CONTRADIÇÕES PERNICIOSAS...
Ok, amigos. Estou de volta e espero conseguir manter uma regularidade aceitável. Escrevo isto porque recebi inúmeros 'protestos' de indefectíveis do VeloLuso a lamentarem a minha prolongada ausência.
A todos quero agradecer o facto de, depois de aqui ter vindo e deixado uma mensagem a confessar não estar, na altura, em condições, nem de saúde, nem mesmo psicológicas (as duas coisas ligadas) e sem motivação alguma, por outras razões, a pedir que me concedessem um tempo para eu arrumar a desarrumação que ia pela minha cabeça, TODOS, sem excepção, respeitaram o meu pedido.
Cumpre-me dizer-vos... OBRIGADO.
Aqui, arrumadinhas a meu lado, tenho as últimas oito edições do semanário Meta2Mil. Ainda dentro dos respectivos envelopes. Ainda não as abri. São dois meses de noticiário que ainda não li. Deve servir para terem uma ideia do quanto me alheei do Ciclismo.
Mas passei muitas provações na vida e sempre consegui sair por cima, e não é a primeira vez que o simples facto de escrever aqui me serve de terapia.
Também, e depois da desgastante - acreditem que o foi - luta contra as prepotências com as quais fomos, toda a Família do Ciclismo, confrontados, na qual, embora sempre com a consciência de que a isso não escaparia, a minha imagem foi violentamente abalada. Tudo isto contribuiu para esta ausência sabática.
E também porque, sem que tenha havido evolução em nenhum dos casos, e com o defeso na modalidade, faltavam assuntos sérios que merecessem o meu comentário. Mas a nova época está à porta e era chegada a altura de reaparecer. Aqui estou.
Tenho as Meta2Mil ainda empacotadas, mas não deixei, um dia que fosse, de ler atentamente até a mais pequena 'breve' que os nossos jornais publicam. Os de papel.
Tenho ali os recortes destes últimos dois meses que ainda vou ter que alinhar cronologicamente para, depois, e se achar pertinente, comentar algumas notícias. Isso terá que esperar pelos dias de folga.
Contudo, e acreditem-me, o meu 'cavalo de batalha' não é o ser polémico. Não é o ser do contra só porque sim. Prosseguirei o mesmo trilho que sempre foi e continuará a ser, o de, dentro das minhas limitadas possibilidades, defender o Ciclismo português, sim, mas acima de tudo o punhado - cada vez mais pequeno - dos que ainda têm coragem para serem profissionais de uma modalidade que só e visível quando acontece algo de negativo.
Por isso já aflorei - como escrevi, voltarei ao assunto - que, quem gosta realmente e quiser ajudar o Ciclismo português, deve usar e, sem falsos pudores - porque isso é o que vemos e lemos todos os dias - agarrar o mais pequeno feito interpretado por um Corredor luso e dele fazer eco. Gritá-lo bem alto. Na nossa modalidade parece que se tem vergonha de falar das vitórias de Corredores portugueses.
O Ciclismo é, quase sempre subvalorizado e dou um exemplo: aqui há... falha-me a memória e, apesar dos arquivos escrevo sempre de improviso, três anos? uma Selecção Nacional de uma outra modalidade conseguiu - e ninguém lhe nega o feito - ser, pela primeira vez, apurada para um Mundial. Foi copiosamente batida em todos os jogos mas teve a sorte de ter, como dizemos no meio, a 'boa imprensa' pelo seu lado. Ainda hoje são uns heróis, e vivem desse feito, o de terem chegado à fase final de um Mundial. Onde não fizeram nada.
Mas voltemos um pouco atrás.
Dos recortes que ali tenho para ordenar e depois deliberar se merecem ou não um comentário, há um cujo título não me sai da cabeça.
«Há Corredores que pagam para correr.»
Há, sim senhor, e não é de agora. Não é novidade esta temporada. Há já um bom par de anos que isso acontece.
Mesmo afastado, telemóveis desligados, jornais por abrir... ainda assim, acreditem, mantenho-me actualizado.
Querem um exemplo?
Pior do que haver Corredores que pagam para correr - é uma opção deles - é o facto de, isto aconteceu neste defeso e na reestruturação das equipas nacionais que vão sobrando, Corredores (não liguem aos números que servem meramente de indicadores) terem sido sondados, porque ficaram sem equipa e querem continuar a ser profissionais, terem aceite 'contratos' negociados - certamente por baixo, devido à crise -, se terem contentado por ir apenas ganhar 1000 e, na hora da formalização desses mesmos contratos - que tiveram honra de, pelo menos 'fotolegenda' em, creio não estar errado, todos os 'desportivos' - quando o papel lhes foi posto a sua frente, com jornalistas e fotógrafos e vereadores e presidentes de Câmara presentes, se terem dado conta que os 1000 acertados... haviam 'encolhido' para 600.
Há uma tabela salarial definida pela UCI para os diversos escalões de equipas. As federações NÂO aceitam contratos cujos valores não obedeçam ao regulamentado, o que quer dizer que os contratos que dão entrada na FPC cumprem os parâmetros legais. Mas todos sabemos que isso é mentira.
Aqui há três ou quatro anos uma equipa fez os seus Corredores assinar um contrato - cujos valores eram os legalmente obrigatórios - mas num outro, paralelo, fazia os mesmos Corredores 'doarem' 40% do seu vencimento ao clube, de forma a que este mantivesse a viabilidade económica. No fundo, é a mesma coisa que deixei escrito ali atrás.
Ora, eu sei... e não sou o único a saber. Nem sequer já tenho ligação nenhuma com o Ciclismo, a não ser a minha paixão pela modalidade. Ninguém na FPC sabe, ou desconfia? Num mundo tão pequeno... iria custar-me a acreditar. Mas, tal como Pilatos, lavam as mãos.
Os contratos, o burocraticamente exigível, estão conforme, por isso... siga para bingo.
E a APCP também não sabe? Claro que sabe...
Terminando, e justificando o título desta crónica: para 'salvar' o Ciclismo nacional ninguém hesita em queimar na praça públia mesmo quem, sobre ele não tenha ainda culpa formada. desde que seja Corredor. Nestas situações de exploração e humilhação dos mesmo Corredores assistimos a quê? A um ensurdecedor silêncio.
São as tais... contradições perniciosas.
2 comentários:
Saúdo o seu regresso!
Não faltarão motivos para análise do ciclismo...:)))))
beijinho, bem vindo...
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