domingo, fevereiro 28, 2010

ANO V - Etapa 41

NÃO SE ACOMODEM!
NÃO, NÃO E NÃO!...

Está a fazer-me alguma confusão o facto de, depois de divulgado que o pelotão vai ficar parado cerca de um mês, nenhum responsável ainda se tenha pronunciado, e refiro-me aos responsáveis pelas equipas. Aqueles que têm que pagar o ordenado mensal ao plantel mas que... o farão às custas de patrocinadores mal informados. Enganados.

Eu, director-desportivo, depois de, com maior ou menor dificuldade, ter conseguido patrocínios suficientes para por a minha equipa na estrada, não iria dormir uma noite sequer descansado perante o cenário exposto.

Eu, patrocinador, não levaria 24 horas a questionar o director-desportivo, sobre o que me fora prometido, sem querer saber de quem é a responsabilidade de a minha marca ficar 'congelada' um mês...

Depois admiram-se de terem dificuldades em arranjar patrocinadores!...
É para as equipas que sobra o ónus de lutarem para terem mais provas.
De pressionarem quem devem pressionar.

A imagem que fica é demasiado penalizadora.
Apresentam ao patrocinador um calendário com 'x' provas que, no seu todo, dá para prometer 'y' situações de visibilidade da marca que lhes garante os salários e, depois, perante as sucessivas anulações de provas... ficam calados.

Se já têm o orçamento completo, até de borla haveriam de competir, entendendo-se umas com as outras e tentando encontrar soluções.
Para além de eu não entender porque não existe uma frente comum de pressão sobre a FPC.

Atenção... as pessoas, ao contrário do que julgam - ou parecem julgar - não são todas tolinhas.
E sabem os senhores directores-desportivos o que essas pessoas pensam?
Eu digo:

'Só têm uma preocupação, a de garantirem, ano após ano, mais um ano de ordenados. Não para os Corredores - até há quem corra de borla e, diz-se, quem pague para correr - mas para eles próprios. Oh, se não sabemos todos isso!...'

Mas, como em mais lado nenhum os têm no sítio para desmascarar o 'sistema', preocupem-se comigo. Porque é de dentro que o Ciclismo tem que fazer alguma coisa para sobreviver.
E, se quem está 'dentro' só se preocupa entre Outubro e Dezembro, altura em que têm de 'enganar' alguém para entrar com dinheiro... então não prestam.
Não servem o Ciclismo.
Estão a servir-se dele.

Mas, e eu sei que vão esboçar sorrisos mais ou menos idiotas - de quem não consegue perceber que as coisas vão ter que mudar -, atentem numa coisa.
Simples.
Há quem queira mudar o Ciclismo Português.
E nesse processo de mudança não vão caber as 'vacas sagradas'.
A limpeza vai ter que ser de alto a baixo e pode ser que aconteça - apesar do sistema se apresentar como uma monarquia dinástica - que aconteça alguma surpresa.
Que NINGUÉM sonhou sequer poder vir a acontecer...
JÁ!

Segurem os vossos cargos de assessores desportivos em Câmaras Municipais....

sábado, fevereiro 27, 2010

ANO V - Etapa 40

(AUTO-CENSUREI O TÍTULO QUE AQUI TINHA)

Aos sábados, ao fim da manhã, até à hora do almoço, passa na RTP.1 um programa ligeirinho, despretencioso, que tem como objectivo ligar as Comunidades Portuguesas espalhadas pelo Mundo, aproveitando-se ainda o espaço para divulgar candidatos a artistas e, ao mesmo tempo, de forma a equilibrar o conteúdo, se convidam duas ou três individualidades que todos reconhecerão.

Falo do programa do José Alberto Moniz - como é que se chama?... esperem, vou ver no jornal... chama-se 'Portugal sem fronteiras' que, de quando em vez, quando me posso permitir chegar um pouco mais tarde ao Jornal, porque já deixei meio trabalho feito, ainda vejo um bocadinho.
Como aconteceu hoje.

Entre mensagens, através do correio electrónico, que os portugueses que trabalham e vivem por este Mundo fora, uma rubrica que dá direito a conversa em directo, recorrendo-se ao computador e a web-câmaras, momentos musicais e uma ou outra charla com mais ou menos interesse - depende sempre do convidado - acredito que o formato seja giro. Não faz o meu género, mas quatro quintos dos portugueses que, àquela hora, estão a ver a RTP.1 gostarão.

Mas porque é que estou aqui a debitar caracteres sobre um programa de televisão?

Primeira pergunta que uso em minha defesa:
Viram, alguém viu o 'Portugal sem fronteiras' de hoje?

Pequeno almoço reforçado, ou almoço ligeiro, como queiram, toMado... já me preparava para sair quando o apresentador introduz um dos convidados. Sinceramente, não sei se já havia falado antes, não naqueles minutos a que eu assisti. E nem apareceu nas imagens senão eu ficaria à espera de o ouvir. Mas tive a sorte (!!!?) de ainda o apanhar...

Com a bonomia que lhe é reconhecida - mas deixando claro que está totalmente por fora do assunto - o Carlos Alberto Moniz lança uma pergunta. Esta: 'Nos últimos tempos, quer-me parecer que tem havido menos casos de doping no esporto português...'

Opss!, parei o que estava a fazer e fixei-me na pantalha.

Resposta do questionado (mais ou menos, que cito de memória): 'É verdade, nos últimos anos avançou-se muito na luta contra o doping e podemos dizer que, hoje em dia há, realmente muitos menos casos.'

Gelei!

Então... e 'calço os sapatos' do inquirido, o caso PCC? E os três positivos daquela que era considerada a melhor equipa portuguesa que, inclusivé, valeu a perda da Volta a Portugal, ganha na estrada por um dos seus corredores? E os vencedores 'dopados' das voltas a Portugal de Cadetes, juniores e veteranos?

Claro que o entrevistado era um político. E claro que aproveitou para fazer política.

'Portugal tem um dos melhores laboratórios de análises anti-doping do Mundo. Sabe que a instituição que supervisa, a nível mundial, o problema do doping, a AMA, só tem meia dúzia de laboratórios credenciados e que o português é um deles? Mais, sabe que o cordenador-chefe, a nível mundial, desse núcleo de laboratórios é português? Exactamente o director da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP)?...'

Fiquei banzado.

Claro que quem está a ver televisão áquela hora e, principalmente, porque o programa é transmitido em simultâneo pEla RTP Internacional, que está longe do País terá tido a mesmíssima reacção do mal informado Carlos Alberto Moniz:
'É uma óptima notícia sabermos isso.'

Mas é MENTIRA!
E foi o menbro do Governo com juriscição sobre o Desporto quem, sem corar nem se engasgar, o afirmou.

ANO V - Etapa 39

EU TAMBÉM NÃO ESTOU CONVENCIDO!...
(para perceberem o título, leiam, por favor, o comentário adicionado à Etapa anterior)

Vamos lá ver uma coisa, e não estamos aqui a falar de 'fait divers'...

Escrevi na Etapa 38 que não 'engulo' a tese de que um fármaco - o corpo humano não o produz - pode ser resultado da metabolização de qualquer outra coisa.

Não sou médico, muito menos cientista, mas porque acho que é fundamental nesta estória, com todo o ar de estar a ser mal contada, não o deixar passar em claro. Por isso reproduzo o que o meu colega escreveu. E ele não o inventou, de certeza. Teve acesso ao relatório do processo, ou alguém lho leu. Ele soube, e escreveu.

Isto: 'Depois de vários pareceres, sem certezas e esgotados os limites da ciência...'

Esgotados os limites da Ciência!

O que escrevi mereceu um comentário que me remete para aqui...

Estive a ler, aliás li e reli... mas a maldita 'pulga' não salta detrás da minha orelha!

O Senhor Professor Doutor LH debita uma explicação para leigo com o sempre conveniente 'patrocínio' de um site que se pela por crucificar em Praça Pública tudo o que 'cheire' a Corredor pretensamente dopado.

Eu sei que sou chato, mas contra factos - façam lá os exercícios de contorcionismo que quiserem - CONTINUA a não haver argumentos.

Os mesmos, ou o mesmo, que não desiste da estória PCC, não baixa a guarda no(s) caso(s) Cabreira - desculpa lá João, por citar o teu nome - presta-se, depois de ter lido aquilo que escrevi, a uma clara e inequívoca manobra de branqueamento de casos, realmente, concretos.

Lamento imenso pelos miúdos. Não me custa nada acreditar que tenham sido vítimas de terceiros... agora, esta ridícula tentativa de tapar o sol com uma peneira, isso é que...

Não. Não comento!

O caso está em aberto. Leiam todos os comentários, alguns deles bastante elucidativos. Por exemplo, o que demonstra que o produto original - que é avançado como base de sustentação de toda a outra argumentação - já foi punido.
Qual a diferença entre listas de produtos proíbidos... não sei.

E sobra a incómoda constatação...
Dois organismos, que serão, por certo, diferentes, de duas pessoas no mesmo aglomerado-alvo e praticamente coincidido no espaço temporal, reagem exactamente da mesma forma!!!

Que prossiga a discussão... Eu estarei atento.

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

ANO V - Etapa 38

MORFINA... ENDÓGENEA?

Deixo um apelo, quem tiver conhecimentos médico-científicos que nos esclareça...

O que encontrei foi isto, e é claro: FÁRMACO.

E heroínamos endogénicos? Os senhores cientistas também conseguirão demonstrá-lo?

Curiosamente, só desde há uns meses a esta parte ouvimos, pela primeira vez, falar de proteases...
Nem os franceses se lembraram disso para tentar 'entalar' o Lance Armstrong, e 'apanhá-lo' ainda faz parte dos seus piores pesadelos (por não conseguirem).

Mas nós, habituados, durante séculos, a mostrar novos mundos ao Mundo, uma vez mais fomos pioneiros.
Fomos?

'Só' falta prová-lo....
Ainda falta

ANO V - Etapa 37

A NOTÍCIA DO DIA DE ONTEM SOBRE CICLISMO

«Pelotão nacional um mês sem corridas»
A primeira corrida da Taça de Portugal para elites e sub-23 [nota minha: adjudicada à School Events], marcada para esta domingo, foi cancelada, existindo o risco de a Volta a Albufeira [ACA], a 13 e 14 de Março, também não se realizar ou ter apenas um dia, o que significará só regressar a competição a 21 de Março, com a Clássica da Primavera [ACP], e as provas por etapas apenas voltarem em Maio, com o Grande Prémio Norte de Portugal [ACP], dias 1 e 2, e o Grande Prémio PAD de (13 a 16). Depois da Volta ao Algarve, é a verdadeira crise a vir ao de cima.
(in 'O Jogo')

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

ANO V - Etapa 36

HUMMMMMMMM!...

O que é que virá aí?
Sim, como bom Alentejano que sou, sou desconfiado e quando desconfio sou como o sr. Silva: 'poucas vezes tenho dúvidas e raramente me engano'.
.

Aprendi o seu significado ainda menino e moço quando devorava tudo o que era livros dos quadradinhos, fosse o tema o velho west americano, ou as gloriosas façanhas das tropas aliadas, aquando da II Guerra Mundial. E a coisa funcionava quase sempre...

Quando necessário, criavam-se 'manobras de diversão' - não no sentido de divertir, como todos sabem, mas de... desviar as atenções, enganar, levar a outra parte a concentrar-se num determinado objectivo, falacioso. A ideia era, e continua a ser, a de fazer passar despercebido, pelo menos o início, do verdadeiro objectivo. Porque depois será impossível camuflá-lo.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

ANO V - Etapa 35

'SEMANA ALGARVIA'

Terminou mais uma edição da Volta ao Algarve - sou apologista dos cognomes, daí o título desta etapa... para além de, pelo menos é o que acontece comigo, tratá-las como se trata um amigo íntimo - que, e outra coisa não seria de esperar, teve significativa cobertura, pelo menos por parte dos Jornais Desportivos, os que leio (e compro) todos os dias, àparte um reparo que, espero eu, compreendam, ou tenho compreendido o porque o fiz.

A prova teve, este ano, honras de cobertura - pese embora em resumos gravados - por parte da EuroSport, ainda que no seu segundo canal. Emitido em sinal fechado, por cabo, e que não faz parte da maioria dos 'pacotes'.

Oportuno e muito pertinente, foi o artigo assinado hoje pelo Fernando Emílio em A BOLA. As televisões portuguesas se não a ignoraram, não perceberam a importância da prova. E percebo, oh, como percebo, o desabafo, ainda que muito 'soft' do Rogério Teixeira, a quem todos reconhecem o 'low-profile' das suas intervenções. E devem perceber porquê...

Sobre a prova, da qual só vi um resumo, exactamente na sexta-feira, e que depois segui pelos jornais, não vou adiantar mais comentários, sobrepondo-os aos dos meus colegas que a cobriram no local.

Venceu, outra vez, o Alberto Contador. É bom para a consolidação do prestígio da Corrida. Li também que que cerca de 40% dos jornalistas acreditados para a cobertura da Semana Algarvia eram estrangeiros. É obra...

Fiz oito Voltas a Espanha e tenho a certeza de que a percentagem de jornalistas não espanhóis nem sequer se aproximou deste número. Em relação às Corridas portuguesas nem vale a pena falar. Nem quando o Miguel Induráin esteve na Alentejana, nem quando Lance Armstrong este na Semana Algarvia a percentagem atingiu este número.

Está, pois, de parabéns a Associação de Ciclismo do Algarve.

Li hoje - e foi novidade para mim - que a 'sala de imprensa' foi instalada num autocarro. Não sei de que terá sido a ideia mas não é, de certeza, a melhor. Espero que tenham chegado a essa conclusão.

Tirando o Centro Cultural de Lagos, mais por causa das dificuldades em termos de recepção de rede de telemóvel, quase todos os locais por onde passei ao longo das muitas Algarvias que cobri nos ofereciam o necessário para fazer o nosso trabalho.

Já lá atrás relembrei um apontamento que aqui antes, numa Etapa anterior, deixei ficar - e que pode ser tomado como crítica às opções editoriais dos Jornais, porque não foi só um a fazê-lo.

Vou terminar da mesma forma, e deixo a mesmíssima ressalva: não leiam mais do que aqui vai ficar escrito!

A Corrida teve CINCO dias...
O pelotão português, tão carenciado ele está de apoio, tem CINCO equipas...

Eu teria encontrado, assente fosse no que fosse, maneira de, em cada um dos dias, ter dado algum destaque a cada uma delas...

A Volta ao Algarve é Grande.
Traz, desde há anos, até nós as melhores equipas e alguns dos maiores nomes do Ciclismo Mundial... mas é uma corrida Portuguesa.
As equipas portuguesas não têm argumentos para se fazerem notar na estrada? Então, quem quiser, de facto, mostrar que está cá para AJUDAR O CICLISMO PORTUGUÊS, haveria de ter encontrado uma forma de falar delas...

É o único reparo que deixo.

sábado, fevereiro 20, 2010

ANO V - Etapa 34

VOLTA AO ALGARVE NA TV

Primeira emoção: não vou ao exagero de dizer que me vieram lágrimas aos olhos - não seria verdade - mas que me tocou fundo... tocou. Desde há semanas que nos foi dito que a Volta ao Algarve teria resumos na EuroSport.2. Cheguei a ler que eram três, mas só hoje pude chegar a casa a tempo de ver com os meus próprios olhos.

Para saber a que horas passava, tive de usar a internet. Os jornais desportivos, e só o Record 'dá' a programação da EuroSport.2, trazia um horário enganador.

Foram cerca de 15 minutos, a partir das 23.45 horas.
Infelizmente, e confesso que não sei como a estrutura portuguesa do canal funciona, os comentários foram em inglês. Mesmo quando Contador falava em castelhano, ou o Tiago Machado e português, a narração em inglês abafava as suas declarações.

Quantos portugueses, à alta de informação concreta, viram o resumo de hoje, ou os dois anteriores? Não sei. Quantos terão usufruído apenas das imagens, porque não entendem a língua em que os comentários são feitos?... Calculem vocês!...

Há uma falha? Provavelmente. Os homens da EuroSport Portugal, uma vez que o resumo é emitido a esta hora, bem que poderiam fazer o 'sacrifício' de perder uma hora - eu sei que um resumo de 15 minutos pode levar uma hora a preparar - logo a seguir ao jantar, para narrarem na nossa língua aquilo que é posto no ar.

Se o fazem em relação a Corridas com as quais nada temos a ver... Mas, como sublinhei, não sei como funciona a coisa.... provavelmente não têm acesso ao resumo antes de este ir para o ar. Sobrava a tradução em cima... não é uma crítica. É uma constatação.

E o mais importante é que por toda a Europa - e sei que o canal é anglófono, e não tenho a mínima ideia se, nos diversos países onde é emitido, merece honras de tradução - a Volta ao Algarve está a aparecer. Com bonitas imagens da Região, com corredores - estrangeiros - a dizer bem da prova e é isso o que interessa.

Ficamos a dever mais esta à Associação de Ciclismo do Algarve.

Em relação à cobertura - e refiro-me aos três jornais 'desportivos' - que está a ser feita por cá... falarei mais tarde. Mas deixo já uma achega...

É a mais importante prova que se realiza no nosso País. É a que tem os nomes internacionais mais sonantes... Mas também estão a participar CINCO equipas portuguesas...
Alguém que lhes dê voz...

O Ciclismo português está a precisar de todo o apoio e, desde que não fosse para 'choramingar' que o ordenado de um Contador é maior que o orçamento total do Tavira, ou que 'eles já trazem alguns quilómetros nas pernas e nós estamos a começar', desculpa que eu me habituei a ouvir... Em vez da história - de quase uma página - , com nome de mulher e filhas, já nem sei se do cãozinho também, de um Atleta que me merece todo o respeito mas que não me diz nada de nada... porque não dar esse espaço a um Director Desportivo de uma equipa nacional? Porque se corre o risco de ter que se escrever críticas à Federação Portuguesa de Ciclismo? Só por isso?
Ou por isso?

Vocês sabem do que eu estou a falar.
[Obrigado Octávio Machado]

terça-feira, fevereiro 16, 2010

ANO V - Etapa 33

A SEMANA ALGARVIA

Arranca amanhã mais uma edição da Volta ao Algarve que, tal como acontecia antes das directivas da UCI reduzirem as provas internacionais a cinco dias - a única excepção era a Volta a Portugal, e isso temos que o agradecer ao dr. Moreira Lopes (eu não estou aqui só para 'dizer mal') -, tinha uma semana de duração daí ter sido cognomizada de Semana Algarvia.

Hoje, rectificando... de há quase uma década para cá, a mais importante, pelos nomes que atrai ano após ano, Corrida realizada em território português.

Ainda é cedo para pensar em escrever as minhas memórias, mas tenho muitas estórias para contar. Nomeadamente em relação à Volta ao Algarve. Creio que a primeira que cobri ainda era presidente da Associação de Ciclismo do Algarve o malogrado Zeca Teixeira...

Homem amante da modalidade a quem o Ciclismo algarvio muito ficou a dever mas que, à boa maneira portuguesa herdou um modelo de corrida e o único objectivo era o de manter viva a Corrida. Não andava, nem para a frente, nem para trás... Cumpria-se.

Como se cumpriam as voltas ao Alentejo, a Alentejana, ou ao Minho. O Grande Prémio Abimota ou o Troféu Joaquim Agostinho tendo sido esta - é sempre bom recordar, para não dizer revelar às novas gerações - a primeira Corrida portuguesa inserida no Calendário Europeu, numa altura e que este ainda se dividia entre dois: profissional e amador.

Foi a equipa de Francisco Manuel Fernandes a primeira a trazer, de facto, nomes sonantes do Ciclismo europeu a Portugal, campeões de outros países. Os 'amadores' das antigas URSS e RDA.
Mas esta é outra história.

A FASE MEGALÓMANA DA PAD

Depois de ter sido criada em 1998 para concorrer com a então 'senhora' das principais Corridas, a SportNotícias 'braço para a organização de provas' do, também então, maior jornal português, o JN, a PAD, que só em 2001 ficou com a Volta dada a cláusula de preferência que a SportNotícias accionou para ainda organizar a Volta de 2000, a nova empresa - e na altura eu, entre vários outros jornalistas de Ciclismo, alertei para o erro que estavam a cometer - decidiu pegar em tudo o que mexesse. E tomou conta da Volta ao Alentejo, da Volta ao Minho... e da Volta ao Algarve. Que, ironia das ironias, foi a primeira que deixou cair.

Creio que isto coincide, mais ou menos, com a chegada do meu caríssimo amigo Rogério Teixeira à presidência da ACA. Mês e meio, dois meses antes de a corrida ter de ir para a estrada, não só não estava nada delineado como a PAD anunciava o seu desinteresse pela prova.

Atenção, esta PAD de que falo ainda não era a de João Lagos e Joaquim Gomes!

Mas nessa altura já a Semana Algarvia dava a todos nós, que vivíamos o Ciclismo por dentro, a certeza de que era a corrida portuguesa com maiores potencialidades em termos internacionais.


O 'finca-pé' de que a Volta a Portugal TEM que ser em Agosto por causa da visita à nossa terra dos nossos emigrantes - ainda há quem não tenha percebido que os anos 60 do século passado já levam mais 50 em cima -, nem com a passagem da Vuelta, em 1994, de Abril para Setembro, convenceu, e creio que ainda hoje não perceberam, que a Volta, para se regenerar, precisa encontrar outra data.

Claro que não em Fevereiro.

Mas a Volta ao Algarve, mesmo com a Volta à Andaluzia, aqui ao lado, em Espanha, essa tinha que agarrar esta data.

E sabem quem a salvou?
O homem que aguentou a 'velha' PAD até ao fim.
Esta Volta ao Algarve existe porque Francisco Nunes, já fora da PAD e quando a empresa deixou cair a Corrida foi, graciosamente, dar uma mão à ACA, do Rogério Teixeira.
Eu estava lá.

Eu estiquei cabos telefónicos e extensões eléctricas, montei cavaletes e pus-lhe tampos em cima para servirem de secretárias para os colegas jornalistas trabalharem.

Eu chegava ao local da sala de imprensa e dava com... nada. Ligava ao Rogério, ele ligava aos responsáveis locais e, muitas vezes, só em cima da hora as coisas eram montadas. Acredito que muitos dos colegas que acompanharam essa volta nem se tenham apercebido, mas o Rogério sabe que foi assim.

A SORTE HÁ QUE SABER MERECE-LA
(E TRABALHAR MUITO POR ELA!...)

Ultrapassada essa edição crítica - foi, não foi Rogério? - a Volta ao Algarve, quase sem precisar de grandes manobras de bastidores (embora haja quem sempre vá defender que teve papel preponderante) cresceu.

Porquê? Porque às primeiras equipas de plano médio que cá vieram - e estou a ser... brincalhão, porque a ONCE de Alex Zülle ou a Telekom de Andreas Klöden eram das maiores do pelotão internacional - lhes agradou a corrida.

Etapas para rolar, montanha de média dificuldade, um crono sempre bem desenhado, tudo isto sob o 'chapéu de chuva' de um clima ameno, pese embora tenha havido históricos dias de invernia monumental, nomeadamente nas chegadas ao alto da Fóia e, posteriormente, ao alto do Malhão. Mas o Algarve sempre ofereceu, por exemplo, condições de alojamento para as equipas muito acima da média. Mesmo, ou neste caso específico, até, às oferecidas pela Andaluzia. Tudo isto junto compunha um bouquet perfeito.

Os responsáveis pelas equipas que cá vinham falavam com outros e, de repente, fosse isso possível e a Volta ao Algarve teria albergado todo o pelotão do então ProTour.

A vinda de Lance Armstrong, quando se preparava para atacar o hexa no Tour de França, isso então ditou o destino da prova.

A prova que a PAD deixou cair.
A única que, hoje em dia, lhe daria dinheiro.
São as voltas que a vida dá.

CÂNDIDO x SEIS

Como referi lá mais para trás, há muitas estórias para contar sobre as Voltas ao Algarve que eu cobri, sendo que, naturalmente, nos convívios de fim-de-dia com colegas mais antigos ouvi outras tantas histórias que às minhas posso acrescentar.

Tristes, umas... como a que nos roubou antes de tempo o eterno Joaquim Agostinho, ou, alguns anos mais tarde - pese embora tenha sido numa etapa que passava pelo Baixo Alentejo, foi numa Volta ao Algarve - a morte, após ataque em sprint a uma meta voante em Castro Verde, de José Zeferino, irmão de Manuel Zeferino.
Não vou por aí...

Batem-se os meus conterrâneos alentejanos - e isto não é para os contrariar - que a Volta ao Alentejo é a única Corrida no Mundo que tem por vencedores o mesmo número de edições da prova. Oficialmente assim é, mas quem tiver coragem para o assumir, como eu o faço, que dê a mão à palmatória.

O Hector Guerra venceu duas.
A primeira, ao serviço da espanhola Relax foi-lhe sonegada após cenas verdadeiramente indescritíveis de ofensas verbais e 'chega-pra-lá' ao nível físico de que, ainda hoje me envergonho.
A segunda venceu-a ao serviço da Liberty Seguros...
Esta valeu!

Agora, muito sinceramente, não sei se já houve alguma Corrida de seis etapas ganha por um Corredor que as venceu... todas.
Há!
A Volta ao Algarve!

Foi em 1997 quando o então menino - tinha 21 anos mais dois meses - Cândido Barbosa fez o pleno. E o pleno é mesmo pleno.

Ganhou as seis etapas sendo que uma delas foi um contra-relógio e outra terminou no alto da Fóia.
Representava a Maia-CIN.
Nesse mesmo ano transferiu-se para a Banesto, já não do Miguel Induraín, mas do Abraham Olano.

Acho que li que o Cândido não vai participar este ano. Provavelmente já não participará em mais nenhuma...
Não se esqueçam de o homenagear.

E termino com aquilo que faltava à nossa Volta ao Algarve...
Depois de meias dúzia de oportunistas (alguns introduzidos por... 'amigos') que gravavam as etapas e depois as vendiam à RTP ou SIC que as passavam sempre fora d'horas - ok ok, eu sei que houve alturas que passavam no telejornal da noite - eis que, finalmente, a Volta ao Algarve tem, este ano, direito a cobertura por parte da EuroSport ainda que no Canal 2 - no primeiro 'mandam' os Jogos Olímpicos de Inverno - ao qual, também sei, nem todos têm acesso...

Eu tenho... em casa. Por isso só no fim de semana vou ver.
Mas com a EuroSport agregada, já nada parará esta Semana Algarvia.

Um abraço apertado ao Rogério e ao Bernardino (e a todos os outros obreiros desta Corrida que é o nosso orgulho), bom trabalho a todos os companheiros que aí estão de serviço e...
... que saudades eu tenho de estar estar aí!

ANO V - Etapa 32

JÁ COMEÇOU...

Arrancou no passado domingo a temporada de 2010 com a habitual Prova de Abertura, há muito assumida pela Associação de Ciclismo do Algarve, mas este ano com uma ligeira nuance... em vez de haver duas corridas, para as elites e para os sub-23, a prova foi conjunta.

Por jovens de 18 anos a correr ao lado de veteranos de 38? Só mesmo em Portugal.
Mas estes 20 anos diluem-se facilmente nas ganas dos mais novos e na, inevitável, falta de pernas dos mais velhos.
E eis que PORTUGAL, habituado, historicamente, a dar 'novos mundos ao Mundo' inventou mais umam barbaridade.

Claro, porque é no meio que está a virtude.



Ganhou o Filipe Cardoso - que escapou à débacle da Liberty e que, mesmo enganado em relação ao que lhe foi prometido, e depois concedido pela equipa de Paredes - soube ser profissional num pelotão onde, oficialmente, este ano NÃO há profissionais.

E aqui, meus amigos, fica à mostra o porquê de a maioria daqueles que, nos bastidores, nada fizeram para esconder a sua - parecia que era verdadeira - oposição à política emanada da Rua de Campolide terem vindo a manter um ensurdecedor silêncio.

Já lá vou...

Por agora, parabéns ao ao Filipe Cardoso e à LA-Paredes (equipa sustentada pela autarquia mas que, por manifesta demonstração de solidariedade de causa, deixa que a Rota dos Móveis, que roeu a corda, se mantenha no nome da equipa; pode ser que assim... volte!)

E é assim que vai o Ciclismo português neste ano de 2010!

Facto: temos apenas cinco equipas AMADORAS, apenas 58 trabalhadores na estrada.

Diz, aqui, o Vidal Fitas que o Ciclismo Profissiomal português está em risco.
Estamos de acordo, só que os argumentos que ele agora aparece a esgrimir são exactamente os mesmo que eu, em primeira mão, lancei, logo após o Mundial de 2001, em Lisboa.
Não deixa, por isso, o Vidal de ter razão...

2010 não vai ser, como alguns já escreveram, o ano de não retorno do Ciclismo luso.
Vai, e aí estamos todos de acordo, ser o mais pobre das duas últimas décadas.

Permitir que a Volta a Portugal caísse de categoria foi um erro estratégico e explico porquê.

Neste momento, tal como aconteceu há um ano atrás, NÃO HÁ GARANTIAS NENHUMAS de que a PAD consiga montar a prova. A solução será, mais do que garantidamente, a mesma do ano passado, vai ser a Federação Portuguesa de Ciclismo a... chegar-se à frente.

Mas, se a Volta é a mais importante corrida do nosso calendário... porquê baixá-la de categoria?
E custa-me ler o que li em declarações á Agência Lusa, que, cito .... "a presença da Selecção Nacional de sub-23 será uma mais valia..."

Haverá, estou em crer, um contrato já anteriormente rubricado com a RTP que garante a transmissão da Corrida mas, todos nós sabemos o 'forróbodó' que se vive nas empresas do Estado, de qualquer forma, convinha não esticar a corda....

E quando acabar o contrato da PAD (morde aqui a ver se eu deixo) com a RTP?
Que outro canal vai pegar numa corrida onde, e volto a reportar-me à tal notícia da Agência Lusa, a mais valia é a presença da.... Selecção Nacional de Sub-23?

Eu sei que ainda é cedo para escrever isto, mas nunca ninguém conseguiu sobressair dos demais quando não foi capaz de ver mais à frente....
Não faço juízo de valores, não aponto ninguém.
Mas permito-me usar um dos mais usados 'clichés'...
DEPOIS DE MIM... O ABISMO.

Abram os olhos. Sejam honestos - quem tem de reportar notícias - e não vão em qualquer 'canto de sereias'....



Para terminar, por agora...
Quem vai ser o primeiro a ter a coragem suficiente para, preto no branco, sublinhar que as DUAS ÚNICAS PROVAS previstas no calendário nacional para "a jóia" da coroa deste executivo da FPC - que é o Velódromo de Sangalhos - serem duas corridas de Masters....

sábado, fevereiro 13, 2010

ANO V - Etapa 31

MAIS RÁPIDO, MAIS ALTO, MAIS FORTE...
CADA VEZ MAIS... INSENSATO!

A notícia, a triste notícia é de ontem, mas só agora encontrei alguns minutos disponíveis para aqui vir. Não tem, esta notícia, a ver com o Ciclismo mas, no fundo, tem tudo. Em relação a todas as modalidades desportivas.

Citius, Altius, Fortius é o lema dos Jogos Olímpicos da Era Moderna.

Mesmo que subentendido lá está o apelo à superação do atleta, pese embora o barão Pierre de Coubertain tenha instituído um sub-lema, bem mais prosaico: O importante não é vencer, é participar.
Pois!...

Embora nos últimos anos a tendência tenha vindo a ser a de alguma contenção, mesmo de algumas restrições, a verdade é que, antes disso, se abusou. Em quase todos os sentidos.

Carros de Fórmula 1 mais potentes e rápidos, a introdução de subidas impossíveis, como o Anglirú (um exemplo, no Ciclismo), ou de esticar etapas até perto dos 300 quilómetros - aqui emendou-se a mão -, ou conceber, e chegamos à notícia em causa, a pista de slide mais rápida de sempre.

O motivo é sempre o mesmo: acrescentar luzes ao circo, de forma a atrair, primeiro, mais patrocinadores, depois mais público. Aos primeiros explica-se-lhes que quanto mais duro for, quanto mais o atleta sofrer e esse sofrimento for mostrado urbi et orbi pela televisão, mais adeptos (!) vão querer ver. E é (tristemente) verdade.

Os atletas, os que têm que ir além daquilo que um ser humano é capaz de suportar para puderem cumprir as exigências impostas, esses nunca foram tidos nem achados. Embora tenham sempre sido eles a arriscar tudo, até a vida, porque o show must go on.

O georgiano Nodar Kumaritashvili morreu esta sexta-feira durante um treino, nos Jogos Olímpicos de Inverno que estão a decorrer em Vancouver.

Nodar Kumaritashvili, de 21 anos, perdeu o controle do seu trenó quando ia a cerca de 145 quilómetros por hora e acabou por embater num poste.
A pista de Whistler é considerada a mais rápida do mundo.

A equipa de assistência médica ainda fez as habituais técnicas de reanimação e o atleta foi transportado para um centro médico, mas não o conseguiram salvar.

Isto aconteceu poucas horas depois de a organização se ter vangloriado por ter 'apanhado' e, logicamente, excluído da competição, mais de três dezenas de dopados...

Clap, clap, clap!....
(a onomatopeia quer que percebam as palmas, de ironia e muita tristeza).

Para voar a 145 km/hora em cima de uma 'bandeja' na gloriosamente apresentada como a pista mais rápida do mundo não exigirá, para além de alguma pontinha de loucura, o condenado recurso a algo que alhei-e o desportista dos riscos que corre? Que, muito provavelmente, é proibido?

Pensa-se nisso quando se traçam etapas de 300 quilómetros, se inventam subidas de 27% de inclinação, carros que rolam a 380 à hora?
Não. Estou certo que não.

A opção é, depois, assim a modos que 'emboscados', armarem em caçadores de 'batoteiros'...

Várias dezenas de outros atletas fizeram aquela mesma pista. Kumaritashvili 'teve azar'...
Que descanse em paz!

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

ANO V - Etapa 30

DEFINITIVAMENTE...
NÃO HÁ 'BRANCOS' NEM 'PRETOS'!
SOMOS TODOS AZUIS.
UNS AZUIS CLAROS E OUTROS AZUIS... ESCUROS.


A foto que é referida num dos comentários à etapa 28 é... esta.



Nada contra o Nuno Ribeiro!

Sempre estive e sempre estarei do lado do elo mais fraco nesta corrente que é o Ciclismo e esse, que ninguém duvide, 'facilitando' ou não, é SEMPRE O CORREDOR.

O Nuno Ribeiro deve estar a cumprir castigo federativo, digo eu, que notícias disso não as houve, mas aparece numa cerimónia Oficial de apresentação de uma equipa (que não chamada aqui para o caso, que fique bem claro).

'Castigado', por exemplo, mesmo que na altura ainda nada tivesse sido oficialmente confirmado (e depois o 'castigo' foi coberto pela aberrante suspensão preventiva de que foi alvo), foi o Pedro Cardoso que, convidado para participar, como forma de DIVULGAÇÃO da modalidade, numa prova de BTT, nos Açores, foi impedido pela FPC de o fazer.

'Castigado' foi o Manel Zeferino, desclassificado em, pelo menos, uma prova de BTT em que participava por simples prazer de praticar Ciclismo.

'Castigado' voltou a ser o Pedro Cardoso quando foi, outra vez, impedido de se apresentar, como convidado na ultima edição da Clássica de Amarante, em representação da família do nosso Sempre Presente Bruno Neves, em resposta ao convite da organização...

Por quem? Pela pessoa que na foto está mais à direita, à esquerda do Nuno Ribeiro.
O vice-presidente da FPC, Delmino Pereira. Não terá sido decisão tomada por si... mas pela direcção da federação, acredito.

Conheço o Delmino desde que cheguei ao Ciclismo. Homem simples, Corredor abnegado, carregador de piano, Homem-de-equipa, solidário...
Sempre o estimei e continuo a ter em elevada consideração.
E adivinho o seu incómodo, porque quero acreditar que se tenha sentido incomodado.

Foi mandado estar presente numa cerimónia Oficial e como cumpridor de ordens, como sempre foi... lá teve que 'engolir o sapo'.
E na foto está mesmo com ar disso... de quem teve que o engolir e não foi fácil o 'bicho' ir para baixo.

Que pena Delmino...

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

ANO V - Etapa 29

OBRIGADO RUI!... OBRIGADO MANUEL!...
... OBRIGADO ASS. CICLISMO ALGARVE!

Depois de Manuel Cardoso já ter ganho uma das corridas do Challenge de Maiorca, hoje [ontem] foi a vez do Rui Costa se impôr a todos os demais.

Corredores portugueses a ganhar corridas nas quais estão as principais equipas do Grande Pelotão mundial e a maior parte das suas figuras.

Não são de mais todos os elogios que lhes façamos.

Perante o panorama cada vez mais cinzento do Ciclismo indígena, valha-nos a qualidade destes jovens que, recém chegados à alta roda - o Rui leva um ano de avanço sobre o Manel, mas está numa equipa muito mais difícil -, já estão a dar nas vistas.

A pequenez, em termos de visão de qual seria a ÚNICA saída para o Ciclismo português e, conscientemente, 'embrulho' toda a estrutura do Ciclismo nacional nesta falha (ou negligência), no que se refere a um PROJECTO que colocasse Portugal no Grande Pelotão mundial é imperdoável.

E reivindico a originalidade da ideia que lancei há dez anos!!!
Podem, à vontade, comprová-lo.

Em termos públicos, num artigo de Opinião que então escrevi no meu jornal - e que (não é a primeira vez que a isto me refiro) mereceu, por parte do presidente da FPC, um telefonema particular a dar-me conta de que a ideia poderia ser exequível...
Mas era ele quem poderia fazer alguma coisa, não eu!

A grande opção seria a de criar uma equipa que englobasse os melhores Corredores portugueses e inscrevê-la no então recém criado ProTour. Centralizar nela todos os apoios possíveis e reduzir o nosso pelotão à escala a que ele, de facto está, de equipas amadoras, que fariam as nossas corridinhas - com todo o respeito por quem, com muito esforço, eu sei-o, se 'mata' para conseguir pôr de pé - criando um mecanismo (acreditem que não era difícil, e se quiserem eu elaboro o dossier) em que as equipas formadoras desses Corredores seriam compensadas pela cedência desses mesmos corredores à EQUIPA NACIONAL.

Assim, o Sérgio Paulinho, o Tiago Machado, o Rui Costa, o Manuel Cardoso, o Rúben Oliveira... o José Azevedo, o Francisco Carvalho, poderiam estar a contabilizar triunfos para o Ciclismo Português.
Estão-no, para Portugal, e daí este meu OBRIGADO.
Mas o Ciclismo português não existe internacionalmente!

Por falar em VITÓRIAS para Portugal, em termos de Ciclismo, é evidente...

É impagável (à falta, porque me falta) melhor expressão, o que a ASSOCIAÇÃO DE CICLISMO DO ALGARVE, dos meus caros Rogério Teixeira e Bernardino Caliço - e não só... e não só... - tem vindo, desde há meia dúzia de anos, a fazer.

O seu contributo, provavelmente, e àparte destas vitórias individuais de Corredores lusos, mas ao serviço de equipas estrangeiras, dizia... é o único que mantém PORTUGAL mo mapa do Ciclismo Mundial.

Bem hajam!...

terça-feira, fevereiro 09, 2010

ANO V - Etapa 28

DIVAGAÇÕES

(Antes de mais, os meus pedidos de desculpa aos leitores habituais do VeloLuso. Anunciei que estava de volta, pareceu que estava de volta mas... depois eclipsei-me outra vez. Os motivos são de foro muito pessoal... A falhar, obviamente, falho aqui. Acho que todos me compreenderão...)
....

1. Continuo - agora já tenho mais - a juntar os recortes que gostaria de aqui comentar...

2. Falhei o agradecimento pelos convites que CC Loulé-Louletano-AquaShow, Paredes-Rota dos Móveis e Palmeiras Resort-Prio-Tavira simpaticamente me enviaram para estar presente na apresentação das respectivas equipas. Não me vai ser possível estar presente, mas tenho que agradecer o não se terem esquecido.

3. É com agrado que fico a saber que a Liberty Seguros, afinal - pese embora ao nível dos escalões de formação, em Santa Maria da Feira, terra de Ciclismo e de grandes Corredores - volta a emprestar as suas cores às camisolas de um clube. É evidente que o principal motivo é dar visibilidade à marca, que quer conquistar nichos de mercado, mas o Ciclismo fica-lhe em dívida.
...

Agora, o motivo que realmente me levou a roubar algum tempo extra de descanso, de que tanto ando a precisar, para aqui ter vindo escrever mais uma Etapa...

Leio na edição de ontem de o Record, esta pequena 'breve', na página 39, e transcrevo-a na integra:

CICLISMO
Federação promove debate dobre 'doping'
A Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) vai promover um congresso internacional para debater o 'doping', que deve decorrer durante a Volta a Portugal em Agosto. O evento está inserido no acordo de patrocínio entre a FPC e a Liberty Seguros, que prevê ainda um conjunto de debates públicos nacionais sobre a luta contra o 'doping'.

Comentário...

(Duas notas prévias: a 'cabeça' CICLISMO para mim é perfeitamente clara, a intenção é discutir o flagelo do 'doping' NESTA modalidade; o facto de a acção estar inserida no acordo de patrocínio com a Liberty Seguros não é uma justificação, é uma... obrigação.)

E vou voltar a bater na velhinha tecla. Porquê confinar o flagelo do 'doping' no DESPORTO (e não só, e não só... recuem umas etapas e tentem descodificar o que eu PUDE dizer em relação a uma notícia comum) ao Ciclismo?
Há 19 anos que acompanho a modalidade e continuo a ser surpreendido por esta política autofágica para a qual não encontro explicação.

Também não advogo o 'enterrar a cabeça na areia' e fingir que nada se passa, mas...

Se há quem PAGUE o anunciado Congresso Internacional, mesmo que numa situação de estreita ligação com a FPC, porque é que não se aproveita - e o presidente da FPC até é vice-presidente do Comité Olímpico de Portugal e putativo sucessor de Vicente de Moura na sua presidência - para, e não seria em nada descabido, generalizar o problema?

A FPC prepara-se para, à custa da modalidade que tutela, remexer na ferida que todos gostaríamos de ver sarada de uma vez por todas, embora, e eu nunca fui ingénuo, todos saibamos que, com mais ou menos 'habilidade' sempre houve 'doping' no Ciclismo e sempre vai haver.

MAS NÃO SÓ NO CICLISMO!

Doem-me os dedos de tantas vezes ter teclado esta curta frase.

Não posso ficar mais tempo. Voltarei num destes dias. Mas não saio sem deixar alguns... pensamentos.

Não é à Liberty Seguros que compete encabeçar a luta contra o 'doping' no Ciclismo...

... abro um parentises para aplaudir a mãos ambas a sua disponibilidade e a sua determinação; só mostram que nutrem especial carinho pela modalidade (aspectos comerciais à parte).

... a FPC é que deveria liderar, de forma inequívoca, esta luta.
E a tal nova agência nacional anti-dopagem (que nunca aceitarei que se foque apenas e só no Ciclismo).

Mas isso não foi feito ainda.

O que é que tivemos nos dois últimos anos?
Uma arremetida, bem sucedida, segundo a 'política' da FPC e da tal agência que acabou com um dos mais bem sustentados projectos de sempre do Ciclismo português, e se houve quem tenha sido apanhado (logo castigado) foram dois, três corredores que nem sequer deram positivo em nenhum controlo - a obrigatoriedade de as equipas terem médicos está subentendida neste aspecto... o de garantir que os atletas não se expõem a situações que possam fazer perigar a sua saúde -, assunto que alimentou fértil vaga noticiosa, e depois casos com miúdos (que, em termos noticiosos morreu com a sua divulgação) e TRÊS casos positivos, QUE ATÉ VALERAM A PERCA DE UMA VOLTA A PORTUGAL que, passados todos estes meses, continua no limbo.

Foram - porque era impossível de o esconder - notícia durante uma semana e depois disso... mais nada.

Enquanto, ainda hoje, se insiste na perseguição a um Corredor - ilibado DUAS VEZES pelo competente órgão da própria FPC - niguém ainda sabe o que aconteceu aos outros....
Já saíram os castigos?
Foram punidos por quanto tempo?

Até os mais jovens, sim, porque não?
Se a ideia é erradicar o 'doping', neste caso, do Ciclismo... que melhor exemplo do que publicar em letras grandes que castigo lhes foi aplicado?...
Ao menos servia de exemplo aos da sua idade.
Os outros são adultos, sabem o que fazem... ao que se sujeitam.

E os veteranos também tinham que ser apontados a dedo.
Não aceito, não compreendo nem posso aceitar que atletas que - seria essa a filosofia - continuam a praticar a modalidade de que gostam só porque gostam... recorram - sem a mesma protecção médica adequada - aos mesmos métodos daqueles que são profissionais.

Irrita-me a hipocrisia. De todos.

De que é que irá tratar o anunciado.... Congresso Internacional?

Dos medicamentos não identificados apreendidos à equipa que foi intencionalmente destruída, ou do número da porta de uma casa de Turismo de Habitação onde não encontraram um Corredor contra o qual não têm uma única prova mas SONEGARAM um título de Campeão Nacional de Fundo?

E o futuro presidente do COP será, ou não, capaz de abrir o leque a todas as modalidades que passará a dirigir?

Esperemos para ver.