quinta-feira, junho 21, 2007

604.ª etapa


SE ABRIU, DE FACTO, A "CAÇA" AO CICLISTA,
VÃO TER QUE ME ATURAR...

Indirectamente, é claro (não tenho pretensões a tanto!), eis que já há respostas a algumas das questões que aqui deixei no ar, em artigos anteriores. Aliás, e para que prevaleça a verdade, o que a seguir vou citar foi proferido ANTES de eu os ter escrito. Não tinha era deles [depoimentos] conhecimento.

E o que é que vou citar? E quem vou citar?
Francesco Moser, presidente da Associação Internacional de Ciclistas Profissionais (CPA); o seu compatriota, Gianni Bugno, presidente da Associação Italiana de Ciclistas Profissionais, e Pipe Gómez, presidente da Associação Espanhola de Ciclistas Profissionais. Também já sei a opinião do Paulo Couto, por isso, TODA a gente sabe das últimas decisões cozinhadas entre a UCI e a Associação Internacional de Equipas de Ciclismo e… claro (não esperava outra coisa, por isso me manifestei), toda a gente está contra a mais um acto de puro ataque ao elo mais fraco. Os corredores.

Já escrevi, há alguns dias, que ando desconfiado de que existe muita gente que gosta de Ciclismo mas… não pode com os Corredores.
Não desconfiava eu, ou não desconfiei nessa mesma altura, era que isso pode estar a acontecer a partir da própria… UCI.

Mas pronto, e para recolocar o assunto em dia, com TODAS as opiniões, Francesco Moser, em declarações à Gazzetta dello Sport, manifestou a sua total discordância em relação à intenção de se obrigar os Corredores a assinarem um termo de responsabilidade – atenção: em como nada têm, ou tiveram a ver com a rede de Eufimiano Fuentes e parceiros, o que não passa de uma muitíssimo mal disfarçada forma de levar os Corredores a confessar – considerando isso “atentatório em relação a todos os direitos [dos Corredores]”.

E Moser lembra que “a CPA já discutiu [com a UCI] a possibilidade de se elaborar um novo Código de Ética, documento onde, necessariamente, as responsabilidades, em caso de prevaricação, teriam de ser repartidas em igual proporção entre Corredores e Equipas”. E termina lamentando que, ignorando os Corredores, a UCI, mais as Equipas, “tenham decidido numa noite ‘o problema do doping’”. Percebe-se a ironia e o que não foi dito.

Também Gianni Bugno contesta aquela decisão, alertando para o facto de “a coberto de ser uma norma para funcionar em relação à próxima edição do Tour, a verdade é que, documento assinado e este poderá vir a ditar lei no futuro, e em todas as corridas”.
Sendo que a decisão, relembro, foi tomada entre a UCI, a organização do Tour e as Equipas, tendo os representantes dos Corredores sido deixados de fora.

José Javier “Pipe” Gómez disse à agência EFE que esta decisão "é a gota de água que pode fazer transbordar o copo", pondo, também ele, o dedo na ferida: “As decisões da UCI têm vindo a ser constantemente contra os Corredores. Esta agora volta a, descaradamente, violar direitos fundamentais dos homens que escolheram para profissão serem corredores”. Adiantando: "A poucos dias do arranque do Tour, quando, aparentemente, as coisas pareciam ter acalmado, assistimos a um reacender de polémicas e, o mais triste nisto tudo, é que o rastilho é aceso pelas próprias pessoas do ciclismo…”

A frase final do presidente da associação espanhola de corredores confirma muito do que eu próprio tenho vindo a escrever. Diz Pipe Gómez: «Mais do que tentar, de facto, por a limpo alguma situação pontual de dopagem, o que parece é que está aberta uma autêntica caça ao ciclista!»

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