[Acordo Ortográfico] # SOU FRONTALMENTE CONTRA! (como dizia uma das mais emblemáticas actrizes portuguesas, já com 73 anos, "quem não sabe escrever Português... aprenda!») PORTUGUÊS DE PORTUGAL! NÃO ESCREVEREI, NUNCA, NUNCA, DE OUTRA FORMA!
quinta-feira, janeiro 18, 2007
405.ª etapa
EU VOU SEMPRE TER AO MESMO SÍTIO...
É com indisfarçável agrado que anoto aqui o facto de ter recebido um muito simpático e-mail do David Blanco, vencedor da última edição da Volta a Portugal e um dos melhores corredores que iremos ter este ano regularmente nas nossas estradas.
Escreveu-me o David, na qualidade de leitor do VeloLuso, deixando a sua contribuição para a discussão que está em aberto.
Tens razão, David. A integração da Volta a Portugal – antes que se faça a reestrutura de que falo – no quadro ProTour seria extremamente penalizadora para todo o Ciclismo português. Estamos de acordo. Então, se eu acho que o ProTour está a fazer mal a todo o Ciclismo, nele incluo também, naturalmente, o português.
E, como te disse, no e-mail que te enviei, esta tese sobre uma eventual reestruturação do Ciclismo em Portugal foi escrita tentando alhear-me das situações reais existentes. Aliás, nem o foi totalmente porque, como poderão ler, eu começo por defender que não se deve avançar para uma reestruturação partindo do zero, mas sim salvaguardando o facto de que já temos ciclismo e que é preciso reforçar, não só as paredes mestras, como aproveitar e dar uma mãozinha no telhado do edifício.
Defendo que se alargue o trabalho nas bases mas, sobretudo, que se construa mais um patamar para que a subida da escadaria não se torne penalizadora para muitos que poderão, à primeira, não ter fôlego para tal. Aliás – eu não disse isto ao David – mas isso acontece em Espanha. Os jovens – e é neles que está o futuro – que chegam ao limite de idade para correrem nos sub-23 têm ainda um outro patamar, para descansarem e recuperar o fôlego antes de chegar ao andar do profissionalismo.
É nisso que assenta a minha tese.
Ora, se acho fundamental reabilitar a categoria de Elite não-amadora, aqui sim, introduzo a hipótese de algumas das actuais equipas Continentais – que não são profissionais, aos olhos da UCI –, nem era o de recuarem um passo, mas ficarem no mesmo patamar das outras que, evidentemente, seria necessário criar.
O David, mostrando ser um profundo conhecedor da realidade portuguesa, toca num ponto sensível. Sem a possibilidade de correrem a Volta a Portugal, algumas equipas desapareceriam porque não iriam encontrar patrocinador.
Isso deixa-me, de facto, numa terrível angústia. Que fazer?
Escolhemos salvar essas equipas, deixando ficar tudo na mesma e corremos o risco de ver algumas dezenas de jovens com potencialidade acabarem prematuramente para o Ciclismo, adiando o rejuvenescimento do Ciclismo português?
Ou centralizamos as nossas preocupações na definição de uma linha condutora de carreira que, com a criação desse tal patamar que será a categoria Elite, oferecerá emprego a mais jovens acabados de vir dos sub-23 e ainda não totalmente preparados para entrar no profissionalismo?
Não há emprego sem equipas. Mas não há equipas sem corredores. Defendemos primeiro qual das partes? As equipas, sem fazer nada para ajudar os corredores? Ou estes, mesmo que a solução que antevejo corra o risco de ver equipas desaparecerem?
Parece um beco sem saída.
Eu defendo que temos possibilidade de ter uma equipa portuguesa na Categoria de Topo (seja isto o ProTour ou outra coisas qualquer que venha a ser criada) e que devemos ter quatro (ou cinco) equipas Profissionais.
No quadro actual, dado que a FPC tem em aberto 10 lugares para a categoria Continental, poderíamos vir a ter mais seis equipas no pelotão. Mas aqui nasce outro problema. Com 16 equipas em condições de disputarem a Volta a Portugal… teríamos nesta o quê, um pelotão de 22 equipas?
Parece-me um tudo nada exagerado.
E esta solução não traria nada de novo, no que respeita à oferta de condições para que os jovens vindos dos sub-23 pudessem amadurecer naturalmente. Casos como os do Ricardo Mestre, do Tiago Machado e do Manuel Cardoso não são a regra. São mesmo a excepção.
Imagine-se que era aquele quadro que deixei aqui um pouco atrás – o das 10 equipas Continentais mais seis Profissionais – que vingava. E que, para evitar que muitos jovens se vissem obrigados a abandonar prematuramente a carreira, se regulamentava que as equipas Continentais não podiam ter corredores com mais de 26 anos. Como devia ser.
Eu acho que, em vez de uma solução ficávamos era com dois problemas nas mãos.
Primeiro: para evitar que os mais jovens, por não terem interessados, se viam na contingência de desistir do Ciclismo, íamos por em risco a continuidade do pelotão dos que, com mais de 27, anos não coubessem nas equipas Profissionais.
E não resolvíamos o outro problema que é o de por jovens com 23 anos, com muito pouca experiência, a correr juntamente com a Elite Profissional.
Na maioria dos casos, como já aconteceu, ia dar no mesmo.
Ao fim uma temporada sem hipóteses de se mostrarem, desiludidos por serem moradores habituais do último terço das classificações finais na maioria das provas, acabam por desistir do ciclismo.
Mas voltando ao e-mail do David Blanco, tem ele razão quando me aponta o número de provas que, em Espanha, o ProTour já matou. E, também em consequência disto, ao número de corredores que este ano ficaram desempregados com o desaparecimento de várias equipas, quando só apareceu uma nova.
Mas, como disse ao David, sem ser uma fuga em frente – nada disso – acho que temos é que apostar em termos mais equipas Profissionais – e são mesmo essas que referiste, David, são as mesmas que eu penso terem condições para isso –, equipas que representem Portugal no pelotão internacional, que mostrem mais corredores portugueses no estrangeiro… para que mais se destaquem, a exemplo do que fizeram o Zé Azevedo, o Sérgio Paulinho, mas também o Cândido Barbosa e o Orlando Rodrigues, para os mais jovens se entusiasmem e, sendo já corredores não desistam de lutar por um lugar ao sol ou, em idade mais jovem ainda, queiram vir a ser corredores.
E com mais jovens a querem ser corredores; e com mais jovens corredores a terem mais oportunidades para, sem pularem degraus, chegarem a profissionais – que seria na categoria Elite não-amadora… - eu, pelo menos eu, dê as voltas que der vou sempre parar àquele organigrama que desenhei e ficou lá atrás.
Apareça mais gente, com novas ideias…
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1 comentário:
João, essa do "bota-fora" é uma ideia a aproveitar. Faziam-se rankings e, por exemplo, as duas piores clasificadas das Continentais eram "despromovidas" a Elite e as duas melhores Elite subiam a Continentais... se provassem ter condições para isso... É uma ideia... É uma ideia... Obrigado.
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