sexta-feira, março 31, 2006

51.ª etapa



POIS É!...

Não há volta a dar-lhe. A sabedoria popular, séculos somados após séculos, continua a ser filosoficamente... indesmentível.

"Quem torto nasce... tarde ou nunca se endireita!" Pois é.

Então não é que que a primeira "decisão" da - ATENÇÃO - Associação de Equipas Profissionais visa boicotar o Troféu Joaquim Agostinho?

Voltemos só um passinho atrás. Para quem não percebe destas coisas.

A Associação de Equipas Profisionais (e não dos Directores-Desportivos das Equipas Profissionais) ainda não existe legalmente. Terá, primeiro, que eleger os seus Órgãos Sociais e depois esperar que saia em Diário da República o seu reconhecimento. Estamos pois, no mesmo pé que estávamos há um ano... há 5 anos... há 10 anos...

Pois bem, como vim a saber, e dado que duas equipas "profissionais" - as aspas justificam-se porque não sei o que chamar a uma equipa que se "esquece de preencher um formulário" e devolvê-lo a uma organização que a convidara para participar na sua prova, correm mesmo o sério risco de não terem lugar no pelotão do próximo Troféu Joaquim Agostinho -, a tal associação-que-ainda-não-é-associação apressou-se a pular (pular? para baixo não é pular!!!!) para o nível do nosso ciclismo actual e ameaça a organização com o boicote à prova por parte de todas as equipas profissionais!!!

É verdade! Eu sei que é difícil de acreditar, mas é verdade.

Sete das equipas cumpriram o regulamentado e devolveram o bolhetim de inscrição dentro dos prazos regulamentados - porque é que eu cada vez mais acho que as pessoas do ciclismo não conhecem os regulementos pelos quais têm, de reger-se???? -, a oitava, embora fora do prazo, também o fez retractando-se e pedindo desculpas (que foram aceites) à organização.

As outras duas pura e simplesmente não se inscreveram. Ora, o organizador fez o seu papel e tratou de encontrar substitutas, até porque não podia saber se, à imagem do que outras duas equipas fizeram recentemente, aquelas não se inscreveram por terem optado por outras corridas, no caso, além fronteiras.

O regulamento é claro. O organizador é OBRIGADO a convidar TODAS as equipas continentais nacionais. E fê-lo. O regulamento tem definidos prazos para as respostas. Três não confirmaram a sua presença, mas uma destas acabou por fazê-lo ainda que fora de prazo e a organização foi sensível às explicações apresentadas, mas das outras duas nem "sim, nem sopas". E a organização completou o quadro de equipas previstas com mais duas das muitas que tinham pedido para correr.

E que faz a ainda-por-nascer-associação-de-equipas-profissionais? Em "defesa daquelas duas" ameaça que nenhuma das dez corre.

Com que legitimidade?

Repito que a AEP só terá valor jurídico depois de eleitos os Corpos Sociais, estes aprovados e o resultado sair em Diário da República.

Os sponsors, Carvalhelhos, Milaneza, Madeinox, Riberalves, DUJA, Paredes-Beira Tâmega e Barbot-Halcon vão permitir que as equipas às quais pagam os ordenados façam "greve" porque houve duas que não se inscreveram... numa prova Internacional?

Isto passará pela cabeça de alguém?

Passou. Vamos é esperar para saber como reage o sponsor do mentor da ideia, que os outros não têm muito que pensar: as equipas vão estar à partida e mais nada. Como qualquer patrão faria.

Sei que muitos não gostam do meu Blog. Mas com situações como esta... Isso está a dar-me um gozo cada vez maior.

Eu, se fosse o organizador, faria aquilo que a triste Associação de Equipas devia ter feito...

Se pela minha parte cumpri com tudo o que está regulamentado... a mais não sou obrigado, mas para que a "barraca" não seja maior... essas duas equipas podem vir. Pagam, é do seu bolso, todas as despesas que "nós" - organização - já não podemos pagar porque só temos orçamento para 15 equipas e os 15 lugares estão preenchidos. Mas venham lá correr.

Esta devia ter sido a solução que a AEP deveria ter tentado negociar... não ameaçar que NENHUMA equipa nacional ia alinhar à partida,

Corporativismo. Sabem o que quer dizer? E é tão mau!...

Cyclolusitano




NOTA FINAL

Quando se chega à minha idade e se olha para trás, para o que vivemos e deixámos de viver, há milhentas coisas de que nos arrependemos, outras, que deixaram uma saudade que é, agora, completamente impossível de remediar. Como os amores não correspondidos da nossa juventude. Parece que não terá nada a ver, mas verão que tem

O Cyclolusitano é um caso de amor não correspondido. Conheci-o, fiquei encantado, disponibilizei-me completamente e... fui posto fora de casa sem direito a defesa. Leia-se: a explicar-me.

E, principalmente ontem, vi-me humilhado no mais fundo do meu ser por quem eu até chamava de amigo. Um homem quando chega à minha idade já não tem desculpa para estas desilusões, a não ser que goste muito, seja do que for. Estamos a falar de um site na Internet. Eu sei que é ridículo, mas não consigo rir-me. Eu, que como bom Alentejano que sou, exerço aquilo que para todos os demais é incompreensível. Rio-me de mim próprio. Somos estranhos, os Alentejanos. Sofridos, humilhados, explorados... mas sempre com um sentido de humor que não tem paralelo no nosso país.

Diz o António Dias que "não admite" que eu comente comentários do Cyclolusitano. Eu comento os comentários do que bem me aprouver. Do Cyclolusitano ao New York Times, se me der na gana...

Não volto, no entanto, a falar do Cyclolusitano. Mas vou continuar, podem ter a certeza, a comentar as (poucas) coisas boas que por lá vão aparecendo, porque, para a "quermesse" não dou nem mais um cêntimo.

Manuel José Madeira

quinta-feira, março 30, 2006

2.ª nota




Olha! Que surpresa!!!!!

Afinal, sempre cá vêm espreitar! Fico contente.

Os dois homens que têm trabalhado homericamente para que isso seja um SITE a sério, não podem, porque sei avaliar as pessoas, estar satisfeitos com essa "feira popular" a que chamam Fórum... mas não vão sair disso, sabiam?

Não me afastaram a mim. Afastaram todas as pessoas sérias que gostariam de opinar sobre a realidade do ciclismo. Vivam com isso, que remédio!

E há tanta coisa para falar sobre o ciclismo português, não há?

Não podia ser no melhor sítio? Podia!

Lamento muito, caro Rui, caro António... que tenham sido vencidos nos vossos propósitos. Que seriam sempre, disso tenho a certeza, oferecer o melhor espaço onde se fala de ciclismo no ilimitado mundo da Internet.

Rui, sabes da minha têmpera. Quando sou solidário, sou solidário - já o provei - e sei quem, nesse momento de aflição ajudou. Não me lembro de ter visto, na lista que a dada altura publicaste, o nome de muitos do que hoje "mandam" no site... e que já lá andavam então. Nem com 10 eurozinhos.

Sei que isso é a menina dos teus olhos. Que lhe dedicaste parte da tua vida.

Não acredito que estejas satisfeito.

Adivinho que és uma pessoa de bem. Não estou a fazer uma OPA, mas se um dia achares que já não podes com isso, não feches o site sem falar primeiro comigo.

Doa a quem doer, há-de sempre sobreviver. E eu estou disponível para o manter vivo.

Entretanto, não tenham ciumes deste espaçozinho. Eu aqui só tenho comentário... tu, Rui, tens um manancial de informação que é insubstituível. E eu não deixarei que morra. Creio que percebes o que quero dizer, que aqui não posso dizer mais.

Tens o meu contacto pessoal. Para quando precisares. Um longo e apertado abraço. No fundo, eu e tú só gostamos de uma coisa: do ciclismo.

Eles, os que andam na estrada são os verdadeiros heróis. Eu quero relatar os seus feitos; tu perpectuá-los nos resultados.

Não deixes o teu sonho ser diluído... Pára!... Pensa!...

Rui... não deixes fenecer o Cyclolusitano!... E olha bem quem te está a roubar o protagonismo que tu, mais que todos, mereces... É um conselho de amigo.

Estão ou não a viver do prestígio do Cyclolusitano? Do teu sonho, dos teus anos e anos de trabalho...

O pior cego é aquele que não quer ver, mas tu não podes cegar, e permitir que o TEU empreendimento caia tão baixo.

Renovo o abraço de há pouco e reforço o que te disse: é possível recuperar a seriedade do Cyclolusitado. Aquela que tinha antes do grupo de amoçaristas ter, aparentemente, tomado conta dele. É mais conhecido agora? Por quem? espreita ao "forum" e tira as tuas ilacções... Ainda és o proprietário do título, se precisares de ajuda... sabes que contas comigo. Se quiseres vender... fala comigo.

(modificado em 30 de Março)

quarta-feira, março 29, 2006

50.ª etapa


E AGORA?...


Na 42.ª etapa, a dado paso escrevi: preparem-se que vem aí bronca e da grande... e mais não digo, por agora!.

A notícia saiu ontem no Jornal A BOLA e esperei por eventuais comentários mas... nada! Parto do princípio que discutir o Ciclismo português não passa pelo laxismo de alguns responsáveis que... se esqueceram de inscrever as suas equipas numa prova Internacional do calendário português. E não é uma prova qualquer. Estamos a falar do Troféu Joaquim Agostinho.

É evidente que não conto ouvir nenhum dos responsáveis, desde os presidentes aos directores-desportivos, passando pelos corredores - embora estes não tenham culpa alguma -, dizerem mais que o calendário português é curto.

terça-feira, março 28, 2006

49.ª etapa



E OS REGULAMENTOS, SENHOR? PORQUE LHES NEGAIS O VALOR?

(inspirado no poema de Fernando Pessoa: "E as Crianças, Senhor? Porque lhes dais tanta dor!...)

Vivemos num Mundo de regras que uns quantos estabelecem para todos os outros cumprirem. Em todas as áreas da nossa vida. No Ciclismo também há regras. Para cumprir, claro.

A Volta a Portugal do Futuro, para sub-23, tem um limite máximo de 5 dias. Que faremos às equipas sub-23 na grande Volta a Portugal, com 14, 15... 18 ou 21 dias? Os miúdos correm só 50 km em cada etapa? Fazem só a primeira semana?

As pessoas que se acham em condições de falar sobre ciclismo deviam, antes de mais, tomar conhecimento das regras do jogo.

Criar uma Liga Profissional que aglotine todas as equipas... profissionais, creio eu que seja a intenção (o contrário seria, pelo menos, ridículo), entregar a organização das corridas á Liga e depois... levar equipas amadoras?

Quem tiver o número de telemóvel do major Valentim Loureiro que mo dê... quero meter uma cunha para a equipa da minha terra, o FC Serpa, participar na I Liga, já no próximo ano, se fôr possível.

48.ª etapa



SIM, É VERDADE, MAS...

Pela segunda vez consecutiva tenho de começar do mesmo modo: este tópico precisa de um pequeno intróito para que as pessoas que o lerem percebam a razão das coisas.

Intróito: Como o plenário dos três administradores do Cyclolusitano decidiu "unanimemente" vedar-me a participaçãp no "fórum" daquele site, e como por lá vão aparecendo assuntos com interesse, o que eu nunca pus em causa, vejo-me, ainda que constrangido, a "puxar" para aqui alguns desses temas porque são de interesse extremo para a discussão do Ciclismo. Dois dos administradores não teriam razão alguma para me vetarem. A decisão "unânine" terá, pois, sido imposta pelo terceiro. E, para quem se julga muito esperto, e porque eu também não sou parvo de todo, só deixo uma nota: se calhar não eram só alguns meros utilizadores que acumulavam mútiplas contas com diversos nickcs... falando curto e grosso, não terão as ameaças à minha integridade física e o permanente arrastar pela lama de quase tudo o que eu escrevia, da responsabilidade de alguém muito bem situado na estrutura hierárquica do site? Esta dúvida ninguém ma tira, e tenho toda a legitimidade para a colocar. E a verdade é que nenhum dos cognomes que se "entretinham" a provocar-me consta da actual lista de participantes. Porque também foram banidos? Será, tenho a certeza, a justificação da administração daquele "fórum", mas compararem-me àquilo que cheguei a pensar serem apenas alguns "meninos traquinas", só de má-fé... e como a administração sabia que nunca era eu a iniciar as "quezílias", tudo me leva a um ponto. Um só. Só desapareceram os "clones" e o único proscrito fui eu. Por mera ciumite. "Longa vida desejo aos meus adversários para poderem ver-me vencer", disse Alexandre, o Grande.

Posto isto, vamos ao que interessa.

Muito boa a leitura feita pelo José Carlos Gomes, no tópico "Ciclistas Portugueses", embora se note à primeira leitura que faltam ali alguns dados muito importantes. O que não diminui tragicamente a oportunidade do tema nem a forma como foi posto.

Qual a grande falha que encontrei no seu texto, José Carlos? Que não foram os estrangeiros em fim de carreira, ou "recuperados" após suspensões por doping (podia ter posto os nomes: Claus Möller, Fabian Jecker e Txema del Olmo, os segundos, ou Andrei Zintchenko, Angel Edo, Melchor Mauri, David Plaza, só para citar alguns, os primeiros) quem "tapou" o lugar aos jovens portugueses.

E já que entraram, posteriormente e sem que o José Carlos Gomes tenha nisso responsabilidade, na feitura de interessantes quadros onde se comparam o número de portugueses e estrangeiros por equipa, que se vá um pouco mais longe. Que se fale, e aponte também nomes, porque não?, dos "batalhões" de jovens espanhóis, com a mesma idade dos jovens portugueses, que, em algumas equipas - houve uma que chegou a por a hipótese de se inscrever na Federação Espanhola, até porque os regulamentos assim o obrigariam porque tinha mais espanhóis que portugueses - formavam a maioria dos plantéis. Esses sim, embora alguns tenham, posteriormente provado qualidades, quase todos já ao serviço de equipas estrangeiras e lembro-me do Santi Perez ou do Josep Jufre, ou do Unaï Yus, e alguns directores-desportivos nacionais em claro conluio com dois ou três empresários espanhóis, é que durante anos "taparam" a entrada dos jovens portugueses no primeiro pelotão nacional.

E sei de casos de corredores que vinham correr de borla. As despesas mínimas essenciais eram suportadas pelos empresários e as equipas só tinham que lhes dar de comer quando em competição no nosso país. Houve até uma equipa portuguesa de terceiro plano que um ano foi correr a Clássica de Alcobendas e a Volta às Astúrias. O objectivo era - e eu escrevi-o na altura, de tão certo que estava - que, acontecendo o milagre de algum bom resultado alcançado, o empresário conseguisse colocá-los em equipas espanholas e, nessa transferância, então sim, ganhar o dinheiro que investira até porque em Espanha nenhum corredor com menos de 26 anos podia aspirar a entrar para profissional. Aos 20 conseguiam a licença UCI atravez da FPC - que não tinha nada a ver com isto porque não manda nas equipas e se estas escolhiam sete jovens espanhóis e se, no seio da União Europeia não se pode negar trabalho a nenhum cidadão de um país membro, noutro país membro, não seria a FPC a arriscar-se a estabelecer quotas... - mas dizia eu, aos 20 conseguiam a licença UCI, atravez de uma equipa portuguesa e, como aconteceu a tantos, aos 21 ou 22 já podiam correr em Espanha ou noutro país qualquer da Europa porque já não seria neo-profissionais. Eram profissionais de pleno direito.

E muito dinheiro correu, e muito dinheiro se ganhou atravez deste estratagema.

A partir do momento em que as equipas portuguesas deixaram de estar nos grandes palcos internacionais, o nosso ciclismo deixou de servir de montra. E os espanhóis agora custam muito mais caro que os jovens portugueses neo-profissionais. E como, é um facto, os orçamentos caíram para os níveis de há cinco ou seis anos atrás... a "prata da casa" sai mais em conta.

Tirando uma ou duas ressalvas, tem razão o José Carlos Gomes, por exemplo em relação ao Rui Sousa, que poderia ter sido chefe de fila em qualquer equipa - mas aqui, atenção, atentem ao exemplo do Hugo Sabido que preferiu ser chefe de fila no Paredes a gregário na Maia e está a colher os dividendos dessa aposta -, tirando uma ou duas ressalvas, vinha eu a escrever, o artigo do José Carlos Gomes é oportuno, bem escrito e toca um tema muito, mas muito pertinente mesmo. Parabéns.

P. S.: Dizer que só a Maia terá ganho com os triunfos conquistados lá fora e não ciclismo português é de uma extrema insensibilidade. Eu, em 2000, estava em Cangas de Onis quando Andrei Zintchenko venceu, para a LA-Pecol, nos Lagos de Covadonga, e estava em, em 2001, em Aitana quando Claus Möller ganhou uma das mais difíceis etapas da Vuelta desse ano. Em ambas as vezes estava sozinho na sala de imprensa e só eu sei o orgulho que senti quando os colegas espanhóis, mas não só, me rodearam a querer saber coisas do ciclismo nacional. Quem se atreve a dizer que a primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus ganha pelo FC Porto nada fez pelo futebol português porque os golos foram de um argelino (Madjer) e de um brasileiro (Juary)?

segunda-feira, março 27, 2006

47.ª etapa



TIRO NO PÉ!...

Este tópico exige um preâmbulo para que, quem chega de novo ao assunto, o perceba perfeitamente.

Um Blog tem uma estrutura diferente da de um Fórum, pelo que há respostas, por parte de visitantes colaboradores, que podem passar despercebidas. Sempre que eu ache que isso se justifica, em vez de escrever uma resposta à resposta, farei do assunto novo tópico. Assim todos poderão seguir a "discussão", no melhor sentido do termo, porque de outro tipo não haverá.

No tópico sob o nome de 40.ª etapa (façam o favor de ir verificar) e com o título de CORRIDAS PRO-TOUR EM PORTUGAL, a dada altura citei um caso passado, velho de quase cinco anos, para tentar argumentar contra os que acham que manifestações desportivas, no caso, do mais alto nível não fazem falta nenhuma em Portugal. Eu acho que uma corrida ProTour era benvinda e dei como exemplo os Mundiais de Estrada, em Ciclismo, de 2001. Onde um português conseguiu a melhor prestação de sempre, até àquela altura, prestação que, dois anos depois melhoraria com o seu brilhante 3.º lugar e a conquista da primeira medalha lusa nuns mundiais de ciclismo. Falo, é evidente, de Sérgio Paulinho, que em 2004 fez ainda melhor. Foi medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas. A ligação entre os três acontecimentos é, como é bom de ver, apenas uma extrapolação muito pessoal. Mas que aconteceram, aconteceram. E ninguém poderá provar que não possa haver uma ligação. Como eu não posso demonstrar categoricamente que tenha havido. Mas não é isso o que interessa.

No 6.º parágrafo dessa opinião recupero uma situação que, nessa altura, abriu uma discussão entre mim e um colega que sempre admirei enquanto jornalista de ciclismo. Já então ele, por opção ou por ter sido obrigado, deixara de escrever sobre ciclismo. O que foi uma enorme perda para o jornalismo e para a modalidade. Manterei esta opinião até morrer.

Porque ele era dos melhores. Eu nasci numa família muito humilde, de trabalhadores rurais no Alentejo. Ele é filho de um dos grandes nomes do jornalismo português, o âmbito do ciclismo, mas não foi, concerteza, por isso que "deu" um excelente jornalista de ciclismo.

Estou a falar em concreto do meu caro colega Carlos Flórido, do Jornal O JOGO. Que respondeu àquele tópico centrando-se apenas nos 4 parágrafos nos quais, por achar oportuno, resolvi recordar esse "incidente". O do desacordo entre as nossas opiniões.

Aliás, e para que a verdade prevaleça, e já que o Carlos Flórido não teve pejo em insistir em caluniosas insinuações, recordo que EU escrevi uma Opinião, como tal... Um texto de opinião, devidamente identificado, que é uma coisa que A BOLA proporciona a todos os seus jornalistas, enquanto o seu escrito saiu "mascarado" de notícia.

Ainda há bem poucos dias reli tudo, ao rearrumar os dossiers sobre ciclismo que enchem metade dos 15 metros de prateleiras do meu arquivo pessoal.

Há um qualquer fantasma que assombra a consciência do Carlos Flórido em relação ao assunto.

Não precisavas, Carlos, de me atirar à cara as dezenas de Campeonatos do Mundo que já cobriste. Eu vou ignorar tudo o que escreveste e continuar a admirar o Carlos Flórido, jornalista de ciclismo que eu li sofregamente. Tú, o Paulo Felizes, o João Araújo... eram minhas leituras obrigatórias porque, como já disse vezes sem conta, eu cheguei ao ciclismo sem dele saber nada e foi a ler-vos e a outros grande nomes, em publicações internacionais que assinei para aprender, que fui ganhando conhecimentos.

Senti um orgulho muito grande em, a partir do meu terceiro ou quarto ano na estrada, contar convosco entre o meu grupo de amigos.

Falas da AIJC... eu sei perfeitamente que tú eras membro da associação e, ao contrário do que pensas - e isto também já to disse - passados todos estes anos ainda há quem pergunte por ti. Sinal inequívoco de que não eras apenas mais um. Eras um dos bons. Não serei eu, nunca, a dizer o contrário. Até por tudo o que já referi.

No que escrevi sobre a AIJC ficou a faltar muita coisa. E ficou a faltar de propósito! Aliás, escrevi-o: voltaria ao assunto logo que surgissem comentários que ainda não aconteceram. E em parte alguma do que escrevi podem depreender que defendo, por exemplo, na Volta a Portugal, a exclusão de TODOS os jornalistas que não são membros a AIJC.

Em todos os jornais, e no teu também, há sócios do CNID só para poderem cobrir os eventos que o respectivo cartão legitima.

A AIJC não é uma Sociedade Secreta aberta a apenas três ou quatro. Tú sabe-lo. E estamos em plena angariação de novos sócios, até para podermos ter a nossa própria delegação. Claro que os "jornalistas" de fim-de-semana nunca terão uma chance que seja de conseguir a nossa aprovação, mas caramba... há pelo menos uma dúzia de colegas nossos que receberemos de braços abertos. E esses, que representam transversalmente TODOS os Órgãos de Comunicação Social a nível Nacional - mas não só - são a grande maioria dos que já "fazem" a Volta e outras corridas de ciclismo. Não te pasou pela cabeça, concerteza, que eu queria ir fazer a Volta sozinho. Até porque os outros três portuguêses associados da AIJC estão reformados ou em situação de pré-retiro da actividade. Só por má fé alguém poderia ter "lido"que eu queria a Volta só para mim. O que eu escrevi, e estamos a trabalhar para isso, é que os jornalistas que habitualmente "fazem" ciclismo sejam associados da AIJC, até porque não o inventei, há mesmo um acordo esntre esta associação de classe e a UCI para que só os portadores de cartão AIJC possam cobrir as provas das duas principais categorias do calendário mundial. Esclarecido? Esclarecidos? Ok...

Depois, "assinas por baixo" a opinião dos que dizem que eu, neste espaço SÓ DIGO MAL DO CICLISMO. Parto do princípio que leste todo o Blog.

Eu não digo mal. O ciclismo português está numa das suas piores fazes das últimas duas décadas e a maioria dos seus protagonistas não está isenta de culpas. Estão a colher, hoje, aquilo que semearam nos últimos 20 anos. Eu não digo mal... aponto situações que estão mal, e tanto que estão mal que não há quem me contradiga. E não é por falta de tempo nem com receio de dar a cara que, se tú, mesmo tendo assinado o teu comentário, arranjaste um e-mail todo fantasista... qualquer um o poderá fazer.

Eu não digo mal do ciclismo português! Aponto é o dedo a alguns dos seus principais defeitos com um, e só um, objectivo (e já estou a repetir-me porque já escrevi isto noutro tópico): agitar este estado do deixa-andar em que caímos. Não posso eu, não podes tú, não pode ninguém, em consiência, fingir que está tudo bem. Hipócrita não sou, cego também não e sempre pugnei por exprimir honestamente a minha opinião. Que ela não agrada a alguns dos responsáveis pelo estado a que isto chegou... ah!... não é surpresa para mim. Como não devia ser para ti. Mas "assinas por baixo".

Quem visita e lê este espaço tirará as devidas ilacções. Eu recuso-me a a ser apenas mais um "carneiro". Citando José Régio, no seu Cântigo Negro... Não sei por onde vou, mas sei que não vou por aí!

Depois não percebi a tua lista de influências. Também sou amigo de todos eles, com a excepção - não vou fingir que sou mais do que aquilo que sou - do Echavarri que terás conhecido quando correu no FC Porto, numa altura em que o Manuel Flórido era jornalista. Estranho que não tenhas aprendido nada com ele!

Finalmente, não resisistes, uma vez mais, a insultar-me. Quando eu escrevo "... a polémica em que, sem eu querer, fui envolvido em 2001..." sabes bem que me estou a referir a uma única pessoa: ! Insinuar que eu, enquanto jornalista, me proporciono a ser correia de transmissão de seja quem fôr... posso pensar que estás a rever-te. Aliás, aquele tal texto de opinião mascarado de notícia, sem teres tido a coragem de o assumir como UMA OPINIÃO tua e agora esta resposta, sabendo eu perfeitamente - e tú até deixas pistas no texto que escreveste em resposta à Etapa 40 - quem são os teus gurús... facilmente me levariam a uma constatação: estás a falar por eles!

Eu não transporto "encomendas". E tú? Tens a mesma certeza?

Mas vou sublinhar, uma vez mais - e fá-lo-ei sempre que isso se proporcionar - não tenho vergonha nenhuma em dizer que um dos meus "professores", e as aspas não servem, aqui, como depreciativo, foi um dos melhores jornalistas de ciclismo que tive a oportunidade de conhecer. Tenho dezenas de textos dele guardados. Chama-lhe "doença", se quiseres.

O seu nome é Carlos Flórido.

Um abraço.

46.ª etapa



IDEIAS, PRECISAM-SE!...

O meu caro amigo Paulo Sousa (um abraço para ti Paulão) teve a coragem, num outro espaço onde se pretende falar (?) de ciclismo, de avançar com algumas ideias. Não eram as melhores Paulo, mas não sou eu quem vai atirar-te a primeira pedra, fica descansado. Pior se devem sentir aqueles que voltaram a ficar calados, porque ideias é coisa que não têm e do ciclismo só querem ter direito a uma credencial para poderem pavonear-se por locais que nunca deviam pisar. Mas passemos à frente.

Se os responsáveis das equipas precisam que nós lhes lembremos que devem convidar os patrocinadores para jantar com a equipa ou seguir uma etapa de vez em quando, então Paulo, espera aí que eu já venho...

O Barrancos-Enchidos Paulo Guerra, convidar o Paulo Guerra para um jantar que É ELE QUEM PAGA, ou para fazer uma etapa é o mínimo que os responsáveis pela equipa Barrancos-Enchidos Paulo Guerra pode fazer. Mas, tal como diz o post em resposta ao teu, não ganha com isso nem mais um comprador para os produtos Paulo Guerra!

Mas não andaste longe do alvo. Não senhor.

Permito-me, com toda a liberdade que me dou a mim mesmo - passe alguma sobranceria nisto que escrevi -, dizer que a tua ideia é "chave". Não nesses moldes, mas muito, muito perto. E a tal liberdade que invoquei em nome próprio justifica-se com o facto de o que vem a seguir não ser, à luz do actualmente vigente... "politicamente correcto". É que vou dar um exemplo, com nomes claro, que a isso não virarei a cara, que pode melindrar terceiros. Não é, nem de perto nem de longe, essa a minha intensão.

Ando no ciclismo há 16 anos consecutivos, quase 90 dias de estrada por ano e, desde a primeira hora uma figura se me tornou habitual. Também lhe chamo amigo, porque nos respeitámos sempre mutuamente: refiro-me ao Amândio Louro. Patrocinado pela CIN, primeiro, depois pela Sotinco, com fases "por conta própria", ele mostrou como se devia fazer.

Estávamos em Alguidares de Baixo e, para além de, durante as três horas que estava no ar, agradecer publicamente à Tasca do Senhor Zé da Esquina o facultar-lhe a energia electrica que precisava - e era publicidade que não cobrava - nunca se esquecia de repetir a morada do agente CIN ou Sotinco mais perto do local onde estávamos. Retribuia, de alguma forma, o investimento feito pela empresa-mãe na sua actividade. Impecavelmente profissional.

Porque é que as equipas não fazem o mesmo?

Explico e dou um exemplo concreto: a Liberty Seguros arregimenta funcionários seus que, em troca de um livre trânsito, conseguem ser, hoje por hoje, a única "claque organizada" de apoio à equipa que leva o nome da empresa.

Os responsáveis pela companhia de seguros jantam com a equipa? Algum deles faz, de quando em vez uma etapa no carro da equipa? Óptimo. Tal como a Verm disse na altura, isso é uma "delicadesa" que cai sempre bem... junto dos homens/mulheres que se empenharam no apoio financeiro do projecto.

E o público? Que, como o Costinha disse, no "forum" do Cyclolusitano, são os consumidores dos produtos que as marcas querem fazer passar?

Como é que eu, tu, o Zé, o Manel, o Chico, podemos ser induzidos a "comprar" aquilo que as equipas publicitam?

Com brindes? Estilo sacos de plástico e bonés? Sim... mas não só.

(Com a excepção que já fiz, em falar da Liberty Seguros, porque é real e não seria honesto subtraí-la a este tema, vou inventando nomes ou recordando outros que já andaram no pelotão, mas já não andam).

Dão-me um boné da Coresa, é bonito mas que faz a Coresa?

E volto ao Amândio Louro que levou anos a deixar "pistas" que, aparentemente, ninguém percebeu.

Porque é que Bolonheza, a Gavião, a ACC, a Madeinozes, a Rota dos Armários, as águas do Carvalhal, a Imovendas, a Duta ou a Bacalhau da Ribeira não fazem como a Liberty Seguros?

Porque não têm carros na Caravana Publicitária?

Porque não gastam mais 1000 euros e põem o carro do som, nas partidas e chegadas a dizer que o seu agente, representante, revendedor, seja o que fôr, mais próximo está na Rua X, naquela mesma terra, se fôr o caso... ou a mais próxima dali... ou que se encontra à venda em qualquer supermercado ou loja de esquina?

Fiar-se apenas na mensagem que pode, ou não, passar atravez das camisolas... é arriscar demais.

É apenas... mais uma ideia que deixo. De borla.

Aceitam-se mais, e melhores, se possível.

domingo, março 26, 2006

45.ª etapa



PARA OS QUE "MASTIGAM" E NÃO "ENGOLEM"

No início do mês, quando da I Volta ao Distrito de Santarém, houve um jornalista que teve de se sujeitar à quase humilhação de se apresentar ante os Senhores Directores Desportivos para "encaixar" todas as críticas que estes não são capazes de fazer em público. Eu não sei se lhes daria esse prazer.

O motivo que levou a esta "reunião" foi uma notícia que nenhum dos DD podia desmentir. Mais, sabiam todos, à partida, que se fosse um "debate" em rádio ou televisão sairiam de lá bem mais humilhados que o jornalista que quiseram "encostar à parede".

Acompanhei de muito perto, tão perto que nem o facto de, por motivos de saúde, estar afastado da MINHA redacção, nunca ter deixado de me manter informado sobre o assunto em causa, já que não dispo a camisola de responsável pela Secção de Modalidades do meu jornal.

Tão perto que, muito antes do jornalista em causa, já eu tinha em meu poder o parecer do Conselho Juridiscional da FPC que ilibava POR ERROS PROCESSIONAIS pela parte da "acusação", os três corredores que não se livraram da instrução de um Processo Disciplinar, e da respectiva "pena", mais tarde revogada.

Quais "virgens ofendidas", tanto o presidente da Associação de Ciclistas Profissionais como os directores-desportivos, saltaram a terreno para defenderem o indefensável. E esperei este tempo todo para voltar ao assunto, que já tinha focado, na expectativa de que, mais do que DIZEREM que o jornalista não tinha razão, o PROVASSEM.

Claro que não aconteceu. Mas eu esperei.

Repito, embora ausente, fisicamente, da redacção, acompanhei e apoiei os dois jornalistas d'A BOLA que trataram do assunto, os quais tiveram desde o início a garantia de que eu não lhes faltaria com o meu apoio, enquanto responsável pela secção. Porque eu, antes deles, tinha os dados necessários para avançarmos com a notícia. Que jamais poderia ser posta em causa.

Ainda assim (e quantos terão pensado que ganharam a "guerrinha"?) os DD exigiram, depois de tentarem boicotar o trabalho do profissional em causa, que este se apresentasse, qual Egas Moniz, de corda ao pescoço, ante o seu douto "tribunal".

Claro que o jornalista, cedendo muito mais do que eu cederia, saiu da caricata audiência a dizer exactamente o mesmo que antes dissera e tudo "acabou em bem" porque houve ali uma descarada demonstração de corporativismo onde, mesmo os que não tinham nada a ver com o assunto apareceram a espaldar os "queixosos".

A questão que deixo aqui é a seguinte: e se, na primeira oportunidade fôr UM JORNALISTA a chamar os DD para que expliquem as amorfas prestações das suas equipas? Vão todos? Os citados irão?

E fica a sugestão: se DD e jornalistas fazem parte da mesma "família" do Ciclismo, quem se opõe a uma reunião, já que no último dia é difícil, porque cada um tem de regressar a casa, mas no penúltimo dia de cada corrida, a uma reunião, dizia eu, para discutirmos cara-a-cara a corrida?

Não precisa ser motivo de notícia, nem seria, se concertado antecipadamente, mas os jornalistas poderiam questionar os DD sobre a prestação da respectiva equipa e este, claro está, contrapor com a justificação que aprouvesse ser a mais indicada. Mas perante TODOS os jornalistas e TODOS os outros directores-desportivos.

Eu estarei na primeira destas reuniões, mesmo que ainda não esteja em condições de estar em serviço. Fica prometido.

44.ª etapa



AI, AI, AI...

A derradeira etapa da Volta a Terras de Santa Maria voltou a ser marcada por erros (graves) do colectivo de juízes. Nem numa prova de populares se admite que haja três pódios consecutivos, com três vencedores da corrida diferentes!!!!

Continuo a garantir que não sei quem foram os juízes em serviço e agora, por favor, já nem quero saber...

Enganarem-se nas contas, uma vez e rectificarem a classificação esquecendo-se de contabilizar as bonificações para terem de rectificar pela segunda vez a classificação até se chegar ao Tiago Machado (Carvalhelhos-Boavista) como grande vencedor? Vamos esquecer...

Valeu ao professor José Santos a sua formação como Comissário (que chegou a ser internacional, para os que não sabiam; isto para além de jornalista durante algum tempo, no diário desportivo O JOGO) para repôr as coisas na ordem...

E o Tiago Machado é o vencedor desta Volta a Terras de Santa Maria.

Eu não quero plagiar a minha amiga Ana Paula Marques, do Jornal Record, mas... não começa a notar-se falta de resultados numa certa equipa?

43.ª etapa


CLASSIFICAÇÕES


Houve, segundo soube, alguns problemas com a classificação da 1.ª etapa da Volta a Terras de Santa Maria.

Quando o pelotão passou nas "costas" da meta, a cerca de 1,5 km da chegada, ia compacto mas, ao fundo da recta da meta - que conheço bastante bem, uma vez que ali cobri três Campeonatos Nacionais, aconteceu uma queda colectiva da qual se livrou pouco mais que meia dúzia de corredores, os primeiros, claro, a cortarem a linha de chegada.

Li que, e cumprindo os regulamentos, os homens que ficaram na queda deveriam ter sido cronometrados com o mesmo tempo do vencedor. Ora não é bem assim.

O que o regulamento diz é que os corredores vítimas de queda ou avaria mecânica dentro dos três derradeiros quilómetros da etapa (ou corrida de um dia) serão classificados pela ordem em que cortarem a meta mas creditados com o mesmo tempo que o último corredor do grupo em que seguiam à altura do incidente.

E percebe-se porquê e tem lógica.

Antes, esta regra era apenas válida para os últimos mil metros de corrida e aí até seria aceitável uma redacção diferente das regras, mas em 3 km acontece muita coisa e nesse espaço o grupo pode fraccionar-se. Garante-se aos infortunados o mesmo tempo que o último dos homens do grupo onde seguiam conseguir na meta. Logo, pode haver cortes sim senhor.

O que parece que aconteceu, e digo isto porque não tive acesso à classificação completa, foi que os cronometristas foram registando os tempos reais com que cada corredor passava a meta, não estabelecendo um único corte que diferenciasse os tempos ganhos por aqueles que se livraram da queda e os que, de uma forma ou outra, foram prejudicados por ela.

Estiveram mal os juízes cronometristas, esteve pior o Presidente do Colégio de Comissários (que francamente não sei quem é) ao não emendar o erro dos seus companheiros.

Se o David Garcia ganhou espaço que justificou o "corte" em relação ao Pedro Lopes e este em relação ao 4.º classificado e este em relação ao 6.º... tudo bem. Se na queda não passaram mais de meia dúzia, ou sete, ou oito corredores, se havia muitas dúvidas onde fazer o último "corte", como é uma corrida do calendário nacional e, só os primeiros dez pontuam para os rankings que existem, a partir do 11.º deviam ter tido todos o mesmo tempo... Se é que foi mesmo impossível perceber quantos tinham chegado na frente porque se safaram da queda.

42.ª etapa



FERNANDO MENDES MERECIA MAIS

Começo com uma ressalva, e que fique bem clara: nada do que a seguir for escrito tem como objectivo atingir a Organização da Volta a Terras de Santa Maria, uma corrida que todos abraçamos, respeitando o esforço das pessoas que dão o melhor de si para a pôr de pé. Como todas as outras Organizações. Sem elas não havia Ciclismo em Portugal. Não era sem equipas... era sem Organizações.

Já o escrevi uma vez e reforço: o exercício da Crítica não tem o mesmo significado do verbo criticar, quase sempre perjurativo porque quem critica fá-lo, na maioria das vezes por despeito, má fé ou ignorância. Ou tudo ao mesmo tempo.

O exercício da Crítica visa chamar a atenção para factos que o crítico acha - e é sempre apenas a sua opinião - que poderiam, ou ter sido evitados ou poderão vir a ser melhorados no futuro.

Não diz mal só por dizer. Aponta o que acha que não está bem e avança com sugestões. Da maneira mais respeitosa, para todos os que, no terreno, dão o melhor de si.

Posto este (grande) intróito, vão perceber que não há nada contra a Organização (antes pelo contrário), mas já estou escaldado por leituras de travez que depois se tornam em contra-críticas que não têm a mínima razão de ser.

Vamos ao tema.

A Volta a Terras de Santa Maria é uma das corrida mais importantes do nosso calendário, em termos que ultrapassam, em muito, a questão meramente desportiva. Insere-se numa zona onde as pessoas vivem o Ciclismo com incrível paixão, onde se multiplicam as equipas, sobretudo de formação, e é uma região que viu nascer inúmeros campeões. Nomes que ganharam o seu lugar na História do Ciclismo português.

Desde há, creio, três anos, resolveu, e bem, a Organização cognomizar a corrida com o nome do eterno Fernando Mendes.

Diz-se, e dou só três exemplos, de Raymond Poulidor, Joop Zoetmelk ou Joaquim Agostinho, que não estão hoje num patamar ainda mais acima na história do Ciclismo mundial porque tiveram o "azar" de serem contemporâneos de outros campeões fantásticos.

O mesmo se aplica a Fernando Mendes. Não se discute hoje se Fernando Mendes foi ou não melhor do que Joaquim Agostinho porque ambos correram no mesmo pelotão. E Agostinho foi superior. É um facto. Mas pensem... Tivessem eles seis ou sete anos de diferença, tivessem corrido em épocas diferentes e quem duvidaria que o homem nascido em Vila Meã não tinha hoje que ter, pelo menos, o mesmo peso nas nossas memórias que o nascido em Brejenjas?

Dois grandes, enormes, nomes do Ciclismo nacional, rivais e amigos, que o povo não esquece.

Mas Joaquim Agostinho tem um Grande Prémio, que é Internacional e já teve grandes nomes do ciclismo mundial nos seus pelotões. Enquanto Fernando Mendes tem uma corrida de dois dias... à qual faltaram duas equipas do nosso pelotão profissional (mas preparem-se que vem aí bronca e da grande... e mais não digo, por agora!).

Só gostaria que o nome de Fernando Mendes (eu, benfiquista confesso - mas sem ser fanático) pudesse ganhar o seu espaço e ter uma corrida mais... Mais importante. Que seria sempre a Volta a Terras de Santa Maria, claro. Com mais dias, com equipas internacionais, com uma cobertura, em termos de jornais nacionais, pelo menos igual à daquela que tem o nome do campeoníssimo Agostinho. Porque Mendes só não tem direito ao superlativo devido a ter sido contemporâneo do corredor das Terras do Oeste que conseguiram montar uma corrida bem mais consentânea com o peso que leva no nome.

41.ª etapa



"DOPING"

Li a impressionante entrevista de um jovem ciclista francês, luso-descendente, ao jornal Midi-Libre, na qual explica porque aos 21 anos desiste da possibilidade de enveredar pela carreira profissional.

Recusou-se a recorrer a métodos, pelo menos dúbios, para "uma recuperação mais rápida" - fala-se em injecções de ferro, mas a mim "cheira-me" a EPO - e foi perdendo importância dentro da equipa. Estagiou com uma outra equipa, por acaso do grupo ProTour, com a promessa de poder a vir fazer parte dos seus quadros e não gostou do que viu... Somando pequenas coisas, aqui e ali, decidiu-se por não ser profissional.

É uma entrevista - para a qual a minha atenção foi chamada por um post no Cyclolusitano - muito importante e seria bom que todos os jovens corredores a lessem.

Agora, o que me chocou foi mesmo a "resposta" de um outro membro do "fórum" daquele site segundo o qual o "rapazinho deve andar bastante confuso", diz ele, aqui à distância e fiquei siderado ao ler... "desde quando a aplicação intravenosa de ferro é doping?", terminando com esta "pérola": O doping existe, mas seringas não implicam doping!

Remeto todos para o site da Agência Mundial Anti-dopagem, no Capítulo MÉTODOS PROÍBIDOS, na alínea M2, diz-se: Aplicações intravenosas são proíbidas, excepto se por comprovado tratamento médico.

Não fala em ferro ou em alumínio...

Eles falam, falam, falam...

NOTA



É verdade, a partir de hoje o VeloLuso vai ser um trabalho a dois.

O convite que fiz à Verm, e felizmente ela aceitou, vai alargar a amplitude das opiniões deste espaço e não a escolhi por acaso. Os seus escritos no "Fórum" do Cyclolusitano sempre revelaram uma extrema coerência, para além, apesar de ser uma pessoa "de fora" do mundo do Ciclismo, de conhecimentos acima da média. E é fundamental que se saiba sobre o que se decide escrever.

É claro que sei - e acho que ela também o percebeu - que os mesmos que me "acusam" de parecer "querer saber tudo e ser o dono da verdade", mais dia menos dia aparecerão a afirmar que ela "não está por dentro da realidade do ciclismo nacional".

Nem uma coisa nem outra são verdade.

Para quem, porque gosta do Ciclismo, se preocupa em manter-se informada e procura aprender, da única maneira que se aprende e como todos aprendemos quase tudo na vida, que é lendo e, sobretudo, ouvindo, procurando mais e mais informação, não é preciso pisar o terreno para ser respeitada como conhecedora.

Achou por bem a Verm resalvar que assume sozinha a responsabilidade pelas suas opiniões. Claro que, se eu não estivese 120% à vontade em relação a isso não a teria convidado. Mas serei sempre solidário com seja qual for a sua opinião ou opiniões.

Este Blog deixou de ser meu.

A partir de hoje é de nós os dois.

O rigor das opiniões da Verm e a frieza, no sentido de objectividade, que ela sempre mostrou será, tenho a certeza, uma mais valia inestimável. E servirá de contraponto a eventuais, mas sempre sustentados, posts mais... acalorados, da minha parte. Porque há coisas que não suporto.

A ignorância endógena, por exemplo.

E a falta de pudor de muitos dos membros da "tribo" do Ciclismo que escrevem ou falam de certas coisas como se os outros não soubesem que eles, ou não sabem o que estão a dizer, ou estão cinicamente a deturpar factos e verdades inquestionáveis.

O VeloLuso veio para ficar e para ser uma "voz" incómoda, talvez, mas honesta. Sem ceder a pressões ou fingir, olhando para o lado, que não sabe que "o Rei Vai Nú".

Bem vinda a este projecto Verm!

Apresentação


Antes de mais, deixem-me aproveitar para agradecer ao Madeira o convite que me endereçou para colaborar neste espaço.

Convém, desde já, esclarecer que não tenho qualquer tipo de relação profissional dentro do ciclismo e que o meu único interesse é a modalidade em si. Espero, contudo, poder contribuir para um debate mais alargado sobre os seus diversos aspectos, nunca esquecendo que este blog é especialmente dirigido à realidade do ciclismo português. Para isso, conto com o vosso feedback.

Quando aceitei este convite, fi-lo porque - no fundo - ainda tenho a esperança de que seja possível debater questões importantes para o desenvolvimento da modalidade e trocar ideias sobre os seus reais problemas e desafios que vão surgindo. Sem constrangimentos, sem compromissos.

Porque os problemas não desaparecem mesmo que não se fale deles. Porque, por muito que se esconda, a realidade não deixa de ser a mesma. Porque não é no isolamento e no silêncio que se vai encontrar o remédio para todos os males.

Para terminar esta minha apresentação, resta-me acrescentar que o Madeira não tem qualquer tipo de responsabilidade sobre o conteúdo das minhas mensagens e que eu espero que vejam as diferenças dos nossos posts como um contributo plural para o mesmo espaço e não como uma "manifestação esquizofrénica".

sábado, março 25, 2006

40.ª etapa



CORRIDAS PRO-TOUR EM PORTUGAL

Num outro sítio português onde se fala de ciclismo, surgiu em discussão a pertinência, ou não, de poder vir a existir uma corrida Pro-Tour em Portugal.

Ressalvo aqui que a ideia do ProTour não acolhe a minha concordância. É, a um outro nível, mais uma ideia para uns quantos ganharem dinheiro sendo que, quem sai prejudicado é o ciclismo em geral, mas passo à frente.

Claro que, já que existe e nos rouba a possibilidade de ver, de outra forma, as grandes equipas e os melhores corredores, uma corrida ProTour no nosso país seria sempre benvinda.

Uma prova de um dia, por exemplo, não custava tanto a montar e reduzia os encargos e o Porto-Lisboa - aproveitando a ideia de um colaborador, no tal site - podia ser uma excelente escolha. Os 350 km ultrapassam o limite de km regulamentados. Mas há muitos caminhos para ligar as duas cidades e se começasse em Espinho e terminasse em Torres Vedras ou Vila Franca de Xira nada nos impedia de chamar-lhe Porto-Lisboa já que ligava as duas grandes áreas metropolitanas nacionais.

Agora, é evidente que os amantes do ciclismo em Portugal iam gostar de ver passar os Boonen, os Bettini, os Boogard, os Petacchi, os Óscar Freire e os seus companheiros de equipa.

Esta questão faz-me recordar a polémica em que, sem eu querer, fui envolvido em 2001 em vésperas dos Mundiais de Lisboa quando um dos colegas que eu mais respeitava resolveu fazer o funeral à prova ainda antes de ela ter ido para a estrada. Ainda hoje estou à espera de que, tal como prometeu na altura, ele se retracte porque Lisboa não teve menos gente que, por exemplo, Zolder, onde eu estive em 2003. E estávamos na Bélgica.

Contestou-se, na altura, a localização dos Mundiais. As imagens televisivas - porque eu estava no Centro de Imprensa - mostraram que, afinal, o circuito não esteve vazio. A maioria eram estrangeiros? Mas não é culpa da FPC que os portugueses - talvez habituados à batida e rebatida "máxima" de que o ciclismo é uma modalidade que vai a casa das pessoas -, não se tenham deslocado a Lisboa. Não vieram porque não quiseram. Em termos físicos (do traçado) foi quase unânimemente reconhecido por esse Mundo fora como os melhores desde há muito. E foram-no, de certeza, em relação aos outros dois que tive a felicidade de cobrir. E em termos de organização não ficou nada atrás.

Mas a outra questão, então levantada, era a de "que benifícios colheria Portugal com a sua realização". Ou que o ciclismo português colheria. Não sei se a medalha de prata de Sérgio Paulinho nos Jogos Olímpicos de Atenas pode ser dissociada disso; como a de bronze conquistada em Zolder, ele que, em Lisboa assinara a melhor classificação de sempre de um português nuns mundiais.

E na altura eu perguntei que reflexos teve no ténis português a realização, no mesmo ano, dos Masters, no Pavilhão Atlântico. Ainda estamos à espera para perceber. Felizmente, no ciclismo há exemplos concretos.

Sem me querer imiscuir em áreas que não são, de todo, as minhas, por aquela ordem de razões não valia a pena trazer a Portugal nomes como Luciano Pavarotti ou José Carreras, ou as grandes bandas musicais que ganharam o seu lugar na história.

Uma prova do ProTour em Portugal não seria nunca para o Clube de Ciclismo de Ferrel conseguir melhores patrocínios no ano seguinte, mas para que o público, embalado pela "febre" de ter visto um grande espectáculo despostivo, neste caso velocipédico, na corrida seguinte voltasse à estrada. E nas outras a seguir. Não é para ver as equipas portuguesas perderem corridas para formações sub-23 holandesas que o povo se deslocará mais que os 50 metros que vão da porta de sua casa à chegada. Isso é que não.

E quem não perceber isto...

Vem a propósito, diz o meu amigo Paulo Sousa que "no Lisboa-Dakar ainda havia 28 equipas portuguesas!..."

Paulo, a sério, achas que as pessoas foram ver passar os portugueses? Achas até que os descobriram no meio dos outros? Claro que não. Pois não?

39.ª etapa



DESCRIMINAÇÃO ?

Num conhecido sítio de "discussão" do ciclismo, em português, que existe na Internet, "apanhei" o meu amigo Paulo Sousa a esgrimir a ausência de público na última Volta ao Algarve.

Eu só estive nas chegadas de Faro (avenida cheia), Praia da Rocha (avenida cheia) e Alto do Malhão (atendendo às condições meteorológicas, assistência espectacular que resistiu ao frio e à chuva torrencial, tal como eu, que como mero espectador, lá estive, na zona frontal ao pódio, fora das barreiras e de lá saí que "nem um pinto", como se diz na minha terra, e a bater o dente).

Havia menos gente do que em 2003 quando esteve presente Lance Armstrong? Talvez. Também nunca vi a subida da Senhora da Penha, em Castelo de Vide tão coalhada de gente como em 1996, quando Miguel Induráin correu a Volta ao Alentejo, mas, já agora, relembro aos que viram e chamo a atenção para os que deixaram escapar, no Cyclingnews, um site que É mesmo um Órgão de Comunicação Social, e como tal reconhecido a nível Mundial, com enviados especiais às principais provas por todo o Globo (na última Vuelta, o enviado especial era um jovem colega argentino, porque é hispânico e o site é australiano) - e onde, no site, o ciclismo é tratado de forma profissional e nem há "forúns" - nesse ano de 2003 publicou uma foto da chegada ao Malhão com uma legenda que me encheu, enquanto português, de orgulho e que dizia: "Não, não é uma etapa do Tour... é a chegada ao Alto do Malhão, no Tour do Algarve, em Portugal" e mostrava a enchente humana que preenchia todos os centímetros vagos na berma da estrada, que é estreita, apesar de as condições atmosféricas terem sido muito equivalentes às deste ano.

Mas voltando ao meu amigo Paulo Sousa, escreve ele: "Quase me atrevo a dizer que vi mais turistas do que nacionais..."

Não eram turistas Paulo. Eram amantes do Ciclismo e, que eu saiba, estes não têm nacionalidade. Os turistas estariam em Faro, ou Tavira onde, pelo que ia ouvindo na Rádio Gilão e no Rádio Clube do Sul, estava sol. E as esplanadas, acredito, cheias.

Os que estavam ali, à chuva e ao frio eram espectadores de ciclismo. Ingleses? Belgas? Alemães? Mas que raio de descriminação Paulo!...

38.ª etapa



VALE (QUASE) TUDO...

Prometi no artigo anterior explicar o porquê da ânsia de muitos em ter, de novo, a Volta com mais dias. Os acordos estabelecidos pela UCI, e com os quais a FPC é solidária (como as outras federações nacionais) limitam os dias de corrida em cada uma das categorias de prova e as excepções vigentes contam-se pelos dedos de uma mão... mais um - voltas à Alemanha, Polónia, Suíça e Romandia e Paris-Nice (todas Pro-Tour) e Volta a Portugal. Todas as outras corridas, exceptuando as Três Grandes, têm cinco dias (havendo, é verdade, casos excepcionais, mas tratados ano a ano).

A Volta a Portugal, na Categoria 2.1 teria 5 dias. Seis, se isso fosse negociado. A Volta a Portugal despromovida a prova nacional, para o quadro .12, não poderia ter mais de 9 dias! Não sei onde se vão buscar os 14 dias reinvidicados. A não ser que se ousasse por na estrada uma corrida fora da alçada da UCI que nunca poderia ser homologada, nem pela Federação Portuguesa de Ciclismo. Está nos regulamentos.

E 14 dias para quê? O argumento de cobrir o País do Algarve a Trás-os Montes é falacioso. É impossível traçar uma Volta que seja digna desse nome sem passar pela Serra da Estrela e pela Senhora da Graça, logo, e como as quilometragens também estão determinadas (vêde os tais regulamentos, que são assim como a Constituição do Ciclismo), dois terços da Volta têm sempre que ser cumpridos a Norte do Rio Tejo.

Então, os três dias a mais - tinha sempre que haver uma jornada de descanso - vinham acrescentar o quê?

Passemos à explicação.

As organizações de provas UCI têm, como uma das obrigações, assegurar às equipas participantes o pagamento dos km que fazem desde o local da sua sede e a localidade onde se inicia a corrida, e o mesmo em relação aos km desde o local do final da mesma corrida e a mesma sede. Têm que suportar o combustível gasto durante a corrida e garantir o alojamento e duas refeições por dia a todos os elementos que compõem a equipa.

Aqui ao lado, em Espanha, nem é preciso lá ir, basta ver os livros oficiais das corridas, em todas as etapas está estipulado o posto de venda de combustível onde TODOS terão que se abastecer. É evidente que a organização formalizou um acordo seja com o revendedor (menos habitual) ou com a marca distribuidora (o que é a regra).

Depois, TODAS as equipas são colocadas em hoteis escolhidos pela organização (dentro do mesmo esquema). Ganham as equipas, para além de eventuais prémios conquistados na estrada, as diárias que também estão regulamentadas, indexadas ao números de corredores em prova que, por sua vez, condicionam o número de acompanhantes.

E o que é que acontece em Portugal? Nos últimos anos apenas uma ou duas equipas cumpriam o regulamentarmente estabelecido (com a excepção do abastecimento de combustível que, nos tempos do JN se cumpria mas agora parece que caiu em desuso), tendo a Associação de Equipas Profissionais (que é como a pescada, anter de o ser já o era!...) a preocupação de negociar no início da temporada a substituição das pernoitas e alimentação por subsídios equivalentes.

E o que acontece depois? Manda a UCI que as organizações proporcionem às equipas o melhor alojamento possível, tendo em conta que em diversas zonas, de todos os países, nem sempre é possível encontrar hotéis de 4 estrelas suficientes para albergarem toda a caravana.

Em Portugal, e com o conluio das organizações - com a excepção da Volta ao Algarve - aceita-se isso e entrega-se às equipas o montante equivalente à estadia nos melhores hotéis da zona onde terminam as etapas. E o que acontece? Acontece que a grande maioria, já que está por conta própria, escolhe unidades de categoria inferior, ou outras com as quais já têm acordos particulares e... guardam o resto do dinheiro. Que não raro é introduzido no orçamento anual como... proventos.

Pode não parecer muito, mas em Agosto, com diárias, nos hotéis a 150 ou 200 euros, vezes 16 elementos, vezes 14 dias dá qualquer coisa como, entre 33.500 e 45 mil euros. Metade da carga salarial anual contratada com o plantel. Se conseguirem dormir e comer por metade daquele dinheiro, só na Volta pagam o salário anual a metade do plantel.

Uma Volta com 28 dias é que era!...

37.ª etapa



CICLISMO PORTUGUÊS - QUE FUTURO.1

Com a formalização da Associação de Equipas Profissionais de repente começa-se a falar de alguns males dos quais enferma o ciclismo português. São muitos, a começar pelo velho fado lusitado que, ao contrário de outros países por essa Europa (e esse Mundo) fora, onde se arregaçam as mangas e se deitam ao trabalho, prefere ficar a ver a "banda passar", justificando os (diversos) atrasos, em diversas áreas com um fatalismo que se entrenhou de tal forma que já parece intriseco no português.

Eu não sou mágico nem mais esperto que ninguém. Consigo, isso sim, debruçar-me sobre um problema, dar-lhe as voltas que for preciso dar e procurar soluções. Posso até nem as encontrar, mas fico de consciência tranquila: tentei. Ao menos tentei.

O que é que falta ao ciclismo português, para além da qualidade? Muita coisa. Comecemos, então, por uma ponta.

Falta público. É verdade.

Sendo uma modalidade que não cobra ingressos, ainda assim o público (que falta em todas as modalidades, inclusivé no futebol) é muito importante. Para quê? Para que as marcas que apostam em patrocinar as equipas possam ser vistas. Não percebo nada de estudos (nem sequer é este o termo certo, mas eu avisei que não percebia nada do assunto), dizia eu, nem sei se os estudos de mercado que as marcas farão para saber se o investimento feito teve ou não retorno, para além da contagem dos segundos em que o seu logótipo aparece nos resumos (ou directos, na Volta) televisivos e do destaque que as corridas têm nas rádios e nos jornais (onde a fotografia é muito importante) estender-se-ão ao público em geral?

Explico: a marca XXXXX preocupar-se-á em, 15 dias depois de a Volta (ou qualquer outra corrida) acabar, mandar alguém aos locais por onde ela passou e fazer duas perguntas ao público anónimo? Primeira: conhece a nossa marca XXXXX? Segunda: Já conhecia antes de a corrida de ciclismo por cá passar? Ficava a saber o peso que o ciclismo tem na promoção da marca. E tirava as devidas ilacções.

As equipas deveriam saber isto e tentar mostrar o melhor possível as cores de quem lhes proporciona e sustenta a existência.

Tudo o que escrevi aqui atrás foi para chegar a um ponto: só há uma maneira de "arrastar" para a estrada, triplicando ou quintuplicando o número de espectadores e isso só acontecerá com a presença de Benfica, Sporting e FC Porto no pelotão. Defendo isto há mais de uma década e vivi o fenómeno da multiplicação dos espectadores quando, em 1999 e em 2000, o Benfica ressurgiu no ciclismo.

Aqui até se dispensava aquele tal inquérito de que falei. As imagens, transmitidas na TV ou que as fotos, nos jornais, mostravam, já seriam, por si, eloquentes.

Mais gente na estrada, mais gente nas partidas e chegadas, significariam um maior número de potenciais "observadores" das marcas. De todas as marcas. Claro que as ostentadas nas camisolas das três equipas dos três grandes clubes tinham sucesso garantido se houvesse um trabalho sério num outro plano: o merchandising. E eu ainda hoje, passados seis anos, vejo inúmeras camisolas, verdadeiras ou réplicas, daquelas que o Benfica usou em 1999 e 2000. Curiosamente... sem publicidade! Uma coisa que me tentaram explicar mas eu nunca entendi.

Não será uma Volta com mais dias - preparem-se que eu já explico esta vontade! - mas com as mesmas chegadas quase desertas que trarão mais dividendos aos patrocinadores. Certo que dez potenciais vencedores, e respectivo destaque, são menos que 14... mas não é por isso que uma franja de responsáveis se bate pelo aumento do número de dias da Volta. Não tem nada a ver com qualquer preocupação em relação ao(s) patrocinador(es)... antes pelo contrário.

Àquela chamada de atenção já volto no próximo tópico. Agora termino com aquilo que poderá ser uma incongruência da minha parte.

O regresso do Sporting, do FC Porto ou do Benfica (seria preferível os três ao mesmo tempo) não vinha acrescentar em nada o sentimento que os portugueses nutrem pelo ciclismo, e aqui reside o busílis da questão, o português não gosta de NENHUMA modalidade. Nem a percebe. Não conhece as regras nem os regulamentos. Está-se mesmo nas tintas para isso. O português tem um clube. Dois clubes, vá lá... o da terra onde vive e o FC Porto, o Benfica ou o Sporting.

E no ciclismo teríamos o mesmo que no futebol. Iam querer que ganhasse um deles, fosse como fosse (os penalties contra nós NUNCA são penalties e qualquer falta dúbia do adversário É PENALTI NÍTIDO) e iam hostilizar os corredores "inimigos". Que é como inimigos que olham os que são apenas... adversários.

Ficamos num impasse. Mas, ainda assim, o incremento do número de espectadores, nas partidas, na estrada e nas chegadas seria, não tenho dúvidas significativo.

E como ninguém acredita que estes três grandes emblemas voltasse ao ciclismo sem terem (todos eles) equipas para ganharem TUDO... a competição também ia ganhar.

Deixava de acontecer aquilo do "eu não tenho nada que perseguir... ELES que até têm orçamento maior, que trabalhem"... E deixávamos de ter pelotões amorfos porque, tal como no futebol, os mais pequenos teriam o seu momento de glória se ganhassem a um dos grandes.

A mim parece-me simples.

quarta-feira, março 22, 2006

36.ª etapa



E SE...

E agora que já temos uma Associação de Equipas Profissionais, se em vez de defenderem correr com as estrangeiras de cá para fora e chamar ao pelotão as sub-23 (repito-me, parece que não se acham capazes de ganhar a mais do que aos miúdos), porque não discutirem, a sério, a possibilidade de criar-se UMA equipa NACIONAL com dinheiro e estruturas para poder candidatar-se ao quadro ProTour?

A Federação e a Secretaria de Estado, ou o Instituto do Desporto de Portugal podiam (e deviam) ajudar.

Com o esforço conjugado de todos, criava-se uma equipa que ia aproveitar os melhores corredores portugueses de cada uma das actuais e fazia aquilo que os portugueses sempre foram bons a fazer... ia lá para fora fazer pela vida!

O que ganhavam as outras equipas?

Para além do reconhecimento do ciclismo português além fronteiras ganhariam atletas mais motivados para fazerem boas corridas se... se ficasse bem definido que a equipa NACIONAL todos os anos se renovaria, sei lá, para aí em um terço do plantel com quem mais se destacasse no calendário doméstico.

Ora, uma equipa ProTour teria sempre, pelo menos 27 corredores, o que quer dizer que, os que ficavam a correr por cá tinham de mostrar serem capazes de ocupar uma das nove vagas para, na temporada seguinte darem o salto. A renovação/substituição dos nove que sairiam seria espaldada com a garantia de que aqueles, se não abandonassem por motivos de idade, teriam colocação garantida nas equipas caseiras.

Um fundo, mas isto já seria matéria para a Associação e Corredores, que se iria acumulando, garantiria um complemento salarial para que, quem estava a ganhar 2 mil ou 2500 euros na equipa ProTour, não passasse, de um ano para o outro, a ganhar apenas os 1000 que as equipas Continentais lhe podem oferecer.

Mas será que a nóvel Associação de Equipas Profissionais de Ciclismo pensou nisto? Será que está disponível para equacionar esta hipótese? E a Associação de Corredores pode dar uma força?

Ou o primeiro objectivo, por parte dos directores e directores-desportivos, vai continuar a ser garantir, antes de mais nada, o seu próprio empregozinho?

O tempo o dirá...

35.ª etapa



E AGORA?...

Agora fico expectante em relação à intervenção desta Associação de Equipas Profissionais.

Quais serão os objectivos principais?

Só "inventar" uma nova Volta a Portugal, num escalão abaixo onde as equipas sub-23 NÃO PODEM participar, e com um número de dias aumentado? Ainda que esse aumento de dias não possa acontecer sem uma negociação prévia com a FPC, primeiro, por causa dos compromissos assumidos, ou melhor aceites, e a FPC está em situação solidária, pela UCI; depois com a Organização - mais dias de corrida são mais despesas e garantias de espectáculo? -, finalmente porque com isso estava-se a "matar" a Volta a Portugal do Futuro...

Mas vamos insistir numa temporada a jogar apenas numa corrida? Será?

Então para que queremos mais corridas???

E só um reparo - estou a referir-me à entrevista que li n'A BOLA - querer afastar as equipas que podiam trazer mais valias à corrida e substituí-las por sub-23 (mesmo que isso, no quadro actual seja imposível) não é diminuír-se a si próprio?...

Se é para conseguir resultados que de outra forma, aparentemente, não acredita que é capaz de conseguir, porque não chamar antes, e em vez das potencialmente "perigosas" sub-23, não peferir equipas de cadetes, ou mesmo juniores para se baterem... e garantidamente perderem, com as "profissionais"?

É ironia minha, claro que é.

34.ª etapa



ASSOCIAÇÃO DE EQUIPAS PROFISSIONAIS

1. Em primeiro lugar, quero deixar expresso, e bem claro, que sou, obviamente, dos primeiros a aplaudir a legalização desta Associação. Sendo as equipas o primeiro motor do Ciclismo, não há justificação para que esta associação não exista há mais tempo. Se são as equipas, ou os seus responsáveis ou representantes, quem vai de porta em porta a pedir apoios (patrocínios), o estranho era não estarem legalmente organizadas para, de forma institucional (tem um lugar - até agora em aberto - na Assembleia Geral da FPC) pugnarem, pelo menos, por aquilo a que julgam terem direito.

Há mais de dez anos que oiço falar desta associação. O que só acontecia ciclicamente e, não deixa de ser curioso, nunca no início da temporada, mas um mês, mês e meio depois, quando começavam a faltar resultados a algumas equipas.

2. Para que serve a Associação de Equipas Profissionais - reforço que acho o nome mal escolhido, é uma associação de equipas profissionais de ciclismo, e não de equipas de ciclismo profissional.

Evidentemente para, em sede própria, que é a AG da FPC, esgrimir por um calendário mais uniforme, porque no resto nada vem acrescentar.

Mesmo sem existir legalmente conseguiu sempre negociar, ainda que de forma... "inteligente", as condições de participação nas provas.

3. Para que pode servir esta associação?

Para pôr os responsáves pelas dez equipas fundadoras a pensar, primeiro, no ciclismo profissional em Portugal... relegando, de uma vez por todas, os comesinhos interesses meramente pessoais para segundo plano.

Ainda falta, para que seja mesmo uma Associação dentro da Lei, que sejam eleitos os Corpos Sociais. Não espero surpresas, só espero que, em vez de palavras para o "povo" ler, apareçam, de verdade, ideias que salvem o ciclismo profissional em Portugal. E podem começar por ler, nem que seja de travez, os regulamentos vigentes.

E há tantas hipóteses para se avançar com um safanão nesta modorra em que se caiu...

Será que esta Associação quer debruçar-se sobre isto?

A ver vamos!...