quinta-feira, janeiro 04, 2007

392.ª etapa



ALEGAÇÕES FINAIS (PARTE 4)

Questínculas que, reconheço, podem vir a ser rebatidas em público porque há coisas que “nunca se disseram” e coisas que “nunca se fizeram”...

Centremo-nos no que realmente está em causa: a representação do Ciclismo Português no Pelotão Internacional.

Ao contrário de uma certa vaga, que teima em fazer do pessimismo a sua bandeira, eu acho que foi enorme o trabalho da Federação Portuguesa de Ciclismo, ao conseguir sete corridas internacionais – este ano vão ser oito, com a manche da Taça da Europa de Sub-23 – para Portugal. Por dois motivos.
Primeiro, porque conseguimos cá trazer algumas das equipas de primeiro plano do pelotão internacional – veja-se o caso da Volta ao Algarve. E não vale a pena esgrimir que, nas outras só vêm equipas de segundo plano. Quem diz isso está a tentar chamar estúpido ao adepto português, como se este não tivesse à distância de um clique num computador, de saber que equipas vão à maioria das corridas por esse Mundo fora.


As grandes vão a algumas, mas à maioria vão as outras…
Onde faltam sempre as portuguesas que as não há.
Isso sim, devia preocupá-los.

E é isso que eu gostaria de ver solucionado.
Como?
Primeiro, induzindo as pessoas responsáveis pela criação, ou manutenção, no pelotão de algumas das equipas portuguesa para a necessidade de serem… ambiciosos.
Para o facto de, conseguindo 100 mil euros a mais dos seus patrocinadores podem montar uma equipa que se bata condignamente no pelotão internacional. Depois, com uma época bem planeada, bem estruturada, com dois ou três corredores motivados… é possível sonharem com resultados.

Por isso, também, é preciso VEDAR A ENTRADA no grupo de Equipas Profissionais aos que não mostrem ter essa ambição.
Quem apenas quer manter uma equipa com o mínimo de recursos…

A esses indiquemos-lhe o pelotão não-profisional de Elites.

Para se ser Profissional tem que se ter 1 milhão de euros para gastar. Para se pagarem ordenados dignos, a atletas a quem é pedido mais do que aquilo que se lhe oferece. É preciso ter-se infraestruturas também elas com o mínimo de dignidade. E essas equipas saberão, desde o início, que não vai ser no calendário nacional que poderão tentar rentabilizar o investimento dos seus patrocinadores.
E se o Benfica consegue vislumbrar forte apoio das comunidades lusas residentes noutros países europeus, não consta que essas mesmas comunidades de portugueses emigrantes recusem o seu apoio a seja que equipa for.

Para que o Ciclismo português consiga a vir a ter um – ou mais do que um – novo ídolo é preciso que apareçam equipas portuguesas a lutar ombro a ombro com as outras do espectro europeu.

Caramba! Acham, alguém acha, que se o Joaquim Agostinho, em vez dos três terceiros lugares no Tour tivesse somado dez vitórias na Volta a Portugal tinha conseguido atingir a popularidade que atingiu? Mas estão a querer-se enganar? É que quem assim pensar não engana mais ninguém.

TEM que ser lá fora que esse estatuto de estrela, meio caminho andado para que um corredor se transforma em ídolo, tem que ser conquistado. E antes mesmo de ele (ou eles) alcançarem esse estatuto, já a(s) sua(s) equipa(s) ganharam qualquer coisa. Ganharam reconhecimento. Ganharam o respeito das demais.

E o facto de termos sete corridas do calendário internacional disputadas no nosso território permite que as marcas que patrocinam essas equipas tirem mais rápidos dividendos dos investimentos feitos.
Não pode é acontecer que, porque as nossas equipas “profissionais” só têm 9 corredores e os homens não são de ferro, a meio da temporada os deixem a descansar e permitam que uma formação declaradamente de sub-23 chegue cá e limpe uma corrida internacional.

Se acontecesse em Espanha…
Ai!... vocês não gostam da Imprensa portuguesa… mas se isto acontecesse em Espanha eram retalhados de alto a baixo.

Portanto, Portugal não pode, DEVE ter, três a quatro equipas Profissionais a cumprirem o Calendário Profissional, onde quer que consigam convites. E mais convites terão quanto melhores forem os resultados alcançados. E que melhor terreno para alcançarem bons resultados é… claro, era evidente, não?, nas corridas disputadas em Portugal.

Até podem abrir a guarda em algumas corridas, mas naquelas disputadas em Portugal é para ir à morte.

Ambição. Haja ambição… que, nestes casos, é coisa que nunca é demais.

(E não podemos, em consciência, pedir isto a estas equipas que temos, que não passam de semi-amadoras!)

Por isso queremos outras. Novas ou não, mas ambiciosas e que ofereçam todas as condições de poderem vir a ombrear de igual para igual com… as suas iguais.
Houve alguma parte que não perceberam?

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