quinta-feira, janeiro 04, 2007

388.ª etapa



ACHO QUE É MELHOR "PREPARAR" O CAMINHO...

Para que melhor possam entender aquilo que eu quero com o que vem aí a seguir, acho melhor escrever este àparte.
Malgrado se fale, a torto e a direito, na UNIÃO EUROPEIA, a verdade, a grande verdade – e isso é perceptível até a nível económico – é que o que se quer falar é de uma Europa das Regiões. Está claro como a água.
A Grande Região da Europa Central – leia-se: França e Alemanha –, sempre com as Ilhas Britânicas a tentarem não perder (ainda mais do que jà perderam) algum protagonismo, com a Região formada pelo Benelux a fixar-se como apêndice natural da região franco-alemã e depois a Espanha a empenhar-se fortemente de forma a representar a… Região Ibérica. A Itália vive da força económica da sua Região Norte – com o Piemonte (Turim) e a Lombardia (Milão) a sobressair (sempre aconteceu, até na história interna do país) – e a Grécia é apenas… um mal necessário. Ou era, em contraponto com a muçulmana Turquia que, entretanto, já é parte desta Europa de Retalhos. Se não é ainda, vai ser, inevitavelmente.

E há a Região Báltica, na qual não se irá distinguir a Estónia da Letónia. A Áustria e a Republica Checa servem para preencher o mapa, de forma a que não existam espaços em branco.
Resumindo… O que realmente temos é uma Europa das Regiões. França e Alemanha à parte. Ninguém sinceramente – nem nós – desassocia a República da Irlanda das Ilhas Britânicas. E, por muito que nos custe, NINGUÉM, para além dos Pirenéus disassocia… Portugal da Espanha. Digam os políticos o que disserem.
Não são só os egocêntricos dos estadunidenses que nos confundem com Espanha. Muitos ficariam surpreendidos se fossem a Liège ou a Eindhoven, dizendo que eram de portugueses, reforçando que eram de Lisboa ou Porto, julgando que ficavam perfeitamente identificáveis e ouvissem um sonoro: ah!... Espanha!

Experimentem!

Mas o que é que isto tem a ver com Desporto, concretamente, com o Ciclismo?

Eu diria… mais com o Ciclismo que com o Desporto. Porque, por exemplo, no futebol, muitos por essa Europa fora não esquecem que Eusébio é português. São até capazes de reconhecer que o… Oporto – é assim que é conhecido para além de Valença, Quintanilha, Vilar Formoso, Caia ou Vila Real de Santo António – é um clube de futebol português. Não digo que não. Embora todos ignorem a grafia correcta, da cidade e do clube.

Mas volto ao princípio. Vivemos na Europa das Regiões e cada uma tenta fazer valer os símbolos que acham necessários para marcar a sua diferença em relação às demais. Não! O fado e os barcos rabelos não constam…

Mas regressemos ao Ciclismo, é do que aqui se fala.
Olhem aqui para o lado, para Espanha.
Há muito que o País Basco marcou a sua identidade no pelotão internacional. E até conseguem ultrapassar instintos nacionalistas, que os fazem ser Euskadi, em Espanha… para serem apenas Pays Basque, quando no Tour. O que lhes interessa é que não sejam… Espagne. Que ainda são.

Por isso eu defendo que temos que ter uma equipa no grande pelotão internacional. Uma equipa que, independentemente do patrocinador que possa vir a ter, leve o nome de Portugal. Atentem que, apesar de tudo, sem fazer sobressair o nome do país, a própria Rabobank consegue ser de imediato conotada com o seu país. Só pela cor dos equipamentos. Não há quem não saiba, ainda que por meio do futebol, que “laranjas” são os holandeses.

Precisamos de uma equipa no primeiro pelotão do Ciclismo mundial, e uma equipa que deixe claro, seja lá como fôr – mas convinha que fosse no nome – que é de Portugal. Para que não nos confundam ainda mais com Espanha. Que não somos espanhóis. Nunca fomos, apesar dos tais 60 anos, entre 1580 e 1640, em que tivemos o mesmo rei.

Numa modalidade que é talvez aquela na qual é mais difícil – às vezes impossível mesmo – dizer de que país é uma equipa pelos nomes dos corredores, tem que se encontrar outra maneira que vinque, sem margem para dúvidas, que representa um País com identidade própria. Neste caso, Portugal.

Com a equipa lusa mais internacional dos últimos anos não havia grandes dúvidas. Pois, se praticamente só corria em Espanha, os espanhóis sabiam que NÃO era espanhola. Mas, correndo tantas vezes em Espanha, sabe-lo-iam os dinamarqueses, por exemplo, que até tinham o seu melhor corredor (Claus Möller) a correr por ela?
Não apostem!

Pronto. Com esta nota – longa, como já se habituaram a que fosse qualquer escrito meu – já posso avançar (só mais logo) com a parte final deste “estudo” sobre o que é o Ciclismo em Portugal… e o que deveria ser. Que tem que ser, no futuro. Cada vez mais apertado.

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