho.»

Tentei manter a urbanidade. «Não, foi de branco, assim com uma espiral entre o laranja e o vermelho abaixo do peito...»
«Não é verdade!...»

Não era o estar a contrariar-me, era o modo como o fazia. Chateou-me. «Olhe lá, quem é que andou na Volta? Foi você ou fui eu?»

Resposta: «Mas eu estava no Estádio da Luz e vi-os de vermelho!...»

Ah!... Pensei eu, avançando com a mais lógica das explicações: «Então foi porque se apresentaram aos adeptos com o equipamento vermelho, mas na Volta...»

O senhor desligou-me o telefone. Se calhar a seguir ligou para outro jornal...

Mas é verdade. Nesse ano e na tarde da véspera do arranque da Volta, em Cantanhede, o Benfica assinou um contrato de patrocínio, para a Volta, com uma companhia de seguros e correu a Volta com um equipamento que não o vermelho.

Depois de termos descido ao Algarve e subido a Trás-os-Montes, a corrida voltou a Cantanhede onde, no contra-relógio, o David Plaza "roubou" a camisola amarela ao Vítor Gamito.

A Volta acabou em Matosinhos e logo de seguida os "encarnados" viajaram para Lisboa.

O Benfica (futebol) tinha um jogo nessa mesma noite e a equipa de Ciclismo - que ganhara individual e colectivamente a Volta - subiu ao relvado para ser vitoriada pelos adeptos.

Eu estava em Matosinhos, a escrever as últimas crónicas e não podia saber com que equipamento se apresentaram os corredores, mas a Volta correram-na com um equipamento onde dominava o... branco.

613.ª etapa


TESOURINHOS "DESENTERRADOS" - IX


Sobre estes não faço comentários...

612.ª etapa


TESOURINHOS “DESENTERRADOS” – VIII

Confessei, logo no primeiro “capítulo” desta “série” de Tesourinhos que podia ter tido a ideia mais cedo, tendo-me deixado “ultrapassar” pelos impagáveis Gatos Fedorentos mas, héllas!... cometi um erro – imperdoável – pois a estória dos Tesourinhos vem, de há muitos anos a esta parte, a ser “explorada” e logo… por A BOLA. Que leio desde menino e moço. E sou fã incondicional da secção que os alberga, mais ou menos amiude: o Cautchú! Claro!!!

E foi preciso eu “descobrir” um novo Tesourinho para, olhando para a página bater com a mão na testa! Diacho!,
A BOLA é que foi, de facto, a “inventora” dos Tesourinhos.
Resultado: eis-me a “plagiar” os magníficos…
“plágios” dos Gatos!

E saiu exactamente do Cautchú, na edição de A BOLA do dia 19 de Agosto de 2001 o Tesourinho que aqui vai ao lado.

Para lhe acrescentar algo de novo, recorri ao meu velho arquivo e lá está. Primeiro, a constatação: Jean-Marie Leblanc, correndo pela Bic, venceu a 13.ª etapa da 34.ª Volta a Portugal, no dia 31 de Julho de 1971. Trinta anos menos uma dúzia de dias antes da notícia do Cautchú.

Nesse dia correram-se duas etapas – era vulgar, à época – e a 12.ª, cumprida entre o Luso e o Porto, ganhou-a outro francês, Gérard Vianen, da Fagor.
À tarde – provavelmente à noite, que também aconteceu muitas vezes neste género de etapas – correu-se um crono individual de 2,2 km na velha pista do Estádio das Antas. E Leblanc bateu Agostinho naquela que era uma das suas especialidades, a corrida contra o relógio. E Daniel Ducreux venceu a seguinte, entre o Porto e Guimarães.

Mas nessa Volta – que foi a terceira das cinco ganhas por Agostinho, a segunda, das três válidas, que as de 1969 (Joaquim Andrade) e 1973 (Jesus Manzaneque), perdê-las-ia na secretaria – Joaquim Agostinho vestiu a Camisola amarela na 1.ª etapa, um crono, em Lisboa, disputado entre o Estádio de Alvalade e o Campo Grande, para a levar sempre até ao último dia, etapa – outro contra-relógio, este entre Sintra e Lisboa – que ganhou. Foram 16 dias (e 24 etapas!) sempre de amarelo.

A curiosidade levou-me a andar para trás. Na Volta de 1970 Joaquim Agostinho vestiu a amarela ao 4.º dia (6.ª etapa) para não mais a despir, o que eleva para 28 dias e 43 etapas consecutivas de amarelo. Ah!, falta ver 1972… Não, aqui não.

Agostinho terá saído de amarelo (o que faz somar mais um dia às contas) mas o primeiro vencedor foi Manuel Gomes (FC Porto) e, antes que Agostinho se assenhoreasse da camisola de líder (ao 5.º dia, 7.ª etapa) esta passou pelos dorsos, de Manuel Gomes, claro, mas também de Joaquim Leite (FC Porto) e Venceslau Fernandes (Benfica).

Mas, conquistada a 16 de Agosto, no final da ligação Tondela-Porto, Agostinho levou-a depois até Lisboa. Doze dias e… 18 etapas depois.

domingo, junho 24, 2007

611.ª etapa


TESOURINHOS "DESENTERRADOS" - VI

Neste período não dá para sair de casa, por isso, e enquanto esperava pela transmissão dos "compactos" dos GP Abimota e CCT-Correios de Portugal, que passaram na RTP-2, voltei aos meus "caixotes" e... surpresa das surpresas! Ainda há uns restos do espólio de A BOLA por arrumar.

E, mesmo que não venham a propósito de nada, só em Setembro cumprem "aniversário", não resisto a recordar dois momentos (mais 1) altos do Ciclismo português além fronteiras.

O primeiro data de 10 de Setembro de 2000, quando fiz a minha segunda Vuelta, a primeira ao serviço de A BOLA.

Estávamos, os três jornalistas lusos que seguiam a prova no local - eu e o meu querido Bruno Santos, pel'A BOLA, e o Fernando Emílio, pela Rádio Comercial - em Cangas de Onis, pequena cidade no coração das Astúrias, que na década de 60 já fora palco de uma vitória lusitana. De Joaquim Agostinho.

Vitória essa que os locais não esquecem e fazem questão de lembrar sempre a Vuelta por lá passa. Não posso jurar, mas creio que isso acontece porque terá sido a primeira vez que a Vuelta terminou em Cangas... Tenho foto, que reparto convosco.

Mas este tesourinho tem a ver com o triunfo de Andrei Zintchenko, na então denominada LA-Pecol-Alpiarça, não em Cangas mas no alto dos Lagos de Covadonga, uma das etapas míticas da principal corrida espanhola.

O dia, que até amanhecera bonito, em Santander, sofreu uma alteração brusca e chovia torrencialmente na altura em que a etapa terminou. O Bruno e o Fernando estavam algures na busca das declarações do herói do dia e eu sozinho no velhinho pavilhão desportivo de Cangas sofri que nem calculam.

As péssimas condições climatéricas impediram os hélis que cobriam a prova, incluindo o que servia de retransmissor para as imagens da TVE de voar e tinham aterrado, algumas horas antes, no campo de futebol, pelado, que fica junto ao pavilhão... só a rádio me dava informações.

Creio que já aqui contei esta história. Terminada a etapa, os colegas espanhóis procuraram-me para que lhes desse informações da equipa.
Quem era aquela LA-Pecol-Alpiarça?
Porque Zintchenko já eles conheciam.

Tinha corrido na Vitalíco Seguros e até ganhara, dois anos, três etapas na Vuelta...

O Andrei, creio, terminou mesmo a carreira.
Onde quer que esteja, daqui lhe mando um abraço.
Foi sempre um corredor disponível e correcto.

Por acaso, alguns anos mais tarde, estava ele na Maia, e depois de uma notícia que escrevi – confiando cegamente na fonte – uma bela manhã, numa Volta ao Algarve, com partida de Vila Real de Santo António, junto ao belíssimo Parque Desportivo da pombalina cidade algarvia, veio, sem problemas ter comigo fazer-me sentir o seu desagrado pela tal notícia.
Não calou, não mandou dizer.
Foi ter comigo.

Claro que, cinco minutos de conversa e o mal-entendido ficou desfeito.

Pedi desculpa, claro.
E ele, para surpresa minha, pediu-me desculpa também por me ter "estado a chatear", foram as suas palavras que jamais esquecerei.
Um senhor.

610.ª etapa


TESOURINHOS "DESENTERRADOS" - VII

Outro tesourinho, outra estória. Na sequência do anterior, também este aparece “fora de tempo”. Não faz mal.
A “estória” desta brilhante vitória de Claus Möller começa algumas horas antes, no dia 23 de Setembro de 2001 – 12 dias depois do ataque às Torres Gémeas do WTC, em Nova Iorque. Uma vez mais, a acompanhar a única equipa portuguesa na Vuelta, desta vez a Maia-Milaneza-MSS, só estava eu, pel’A BOLA e o Fernando Emílio, da Rádio, então já Nacional. Mas nesse dia não estávamos sós. Na véspera chegaram a Tarragona, onde pernoitáramos, o Teixeira Correia e o Zé Veiga Trigo. O Fernando já não cobriria essa etapa. Voltava a Portugal para logo de seguida viajar para San Juan, na Argentina, onde foi acompanhar mais um Mundial de Hóquei em Patins. O Zé Veiga Trigo, amigo de há muitos anos, acompanhara o Teixeira Correia, porque a viagem era longa e, mandava o bom senso, que a condução fosse repartida, e voltou com o Fernando.

Mas voltando à primeira parte da “estória”, perdemo-nos nos muitos entroncamentos das várias “autopistas” que servem a capital valenciana. Não nos atrasámos porque o Fernando Emílio é um confesso amante do “canto do galo”. Já há luz? Então está na hora de levantar. Mesmo que as etapas comecem à uma da tarde.

E recordo este episódio porque nos aconteceu uma coisa que eu nunca tinha vivido. Não tenho nada a apontar à BT da GNR, mas a verdade é que tenho em grande conta a Policia Viária da Guardia Civil espanhola.
Estávamos nós, parados na berma a tentar perceber o mapa quando, no sentido contrário passou um carro da PV. Abrandou, olhou para nós e arrancou. Poucos minutos depois estava junto a nós. Só tinham ido até ao primeiro ponto de inversão de marcha.

“Que se passa?”, “Nada, desorientámo-nos um bocadinho…”, “Venham atrás de nós…”
E levaram-nos até à via certa. Até porque, como a etapa terminava numa base militar, muito condicionada, até pelos acontecimentos de duas semanas antes, só um caminho tinha sido aberto para acesso ao local.

Mas pronto, voltando à vitória do Claus Möller, como as últimas centenas de metros, as que se corriam em terreno da Base, estavam mesmo vedadas a todos os carros, a não ser os oficiais e aos das equipas, claro, o Teixeira Correia teve de sair mais cedo para poder “trepar” – era trepar mesmo – essas últimas centenas de metros a pé.

E eu fiquei sozinho na messe dos militares, onde funcionou a Sala de Imprensa.

Nesse dia houve sempre televisão e, ali estava eu, sozinho, no meio dos espanhóis – e outros colegas, de outras nacionalidades, que também aparecem para cobrir a Vuelta – de olhos fixos no pequeno ecrán… testemunhando mais uma grande jornada para o Ciclismo nacional.

São memórias. Boas memórias. Aquilo que sempre restará, mesmo quando veja chegada ao fim a minha carreira de jornalista.

Mas, e porque não faria sentido esquecê-la, aqui relembro também a vitória de Sérgio Paulinho – um português, finalmente, mas em contraponto com as duas últimas memórias… ao serviço de uma equipa estrangeira.
Foi o ano passado, no dia 4 de Setembro, em Santillana del Mar.

Esta vi-a pela televisão.
Já estava encostado às boxes.

Espero, sinceramente, poder estar ainda e mais algumas vitórias de corredores portugueses, ou de equipas portuguesas, na Vuelta ou, quem sabe… um dia me seja dada a oportunidade de “fazer” um Tour!