quinta-feira, janeiro 04, 2007

390.ª etapa



VAMOS ENTÃO… ÀS
ALEGAÇÕES FINAIS (PARTE 1)

Ao longo de vários dias – com algumas interrupções nada convenientes, mas justificadas – viajei por um Ciclismo em Portugal que, creio eu, teria hipóteses de travar a queda em que se encontra actualmente, ao mesmo tempo que, fazendo as necessárias obras nas paredes mestras de todo o edifício, se aproveitava para arranjar também o telhado. Abrindo, até, uma clarabóia, de forma a que, assim, permitisse a entrada de uma outra luz. Luz essa que iluminasse, no sentido de motivar, todos os seus praticantes. E não só.

A requalificação que acho necessário fazer urgentemente, como perceberam e puderam ver no esquema que publiquei, passa muito pelo aliviar a maioria das equipas da necessidade de se inscreverem como profissionais. Com menores encargos, sem praticamente perderem nada no que respeita ao quadro competitivo, poderiam até (eu acho até que deveria) aparecer mais equipas. Fosse pelo alargamento dos seus projectos até à categoria de Elites, por parte das Equipas de Clube que já existem, mas se ficam pelos sub-23; fosse pelo surgimento de novos projectos cujo objectivo fosse mesmo o de apenas competirem neste escalão.

Com as actuais equipas de sub-23 a poderem ir até às Elites, e com o eventual surgimento de mais um ou dois projectos, repararam concerteza como se alargava o leque de opções para os jovens, chegados aos 23 anos. Os melhores viriam, concerteza, a ser cobiçados por outras equipas com maior dimensão, mas aqueles que, até aos sub-23, tiveram menos hipóteses de mostrar o seu real valor, teriam muitas mais hipóteses de poder continuar a sua carreira. De poderem demonstrar o seu valor e, em consequência disto, conquistarem a cobiça por parte das tais outras equipas do escalão superior. As Profissionais.

E, este quadro de equipas, na Categoria de Elite, poderia ser de oito, nove, dez… até mais. Juntando-se-lhe as três ou quatro Profissionais mais (o tal trunfo que venho a esconder) a equipa portuguesa de Topo, aquela que nos representaria no grande pelotão mundial, disputando as grandes corridas, teríamos, para os jovens que chegavam ao limite de idade para poderem correr nos sub-23, 13 ou 14 equipas nos escalões acima.
Se hoje, com nove já se aproveitam sete ou oito jovens… poder-se-iam aproveitar muitos mais. Sem esquecer que, em muitos casos, provavelmente nem mudariam logo de equipa se o clube que representam até aos sub-23 criar uma equipa de Elite.

E quando eu digo que há muitos jovens que acabam por fazer os dois ou três anos de sub-23 sem terem grandes hipóteses de se mostrarem, é porque – isso é do conhecimento de todos – naquelas equipas também já está perfeitamente definida uma hierarquia em tudo semelhante à das equipas Profissionais. Têm um ou dois corredores para ganharem as competições… um ou dois sprinters e… muita gente com a responsabilidade de zelar para que aqueles companheiros possam atingir os seus objectivos. Os co-equipiers. Passando à idade de Elite, e com esses colegas para quem tiveram de trabalhar dois ou três anos a serem os primeiros a despertar a cobiça dos grandes, abria-se-lhes as portas para mostrarem que também podiam ter sido protagonistas.

Atentem ao caso mais emblemático, acontecido na época passada. Pedro Cardoso andou seis anos a trabalhar para que os seus chefes-de-fila pudessem manter vivas as suas pretensões – que eram as do colectivo, é claro –, com a saída de todos eles, o Pedro teve a oportunidade pela qual esperaria há muito. E saiu-se muito a contento, convenhamos. E, pela primeira vez na sua carreira, o Pedro Cardoso viu o seu nome nos jornais como potencial candidato ao triunfo final na Volta a Portugal.
Que os mais jovens, hoje condicionados a um papel de gregários – que não é menor, antes pelo contrário, é o mais importante dentro da estratégia do grupo, para que esta possa funcionar –, olhem para o caso que acabo de referir. Um dia, quando menos se espera… há-de surgir a sua oportunidade.

Mas esta só pode acontecer se eles tiverem possibilidade de correr mais dois ou três anos. E não, desistirem, aos 24 anos, de ser profissionais porque as tais oportunidades não lhes aparecem.

Acho que é a partir daqui que temos que trabalhar o Ciclismo. E, reparem, de uma só vez resolviam-se duas das questões mais problemáticas que temos vivido nos últimos anos: a falta de saída para os mais jovens, e a periclitante condição de algumas equipas que, quase obrigatoriamente, têm de se inscrever como Profissionais.

Ainda não há muito tempo, discutia eu com uma pessoa que sabe muito de Ciclismo e que, não concordando comigo quando eu falo de diminuição do número de Equipas Profissionais, defende com convicção que “temos é que ter um Ciclismo mais português".
Eis a solução!

No quadro actual, as Equipas de Clube PODEM disputar as corridas Internacionais da Classe .2. Nas da Classe .1, não podem correr Equipas de Clube, mas podem correr Selecções nacionais.

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