terça-feira, janeiro 30, 2007

414.ª etapa


VEM AÍ UMA NOVA REVISTA DE CICLISMO


Está já em fase de preparação o número "zero" de uma nova publicação - totalmente dedicada ao Ciclismo - que, dentro em breve, estará nas bancas. O nome ainda não convém revelar, mas tratará as duas principais vertentes do Ciclismo - o de Estrada e o BTT e seus "parentes" mais próximos - de forma equilibrada.


Aliás, a revista terá mesmo duas capas, uma dedicada a cada uma das vertentes. Com a montagem das páginas invertida, quem começar a ler a partir da Capa do Ciclismo de Estrada, chegado, sensivelmente a meio, deparar-se-à com o texto "de cabeça para baixo", que marca o fim de uma das variantes, o mesmo acontecendo com quem a comprar mais pelo seu interesse na vertente BTT e afins.


Ao fim e ao cado, são DUAS revistas numa só, tendo a seu favor o facto de levar os amantes de cada uma das vertentes a - não custa nada, é só virar a revista ao contrário - a começarem a interessar-se também pela outra.


Terá uma periocidade mensal e deve aparecer numa banca perto de si... em finais do próximo mês de Março.

413.ª etapa


DUJA-TAVIRA
SOMOU QILÓMETROS NA ARGENTINA


A formação algarvia da DUJA-Tavira participou, a semana passada, no Volta ao Estado de San Luis, na Argentina. Uma corrida… diferente, sempre difícil para as equipas europeias, mas que pode ter servido como um excelento treino. Não era fácil, em termos de terreno, com muita montanha, e uma das etapas, a 3.ª, foi mesmo uma crono-escalada, quando Krassimir Vasilev, embora tendo sido apenas 10.º, consolidou a sua posição na geral, tendo sido o melhor dos corredores representantes de equipas portuguesas, com o seu 5.º lugar final. Colecivamente, a DUJA-Tavira terminou na segunda posição e Samuel Caldeira foi 3.º, na classificação da Juventude.

Classificação Final
6 etapas – 652,880 km
média final: 44,502 km/h

1.º, Jorge Giacinti (Líder Presto/Chile), 14.30.37 horas
2.º, Fernando Antogne (San Luís A/Argentina), a 37 s
3.º, Paco Mancebo (Relax/Espanha), a 55 s
5.º, Krassimir Vasilev (DUJA-Tavira), a a 1.10 m
11.º, Martin Garrido (DUJA-Tavira), a 2.16 m
18.º, Daniel Petrov (DUJA-Tavira), a 2.40 m
22.º, Nélson Vitorino (DUJA-Tavira), a 3.38 m
27.º, Samuel Caldeira (DUJA-Tavira), a 4.20 m
30.º, Luís Silva (DUJA-Tavira), a 4.46 m
39.º, Xavier Tondo (LA-Maia/Sel. Espanha), a 5.10 m

Prólogo – San Luís-San Luís (cr-ind), 3,388 km
média: 48,672 km/h
1.º, Fernando Antogne (Líder Presto/Chile), 4.10,21 minutos
3.º, Martin Garrido (DUJA-Tavira), 4.18,08 m
49.º, Luís Silva (DUJA-Tavira), 4.36,52 m
73.º, Daniel Petrov (DUJA-Tavira), 4.39,68 m
77.º, Krassimir Vasilev (DUJA-Tavira), 4.40,58 m
87.º, Nélson Vitorino (DUJA-Tavira), 4.41,87 m
100.º, Xavier Tondo (LA.Maia/Sel. Espanha), 4.44,19 m
112.º, Samuel Caldeira (DUJA-Tavira), 4.48,87 m



1.ª etapa – San Luís-Villa Mercedes, 171 km
média: 45,909 km/h
1.º, Angel Dario Colla (San Luís A/Argentina), 3.43.29 horas
3.º, Martin Garrido (DUJA-Tavira), m.t.
27.º, Daniel Petrov (DUJA-Tavira), m.t.
31.º, Samuel Caldeira (DUJA-Tavira), m.t.
40.º, Krassimir Vasilev (DUJA-Tavira), m.t.
52.º, Luís Silva (DUJA-Tavira), a 53 s
53.º, Nélson Vitorino (DUJA-Tavira), a 1.06 m
67.º, Xavier Tondo (LA-Maia/Sel Espanha), a 3.35 m

2.ª etapa – San Luís-Quines, 146 km
média: 41,882 km/h
1.º, José F. Antogne (San Luís A/Argentina), 3.55.19 horas
8.º, Krassimir Vasilev (DUJA-Tavira), m.t.
13.º, Samuel Caldeira (DUJA-Tavira), m.t.
22.º, Martin Garrido (DUJA-Tavira), m.t.
51.º, Daniel Petrov (DUJA-Tavira), m.t.
59.º, Luís Silva (DUJA-Tavira), m.t.
60.º, Nélson Vitorino (DUJA-Tavira), m.t.
85.º, Xavier Tondo (LA-Maia/Sel. Espanha), m.t.

3.ª etapa – La Punta-Mirador (crono-escalada), 12,1 km
média: 30,715 km/h
1.º, Jorge Giacinti (Líder Presto/Chile), 23.38 m
6.º, Xavier Tondo (LA-Maia/Sel. Espanha), a 49 s
10.º, Krassimir Vasilev (DUJA-Tavira), a 1.11 m
14.º, Nélson Vitorino (DUJA-Tavira), a 1.26 m
15.º, Daniel Petrov (DUJA-Tavira), a 1.27 m
17.º, Martin Garrido (DUJA-Tavira), a 1.34 m
42.º, Samuel Caldeira (DUJA-Tavira), a 2.56 m
53.º, Luís Silva (DUJA-Tavira), a 3.13m


4.ª etapa – La Toma-Merlo, 170 km
média: 46,580 km
1.º, Riccardo Ricco (Saunier Duval/Esp), 3.39.14 h
3.º, Martin Garrido (DUJa-Tavira), m.t.
12.º, Krassimir Vasilev (DUJA-Tavira), m.t.
18.ª, Samuel Caldeira (DUJA-Tavira), m.t.
27.º, Daniel Petrov (DUJA-Tavira), m.t.
31.º, Nélson Vitorino (DUJA-Tavira), m.t.
39.º, Luís Silva (DUJA-Tavira), m.t.
48.º, Xavier Tondo (LA-Maia/Sel. Espanha), m.t.

5.ª etapa – San Luís-San Luís, 130,8 km
média: 44,832 km/h
1.º, David Moreno (Relax/Espanha), 2.54.15 horas
4.º, Krassimir Vasilev (DUJA-Tavira), m.t.
7.º, Xavier Tondo (LA-Maia/Sel. Espanha), m.t.
27.º, Martin Garrido (DUJA-Tavira), a 23 s
31.º, Daniel Petrov (DUJA-Tavira), m.t.
33.º, Nélson Vitorino (DUJA-Tavira), m.t.
37.º, Samuel Caldeira (DUJA-Tavira), m.t.
44.º, Luís Silva (DUJA-Tavira), m.t.

Geral final por Equipas
1.ª, Relax/Espanha
2.ª, DUJA-Tavira
3.ª, San Luís A/Argentina

Geral final da Juventude
1.º, Federico Pagani (Sel. Argentina de sub-23)
2.º, Mauro Richeze (Sel. Argentina de sub-23)
3.º, Samuel Caldeira (DUJA-Tavira)

Geral final da Montanha
1.º, Alejandro Barrejo (Clube Oficiais da Polícia/Argentina)
14.º, Krassimir Vasilev (DUJA-Tavira)
15.º, Daniel Petrov (DUJA-Tavira)

Geral final dos Sprints Especiais
1.º, Mauro Richeze (Sel. Argentina de sub-23)
5.º, Krassimir Vassilev (DUJA-Tavira)
7.º, Martin Garrido (DUJA-Tavira)


Entretanto, e da próxima sexta-feira até ao dia 11 de Fevereiro, a Votória-ASC estará, também ela a somar quilómetros, na Volta à Malásia.

sábado, janeiro 27, 2007

412.ª etapa


NÃO PODE SER SÓ UM SONHO

Não sei se algum dos meus amigos que habitualmente visitam este sítio leu o trabalho, apresentado hoje no semanário Sol (suplemento Confidencial), sobre o que o acolhimento do Rally de Portugal vai render, em dinheiro, sim, ao Algarve.

E não se trata de uma trabalho meramente empírico. É baseado num estudo levado a cabo pela Universidade do Algarve, logo, marcado por um elevado grau de credibilidade.

Eu, que nem sou nem deixo de ser adepto do desporto automóvel (não gosto, pronto!, e por isso, fora a obrigação profissional de o noticiar, normalmente passa-me ao lado) quedei-me a ler as duas páginas, “lendo” corrida onde estava rali, “lendo” ciclismo onde estava automóvel… Não sei se me faço entender.

Para além da análise aos números – incontestáveis, apesar de serem apenas previsões –, do trabalho constam quatro depoimentos de quatro pessoas com reais conhecimentos dos assuntos de que tratam. E todos eles me elucidaram, mais… cativaram, com as suas “leituras”.

E eu sempre a “ler” ciclismo no lugar de rali.

Claro que não sou completamente “tonto”. Apesar de tudo, sei que uma corrida de Ciclismo não terá nunca a projecção de uma prova que volta a contar para o respectivo Mundial, e há ali números impossíveis de comparar. Mas também os há passíveis de serem comparados.

E, por muito que ache a Volta ao Algarve uma corrida bastante interessante – ao qual não é alheio o facto de ser a única em Portugal que consegue ter um pelotão “parecido” ao de uma larga fatia das muitas corridas internacionais que vamos vendo pela televisão – com ela parece-me difícil chegar perto destes números mas…

… mas, e isto não é novidade para quem me lê habitualmente, enquanto ele existir – e apesar de tudo o que tenho escrito – acho que Portugal devia ter uma corrida do ProTour. A ser imediatamente substituída por uma de Categoria Extra (HC, que quer dizer, exactamente aquilo: Hors Categorie) à qual possam acorrer as principais equipas do pelotão internacional e com as suas principais figuras.

Não quero “matar” a Volta ao Algarve… Não, antes pelo contrário. Nada impediria que a “Semana Algarvia”, como de quando em vez lhe chamo, fosse essa mesma corrida para vermos o pelotão internacional.

Os argumentos seriam os mesmos. Há bom tempo no Algarve, muito antes de as temperaturas subirem e o sol brilhar num céu azul em qualquer outra parte da Europa Central e do Norte – haveria que contar com a “concorrência” de outras zonas do Sul europeu –, há uma excelente capacidade hoteleira, as estradas não serão todas “pistas”, mas o Ciclismo de estrada faz-se nas estradas que há… e para pista há uma vertente própria no Ciclismo. E há uma outra coisa que alguns de nós já perceberam, mas ainda há muitos que se mantêm teimosamente relutantes.

O quê? Pois, exactamente na ideia que hoje, no Sol, vi todos a defenderem: a utilização (no caso de hoje) do Rally de Portugal como meio de publicitar o Algarve, Região, em todo o mundo. Não só através das imagens da televisão, mas também com o “passa-a-palavra” dos que cá vêm, sejam participantes ou simples adeptos que não deixam de se deslocar para verem a prova ao vivo.

Quando falo em participantes, claro que não me refiro exactamente, nem aos pilotos e seus navegadores, no caso do rali, nem aos corredores, numa corrida de Ciclismo. Mas, nas várias equipas há sempre gente que, entre uma “especial” e outra, entre uma etapa e outra, têm oportunidade de ficarem a conhecer melhor a região.

Aqui não há diferenças entre automóveis e Ciclismo. Fica-se a conhecer os (bons) hotéis, as magníficas paisagens – de autêntico “bilhete-postal” – quase sempre com o mar ao fundo e, apesar de não ser tempo de ir a banhos, pode-se sempre voltar mais tarde. E a gastronomia…

E há a Comunicação Social. A televisão é fundamental, mas a imprensa também tem o seu papel. E os jornalistas também servirão de “mensageiros” no tal “passa-a-palavra”.
Numa palavra, eventos destes têm sempre que ser vistos como um investimento, ainda por cima bastante seguro, e que, para os levar a cabo vale a pena fazer-se algumas contas. Principalmente, e repetindo-me, ter a visão suficiente para, no “assentar” do dinheiro dispendido não o colocar na coluna dos “gastos”, mas sim na dos “investimentos”.

Curiosamente, e relativamente ao rali, não encontrei, nos depoimentos recolhidos, quaisquer espécie de dúvidas. Com a devida vénia, respigo para aqui os títulos das quatro peças.

«Eventos são aliados da promoção»

– Bernardo Trindade (secretário de Estado do Turismo);
«Vamos fazer uma festa turística»

– Carlos Barbosa (presidente do Automóvel Clube de Portugal);
«Os ganhos compensam os apoios»

– Luís Patrão (presidente do Turismo de Portugal);
«Rali é bom negócio no Algarve»

– Hélder Martins (presidente da Região de Turismo do Algarve).

Olho para cima, na página, para o primeiro quadro.
Em relação aos quilómetros de prova, às equipas concorrentes, aos veículos, de assistência e aos outros – que vêm gastar da nossa gasolina, deixando cá muitos euros –, mesmo em relação ao número de agentes de segurança – que, no caso do rali, obrigam a uma despesa muito maior –, pessoas na assistência técnica ou pessoas da organização, é impossível uma comparação com o Ciclismo.

Mas, no que respeita à ocupação hoteleira… o rali ocupa 700 quartos; mas uma grande prova de Ciclismo, com 20 ou 22 equipas também não ocupa menos de 300/dia. Vezes seis dias, pelo menos, dá o interessante número de 1800 quartos durante uma semana de prova.
Certo que o rali trará mais visitantes, principalmente, mais visitantes que durmam em hotéis, mas o Ciclismo também traz. Não dormem em hotéis? Mas comem em restaurantes...
Diz, nesse quadro, que o rali será visto em 200 países, em transmissões televisivas em directo – a tal publicidade à Região que é quase… impagável – num total de 288 horas de cobertura por parte da televisão.

Mas eu falei numa Prova de Topo (ProTour, ou o que vier a substituí-lo) e, mesmo que não fossem 200, com a EuroSport, por exemplo – e porque é esta cadeia que mais Ciclismo televisivo nos dá – chegaria a mais de 50, estou certo. E quanto a horas de transmissão, se contássemos com três horas diárias, em directo, mais os resumos… repetidos em vários países e mais do que uma vez… daria quantas horas? Muitas, não é verdade?

Bem resumindo, num segundo quadro calcula-se o montante, em receitas directas, que vai valer o Rally de Portugal: mais de 27 milhões e 600 mil euros.
Depois haverá muito mais ganhos, com outras receitas provenientes de futuras visitas “decididas”, na altura, ou por parte dos que cá estiveram, ou por largas franjas de telespectadores, todos potenciais “clientes” do Algarve.


Mas isso também aconteceria se estivessemos a falar de Ciclismo.

O Rally de Portugal tem “venda” garantida nos OCS.
Mas uma prova de Topo, em Ciclismo, também o teria.

E, trocando apenas o presidente do ACP por alguém realmente interessado em fazer vingar o Ciclismo como extraordinário veículo publicitário, as outras três figuras atrás citadas diriam exactamente a mesma coisa se se tratasse de uma grande corrida de Ciclismo.

É que uma prova do tipo que referi seria sempre muito mais do que uma corrida de Ciclismo. Seria, no mais puro sentido da expressão, uma autêntica “montra” daquilo que o Algarve – ou qualquer outra região do País – tem para vender.

E a Organização, tal como os seus principais sponsors, oficiais ou institucionais, têm que perceber que há “pequenas coisas” que não podem, não devem e não podem, alinhar na “coluna” de despesas mas sim na dos investimentos.

Como vai acontecer já este ano na Volta ao Algarve. A sugestão da empresa do meu amigo Fernando Petronilho – que assumirá a Imagem e Comunicação de tudo o que se relacionar com a parte desportiva da prova – foram convidados todos os principais OSC dos países que vão ter cá equipas suas. Não se admirem se, daqui a três semanas houver mais jornalistas estrangeiros do que portugueses a cobrir a prova. E será, também através deles, que a “marca” Algarve vai chegar aos seus leitores. Que chegarão aos milhões.
Não é despesa, é investimento puro.

Por cá, a PAD/João Lagos Sports também já percebeu isso – em relação aos media nacionais – mas nem com convites os jornais (e não só, não só…) aparecem nas suas corridas.
Com a excepção da Volta para a qual, curiosamente, não há convites.
Eu gostava de perceber isto…

(Fotos: RTA)

quinta-feira, janeiro 25, 2007

411.ª etapa


MADEINOX
CONCENTRA-SE EM LOULÉ

A Madeinox-Bric-Loulé, do meu querido Emídio Pinto - um grande abraço também para o Jorge Piedade - concentra-se amanhã, no Loulé Jardim Hotel. No decorrer deste estágio, acontecerá a apresentação oficial da equipa.

Obrigado pela informação, Javier...

quarta-feira, janeiro 24, 2007

410.ª etapa


QUE FAÇAM JUZ AO NOME
QUE LEVAM NAS CAMISOLAS

Mil e uma dificuldades depois, apesar de, este ano a fasquia ter sido colocada bem mais alta, está mais do que confirmada a presença da Vitória-ASC no pelotão nacional.

Eu, às vezes, incuto em alguns artigos aqui escritos sentimentos que vão além do racional. Ainda por cima quando todos sabem quem sou.

De qualquer modo, antes de se ser profissional - e haja quem aponte um único exemplo em que, no exercício da minha profissão, o deixei de ser - sou apenas um homem. No jornal jamais escreveria artigos que aqui publiquei, mas compreedam, este espaço também existe para que o Manel-Zé Madeira possa ser... ele mesmo.

Sou amigo de toda a gente - e, felizmente, acho que a minha amizade é correspondida por uma imensa maioria dos "agentes" directamente ligados à modalidade.

Por isso não me levem a mal o facto de aqui destacar esta equipa do Vitória-ASC.

Existem laços de amizade extra-ciclismo que me ligam a algumas pessoas do grupo? Ah, pois existem. E os outros, os meus companheiros de estrada, do lado da CS, que sejam capazes de o admitir, tal como eu o faço.

Liga-me uma sincera amizade ao Zé Augusto Silva, que vem de há muitos anos; sou amigo, também, do meu caro António da Silva Campos. Nunca estas amizades condicionaram as minhas análises quanto ao desempenho desportivo das suas equipas.

E, em relação a eventuais críticos, estou tão à vontade que lhes posso dizer... tentem chegar aonde eu cheguei. E deixem de pensar nisso que estão a pensar porque estão enganados...

Mas não foi isso que me trouxe a este artigo.

Com um esforço que, adivinho, não terá sido fácil de justificar na "conta corrente" do investimento que tem vindo a fazer, o António Campos lá conseguiu proporcionar ao Zé Augusto - não sei com quanto "entra" o Vitória, mas também a este clube, muito sui generis no que respeita à sua massa associativa, daqui levanto o meu chapéu - uma equipa substancialmente reforçada, em relação àquelas que tem vindo a orientar.

Mas eu também já escrevi, e como o faço sempre em consciência, não vou mudar de opinião, que o Augusto é um dos nossos mais argutos técnicos. Este ano vai ter oportunidade de mostrar isso. Sem que, com este escrito eu pretenda "carregar" o seu trabalho ainda de mais responsabilidades.

Mas, indo directo ao assunto: a Vitória-ASC já foi apresentada. Infelizmente, só um jornal "desportivo" - foi O JOGO, e merece que aqui seja destacado por isso - se deu conta disso...
Acredito que a apresentação, por ter acontecido no intervalo de um jogo de futebol (Vit. Guimarães-Dinamo de Bucareste, por acaso, até vai ser o adversário do Benfica, na próxima eliminatória da Taça UEFA) tenha coincidido com algumas necessidades fisiológicas da maioria dos colegas jornalistas presentes. Senão, teriam dado por isso.

Uma vez mais e, partindo do princípio que TODA a gente tinha, e só o não publicara ainda por manifesta falta de espaço, deixei correr um par de dias. Não aconteceu mais nada. Por isso, sinto-me livre para aqui, no VeloLuso, tocar no assunto.

Desejo-vos a maior sorte do Mundo, António Campos e Zé Augusto Silva.
A equipa é muito promissora. Espero poder vir a falar muitas vezes de vocês.
Façam juz ao nome - Vitória - que levam nas camisolas.
E aceitem um grande abraço deste vosso amigo...

segunda-feira, janeiro 22, 2007

409.ª etapa


OBRIGADO POR SERES COMO ÉS, ZÉ

Eu sei que posso ser suspeito. Estive na primeira corrida que o Zé Azevedo ganhou como profissional – um Grande Prémio de Almoçageme, em 1994 –, estava, em 2000, na pequenina cidade de Salas, em Espanha, quando o Zé venceu a terrível etapa com chegada ao Alto do Viso, na Volta às Astúrias, tendo conquistado a camisola amarela e, em definitivo, convencido as grandes equipas europeias primeiro (a ONCE) e estadunidense (a US Postal e Discovery Channel), depois.

Estava em Valencia, na Vuelta, quando, no Prólogo, Manolo Sáiz “decidiu” que quem haveria de vestir a camisola dourada deveria ser o Beloki, quando o Zé apareceu em condições mais do que perfeitas para ser o primeiro da equipa a cortas a meta, num crono colectivo.

Estava em Almeirim, quando ele, já com a camisola da ONCE, venceu o Campeonato Nacional de Contra-relógio, numa manhã chuvosa.

Estava em Córdova, no dia 28 de Agosto de 2005 quando, já na descida do Alto de San Jerónimo, a 13 km da meta, o Zé sofreu a primeira das três quedas complicadas que o levariam a já não alinhar na 13.ª tirada, com saída de Burgos, uma semana e muitos dias depois. E depois de, na véspera, na chegada à mesma cidade, se ter visto envolvido em mais uma queda. Foram dias de sofrimento que pude testemunhar quando o visitei nos hotéis em que a equipa ficava.

Vi, através da televisão, o Zé ser 5.º no Giro e 6.º no Tour. Vi-o ganhar a etapa raínha da Volta à Alemanha e envergar a camisola branca, símbolo de líder.

O Zé sempre esteve disponível para me dizer umas palavras, fosse naqueles momentos indescritíveis (é preciso lá estar para ver com os próprios olhos) logo a seguir ao cortar a meta, fosse via telefone, algumas horas depois, a partir do hotel.

Já falámos – sem ser preciso haver um motivo para isso –, trocamos votos de boas festas. Acho que posso dizer que somos amigos.

Mas eu não admiro apenas o Corredor, o maior, entre os portugueses e desde há uns anos a esta parte; admiro também o Homem. Admiro o seu discurso sempre lúcido, sempre com os pés no chão. Outros, que nunca chegaram – nem nunca poderiam ter chegado – aos seus “calcanhares” mostraram algumas vezes “tiques” de um vedetismo que não souberam merecer.

Mas qual o porquê desta crónica?

À falta de conhecimentos (de quem pergunta) para pôr à prova o quanto o Zé sabe de Ciclismo, desde que assinou contrato com o Benfica que é obrigado a responder a uma questão que não tem razão de ser. Como vi num “desportivo”, este fim-de-semana.
Algo que, tirado do pior que o futebol tem, não tem cabimento no Ciclismo.
A resposta, que eu acho podia ter sido definitiva, embora “adivinhe” que vou ter que ler ainda mais vezes, diz tudo sobre o seu carácter: «O meu clube é o FC Porto; a minha equipa é o Benfica!»

Que ninguém tenha a menor dúvida que ele honrará o seu profissionalismo porque é um grande profissional. Porque é um grande Homem.

Orgulhemo-nos dele. Seja qual for o nosso clube de futebol predilecto.


(Obrigado pela foto, João...)

408.ª etapa


ALGARVE DÁ O EXEMPLO... SIGAM-NO!

Falta espaço nos jornais. Poucos o saberão tão bem quanto eu. Por isso entendo que não há oportunidade para, aos poucos, ir escalpelizando a realidade do Ciclismo Nacional.
Existe, e isso será provado. Mas existe às custas de quem?
Não seria interessante sabê-lo? Eu acho que sim.

Refiro-me apenas ao calendário de Elite mas, reconheçam-no, estou a ser coerente já que defendo que é preciso cimentar, reforçando, o topo da pirâmide, isto se queremos mesmo que o nosso Ciclismo se consolide.

Sei que me estou a repetir, mas em vez de se criarem mais equipas de sub-23, numa altura em que, chegados à idade limite para poderem competir nesse escalão, aos jovens se fecham as portas – e insisto que os exemplos dos dois últimos anos ainda não garante coisíssima nenhuma (tivessem as equipas melhores orçamentos, e mais dinheiro para gastar… quem nos garante que não serviríamos apenas como catapulta para ser aproveitada pelos jovens espanhóis de 24 e 25 anos? A meu favor tenho os exemplos de há três… quatro, cinco anos atrás. E é indesmentível) – porque não há equipas suficientes no escalão imediatamente superior… que é, é mesmo, o de Elites não-amadoras, me parece trabalho em vão.

Pronto, passando sobre os considerandos. Há que sustentar, com corridas, as categorias disponíveis.

E quem responde presente! quando todos são chamados a essa obrigação?

Voltemos então ao princípio. Ao calendário nacional para este ano.

Das 32 provas calendarizadas, a PAD/João Lagos Sports garante a organização de 11, cerca de um terço. Substancialmente mais do que aquilo que há oito anos a SportNotícias fazia. Também não é tema para ser discutido, são factos.

Como é do conhecimento público, há duas organizações, já com créditos conquistados – a AMDE e a UDO – que garantem duas corridas no calendário do Circuito Europeu, mas ainda sobram 21 corridas.

A União Velocipédica Portuguesa/Federação Portuguesa de Ciclismo realiza o Troféu Sérgio Paulinho. Sobram 20.

A questão que aqui lanço agora é esta… sabiam que dessas vinte corridas, seis – mais de 25% – são da responsabilidade da Associação de Ciclismo do Algarve, entre elas, uma do calendário do Circuito Europeu?

As restantes 14 são montadas pela AC Vila Real (duas), AC Minho (uma); AC Aveiro (uma); AC Lisboa/Critérios (duas); o clube de Navais (uma) e no calendário não estão indicados os organizadores das restantes sete.

Naquele lógica de que é preciso assegurar corridas que levem a todas as regiões do País as principais figuras do ciclismo português – e não só – tirando deste quadro a PAD/João Lagos Sports, só o Algarve, a Associação de Ciclismo do Algarve está a cumprir esse desígnio.

Tem seis provas. Três por etapas e três corridas de um dia.
Multiplique-se este esforço por todas as associações do País e tentem perceber como não seria difícil arranjar um (bem preenchido) calendário para a tal mal amada (para não lhe chamar enjeitada) categoria de Elite.

E só estou a falar do pelotão maior… porque no Algarve também há corridas para os escalões mais novos.

Daqui envio um grande abraço ao meu querido amigo Rogério Teixeira. É enorme, o trabalho que ele está a fazer à frente da AC do Algarve.

domingo, janeiro 21, 2007

407.ª etapa


"AGENDAS" RELIGIOSAMENTE RESPEITADAS
(ou o não ver mais além do que o escrito na agenda do dia)

Já aqui tinha deixado um artigo sobre o facto de o Benfica - sendo que, falando-se do Benfica, se está a falar de Ciclismo - poder "abafar" todo o resto do pelotão. É falta de sensibilidade por parte das editorias dos diversos jornais. O pelotão não é só o Benfica. Embora todos esperemos que o Benfica possa servir como que de "chave mestra" para que se abra um pouco mais de espaço para o Ciclismo na Comunicação Social.

E também já aqui falei de casos concretos de equipas que não estão a saber vender a sua imagem, logo, não estão a saber rentabilizar o investimento dos seus patrocinadores.

Mas há ainda quem faça um esforço extra e, do minguado orçamento, consiga tirar uma pequenina parte para reinvestir em termos de imagem oferecendo às redacções um "produto acabado", pronto a ser utilizado.

A indisfarçável falta de cultura desportiva, aos mais altos níveis, e em todos os media, consegue ignorar esse esforço.
O Benfica sozinho não faz um pelotão.
Não pode haver corridas só com uma equipa.

Repito, a culpa não é, em definitivo, do Benfica... Mas não deixa de haver culpados.
Que, se é que eu conheço suficientemente bem o meio, jamais o reconhecerão.

Mas pronto, já que, quem esquecendo o estatuto editorial no qual se compromete tratar todos por igual, limita o espaço à sua disposição a um ou dois casos, esquecendo que sem a totalidade ds equipas não havia pelotão, o VeloLuso - que não tem propriamente um estatuto editorial -, passado o espaço de tempo que julgou ser necessário para que outros o fizessem, diz agora, aqui, que na passada semana a LA-MSS-Maia levou a cabo a primeira concentração para a nova época; que dos treze corredores apenas Pedro Andrade, que teve de se sujeitar a uma intervenção cirúrgica, ainda não rolou na estrada e que este primeiro estágio cumpriu em pleno os objectivos para que foi agendado. A integração dos novos elementos.

E, abrindo este precedente - perfeitamente ponderado - fica o VeloLuso desde já aberto à divulgação de outras iniciativas, de QUALQUER uma das equipas do pelotão nacional. Benfica incluído, como é perfeitamente compreensível. Desde que me faça chegar o mesmo tipo de informação que a LA-MSS-Maia me disponibilizou.

Estar lá, não posso... inventar, não quero.
Por isso, mandem-me as vossas notícias.
Ao fim e ao cabo, tendo como fiável o trabalho de quem me auditoria o Blog, sempre serão 200 e algumas pessoas que, diariamente, podem ver, aqui, as notícias das vossas equipas.
Sintam-se à vontade.
Na foto, o colectivo da LA-MSS-Maia, num dos treinos de pré-temporada que realizou, na zona da Póvoa de Varzim

(fonte: Vivex; foto: Interslide)

quinta-feira, janeiro 18, 2007

406.ª etapa


NA "GUERRA" ENTRE O MAR E A ROCHA
QUEM SE LIXA É O MEXILHÃO

Seis meses depois de a grande bomba - que foi o caso do positivo de Floyd Landis -, seis meses durante os quais, recnhecidamente, o Tour'06 não teve (não tem) um vencedor oficial, surge agora a segunda bomba. Oscar Pereiro terá, também ele, acusado poditivo. Não uma, mas duas vezes.

Fico confuso, confesso. Confuso e descrente. Não nos Corredores que, em relação a isso, não mudo de opinião: até provado o contrário, para mim são INOCENTES.

Confuso com o timming com que estas notícias vêm a público. Descrente em relação às autoridades sobre as quais recai a responsabilidade de, em tempo útil - seria bom que assim fosse -, descobrissem quem usou produtos ou usou práticas proíbidas com o fim de melhorar o seu rendimento. É a definição de doping.

Defendendo eu a presunção de inocência até que seja possível provar, sem margem de erro, que, seja quem fôr, é culpado, é evidente que tenho que admitir o período necessário a que as contra-análises sejam produzidas. Nunca será nada de imediato.
Mas, esperar seis meses - tempo durante o qual não foi possível resolver, em termos jurídicos, o affaire-Landis -, aparecerem agora estas notícias, é aquilo a que podemos chamar de passo de gigante para a desacreditação total do ciclismo.

E acho muito estranho que tenha sido um jornal francês a trazer estas notícias a lume. Não que seja pelo corporativismo. Um OCS francês não deveria pôr em causa a principal corrida do seu país que, por acaso, é tembém a maior do Mundo. Isso não.
Mas não deixo de ficar de pé atrás.

É estranho, muito estranho que, seis meses depois de ter sido anunciado que o vencedor, à chegada aos Champs Elisées, tinha sido apanhado num controlo anti-doping, não tenha ainda sido outorgada a vitória ao segundo classificado.
Isto é explicado com o facto de, seja lá por que meios fôr, o estadunidense conseguiu manter o processo em aberto. E - digo eu - arrisca-se mesmo a ganhar o braço-de-ferro. O facto de ter aguentado todo este tempo sem que a Organização tenha conseguido afastá-lo de vez, só fragiliza esta. Fragiliza e deixa, a cada dia que passa, com menos espaço de manobra. É perceptível a forma de defesa adoptada pelos advogados de Landis. O desgaste, lento mas terrivelmente corrosivo, em relação aos franceses.

E abre um precedente. Perigoso precedente.

Ora, tudo o que para trás já foi dito era mais do que suficiente para manchar, não só o Tour mas também as autoridades com a responsabilidade de zelarem pela verdade desportiva. Não era preciso esta notícia chegada hoje a público.

Então, seis meses - repito: SEIS MESES - depois do final da prova, e quando o segundo classificado, por mais de uma vez, já veio a público lamentar que estava, e cito: «Farto de ser o vencedor virtual...», seis meses depois... aparece a notícia de que Oscar Pereito TAMBÉM terá acusado positivo?
Bem... a partir de agora teremos que esperar, a todo o momento, que Andreas Klöden e a T-Mobile entrem em campo, reivindicando para si o triunfo no Tour...

Mas há ainda mais sombras neste processo todo.
Oscar Pereiro terá acusado positivo com um produto para o uso do qual tinha uma autorização especial. Mas isso não aconteceu só com Pereiro. Quando, ao escrever a Lei, se deixou aberta a porta dos casos de excepção, dever-se-ia ter logo previsto que por esta porta entraria muita gente. Uns com reais necessidades, outros nem por isso. Mas todos ao abrigo do mesmo chapéu-de-chuva.
E quem é que agora vai sacudir a água do capote?

Mas esta notícia - e lamento imenso ter de escrever isto, ainda mais quando na sua origem está um dos mais prestigiados jornais da Velha Europa - cheira-me a encomenda.
E lá vou eu parecer, outra vez, ser pró-corporativismo. O que não é verdade. Mantenho-me ao lado dos meus colegas jornalistas franceses que terão dado nota máxima à fonte da notícia - e só isso explicaria a sua publicação - mas, talvez porque vejo a coisa à distância e sem estar minimamente comprometido, cheira-me a esturro.

Primeiro: não é fácil a um jornalista ter acesso a processos deste tipo, a não ser que alguém os deixe escorregar por baixo da mesa; segundo... o segundo é o timming.

Quando o assunto Landis parece estar em banho-maria; quando mesmo Oscar Pereiro parece ter deixado de se lamentar... quem teria interesse em que o caso-do-primeiro-Tour-com-um-vencedor-dopado regressasse às páginas dos jornais?
Qualquer nova investida contra o estadunidense - e isto parece-me que é liquido - irá caír na pasta dos seus advogados de defesa. Não sei quem são, mas sou fã dos filmes estadunidenses sobre julgamentos e já tenho uma pequena ideia de que ali... vale tudo (dentro da Lei, claro, mas no sentido de apertar quem mostra qualquer coisa para ser apertada).
Não. Quem quisesse atacar a Organização do Tour não podia voltar a meter-se com Floyd Landis. Definitivamente, não!

O caso-Pereiro encerra em si, e no que, para já é do conhecimento público, algo de assombroso.

Então... a UCI, na elaboração dos regulamentos anti-dopagem aceita que existam casos de excepção; vários corredores - que não acredito que tenha sido apenas o Pereiro - fazem uso dessa prerrogativa, perfeitamente legal, à luz dos regulamentos (o que não quer dizer que concordemos com ela), isso é do conhecimento, quer da Organização, quer da UCI - e não vejo onde entra aqui a agência francesa da luta contra o doping - e só agora é que uma clara fuga de informação, com o seu que de tétrico porque parece ter acontecido, exactamente, na agência francesa de luta contra o doping, é que - repito: por não poder meter-se mais com Landis - acende a fogueira por baixo dos pés de Oscar Pereiro?

Mas quem é que tem interesse em meter-se, outra vez, com a Organização do Tour?
Quem é que anda em guerra com as organizações das Três Grandes?
Ah, pois é!

Se calhar chegou o momento certo para Victor Cordero, seria melhor, agora, que fosse Fulgêncio Sanchez, devolver à entidade com sede na Suíça o rótulo de mafiosos com o qual o senhor Patrick "puppet" McQuaid rotulou os países da Europa so Sul.

O grave, e que os simples adeptos entendam isso mesmo, é que quem está a arder na nesta fogueira da nova Inquisição, são os corredores.

PS: Quero deixar claro que a mim também me choca saber que - tal como aconteceu nos Jogos Olímpicos de Sydney (e não constava nenhum corredor numa lista que vi) - quase 60% dos atletas de Alta Competição sejam... asmáticos.

405.ª etapa


EU VOU SEMPRE TER AO MESMO SÍTIO...

É com indisfarçável agrado que anoto aqui o facto de ter recebido um muito simpático e-mail do David Blanco, vencedor da última edição da Volta a Portugal e um dos melhores corredores que iremos ter este ano regularmente nas nossas estradas.
Escreveu-me o David, na qualidade de leitor do VeloLuso, deixando a sua contribuição para a discussão que está em aberto.


Tens razão, David. A integração da Volta a Portugal – antes que se faça a reestrutura de que falo – no quadro ProTour seria extremamente penalizadora para todo o Ciclismo português. Estamos de acordo. Então, se eu acho que o ProTour está a fazer mal a todo o Ciclismo, nele incluo também, naturalmente, o português.

E, como te disse, no e-mail que te enviei, esta tese sobre uma eventual reestruturação do Ciclismo em Portugal foi escrita tentando alhear-me das situações reais existentes. Aliás, nem o foi totalmente porque, como poderão ler, eu começo por defender que não se deve avançar para uma reestruturação partindo do zero, mas sim salvaguardando o facto de que já temos ciclismo e que é preciso reforçar, não só as paredes mestras, como aproveitar e dar uma mãozinha no telhado do edifício.

Defendo que se alargue o trabalho nas bases mas, sobretudo, que se construa mais um patamar para que a subida da escadaria não se torne penalizadora para muitos que poderão, à primeira, não ter fôlego para tal. Aliás – eu não disse isto ao David – mas isso acontece em Espanha. Os jovens – e é neles que está o futuro – que chegam ao limite de idade para correrem nos sub-23 têm ainda um outro patamar, para descansarem e recuperar o fôlego antes de chegar ao andar do profissionalismo.
É nisso que assenta a minha tese.

Ora, se acho fundamental reabilitar a categoria de Elite não-amadora, aqui sim, introduzo a hipótese de algumas das actuais equipas Continentais – que não são profissionais, aos olhos da UCI –, nem era o de recuarem um passo, mas ficarem no mesmo patamar das outras que, evidentemente, seria necessário criar.

O David, mostrando ser um profundo conhecedor da realidade portuguesa, toca num ponto sensível. Sem a possibilidade de correrem a Volta a Portugal, algumas equipas desapareceriam porque não iriam encontrar patrocinador.
Isso deixa-me, de facto, numa terrível angústia. Que fazer?

Escolhemos salvar essas equipas, deixando ficar tudo na mesma e corremos o risco de ver algumas dezenas de jovens com potencialidade acabarem prematuramente para o Ciclismo, adiando o rejuvenescimento do Ciclismo português?

Ou centralizamos as nossas preocupações na definição de uma linha condutora de carreira que, com a criação desse tal patamar que será a categoria Elite, oferecerá emprego a mais jovens acabados de vir dos sub-23 e ainda não totalmente preparados para entrar no profissionalismo?
Não há emprego sem equipas. Mas não há equipas sem corredores. Defendemos primeiro qual das partes? As equipas, sem fazer nada para ajudar os corredores? Ou estes, mesmo que a solução que antevejo corra o risco de ver equipas desaparecerem?
Parece um beco sem saída.

Eu defendo que temos possibilidade de ter uma equipa portuguesa na Categoria de Topo (seja isto o ProTour ou outra coisas qualquer que venha a ser criada) e que devemos ter quatro (ou cinco) equipas Profissionais.

No quadro actual, dado que a FPC tem em aberto 10 lugares para a categoria Continental, poderíamos vir a ter mais seis equipas no pelotão. Mas aqui nasce outro problema. Com 16 equipas em condições de disputarem a Volta a Portugal… teríamos nesta o quê, um pelotão de 22 equipas?
Parece-me um tudo nada exagerado.

E esta solução não traria nada de novo, no que respeita à oferta de condições para que os jovens vindos dos sub-23 pudessem amadurecer naturalmente. Casos como os do Ricardo Mestre, do Tiago Machado e do Manuel Cardoso não são a regra. São mesmo a excepção.

Imagine-se que era aquele quadro que deixei aqui um pouco atrás – o das 10 equipas Continentais mais seis Profissionais – que vingava. E que, para evitar que muitos jovens se vissem obrigados a abandonar prematuramente a carreira, se regulamentava que as equipas Continentais não podiam ter corredores com mais de 26 anos. Como devia ser.

Eu acho que, em vez de uma solução ficávamos era com dois problemas nas mãos.
Primeiro: para evitar que os mais jovens, por não terem interessados, se viam na contingência de desistir do Ciclismo, íamos por em risco a continuidade do pelotão dos que, com mais de 27, anos não coubessem nas equipas Profissionais.
E não resolvíamos o outro problema que é o de por jovens com 23 anos, com muito pouca experiência, a correr juntamente com a Elite Profissional.
Na maioria dos casos, como já aconteceu, ia dar no mesmo.
Ao fim uma temporada sem hipóteses de se mostrarem, desiludidos por serem moradores habituais do último terço das classificações finais na maioria das provas, acabam por desistir do ciclismo.

Mas voltando ao e-mail do David Blanco, tem ele razão quando me aponta o número de provas que, em Espanha, o ProTour já matou. E, também em consequência disto, ao número de corredores que este ano ficaram desempregados com o desaparecimento de várias equipas, quando só apareceu uma nova.

Mas, como disse ao David, sem ser uma fuga em frente – nada disso – acho que temos é que apostar em termos mais equipas Profissionais – e são mesmo essas que referiste, David, são as mesmas que eu penso terem condições para isso –, equipas que representem Portugal no pelotão internacional, que mostrem mais corredores portugueses no estrangeiro… para que mais se destaquem, a exemplo do que fizeram o Zé Azevedo, o Sérgio Paulinho, mas também o Cândido Barbosa e o Orlando Rodrigues, para os mais jovens se entusiasmem e, sendo já corredores não desistam de lutar por um lugar ao sol ou, em idade mais jovem ainda, queiram vir a ser corredores.

E com mais jovens a querem ser corredores; e com mais jovens corredores a terem mais oportunidades para, sem pularem degraus, chegarem a profissionais – que seria na categoria Elite não-amadora… - eu, pelo menos eu, dê as voltas que der vou sempre parar àquele organigrama que desenhei e ficou lá atrás.
Apareça mais gente, com novas ideias…

404.ª etapa


ÀS EQUIPAS: VOCÊS TAMBÉM
TÊM QUE FAZER ALGUM ESFORÇO

Já dobrámos a primeira metade, do primeiro mês da nova época.
Tanto quanto tive conhecimento (*), a DUJA-Tavira já se concentrou, primeiro em Espanha, depois no Algarve; a Liberty Seguros também já esteve no Bombarral para o primeiro estágio da temporada e a Paredes-Rota dos Móveis começou a trabalhar em ambiente… militar (**).
Alguém se deu ao trabalho de contabilizar o espaço que cada uma delas teve nos jornais?

É que aqui nem vale a pena falar da televisão…

Entretanto, no início desta semana, aconteceu a primeira concentração do novo Benfica.

Eu sei… Sei que todos sabem que o Benfica se concentrou, que está em Portimão, que é bom começar a trabalhar na estrada sob uma agradável temperatura de 18 graus…
Li isso tudo. Li e vi e ouvi na televisão.
Li e ouvi o Zé Azevedo, o Orlando…
Os jornais reservaram espaço nobre para noticiá-lo e até os telejornais descobriram três minutos livres no se alinhamento.

Já perceberam onde eu quero chegar?
Quem sustenta que as equipas de clubes de futebol – mormente dos três grandes – não significarão muito para o Ciclismo português já mudou de ideias?
Já se tinham esquecido do que aconteceu em 1999 e 2000…

Mas escreveu-se muito e até se mostraram imagens mas só do Benfica?
Errado. Escreveu-se e deram-se imagens do Ciclismo português. Entendam-no assim, agarrem-se e este exemplo e usem-no como argumento quando precisarem de convencer um patrocinador. Mas…
Pois é, há sempre um mas.

Com a excepção da Liberty Seguros que, como vem a fazer desde há dois anos, informou a CS de que iria reunir a equipa em estágio (o Benfica também o fez) a grande maioria nem disso se terá lembrado, daí aquele (*) logo no início. É que se já houve mais alguma equipa a ter concentrado o seu grupo de trabalho, eu não sei. E não sei porque não li e acredito que não li porque nos jornais também não souberam.

E a Paredes-Rota dos Móveis levou um (**) que, neste caso é ainda mais negativo do que apenas uma estrelinha. É que já vi fotos do estágio na Escola de Tropas Pára-quedistas, em Tancos e digam-me lá… não acham que os jornais – e mesmo a TV – se interessariam por iniciativa tão original? Pronto, esqueceram-se ou não anteviram que isso poderia ter algum impacto. E porque não fazem (agora sim, porque não?) um press-release a contar como foi, aproveitam para comunicar a constituição da equipa e lhes juntam umas fotos daquelas?

Tarda o Ciclismo a aprender a vender-se. E este caso é típico.
Querem ou não que a CS se interesse pela equipa e pelo Ciclismo em geral?

quarta-feira, janeiro 17, 2007

403.ª etapa


ALGUMA COISA NÃO BATE CERTO...

Diz o meu amigo que, “tendo em conta o calendário de provas internacionais a disputar em Portugal… o número ideal de equipas Continentais (Profissionais ou não), não poderia ser inferior a nove nem superior a 12”.

Na minha… “tese”, defendo qualquer coisa entre as 3 ou 4 Profissioais (mais uma no topo), criando e enriquecendo, ao mesmo tempo, um pelotão de Elites.

Há, de facto, uma diferença muito grande entre os nossos dois pontos de vista.

Reconheço-lhe mais conhecimentos e maior autoridade para esgrimir argumentos neste aspecto, mas não deixo de tentar justificar a minha opinião. Para isso, paremos um breve instante para atentar no seguinte:

Equipas Continentais/Profisionais Continentais em…
…Espanha – 4 + 3 = 7
… França – 3 + 1 = 4
… Itália – 0 + 4 = 4
… PORTUGAL – 8 + 1 = 9

Corridas inscritas no Circuito Europeu (e só neste). Em…
… Espanha – 34
… França – 63
… Itália – 81
… PORTUGAL – 7

Com o devido respeito, aquele não me pareceu ter sido o melhor dos argumentos.

E aqui tenho de repetir – concordando, como referi na altura, com uma outra das pessoas que mais autoridade tem para falar nestas coisas – que não seria de todo despropositado o reforço do Calendário Nacional, onde as Equipas Elite competiriam, num ciclismo muito mais português; deixando as sete corridas internacionais para as equipas profissionais.

Ainda assim, teríamos quatro ou cinco equipas portuguesas, num pelotão que não precisaria de ultrapassar as 12 formações. Isto uma vez por mês. De Fevereiro a Agosto. As sete ou oito convidadas viriam, naturalmente, de Espanha, França, Itália (num exemplo académico, porque poderiam vir de qualquer outro país). Trariam alguns corredores que todos já conhecemos, mas também outros novos que aprenderíamos a conhecer.
Estas corridas internacionais teriam tudo para chamar o público à estrada. Para apoiar as formações portuguesas, que até estariam em minoria no pelotão, o que, a cada vitória alcançada, levaria o povo a senti-la como um triunfo nacional.

É um cenário que particularmente gosto de antever.
E, definitivamente, melhor do que ter 10 portuguesas em pelotões de 14 e, ainda assim deixarmos escapar as vitórias.
Veja-se o destaque que tem uma vitória de um piloto português no Dakar…

E porque é que eu acho que as quatro ou cinco teriam mais hipóteses de conquistar triunfos? Porque seriam mais fortes dos que as actuais 9 uma vez que os principais corredores, agora espalhados por nove formações, se concentrariam nessas quatro ou cinco… ou seis, contando com uma na Divisão de Topo.

Caro amigo, o número ideal de formações profisionais não tem, em definitivo, qualquer relação com o número de provas internacionais por país.
Ou então… anda muita gente enganada, por essa Europa fora…

402.ª etapa


ALVES BARBOSA

Esta minha ausência forçada impediu-me de, atempadamente, aqui falar de Alves Barbosa. Foi condecorado pelo governo francês, através do embaixador daquele país em Lisboa. Um bonito gesto de reconhecimento em relação a um homem a quem o ciclismo português muito deve, logo, ne sua pessoa, uma homenagem também ao ciclismo luso.

Consequência desta iniciativa dos franceses: a Imprensa portuguesa (pelo menos a desportiva - pelo manos parte dela) redescobriu-o, oferecendo aos mais jovens bonitos "retratos" do grande ciclista que foi. Para que eles ambém aprendam a admirá-lo.

Fiz-lhe, já lá vão uns bons 15 anos (pelo menos) uma longa entrevista, ainda nas exíguas instalações da FPC, na Rua Barros Queirós. A sua invulgar capacidade de comunicação, a simplicidade que incute no seu discurso - e que toda a gente percebe - o ser, como a Ana Paula Marques (Record) vinca hoje, na sua pequena crónica, "terrivelmente" directo e incisivo, não usando meias palavras para dizer o que pensa, tudo isso cativou-me desde logo.

Houve duas coisas que - recordo, a entrevista será de 1991, ou 1992 - nunca mais esqueci.
«Sou o único profissional do Ciclismo Português» - uma amostra da frontalidade que sempre põe no que diz - e «O futuro do ciclismo está no BTT». Uma variante da modalidade que dava, então, as primeiras pedaladas.

Depois disso já conversámos muitas vezes, e de cada vez que o oiço aprendo mais qualquer coisa.

É, de facto, uma das maiores figuras de sempre do Ciclismo Português, e só podemos ficar felizes por ainda podermos contar com ele, com as suas histórias e as suas estórias.

Aliás, foi reconhecendo que Alves Barbosa é mesmo uma das grandes figuras da história do nosso ciclismo que, há algum tempo atrás, sugeri que o novo complexo a construir na Anadia e que incluirá o primeiro velódromo a sério, no nosso país, pudesse vir a levar o seu nome...

401.ª etapa


NÃO HÁ AGORA, MAS PODE HAVER!

Razões várias mantiveram-me afastado deste espaço por um tempo claramente superior ao que vinha a ser habitual. A todos os que neste parêntesis visitaram o VeloLuso à procura de algo de novo e nada encontraram, peço as minhas desculpas.

Até porque ficou pendurada a promessa que fizera. Que iria contra-argumentar em alguns pontos, os comentários deixados em resposta (quase que diria, em complemento) da “tese” que tinha ficado à discussão…

Em relação ao tema ProTour, de início não havia nada a contrapôr, o que deixa de acontecer quando você diz que “não há, nem haverá tão cedo, possibilidades” de meter uma equipa portuguesa no Pro-Tour.
Não há, agora, este ano e provavelmente para o próximo porque, de facto, aquilo é uma liga fechada, mas a continuar dentro dos moldes que adoptou e parece querer manter, este ProTour não levará muito tempo a desmoronar-se.

Não me oponho, nunca me opus, à existência de uma Divisão de Elite, ao nível da arrumação das equipas, mas não pode ser um liga fechada e já está provado o quanto pernicioso isso foi (está a ser para o restante ciclismo). Por isso, ou a ideia ProTour cai de podre, ou se reajusta, sendo que não acreditarei em nenhum reajustamento que não contemple a abertura dessa Divisão de Elite, o que significaria passar a haver subidas e descidas de divisão.

Estou perfeitamente consciente que, mesmo para alguns dos projectos – destes, dos que actualmente fazem parte do quadro ProTour – teria sido muito melhor não tivessem sido obrigados a dar um passo mais longo que as próprias pernas. É que, para além das taxas cobradas pela UCI, a obrigatoriedade de fazer crescer os plantéis até quase às 30 unidades – obrigatoriedade provinda do facto de as equipas serem obrigadas a cumprir um calendário demasiado longo e preenchido –, mais uma dúzia de assistentes, mais médicos, mais material circulante, necessariamente em duplicado, pelo menos, eleva as obrigações, em termos financeiros, até números quase proibitivos.

Mas, e é isto o mais importante, mantendo-se ou não o nome ProTour, redimensione-se este escalão de topo no seu número de equipas – 20 é exagerado – acabe-se com a tal obrigatoriedade de todas as equipas acorrerem a todas as corridas, deixando que cada uma estabeleça o calendário que se lhes adapte melhor (podendo, ao mesmo tempo, ter plantéis um pouco mais reduzidos)… e o que é que impedirá uma equipa portuguesa, das existentes ou vir a ser criadas de, mesmo começando obrigatoriamente no segundo escalão – e eu não me chocaria se ficasse determinado que para se chegar ao escalão de topo fosse necessário conquistar, desportivamente, um lugar lá –, ao fim de dois, três anos chegar ao topo?

quarta-feira, janeiro 10, 2007

400.ª etapa


ORA CÁ TEMOS A DISCUSSÃO...

Cá temos então quem se mostre disponível para discutirmos o "modelo" que defendi na (longaaaaa) "tese" que aqui deixei...

Falta a participação de outros amigos mas, como novas opiniões abrem quase novos tópicos, pode ser que mais venham por arrasto.

Vamos lá a apontar o que seria aproveitável e o que, afinal, nem é utópico, é lixo mesmo... (Refiro-me à minha "tese", claro).

399.ª etapa


JÁ SÓ FALTA UMA!...

É claro que, quando escevi o último artigo eu já sabia que TODAS as equipas portuguesas tinham entregue na FPC a papelada necessária à sua inscrição para esta temporada de 2007. Apesar de... "com a ressalva de que existem situações pendentes que poderão condicionar a inscrição...", lê-se no Comunicado 114-06 da mesma FPC.

Esta madrugada já lá vi - no sítio da UCI - a Vitória-ASC e agora, há insantes, pude verificar que também a LA-MSS-Maia e a DUJA-Tavira já constam da lista oficial de equipas inscritas.

Falta a Madeinox-Bric-Loulé!...

Mas é evidente que as equipas vão sendo acrescentadas à lista à medida que os seus processos vão sendo analisados e aprovados. Não entrem em pânico, amos ter todas as euipas na estrada.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

398.ª etapa


DE CERTEZA POR... PAPELADA ATRASADA
(Quatro equipas ainda não inscritas na UCI)

Quatro das nove formações profissinais portuguesas ainda não aparecem na listagem de equipas no sítio oficial da União Ciclista Internacional. Com certeza, por alguma papelada atrasada e que obstou às suas inscrições ao mesmo tempo em que as outras foram inscritas.

Assim, e representantes de Portugal (já confirmadas) temos:
no grupo Continental Profissional - Sport Lisboa e Benfica
no grupo Continental - Barbot-Halcon, Liberty Seguros, Paredes Rota dos Móves e Riberalves-Boavista.

Faltam, como já se percebeu, as inscrições da DUJA-Tavira, LA-MSS-Maia, Madeinox-Bric-Loulé e Vitória-ASC.

domingo, janeiro 07, 2007

397.ª etapa


E PORQUE NÃO...
OUTRA VOLTA A PORTUGAL?

Encerrada a minha "tese" sobre o que seria preciso fazer - de imediato - de moldes a travarmos a "derrapagem" do Ciclismo em Portugal, embora nunca tenha falado disto, sei que a maior resistência à "despromoção" da maioria das actuais equipas à condição de não-profissionais é o facto de estas não poderem disputar a Volta a Portugal.

Ao mesmo tempo, sei - todos têm obrigação de sabê-lo - que, mesmo que a actual Volta a Portugal deixasse de ser da Categoria Especial (HC), jamais poderia voltar a ser... grande, como o era há 20 anos. Chegou a ter 22 dias, com um de descanso mas isso, actualmente, é impossível. E sonegar isto em qualquer espécie de discussão é, pelo menos, pouco honesto.

Os clubes não podem fazer aquilo que fuja ao estipulado pelas associações, estas pelo emanado da federação e esta, por sua vez, pelo que dita a União Ciclista Internacional. E as coisas não devem servir apenas quando nos dão jeito. Nem que seja para lhe "bater".

Mas há uma hipótese de podermos vir a ter uma Volta a Portugal... grande.
Eu sujeria até que fosse outorgada a esta competição o nome de Volta a Portugal, e não me parece que a actual organização visse grandes problemas em "trocar" o actual nome para, por exemplo, Grande Prémio de Portugal, até porque a prova está inserida no calendário europeu e, em termos puramente organizativos, ser Volta ou ser Grande Prémio... vai dar no mesmo.

A vantagem de "recuperar" o nome de Volta a Portugal para uma competição interna de... 3 semanas, seria a de que os Órgãos de Comunicação Social NÃO poderiam ignorar... a Volta.

Há soluções para tudo. Basta perderem-se alguns minutos a pensar. E depois... que se congreguem todas as vontades. E que haja quem assuma a defesa daquilo que é melhor para o Ciclismo Português.

Podemos voltar a ter uma Volta a Portugal, alargada, e que dê, de facto, a volta a Portugal.
A quem se queira associar à ideia, não descurem o factor que será o mais mportante de todos. Como financiar esta nova Volta a Portugal?

sábado, janeiro 06, 2007

396.ª etapa



E PRONTO... CHEGUEI AO FIM

E pronto, meus amigos, cheguei ao fim deste trabalho.
Foram mais de 20 artigos, quase 50 mil caracteres ao longo dos quais, lancei a ideia, tentei argumentar, apresentar soluções...
Muitas horas de trabalho, e as que gastei aqui, ao computador para escrever tudo isto, nem sequer foram a parte maior.

Agora, esta proposta para uma requalificação do Ciclismo nacional fica aberta à discussão.

Para que as respostas não se espalhem a longo de cada um dos artigos, pedia-vos que, fosse ele qual fosse, identificando-o, colocassem aqui, as vossas dúvidas.

Tentarei, na medida do possível, responder.

A todos os que tiveram a paciência suficiente para ler tudo isto, o meu muito obrigado.

Voltarei a tar convosco logo que haja assunto que o justifique.
Um abraço para todos.

395.ª etapa



O NOME “PORTUGAL” NO PELOTÃO INTERNACIONAL

A ideia lancei-a eu, aqui, no VeloLuso, no 36.º artigo que escrevi. Foi a 22 de Março do ano passado. Dele recupero o essencial, que depois tentarei desenvolver.

E agora que já temos uma Associação de Equipas Profissionais (…/…) porque não discutirem, a sério, a possibilidade de criar-se UMA EQUIPA NACIONAL com dinheiro e estruturas para poder candidatar-se ao quadro ProTour? A Federação e a Secretaria de Estado, ou o Instituto do Desporto de Portugal, podiam (e deviam) ajudar. Com o esforço conjugado de todos, criava-se uma equipa que ia aproveitar os melhores corredores portugueses de cada uma das actuais equipas e fazia-se aquilo que os portugueses sempre foram bons a fazer... ia-se lá para fora fazer pela vida!
O que ganhavam as outras equipas? Para além do reconhecimento do ciclismo português além fronteiras ganhariam atletas mais motivados para fazerem boas corridas se... se ficasse bem definido que a EQUIPA NACIONAL todos os anos se renovaria. Sei lá, para aí em um terço do plantel, com quem mais se destacasse no calendário doméstico.
Ora, uma equipa ProTour teria sempre, pelo menos 27 corredores, o que quer dizer que, os que ficavam a correr por cá tinham de mostrar serem capazes de ocupar uma das nove vagas para, na temporada seguinte, darem o salto. A renovação/substituição dos nove que sairiam seria espaldada com a garantia de que aqueles, se não abandonassem por motivos de idade, teriam colocação garantida nas equipas caseiras. Um fundo, mas isto já seria matéria para a Associação e Corredores, que se iria acumulando, garantiria um complemento salarial para que, quem estava a ganhar 2 mil ou 2500 euros na equipa ProTour, não passasse, de um ano para o outro, a ganhar apenas os 1000 que as equipas Continentais lhe podem oferecer.


Isto foi o que escrevi na altura. Em simultâneo com a publicação no VeloLuso, a ideia foi publicada, em coluna de Opinião, n’A BOLA, e obteve algumas respostas animadoras. Do dr. Artur Lopes, por exemplo. Significa isto que pode haver vontades. Claro que falta o resto, mas, como já escrevi, uns artigos atrás, só vejo vantagens em termos uma equipa portuguesa a correr as grandes provas; a aparecerem, quase semanalmente, na televisão, nem que seja apenas (e já é bem bom) na EuroSport.

E apontei os exemplos da Euskadi “irremediavelmente” identificada à primeira com uma região de Espanha, o País Basco e até há bem poucos anos só admitia nas suas fileiras corredores bascos. Falei também da holandesa Rabobank. Esta não faz do nome do seu país a bandeira, mas toda a gente sabe à primeira que é holandesa. Como escrevi, por mais que não seja porque, graças ao futebol, toda a gente sabe que os “laranjas” são holandeses. Curiosamente, a Euskadi equipa da mesma cor.

Num rebate de consciência interrompi o escrito para ir confirmar uma coisa. Em 2007 a Euskadi volta a apresentar um plantel totalmente espanhol, se bem que já nem todos os corredores sejam bascos. Se forem ver, acharão logo na oitava linha um corredor… venezuelano. Falta saber se todos sabem quem Unai Etxebarria é filho de bascos emigrantes naquele país sul-americano. Aliás, o nome não engana.
Já a Rabobank se mostra mais... internacional.

Nessa altura esqueci um outro bom exemplo: a Astana. Alguns, mais dados a leituras de jornais ou, simplesmente, mais atentos ao que se passa no Mundo, saberão que o Cazaquistão, agora independente, era a República Soviética de onde saíam e onde aterravam as naves espaciais. Continua a ser a base de foguetões da Rússia, mas agora é um país independente. Mas, confessem, quantas vezes ouviram falar do Cazaquistão antes de Alexander Vinokourov ter aparecido na frente do grupo de nomes mais sonantes do ciclismo actual? E depois disso?

E o próprio governo cazaque resolveu apostar forte numa equipa de topo. Primeiro, tentando segurar a equipa de Manolo Sáiz, perdida, por esta, o patrocínio dos estadunidenses da Liberty; depois assumindo a propriedade da equipa – ainda que a licença desportiva pertença ao suíço Marc Biver – e deu-lhe o nome da nova capital do país, Astana. Uma cidade nova, construída de raiz, no meio do deserto cazaque e, assim como aconteceu com Brasília, no Brasil, a ser desenhada para albergar todos os departamentos governamentais. Logo, a ser também escolhida para sede das maiores empresas, em detrimento da antiga capital Almaty… muito descentralizada geograficamente.

Astana foi – tal como Brasília – erguida mais ou menos no centro geográfico do país. São aquelas empresas quem financiam a equipa, mas o nome que leva é o da capital do país.

O nome da equipa portuguesa não seria fácil de encontrar, ou até seria… acho que sim. Lisboa ou Porto era impossível. Somos muito pequeninos. Mais pequeninos que pequenos, se é que me entendem.
Por isso alvitrei a entrada neste projecto do Instituto do Desporto de Portugal. Garantiria a presença da “marca” Portugal no nome. Claro que não posso querer que o IDP financie, por si uma equipa de Ciclismo… mas uma das grandes empresas estatais poderia fazê-lo, assinando um protocolo do o IDP. E a equipa chamar-se-ia… qualquer coisa-Portugal. O Instituto de Turismo de Portugal também podia ser chamado. E lá teríamos outra oportunidade para podermos usar o nome de Portugal na equipa.

Mas porque razão chamei eu a este assunto a Associação Portuguesa de Equipas Profissionais?
A verdade é que, quando lancei a ideia pela primeira vez, as coisas estavam num patamar em que me parecia mais ou menos fácil de resolver. Mas entretanto mudaram.

Até mesmo o meu “estudo” para a remodelação do quadro de competições para as equipas portuguesas acrescenta dificuldades.
Mas eu sou apenas um adepto que tem uma ideia.
Essas questões terão de ser tratadas pelos directamente envolvidos.

394.ª etapa



A TAL “EQUIPA DE TOPO”

A ideia era a de formar uma equipa de Topo que albergasse os melhores corredores portugueses, não sendo possível por de lado a hipótese de se reforçar com corredores de outras nacionalidades. Não é possível. Ora, os corredores portugueses estão distribuídos pelas várias formações nacionais. E, se num negócio bem conduzido até poderiam ser mais ou menos pacíficas as “recuperações” do Sérgio Paulinho e do Hugo Sabido… como ir buscar o Zé Azevedo ou o Sérgio Ribeiro ao Benfica? Equipa que tem os seus próprios projecto e objectivos e que teria todo o direito de dizer não… não cedo corredores.

Não estamos a falar de uma Selecção Nacional para disputar os mundiais, já com a temporada portuguesa acabada. Mas a ideia não foge muito a essa de Selecção.

Contudo, reconheçamos que não é também impossível. Há uma equipa, bastante forte, em termos económicos e, cumprindo-se este pressuposto, não lhe seria difícil ter os melhores corredores.

Até porque acho impossível por isto a andar num ano. Logo, as coisas coincidiriam com o final de contrato que a maioria dos corredores têm com as actuais equipas.

A Associação de Equipas tinha um papel importante a desempenhar em tudo isto porque seria necessário, acho que ficou explicado, defender os interesses destas. Uma maneira era a de o Grupo Económico que viesse a patrocinar a equipa de Topo desse também algum dinheiro à Associação de Equipas. Seriam, através desta, ressarcidos eventuais pedidor de indemnizaçãom por parte das equipas.

Mais, seria importante conseguir, a partir de quotas, estilo quotas para o Sindicato – e aqui entra a Associação Portuguesa de Corredores Profissionais – a forma a arranjar-se um fundo, fundo esse que também teria um objectivo prático.

Como disse na ideia original, a equipa de Topo levaria os melhores atletas portugueses, escolhendo-os em função… das funções que deveria vir a desempenhas na equipa. Dois/três chefes-de-fila – para tentarem ganhar corridas –; dois/três sprinters, para tentarem ganhar etapas; dois/três bons trepadores, com o mesmíssimo objectivo, mas quando as etapas acabassem em alto… sete/oito bons co-equipiers

Essa equipa – e tomando como exemplo o actual ProTour – teria que ter, pelo menos 27 corredores, como disse.
No contrato entre o “dono” da equipa e a Associação de Equipas ficaria explícito que a primeira se obrigaria a uma renovação anual de 1/3 do plantel.
Porquê?
Porque todo este trabalho que venho a apresentar visa, antes de mais, oferecer, não aos que já cá estão, mas a todos os jovens que venham a escolher ser corredores, a possibilidade de terem à sua frente uma série de degraus a subir, objectivos a cumprir, sendo que o degrau mais alto era esta mesma equipa de Topo.

Até às Elites (não-profissionais) creio que já está tudo explicado.
Depois, haveria aqueles que mais se destacassem a ter a oportunidade de poder vir a ingressar numa das equipas profissionais. E acho que a existência destas é tão, ou mais importante que a criação, ou revitalização daquela categoria de Elite. Esta serviria para que jovens com 24 anos não fossem “obrigados” a desistirem de ser corredores, aquelas para que os melhores naquele escalão pudessem ter em aberto um corredor de progressão na carreira.

Pode parecer complicado mas não é.
Vou voltar a princípio.
Até aos sub-23 as coisas correriam como até agora. Os que mais se destacassem atrairiam o interesse das equipas Profissionais e dariam o ambicionado salto; os que só poderiam ser segunda escolha – até, pelo que referi, terem sido obrigados a um papel secundário nas equipas sub-23 (que querem somar vitórias e escolhem os seus “pontas de lança”, e quanto a isto ninguém tem nada a opor) – eram dados ainda, pelo menos, mais dois ou três anos nos não- profissionais para mostrarem o seu valor…
… e ficava entregue às equipas profissionais a representação do País nas corridas – volto a usar o statuos vigente – do Circuito Europeu.

Também elas teriam de ver, como parte do trabalho que estariam a desenvolver, que tinham a responsabilidade de representar Portugal. Mas deixávamos-lhes um pouco mais de espaço de manobra dentro do qual poderiam operar.

E chegávamos à equipa de Topo.
Esta tinha que ter os melhores corredores portugueses – mesmo que fossem necessário dois ou três reforços estrangeiros, e não era por aí que o gato ia à filhóses… – mas obrigava-se a renovar, num terço e anualmente, o seu plantel.

O que é que isto traz de revolucionário? A não interrupção da normal progressão na carreira de qualquer corredor.

A equipa de Topo tinha 27 (ou 30) corredores.
A gestão deste grupo de trabalho era – e não seria negociável outra opção – feita pelos seus directores-desportivos. Contudo, chegados ao final da temporada, mandava o mercado. Haveria de haver corredores portugueses que eram cobiçados por outras equipas mais fortes. Não se lhe cortavam as pernas, claro que não. Haveria de acontecer que alguns dos corredores estrangeiros que haviam representado a equipa, ou porque tinham outros convites, ou porque não tinham cumprido o que deles se esperava… também eram colocados no mercado. A novidade viria a ser a de que, desde o princípio, os directores-desportivos da Equipa “Portugal” já sabiam que tinham de estar preparados para abdicarem de um terço do plantel. Se calhar até nem era preciso tanto. Haveria de haver corredor em final de carreira… e as tais possibilidades de cobiça de corredores por outras equipas e, no meio disto tudo, alguns insatisfeitos que prefeririam procurar outro rumo.

O que tinha mesmo que ser respeitado era que, entre os PORTUGUESES que, na época anterior, fosse ao serviço das equipas profissionais, fosse ao serviço das não-profissionais, tivessem justificado uma oportunidade na equipa de Topo, desde que cabendo no tal numerus clausulos de um terço do plantel renovável… viriam mesmo a ter a sua oportunidade.

E passamos à outra questão… e o que vinha a acontecer aos nove, ou dez, corredores que deixavam de caber na equipa de Topo? Era para isso que serviria o protocolo com os investidores dessa equipa topo. Esses nove ou dez eram dispensados – para dar lugar a outros tantos – mas teriam garantida a colocação no quadro de equipas profissionais. A não ser que abandonassem por ter chegado a hora de por fim à carreira.

E como é que se punha, sem se chegar ao extremo de um corredor que se sentisse injustiçado levasse o caso ao Tribunal de Trabalho – sendo que a decisão dos directores-desportivios, escudada naquele pré-acordo de que isto haveria de acontecer, haveria de ser inatacável – mas o que se faria, para evitar mal-estares, era recolocar os corredores nas equipas Profissionais existentes. Que haveriam de perder corredores para a equipa de Topo.

E surge a questão dos ordenados.
Imaginemos que um corredor de pelotão – não os chefe-de-fila – ganhava 3000 euros mês na equipa de Topo. Era dispensado. Colocado numa equipa Profissional, esta não lhe podia pagar mais do que 1200 euros.

Ok, durante a época, uma percentagem dos vencimentos dos corredores da equipa de Topo era descontada para um fundo – que poderia ser gerido pela APCP – e desse fundo sairia a verba para que o ordenado de 1200 euros pudesse vir a ser de… 2000 euros. Isto no primeiro ano após a “despromoção”
Pronto, o corredor passava a ter um vencimento mais baixo mas, provavelmente, até acima de alguns dos companheiros na nova equipa. Era assim como que um “prémio de reconhecimento” pelo facto de ter representado Portugal ao mais alto nível.

E este ciclo ia-se repetindo, ano após ano…
Dos trinta, os dez com menores prestações era “despromovidos”, isto ao mesmo tempo que, nas equipas Profissionais – e não só – os corredores com mais capacidades viam, na possibilidade de ganhar um lugar na equipa de Topo recompensados todo o empenho e dedicação que tinham posto ao serviço da equipa que vinham a representar.

E ninguém podia obrigar ninguém a vir a representar o País naquela equipa de TOPO.
Um corredor do Benfica, depois de uma época extraordinária, resolvia que queria permanecer no Benfica e… nada a fazer. Ficava.

Claro, e isso ficou implícito, que as equipas Profissionais existentes à altura não poderiam mais almejar chegar a equipa de Topo. Essa já existia, representava, não um clube, não uma marca, não uma região… representava Portugal.

Num resumo mesmo resumido – e para concluir este trabalho – os que se iniciavam como praticantes de Ciclismo tinham, se viesse a provar que eram de facto bons, toda uma escadaria perfeitamente definida que teriam de galgar e os que só tivesse mostrado ser assim-assim, não era obrigados a abandonar as bicicletas porque poderia continuar no pelotão de Elites.

Haveria lugar para três ou quatro equipas profissionais que disputariam o Circuito Europeu. Chegar a equipa portuguesa de Topo não seria, obrigatoriamente, o único horizonte para onde olhar. Qualquer equipa do pelotão mundial poderia aparecer e oferecer melhores condições. Mas haveria de haver uma equipa portuguesa de Topo na qual desaguariam, em condiçõs normais, todos os sonhos e projectos traçados aos 15 anos.

Esta equipa de Topo estaria nas grandes corridas. Como os corredores portugueses não são, nem têm que ser, inferiores ao demais, haveria de haver algumas vitórias para as nossas cores. Algum, ou alguns corredores haveriam de ganhar mais do que uma vez… E tornavam-se no ídolo pelo qual todos sonhamos, dando mais vontade aos jovens de 15 anos em abraçarem a modalidade…
A partir de aqui é toda uma sequência de feito e efeito, da qual o Ciclismo português só teria a ganhar.