sexta-feira, janeiro 29, 2010

ANO V - Etapa 27

QUE PREVALEÇA A JUSTIÇA

Hoje pelas 9.30 da manhã, o Corredor João Cabreira será ouvido, em Lausana, na Suíça, pelo Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) cujos elementos, e parto do príncipio que são gente de bem - ok, também aproveitam as benesses de se deslocarem 'à conta', de terem cartões de crédito ilimitados.... - e, sendo gente de bem, terão estudado o processo e não consigo imaginar que não estejam confusos. Espero é que isso os não condicione nas sua decisão.

O João Cabreira está em Lausana porque a AMA (Associação Mundial Anti-dopagem) recorreu, após DENÚNCIA do Conselho Nacional Anti-dopagem (CNAD), entidade na qual, no quadro da direcção, consta o nome de Artur Moreira Lopes, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) cujo Conselho Jurisdicional - escolhido por ele, Artur Moreira Lopes, e eleito com ele para os actuais Corpos Gerentes da FPC - , com direitos próprios e não passíveis de recurso, elibaram o Corredor.

Confusos?
A Federação Portuguesa de Ciclismo, presidida por Artur Moreira Lopes e através do seu Conselho Jurisdicional - repito, cujas decisões não são passíveis de recurso - é posta em causa pelo CNAD, no qual o mesmo Artur Moreira Lopes faz parte da direcção, está hoje a julgamento, pois não, não é só o Corredor, é a FPC também, em sede do TAS.

A independência do Conselho Jurisdicional da FPC é de aplaudir, mas a 'agressiva' falta de solidariedade da sua Direcção merecia uma tomada de posição que não poderia ser outra que não a demissão, em bloco, do CJ.

Sem CJ, os Órgãos Sociais da FPC ficariam amputados e seria preciso, pelo menos, fazer novas eleições, nem que fosse apenas para este órgão.
Eu sei que é confuso.

Nem eu entendo! Melhor dizendo, porque não sou mais que todos vocês, TAMBÉM eu não entendo.

ANO V - Etapa 26

NÃO PODEMOS FICAR PARADOS...

Ainda não me pronunciei, em termos de opinião, em relação ao facto de a 'Alentejana' ter sido suspensa. Lá irei.

Também tive muita pena quando a Volta ao Minho foi suspensa, e ninguém fez nada por ela. Parece que regressa este ano, como Grande Prémio do Minho. A Associação de Ciclismo do Minho é um óasis, uma lufada de ar fresco no bafiento Ciclismo português. Como a Associação de Ciclismo do Algarve - abraço apertado Rogério, há-de haver por aí um qualquer mal entendido, e logo saberemos quem quis 'sabotar' a nossa amizade - que é, neste momento, a organizadora da maior corrida que se realiza em Portugal, Volta incluída...

Voltando à 'Alentejana'... li que houve quem tentasse que a JLSports/PAD desse uma 'mãozinha'.
Foi mesmo verdade?
De quem terá partido tão peregrina ideia?

Deixo aqui esta 'etapa' em vésperas de fim-de-semana para que, quem queira comentar, tenha tempo para buscar informações reais.

Não acreditaram naquilo que eu escrevi em Julho?
A JLS/PAD está falida.
A Volta a Portugal de 2009 foi posta na estrada pela FPC.

Mas também voltarei a este assunto.

O que urge, isso sim, é - uma vez que temos um ano (provavelmente para recomeçar do zero, não leram as declarações do presidente da FPC, que espera que a Volta ao Alentejo regresse em 2011, mas, cito: 'será difícil garantir-lhe o estatuto a nível internacional' ? - e desagregá-la, de uma vez por todas, da AMDE.
Finito!
Acabou.
Não precisamos, não queremos!
É isso que os alentejanos de boa vontade têm que começar a interiorizar.

Vá, rápido... que se crie uma alternativa.
Uma entidade independente.
Ontem já era tarde.

Associação Alentejana dos Amigos do Ciclismo (podem usar o nome que eu não cobro pela ideia), o tempo passa depressa, é preciso criá-la, definir estatutos, apresentá-los a aprovação na Assembleia da República...
Isso leva tempo.

Eu entro. Dinheiro, não tenho... mas contem comigo.

Os apoios serão os mesmos... o das autarquias que sempre ajudaram e, sendo uma associação independente do poder político, é capaz de ser mais fácil angariar patrocinadores.

Uma outra coisa é imprescíndivel que se faça... desde já.
Sensibilizar - sei lá como... não posso ter as ideias todas! - os quatro Governos Civis que cobrem o Alentejo, para que seja possível, com ou sem apoio das autarquias, ter mesmo uma Volta ao Alentejo.

Dos Governos Civis só queremos que autorizem a passagem e mobilizem as forças de segurança pública. ~
Com isto garantido, fazemos partidas e chegadas onde nos apetecer.

Se me saíssem hoje 500 mil euros no Euromilhões, só se fosse mesmo impossível é que não havia Volta ao Alentejo em 2010.

ANO V - Etapa 25

'A' NOTÍCIA...


A partir daqui, 'ajeitá-la', acrescentando... desportistas, colocando-lhe, ou não, nomes reias ou fictícios teremos que lhe chamar outra coisa...

E eu não quero.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

ANO V - Etapa 24

ESCLARECIMENTO

Na Etapa 21, apesar de ter começado por escrever que o que se seguiria teria a ver com cargos e não com as pessoas que os desempenham desarmando, desde logo, potenciais caçadores de conflitos, que não existem entre mim e as pessoas em causa, acabei por cometer um erro de palmatória.

Alertou-me para isso o Paulo Sousa, Paulão, para os amigos (abraço Paulão). Na verdade, o Paulo Couto é presidente da Associação Portuguesa de Corredores Profissionais e treina uma equipa amadora, logo, não há como - confesso - eu queria insinuar, incompatibilidades de funções.

Aliás, sejamos honestos.
O que é que eu quero?
O que é que todos nós, pelo menos uma grande maioria - inda que sejamos minoria, que se lixe -, queremos?
Que o Ciclismo Português funcione. Bem, de preferência.

E se, neste momento - como o provou ao longo dos muitos anos que já leva no cargo - o Paulo Couto é a pessoa mais indicada para liderar a APCP, e recordo que já conseguiu ir mais além, sendo, actualmente, o presidente da Associação Internacional dos Corredores Profissionais, cargo mais alto (porque mais nenhum dos outros é presidente) que um português desempenha no Ciclismo internacional...
... estendi-me, por isso recomeço:

... e, se neste momento o Paulo Couto é a pessoa mais indicada para liderar a APCP, não serei nunca eu a escrever que deve abandonar o cargo se, por ventura, num futuro próximo ele vier a treinar uma equipa profissional. Só a sua consciência poderá ditar se será, ou não, necessário abdicar de uma das funções.

Como é o presidente da Associação Internacional, acredito que opte - porque foi escolhido entre os seus pares, e se foi escolhido é porque tem qualidades para isso - por se manter, enquanto técnico, pelo ciclismo amador.

Conhecendo o seu carácter - também não estamos sempre de acordo em relação a certos acontecimentos e medidas, mas isso dever-se-á ao facto de nenhum de nós abdicar de ter opinião própria (e há um assunto sobre o qual, em breve, me pronunciarei e vou estar completamente em desacordo com o Paulo) -, sabendo-o pessoa de bem, porque iria implicar por ser director-desportivo e presidente da associação de Corredores?

E o mesmo é válido em relação ao Professor José Santos.

Ter-me-ei exprimido mal, ou não soube fazer passar a mensagem.
A Etapa 21 foi escrita como um exemplo do anacronismo que vinga no Ciclismo luso. E tentei que isso ficasse esclarecido no intróito à etapa em si.
Há mais situações... mas como sabem, há coisas das quais não posso falar. Nem é o não devo, é mesmo o não posso.

Como deixei - façam o favor de confirmar - em comentário, à chamada do Paulo Sousa sobre o meu erro, e mantendo uma linha de coerência que quero que o VeloLuso sempre tenha...

... peço, aqui, onde todos podem ler (sem ter de procurar nos comentários), desculpa ao Paulo Couto.

Mas não deixo se manter o raciocínio inicial: aquele texto era sobre cargos, não sobre as pessoas que os desempenham.

Espero que este tema tenha ficado esclarecido.

quarta-feira, janeiro 27, 2010

ANO V - Etapa 23

NEM SEQUER QUERO ACREDITAR!

Por... opção política, este ano não há Volta ao Alentejo?
Vou esperar para ler tudo o que for publicado amanhão, pese embora aqui já tenha ficado mais ou menos esclarecido...

Mas isto vai merecer um comentário muito, mas muito ponderado.

terça-feira, janeiro 26, 2010

ANO V - Etapa 22

PORTUGUESES NO GRANDE PELOTÃO MUNDIAL

Se fizerem o favor de recuarem um pouco até à Etapa 18, verão que a dediquei ao inusitado - mas reconfortante - número de portugueses que, finalmente, começam a preencher o grande pelotão mundial.

Já tivemos antes, é claro, equipas lusas em grandes provas do calendário internacional - e há boas memórias que não se apagam da prestação de algumas - e tivemos corredores isolados, uns com mais sorte, ou abnegação, que outros mas a verdade é que nunca antes - pelo menos segundo os meus registos - tivemos tantos portuguesas incluindo a alta roda do Ciclismo mundial.

Nessa Etapa 18 referi o Zé Azevedo, primeiro director-desportivo português de uma equipa estrangeira, o Sérgio e o Tiago, Corredores da mesma equipa, mais o Chico Carvalho, mecânico ainda na mesma formação, a estadunidense RadioShack, de Lance Armstrong.

Há mais...
Desde logo o Rui Costa, na Caisse d'Épargne e mais o Manuel Cardoso na Footon-Servetto, o Vítor Rodrigues, da espanhola Caja Rural e o Nélson Oliveira na Xacobeo-Galicia onde aparece como... espanhol (!!!).

Li artigos sobre um João Correia que apareceria do nada para correr pela Cérvelo, mas a verdade é que, consultando os registos da UCI, ainda hoje, tal nome não consta na listagem da equipa.

Mas voltei a este tema porque o amigo Luís Miguel Santos que, creio, ligado à LamegoBike, há já um bom par de dias me endereçou um email - peço desculpa pelo atraso da resposta - chamando a atenção para que, além do Chico Carvalho, mecânico da RadioShack, há outro português mecânico de uma equipa que, por enquanto, e tanto quanto sei, espera pela admissão no lote das profissionais, a BMC Racing Team.

É o Luís Carneiro e, como podem testemunhar faz, de facto, parte da estrutura desta equipa estadunidense.

No meio disto tudo lembrei-me de outro nome.
Grande, em termos internacionais e na área da mecânica.
Discípulo do ENORME Francisco Araújo e que rapidamente se tornou um dos imprescindíveis da Mavic, 'apenas' a responsável pelo Apoio Neutro de todas as corridas da ASO, incluindo, está bem de ver, o Tour, e também dos Mundiais.

Um homem simples, que conheci através do imorredoiro Bruno Santos e com o qual tive oportunidade de privar.

A última vez que o vi foi, se não estou errado, em 2002, nos Mundiais de Zolder, na Bélgica. Desde aí, não mais tive notícias dele.

Falo do António Pacheco, mecânico principal da Mavic.

Provavelmente haverá - e quem o estranharia, dada a nossa propensão por nos espalharmos pelo Mundo? - mais portugueses ligados, em termos internacionais, ao Ciclismo. Eu é que não posso saber de todos. De qualquer dos modos... o meu obrigado ao Luís Miguel Santos.

(Foto gentilmente cedida pelo meu estimado amigo Guita Júnior)

Bandeira Amarela

segunda-feira, janeiro 25, 2010

ANO V - Etapa 21

... CONTADO, NINGUÉM ACREDITA

Nota prévia
Que ninguém se atreva a interpretar esta 'etapa' como qualquer espécie de 'ataque' pessoal às duas pessoas que, inevitavelmente - porque lá estão, ou estiveram -, tenho que mencionar.
Sempre os considerei amigos.
Com um mantive sempre uma relação de cordial urbanidade, embora as nossas opiniões chocassem, sendo mesmo muitas vezes opostas. E discutimos isso, várias vezes, quer cara a cara, quer em troca de correspondência;
com o outro, que conheci dava ele os primeiros passos como Corredor profissional, cuja carreira acompanhei de perto e que, depois, já num dos cargos que ainda ocupa, passou a ser um precioso suporte para as minhas dúvidas, nunca tendo deixado de me esclarecer quando eu o solicitava e com quem troquei inúmeros telefonemas.

Sublinhado isto...

Para termos uma ideia da forma como o nosso Ciclismo está organizado - não, não vou imiscuir-me no trabalho do órgão máximo, que é a Direcção da FPC - tenho dois exemplos que, em conversa com colegas estrangeiros me vi aflito para explicar.

Uma vez mais, ressalvo que me vou referir a cargos institucionais e não às pessoas que os ocupam. As pessoas merecem-me todo o respeito, e são aquelas que motivaram a nota prévia...

Os cargos... atentem:

- O presidente da associação de classe dos Corredores há três anos que exerce, paralelamente, o cargo de Director-desportivo de uma equipa.
É incompatível?
Não sei... aliás, creio não haver nada que o impeça mas todos concordarão que a figura de Director-desportivo, nem que seja apenas no nosso imaginário, aparecerá sempre mais próximo dos interesses da entidade patronal do que dos seus subordinados/assalariados, dependentes daquilo que o patrão da equipa exigir, ou impôr. Decalcando as funções para, por exemplo, a minha profissão, daria mais ou menos isto: o delegado sindical dos jornalistas da minha redacção era o Director do Jornal que, como é óbvio, está dependente - e obrigado - às decisões da Administração da empresa.

Quer isto dizer que o Paulo Couto não está à altura das funções? Claro que não. Aliás, e com todo o mérito, JÁ NÃO É SÓ o presidente da associação de classe dos Corredores portugueses mas sim de todos os filiados nas diversas associações nacionais reunidas na Associação Internacional de Corredores Profissionais.
Mas percebem onde eu quero chegar...

O outro caso...

- O 'aborto' que foi - ainda hoje não tenho a certeza de que, legalmente tenha existido, com estatutos aprovados e publicados em Diário da República, como é obrigatório - a Associação de Clubes, a tal entidade patronal, teve (?) como presidente um assalariado de uma dessas entidades patronais. Também como Director-desportivo.
O 'presidente' dos Patrões era um assalariado do patronato.
Pode?... Sei lá. O nosso Ciclismo há muito que já nem navega à vista... anda completamente á deriva.

E, claro, ainda há os casos dos mecânicos e massagistas inscritos como Corredores para completarem o número mínimo exigível por equipa, ou para baixarem a média de idades de forma a que estas se pudessem inscrever como continentais. Todos se recordarão ainda do caso de uma brigada do CNAD se ter apresentado em casa de um não Corredor - mas que estava inscrito como tal - para lhe fazer um controlo surpresa.

Se eu vos contasse isto... acreditavam?
Claro que não.
Só visto!

ANO V - Etapa 20

CONTRADIÇÕES PERNICIOSAS...

Ok, amigos. Estou de volta e espero conseguir manter uma regularidade aceitável. Escrevo isto porque recebi inúmeros 'protestos' de indefectíveis do VeloLuso a lamentarem a minha prolongada ausência.

A todos quero agradecer o facto de, depois de aqui ter vindo e deixado uma mensagem a confessar não estar, na altura, em condições, nem de saúde, nem mesmo psicológicas (as duas coisas ligadas) e sem motivação alguma, por outras razões, a pedir que me concedessem um tempo para eu arrumar a desarrumação que ia pela minha cabeça, TODOS, sem excepção, respeitaram o meu pedido.

Cumpre-me dizer-vos... OBRIGADO.

Aqui, arrumadinhas a meu lado, tenho as últimas oito edições do semanário Meta2Mil. Ainda dentro dos respectivos envelopes. Ainda não as abri. São dois meses de noticiário que ainda não li. Deve servir para terem uma ideia do quanto me alheei do Ciclismo.

Mas passei muitas provações na vida e sempre consegui sair por cima, e não é a primeira vez que o simples facto de escrever aqui me serve de terapia.

Também, e depois da desgastante - acreditem que o foi - luta contra as prepotências com as quais fomos, toda a Família do Ciclismo, confrontados, na qual, embora sempre com a consciência de que a isso não escaparia, a minha imagem foi violentamente abalada. Tudo isto contribuiu para esta ausência sabática.

E também porque, sem que tenha havido evolução em nenhum dos casos, e com o defeso na modalidade, faltavam assuntos sérios que merecessem o meu comentário. Mas a nova época está à porta e era chegada a altura de reaparecer. Aqui estou.

Tenho as Meta2Mil ainda empacotadas, mas não deixei, um dia que fosse, de ler atentamente até a mais pequena 'breve' que os nossos jornais publicam. Os de papel.

Tenho ali os recortes destes últimos dois meses que ainda vou ter que alinhar cronologicamente para, depois, e se achar pertinente, comentar algumas notícias. Isso terá que esperar pelos dias de folga.

Contudo, e acreditem-me, o meu 'cavalo de batalha' não é o ser polémico. Não é o ser do contra só porque sim. Prosseguirei o mesmo trilho que sempre foi e continuará a ser, o de, dentro das minhas limitadas possibilidades, defender o Ciclismo português, sim, mas acima de tudo o punhado - cada vez mais pequeno - dos que ainda têm coragem para serem profissionais de uma modalidade que só e visível quando acontece algo de negativo.

Por isso já aflorei - como escrevi, voltarei ao assunto - que, quem gosta realmente e quiser ajudar o Ciclismo português, deve usar e, sem falsos pudores - porque isso é o que vemos e lemos todos os dias - agarrar o mais pequeno feito interpretado por um Corredor luso e dele fazer eco. Gritá-lo bem alto. Na nossa modalidade parece que se tem vergonha de falar das vitórias de Corredores portugueses.

O Ciclismo é, quase sempre subvalorizado e dou um exemplo: aqui há... falha-me a memória e, apesar dos arquivos escrevo sempre de improviso, três anos? uma Selecção Nacional de uma outra modalidade conseguiu - e ninguém lhe nega o feito - ser, pela primeira vez, apurada para um Mundial. Foi copiosamente batida em todos os jogos mas teve a sorte de ter, como dizemos no meio, a 'boa imprensa' pelo seu lado. Ainda hoje são uns heróis, e vivem desse feito, o de terem chegado à fase final de um Mundial. Onde não fizeram nada.

Mas voltemos um pouco atrás.
Dos recortes que ali tenho para ordenar e depois deliberar se merecem ou não um comentário, há um cujo título não me sai da cabeça.

«Há Corredores que pagam para correr.»

Há, sim senhor, e não é de agora. Não é novidade esta temporada. Há já um bom par de anos que isso acontece.

Mesmo afastado, telemóveis desligados, jornais por abrir... ainda assim, acreditem, mantenho-me actualizado.

Querem um exemplo?

Pior do que haver Corredores que pagam para correr - é uma opção deles - é o facto de, isto aconteceu neste defeso e na reestruturação das equipas nacionais que vão sobrando, Corredores (não liguem aos números que servem meramente de indicadores) terem sido sondados, porque ficaram sem equipa e querem continuar a ser profissionais, terem aceite 'contratos' negociados - certamente por baixo, devido à crise -, se terem contentado por ir apenas ganhar 1000 e, na hora da formalização desses mesmos contratos - que tiveram honra de, pelo menos 'fotolegenda' em, creio não estar errado, todos os 'desportivos' - quando o papel lhes foi posto a sua frente, com jornalistas e fotógrafos e vereadores e presidentes de Câmara presentes, se terem dado conta que os 1000 acertados... haviam 'encolhido' para 600.

Há uma tabela salarial definida pela UCI para os diversos escalões de equipas. As federações NÂO aceitam contratos cujos valores não obedeçam ao regulamentado, o que quer dizer que os contratos que dão entrada na FPC cumprem os parâmetros legais. Mas todos sabemos que isso é mentira.

Aqui há três ou quatro anos uma equipa fez os seus Corredores assinar um contrato - cujos valores eram os legalmente obrigatórios - mas num outro, paralelo, fazia os mesmos Corredores 'doarem' 40% do seu vencimento ao clube, de forma a que este mantivesse a viabilidade económica. No fundo, é a mesma coisa que deixei escrito ali atrás.

Ora, eu sei... e não sou o único a saber. Nem sequer já tenho ligação nenhuma com o Ciclismo, a não ser a minha paixão pela modalidade. Ninguém na FPC sabe, ou desconfia? Num mundo tão pequeno... iria custar-me a acreditar. Mas, tal como Pilatos, lavam as mãos.

Os contratos, o burocraticamente exigível, estão conforme, por isso... siga para bingo.

E a APCP também não sabe? Claro que sabe...

Terminando, e justificando o título desta crónica: para 'salvar' o Ciclismo nacional ninguém hesita em queimar na praça públia mesmo quem, sobre ele não tenha ainda culpa formada. desde que seja Corredor. Nestas situações de exploração e humilhação dos mesmo Corredores assistimos a quê? A um ensurdecedor silêncio.

São as tais... contradições perniciosas.

domingo, janeiro 24, 2010

ANO V - Etapa 19

O NOVO JERSEY DO COMANDANTE
DA VUELTA A ESPANHA

Depois da 'invenção' da Camisola Dourada, para não ser amarela, como a do Tour, os espanhóis regressam este ano às origens.

A primeira camisola oficial de líder da Vuelta era vermelha, a cor do logótipo do Correo de España que a patrocinava.

Como a do Tour era amarela, porque eram amarelas as páginas do L'Auto, o jornal que lançou a corrida, e como rosa era, e se mantém, a camisola do líder do Giro como se mantêm rosa as páginas do Gazzetta dello Sport.

Mas os tempos mudaram e hoje há mais valias (serão) que não são descuradas.

Para desenhar a nova camisola do líder da Vuelta foi convidado o estilista basco Custo Dalmau, cuja... proposta foi esta (a cara de parvo é do dito cujo). Consta, porém, que algo pode ainda mudar... é que o figurino não é consensual.

Ao vermelho - que nem sequer é bem vermelho - o estilista resolveu juntar umas manchas negras que, segundo a explicação da imprensa espanhola, querem representar as manchas do leopardo. O animal mais veloz da terra.
Andam enganados nuestros hermanos pois toda a gente sabe que, embora sendo familiar do leopardo, o animal mais veloz do nosso planeta é a chita... que não tem o corpo às riscas, mas... às bolinhas!

Depois, e ainda segundo a explicação oficial - mas quer-me querer que este projecto vai cair -, aquelas linhas sem fundo listado simbolizam as estradas por onde o pelotão se desenrola.

Sinceramente, acho que sim.
Que os franceses têm toda a legitimidade para terem o seu 'maillot jaune' porque a História assim o dita, o mesmo acontecendo com o rosa italiano.

E que as outras grandes provas deveria procurar uma identidade própria.
Na Volta à Alemanha a camisola de líder é branca, por exemplo.

O vermelho predominou, durante décadas, na Vuelta... tudo bem.
Para a Volta a Portugal eu proporia assim... um cinzento a dar para o escuro. Como o País.

ANO V - Etapa 18

PARA AJUDAR O CICLISMO PORTUGUÊS
É PRECISO QUE INSISTAMOS NISTO...

Naquela que será a maior e melhor equipa de Ciclismo de todos os tempos - claro que falo em termos colectivos... equipa! - nós, portugueses, temos a felicidade de ter quatro homens. E com funções bem diferentes.

Claro que falo da RadioShack Cycling Team, desse fenómeno que é, tão só, o Lance Armstrong...

Lance Armstrong que, seja lá porque razão for - e quem de direito há-de procurar deslindar o enigma - deve ser, actualmente, a figura mais poderosa de toda a estrutura do Ciclismo Mundial e claro que aqui incluo, não só a UCI, como a Agência Mundial Anti-dopagem e a sua congénere estadunidense.



O pior cego é aquele que não quer ver. Que finge que não vê... Embora haja quem veja e não faça a mínima ideia daquilo que está a ver... mas esta parte já são contas de outro rosário.
Claro que voltarei ao assunto.

Joaquim Agostinho nunca teve hipóteses de correr em equipas Grandes, está bem, a Teka espanhola era poderosa, mostrou-o, mas não era a 'maior' no seu tempo...

Acácio da Silva representou equipas importantes, é verdade, mas também nenhuma delas era a mais forte, no seu tempo...

A viragem terá acontecido quando Orlando Rodrigues foi para a Banesto de Miguel Induráin. Essa sim, era a mais forte do pelotão, no seu tempo, embora não me custe conceder que já nessa altura a ONCE lhe pederia meças...

José Azevedo terá sido o primeiro português a integrar a, claramente, mais forte formação, ao seu tempo. A mesma ONCE que, depois do abandono de Induráin ficou a mais forte. E o Zé depois esteve na US Postal, depois Discovery já na era de Lance Armstrong. Claramente a mais forte.

E chego ao ponto de partida. Lance Armstrong é, principalmente depois do seu regresso, o ano passado, a figura com mais força em toda a estrutura do Ciclismo Mundial. Não regressou por acaso, não regressou ao Tour por acaso... e não é por acaso que se mantém no pelotão.

As mentes mais iluminadas que peroram sobre a Modalidade e que não conseguirem decifrar este inigma... bahhhh!, são meros curiosos.

Confesso que estou a 'esticar' este artigo de forma a arranjar espaço para todas as fotos que quero inserir... [e vocês façam o favor de fingir que acreditam, ok?].

Nunca uma equipa internacional, muito menos com o poderio desta RadioShack, teve tantos elementos portugueses. E a RadioShack tem, nada mais nada menos, o Zé Azevedo como... Director Desportivo e que já comandou o 'chefe' Armstrong no Tour Down Under (Austrália). Não a Volta à Austrália como já li.

E tem o já experiente, moiro de trabalho, tacticamente disciplinado e cumpridor e que, ainda por cima, sempre que lhe sopram ao 'pinganillo' que está por sua conta... já ganhou etapas. O Sérgio Paulinho.

E tem, e espero que ele entenda que a oportunidade que lhe é dada é para que ganhe experiência porque futuro todos lhe reconhecemos, o Tiago Machado. Claro que tem a enorme mais valia de correr na equipa de Sérgio Paulinho e de José Azevedo. Mas todos confiamos nele...

Depois, e esta terá sido a grande surpresa - para quem percebe alguma coisinha de Ciclismo, alguma coisinha do que é o pelotão, do que é a vida dos profissionais na modalidade... surpresa é palavra que não admito (numa equipa grande tratam-se de todos os pequenos pormenores e já o deviam ter percebido) -, depois do enorme Francisco Araújo voltamos a ter um mecânico na alta roda do Ciclismo Mundial.

Fiquei extremamente feliz ao saber que o Francisco Carvalho mereceu a confiança de uma equipa onde, tudo o que seja abaixo da excelência é descartável.

Estão a ver que inclui fotos de todos os portugueses.

A única que neste curto espaço de tempo, cheguei do Jornal há pouco e vou ter que lá estar mais cedo, não tem a qualidade mínima exigível é aquela em que aparece o Chico. Curiosamente, o último velho companheiro de estrada com quem pude partilhar cinco dias de prova. Curiosamente não de Ciclismo. Este pormenor de foto (que é bem maior e com muito mais qualidade) foi fixado algures numa estrada do País de Gales, em Dezembro de 2008 no decurso do Rally da Grã-Bretanha. Em automóveis, claro.

Eu estava lá ao serviço do meu Jornal e o Chico como mecânico de apoio a um piloto madeirense que nesse ano fez uma temporada extraordinária.

Voltas que a vida dá. Nós que nos conhecemos há mais de 15 anos - corria ele pelo Carnide - reencontrámo-nos numa prova do Mundial de Ralis, em automobilismo... um abraço grande e especial para o Chico.

sábado, janeiro 23, 2010

ANO V - Etapa 17

PARA AJUDAR O CICLISMO PORTUGUÊS
É IMPRESCINDÍVEL VALORIZAR RESULTADOS
COMO A VITÓRIA DE MANUEL CARDOSO

'De Boas Intenções Está o Inferno Cheio'.
Não há como contrariar a sabedoria popular, apesar de, hoje em dia, já não haver a mínima hipótese de 'criar' ditados populares.
Podemos brincar com alguns dos que nos foram legados pelos nossos antepassados em corruptelas com maior ou menor gosto, mas já não criamos nada de novo.

O Ciclismo Português - e lá irei, aos poucos, neste regresso que também irá ser aos poucos - precisa, hoje mais do que nunca, de ajuda.

Não defendo, como nunca defendi, que se escondam realidades menos positivas mas, enquanto simples adepto, e há já algum tempo que não sou mais do que isso, entendo que uma boa forma de ajudar o Ciclismo Português é sublinhar os feitos conseguidos, neste caso, a nível internacional, o que é mais importante ainda.

Numa temporada histórica - também voltarei a este assunto... um dia destes - em que temos mais portugueses do que nunca na primeira linha da 'montra' do Ciclismo Mundial, para, realmente, de coração - e até para se ser coerente, em relação ao eco que se fez do mau que nos últimos dois anos aconteceu por cá -, algo se fazer a bem do Ciclismo Português, tinha, necessariamente, que passar por este destaque:

Esta semana, na passada quinta-feira, dia 21 de Janeiro de 2010, e no decurso de uma das mais importantes provas de início de temporada, prova essa onde estão muitas - mesmo muitas - das grandes figuras mundiais do Ciclismo, o PORTUGUÊS Manuel Cardoso ter ganho uma das mais difíceis etapas do Tour Down Under (Austrália), batendo nas últimas dezenas de metros nada mais, nada menos, que o mediático - infelizmente, embora o ónus da prova ainda não tenha sido utilizado, nem sempre pelos melhores motivos - Alejandro Valverde, vencedor da última Volta a Espanha, e o australiano Cadel Evans que é apenas... o Campeão do Mundo, de fundo, em título.



Manuel Cardoso, um portuguesinho que, além fronteiras, pouca - ou nenhuma - gente conhecia impôs-se a dois dos 'tubarões' do Grande Pelotão e ganhou a etapa de uma prova de índice superior ao da Volta a Portugal (antiga, que a que aí virá, infelizmente, vai perder o estatuto de quarta 'grande' do Tour Europeu) e houve quem não tivesse percebido a importância que isso teve para elevar a auto-estima no Nosso Ciclismo.

Claro que esta minha opinião - de simples adepto - se enquadra naquilo que eu próprio penso que, sem favores (o moço ganhou mesmo a etapa) se deveria fazer para aligeirar a imagem menos positiva que o Ciclismo Português deixou num passado recentíssimo.

Era bom que, de uma vez por todas, quem realmente gosta da Modalidade 'agarrasse' estas oportunidades - que, estamos todos cientes disso, não se nos depararão tão amiúde assim - para dar um empurrãozinho, no sentido positivo, ao Ciclismo Luso.

sábado, janeiro 16, 2010

ANO V - Etapa 16

INJUSTIÇA!...

Li hoje que o CARLOS PINHO - um dos poucos Corredores (se calhar é o último) - que já andava no grande pelotão quando eu entrei para a família do Ciclismo, soube que não contavam mais com ele na equipa que ele ajudou a projectar tendo, inclusivé, sido Camisola Amarela numa Volta a Portugal.


Na entrada anterior eu anunciava que estou de volta. Não é para já... mais uma semanita!, mas não quis deixar passar em claro o desumano que é dizer a alguém que deu toda a sua vida ao Ciclismo... fora de horas, que já não contam com ele.
Porque é que não contam mais com ele?

Sem desprimor para muitos outros, o Carlos Pinho foi (é) dos melhores e maiores profissionais que marcaram o Ciclismo luso dos anos 90 do século passado até... agora.

E fica assim no ar um certo 'cheiro' a... 'já não nos serves'.
É preciso coragem para dizer isto a um Profissional ao qual não há nada a apontar...
A questão que fica no ar é... compensarão os 'reforços' a saída do Carlos? Desconfio que sei porque sim... (mais tarde explico).

E a inexplicável 'nódoa'... se não contavam com ele, que lho tivessem dito atempadamente. Tenho a certeza de que ainda havia quem lhe desse guarida.

Custa muito sermos 'atirados para o lixo', depois de termos dedicado grande parte da nossa vida à modalidade que elegemos como a NOSSA!

Mas, Carlos... não serás esquecido!
Um forte abraço.

MJM