domingo, março 26, 2006

42.ª etapa



FERNANDO MENDES MERECIA MAIS

Começo com uma ressalva, e que fique bem clara: nada do que a seguir for escrito tem como objectivo atingir a Organização da Volta a Terras de Santa Maria, uma corrida que todos abraçamos, respeitando o esforço das pessoas que dão o melhor de si para a pôr de pé. Como todas as outras Organizações. Sem elas não havia Ciclismo em Portugal. Não era sem equipas... era sem Organizações.

Já o escrevi uma vez e reforço: o exercício da Crítica não tem o mesmo significado do verbo criticar, quase sempre perjurativo porque quem critica fá-lo, na maioria das vezes por despeito, má fé ou ignorância. Ou tudo ao mesmo tempo.

O exercício da Crítica visa chamar a atenção para factos que o crítico acha - e é sempre apenas a sua opinião - que poderiam, ou ter sido evitados ou poderão vir a ser melhorados no futuro.

Não diz mal só por dizer. Aponta o que acha que não está bem e avança com sugestões. Da maneira mais respeitosa, para todos os que, no terreno, dão o melhor de si.

Posto este (grande) intróito, vão perceber que não há nada contra a Organização (antes pelo contrário), mas já estou escaldado por leituras de travez que depois se tornam em contra-críticas que não têm a mínima razão de ser.

Vamos ao tema.

A Volta a Terras de Santa Maria é uma das corrida mais importantes do nosso calendário, em termos que ultrapassam, em muito, a questão meramente desportiva. Insere-se numa zona onde as pessoas vivem o Ciclismo com incrível paixão, onde se multiplicam as equipas, sobretudo de formação, e é uma região que viu nascer inúmeros campeões. Nomes que ganharam o seu lugar na História do Ciclismo português.

Desde há, creio, três anos, resolveu, e bem, a Organização cognomizar a corrida com o nome do eterno Fernando Mendes.

Diz-se, e dou só três exemplos, de Raymond Poulidor, Joop Zoetmelk ou Joaquim Agostinho, que não estão hoje num patamar ainda mais acima na história do Ciclismo mundial porque tiveram o "azar" de serem contemporâneos de outros campeões fantásticos.

O mesmo se aplica a Fernando Mendes. Não se discute hoje se Fernando Mendes foi ou não melhor do que Joaquim Agostinho porque ambos correram no mesmo pelotão. E Agostinho foi superior. É um facto. Mas pensem... Tivessem eles seis ou sete anos de diferença, tivessem corrido em épocas diferentes e quem duvidaria que o homem nascido em Vila Meã não tinha hoje que ter, pelo menos, o mesmo peso nas nossas memórias que o nascido em Brejenjas?

Dois grandes, enormes, nomes do Ciclismo nacional, rivais e amigos, que o povo não esquece.

Mas Joaquim Agostinho tem um Grande Prémio, que é Internacional e já teve grandes nomes do ciclismo mundial nos seus pelotões. Enquanto Fernando Mendes tem uma corrida de dois dias... à qual faltaram duas equipas do nosso pelotão profissional (mas preparem-se que vem aí bronca e da grande... e mais não digo, por agora!).

Só gostaria que o nome de Fernando Mendes (eu, benfiquista confesso - mas sem ser fanático) pudesse ganhar o seu espaço e ter uma corrida mais... Mais importante. Que seria sempre a Volta a Terras de Santa Maria, claro. Com mais dias, com equipas internacionais, com uma cobertura, em termos de jornais nacionais, pelo menos igual à daquela que tem o nome do campeoníssimo Agostinho. Porque Mendes só não tem direito ao superlativo devido a ter sido contemporâneo do corredor das Terras do Oeste que conseguiram montar uma corrida bem mais consentânea com o peso que leva no nome.

Sem comentários: