sábado, junho 30, 2007

630.ª etapa


A DATA DE HOJE MARCOU UM NOVO RUMO...
NÃO NOS PERCAMOS

30 de Junho de 2007.
É, é a data de hoje, mas também uma data que não devemos esquecer, nós, os jornalistas mais ligados ao Ciclismo.
Pela primeira vez, fora de quaisquer estruturas organizativas, um site na Internet “deu”, em directo, uma corrida de Ciclismo.

Estou de fora, aqui, no meu cantinho, provavelmente com mais tempo para fazer introspecções. Mas aconselho.
… a que se façam mais introspecções.

Andei – Calmaaaaa!.... Calma, eu sei que não fui o único!... - durante dúzia e meia de anos a tentar recuperar para os jornais os velhos adeptos do Ciclismo, mas os jornais hoje em dia são diferentes. Não há espaço. Eu sei.

Entretanto, e só não o vê quem não quer, a televisão trouxe o Ciclismo até aos mais jovens. E a Internet ainda mais… É preciso repensar quase tudo de novo.

Os falsos “directos” da estrada, as “buchas” que se metiam, tornando airosos os discursos… tudo isso já não cabe mais nos dias de hoje.
Os adeptos, e felizmente que cada vez são mais jovens, dominam as novas tecnologias e, quem não tiver pernas para os acompanhar…

Já tínhamos os Gabinetes de Imprensa de algumas das principais provas – PAD à parte, que este organizador o tem em todas – a manter um “filme da etapa” quase em tempo real; já tínhamos a possibilidade de, seja onde fôr, ouvirmos as rádios, mesmo as locais, via-net... Os velhos hábitos de uma geração que está a dizer-nos adeus já não são tolerados.

Escrever que houve uma fuga aos quilómetros “xis”, que foi apanhada aos quilómetros “y” e que tudo chegou ao sprint, isto escrito num jornal, chega ao público-alvo com 16 horas de atraso. Em relação a quem compra o jornal às… sete da manhã.

Está a acontecer o mesmo com o futebol, por exemplo, mas aqui, a cronologia dos acontecimentos – hoje em dia dados nas coberturas “na hora”não esbarra com as crónicas dos jornalistas.

Eu, que tão crítico sou em relação à secundarização das Modalidades, tenho a humildade de reconhecer que o futebol reinventa todos os dias novos estilos, mantendo a posse do feudo. Nada contra!...

Chegámos a uma encruzilhada. Aqui, manda o bom senso. Que paremos e tentamos perceber qual é, de facto, o melhor caminho. Baixar a cabeça e investir em frente, não o é.
Em definitivo, não.

Hoje, com um atraso mínimo, todos os que sabiam que um determinado site ia fazer a cobertura ao minuto, tiveram a informação practicamente na hora.

Nem os sites dos principais jornais – que terão lá “enviados especiais” – conseguiram aproximar-se. No d’A BOLA, só li quem era o Campeão Nacional (elites) às cinco e meia da tarde!!!, se calhar, porque quem lá está não se preocupou em avisar mais cedo!
A prova terminou antes do meio-dia.

Neste turbilhão, quando as armas – leia-se, os meios à disposição – são terrivelmente desiguais; quando, com o desinteresse generalizado dos jornais nas Modalidades, crescem sites a elas dedicados quem, ao serviço dos jornais, cobre os mesmos eventos tem, obrigatoriamente, que se reinventar.

As três frases debitadas, arfantes, 30 segundos depois do Corredor cortar a meta já não dizem nada a ninguém.
Nós, os “veteranos” temos que tentar inverter a tendência.
E só há uma maneira: ir mais longe e mais fundo.
E fazer valer tudo o que sabemos a mais que os jovens "lobos". Que o estão a fazer... por amor à causa.

Como nunca se sabe tudo – muito menos se sabe de mais –, temos que manter-nos atentos.
Por exemplo… amanhã vou outra vez ligar-me bem cedo ao site que está a dar tudo, minuto a minuto.

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