quinta-feira, novembro 30, 2006

339.ª etapa


MORA NO ALGARVE A 4.ª "GRANDE"
DO PELOTÃO NACIONAL PARA 2007

Do exercício que aqui deixei ontem há duas situações que saltam à evidência. A primeira, que não espanta nada, é a que o Benfica reúne no seu plantel, e entre as formações portuguesas, o maior número de pontos UCI. E afirmo que não espanta em nada porque, pretendendo fazer parte do calendário internacional – e ao inscrever-se como equipa Profissional Continental – os encarnados, está bom de ver, preencheram o plantel com corredores que, de uma forma ou outra, já mostraram o seu real valor.

Ao Benfica, seguem-se-lhe, por ordem decrescente, a Liberty e a LA-MSS-Maia. Acontece aqui uma inversão de posições em relação aos pontos de cada uma delas, esta temporada, o que pode ser explicado com o número de pontos que cada uma delas perdeu para… o Benfica. Da Charneca do Milharado foram 24 pontos para a Luz (com Pedro Lopes) e da Maia um pouco mais… 209. Apenas 11 do Bruno Castanheira, mas 198 do Danail Petrov.
Mas, mais ponto, menos ponto, em segundo ou em terceiro lugar, as duas principais formações lusas nos últimos anos vão alternando num braço-de-ferro que tem servido para animar as contendas ao longo das temporadas.

A grande novidade, e creio que todos estarão comigo nesta apreciação, é a bastante clara subida da DUJA-Tavira que surge, inequivocamente, como… o quarto grande (usando uma terminologia em voga no futebol).
E a equipa algarvia não aparece aqui de pára-quedas.
Depois de várias temporadas em permanente desassossego sempre que era preciso renovar o patrocínio – e isto aconteceu anos a fio – há dois anos eis que uma empresa espanhola, mas com reais interesses comerciais no Algarve, resolve escolher o ciclismo como veículo de promoção. Para o Tavira foi o encontrar uma estabilidade financeira que quase nunca antes conhecera.

Este ano fez uma boa temporada, que culminou com uma excelente Volta a Portugal. Que há estabilidade financeira, isso percebeu-se logo quando, bem cedo, a equipa anunciou que manteria para 2007 todo o plantel com que contara este ano.
Que significa isto? Que os corredores não sentiram necessidade de tentar buscar melhores condições financeiras noutras paragens e que, se por acaso – que eu ignoro se houve ou não – aconteceram contactos de outras equipas interessadas neste ou naquele corredor, terá havido a possibilidade de, pelo menos, rediscutir as condições dos contratos desses corredores e conseguirem, como eu escrevi aqui, na altura, a primeira vitória da temporada do ano que vem. Que é, evidentemente, o facto de Vidal Fitas arrancar com os mesmíssimos corredores com quem trabalhou este ano, queimando aquelas etapas que normalmente é preciso queimar para que as caras novas que chegam a um grupo e trabalho nele se integrem

Mas, dizia, a DUJA-Tavira já havia então conseguido essa tal primeira vitória e, com aqueles 12 corredores já estava muito perto, em termos de pontos, da tradicional quarta equipa, o Boavista. Só que estava-nos ainda reservada uma outra (grande) surpresa. E, eis que, abrindo os cordões à bolsa, a empresa DUJA ofereceu a Vidal Fitas apenas o vencedor da edição deste ano da Volta a Portugal, o galego David Blanco.
E isto significa algo de bastante curioso.

Agarremos nas formações já alinhadas para a temporada de 2007 e o que vemos?
Se nada de anormal acontecer – longe vá o agoiro – mo dia 4 de Agosto do ano que aí vem, quando do arranque da 69.ª Volta a Portugal, a camisola amarela será… do Tavira; a camisola azul (montanha) será… do Tavira e a camisola vermelha (juventude) será do… Tavira.
Apenas a branca (pontos) escapou aos algarvios.
Não sendo nada e inédito, também não é pormenor para ser ignorado.

E a ida de Blanco para a cidade do Gilão dez com que a formação algarvia ultrapassasse – de forma claríssima – o Boavista e se acomodasse no significativo quarto posto do ranking apenas com menos 40 pontos que a Maia (3.ª) e mais do dobro dos pontos dos axadrezados.

Volto a reforçar que isto são meras teses académicas jogando com o valor que os números têm e recordando que, a partir do dia 1 de Janeiro todas as equipas estarão em pé de igualdade, com o puntómetro a zero, para o arranque de uma nova época. Mas, como disse, não deixa de ser curioso trabalhar um pouco com esses mesmos números.

Foi assim que cheguei a esta conclusão: partimos para a temporada de 2007 com a DUJA-Tavira a assumir-se como a 4.ª Grande do pelotão português. E como o Benfica só vai fazer sete corridas do nosso calendário… será a terceira, na maior parte da época.
Força aí algarvios marafados!...

O Algarve merece ter uma equipa assim.

quarta-feira, novembro 29, 2006

338.ª etapa


2006 - "RANKINGS" COLECTIVOS...

Terminada, há quase dois meses, a época já é altura de fazer contas. Quanto vale mesmo o nosso Ciclismo no quadro internacional? Pois bem, como todas as nossas equipas estavam inscritas no Circuito Europeu, olhemos então para os rankings finais da UCI.
Primeira constatação: Portugal terminou num sofrível 11.º lugar, entre 35 nações classificadas. Somámos 1199 pontos.

E quanto às equipas? Tivemos apenas uma no primeiro quarto do escalonamento europeu mas tivemos mais 5 na primeira metade. Não me parece tão mau assim.
Em 121 formações pontuadas, a Maia-Milaneza (656 pontos) foi a 25.ª classificada. Depois, entre as primeiras 50 tivemos ainda a LA-Liberty (33.ª), com 580 pontos; a Barbot-Halcon (47.ª), com 345 pontos; e a Carvalhelhos-Boavista (50.ª), com 330 pontos. Mas a DUJA-Tavira foi logo a 51.ª colocada, com 316 pontos.
Um bocado mais atrasadas aparecem-nos a Imoholding-Loulé (77.ª) e a Madeinox-Bric (78.ª) com, respectivamente, 151 e 146 pontos. A Riberalves-Alcobaça foi a 84.ª classificada (118 pontos) e, já no último quarto da tabela aparecem a Paredes-B. Tâmega (104.º lugar), com 37 pontos e a Vitória-ASC (32 pontos) no 106.º posto.

Já agora, e tomando como referência a pontuação conquistada por cada um dos seus corredores, em 2006, como é que ficaria o ranking nacional por equipas, para 2007?
Será assim:
1.ª, Benfica, 842 pontos
2.ª, Liberty, 763
3.ª, LA-MSS-Maia, 549
4.ª, DUJA-Tavira, 509
5.ª, Boavista, 226
6.ª, Barbot-Halcon, 223
7.ª, Madeinox-Loulé, 126
8.ª, Paredes-R. Móveis, 60
9.ª, Vitória-ASC, 58

É apenas mais um jogo de números, que vale o que vale. Mas dá para tirar algumas conclusões.

337.ª etapa


... E INDIVIDUAIS

No artigo anterior puderam ajuizar sobre o que valeu e vai valer (até ao dia em que se somem os primeiros novos pontos, que os rankings são anuais e recomeçam do zero todos os anos) cada uma das nossas equipas. E em relação aos corredores que vão formar o nosso pelotão? As contas são feitas com aqueles que já estão certos em cada uma das formações e, tal como disse no artigo anterior, são apenas números e… valem o que valem.

São estes os 25 corredores que este ano conseguiram as maiores pontuações:
1.º, Javier Benitez (Benfica), 207 pontos
2.º, Sérgio Ribeiro (Benfica), 202
3.º, Danail Petrov (Benfica), 198
4.º, David Blanco (DUJA-Tavira), 192
5.º, Bruno Pires (LA-MSS-Maia), 177
6.º, João Cabreira (LA-MSS-Maia), 158
7.º, Cândido Barbosa (Liberty), 145
8.º, Pablo Urtasun (Liberty), 131
9.º, Hector Guerra (Liberty), 112
10.º, Ricardo Mestre (DUJA-Tavira), 105
11.º, Jordi Grau (Liberty), 104
12.º, Manuel Cardoso (Boavista), 102
13.º, J. A. Pecharroman (Benfica), 99
14.º, Pedro Soeiro (Barbot-Halcon), 95 *
15.º, Pedro Cardoso (LA-MSS-Maia), 77
16.º, Rui Sousa (Liberty), 77
17.º, Martin Garrido (DUJA-Tavira), 75
18.º, Bruno Neves (LA-MSS-Maia), 71
19.º, Nuno Ribeiro (Liberty), 64
20.º, Carlos Pinho (Barbot-Halcon), 57
21.º, César Quitério (Liberty), 56
22.º, Jacek Morajko (Boavista), 56
23.º, José Azevedo (Benfica), 55 **
24.º, Tiago Machado (Boavista), 50
25.º, Krassimir Vasilev (DUJA-Tavira), 46

Destaque para os primeiros três lugares, preenchidos com corredores do Benfica, para o facto de a DUJA-Tavira meter um homem no top-5 e 2, no top-10 onde só cabem 4 equipas: Benfica e Liberty, com 3 corredores cada e Tavira e Maia, com dois.

* - Em relação ao Pedro Soeiro, somei aos 67 pontos, conseguidos no Circuito Europeu, os 18 conquistados no Circuito Americano. É, aliás, o único corredor português que pontuou em dois circuitos continentais diferentes.
** - Quanto ao Zé Azevedo, ele pontuou para o
ranking ProTour, que é diferente do dos Circuitos Continentais.

terça-feira, novembro 28, 2006

336.ª etapa


DA ENTREVISTA QUE POUCOS LERAM
À INSISTÊNCIA QUE NO CICLISMO "TODOS" SÃO BATOTEIROS...

Descobri, através do Blog do José Carlos Gomes (http://marginalizante-ciclismo.blogspot.com), uma entrevista do Record ao presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (ver aqui e mais aqui), trabalho esse que, curiosamente, (ainda) não foi publicado no jornal físico, mas que está on-line na versão electrónica desde as 12.39 horas de sábado passado. E esse foi o motivo pelo qual só o descobri hoje, ao visitar o blog do José Carlos, pois eu sou fã incondicional dos jornais em papel.

O assunto da entrevista tem a ver com o doping.

Artur Moreira Lopes move-se com a cautela recomendada em trilho tão minado, e as suas palavras não vão agradar a todos, tomando como exemplo exactamente o comentário do José Carlos Gomes. Mas o que é que se poderia esperar?

Ainda assim, de tudo o que o presidente da FPC disse, o título escolhido pelo jornal, para a peça, agarra, tirando-a do contexto, uma frase que, lida assim, fere fundo. “O Ciclismo tem uma cultura de doping”. Apoiada num convincente: “Presidente da FPC reconhece…”

Mas reconhece o quê? “… que é a mais visada”.
Visada por quê, ou por quem?
“… nos escândalos da droga no desporto!”

Longe de mim querer pôr aqui em causa o trabalho de um colega de profissão (a peça não está assinada) mas é evidente que não domina, nem de perto nem de longe, o fenómeno doping.

Eu já aqui escrevi que falar sobre doping sem se estar minimamente preparado é muito arriscado. Mesmo que se tenha alguns conhecimentos, é andar no fio da navalha (lembram-se de eu ter escrito isto?), mas aconteceu.

Artur Lopes terá querido dizer que, no passado – leia-se anos 60 do século passado e daí para trás – o uso de estimulantes… ok, não tenho asco da palavra, em si: de doping, atingiu pontos elevadíssimos. Era um doping desregulado, em que cada um tomava aquilo que ouvira falar, que “dava força” e fazia-o amalucadamente. Quando “sentia” que naquele dia não estava bem, ou quando queria mesmo ganhar determinada etapa. Nem sabiam o que tomavam. Apenas que as pilulas amarelas eram boas para manter na cabeça a “vontade” de ganhar ou que as encarnadas davam cá uma “bomba” que ninguém o ia apanhar…
Corriam-se riscos inimagináveis. A começar pelo facto de se desconhecer o que se estava a meter no organismo. Alguns casos terminaram da pior maneira – já não estou a referir-me em exclusivo ao ciclismo nacional – tendo estado mesmo na origem de algumas mortes.

Ora, aconteceria isto apenas no Ciclismo? É que, gira a roda, a roda gira e é sempre o Ciclismo o apontado como a origem do Mal.

Aqui, Artur Lopes pretende vincar aquilo que muitos insistem em ignorar: foi o Ciclismo a primeira modalidade a tentar auto-regular-se. E, ainda hoje, é o Ciclismo a modalidade onde mais se avança nos controlos de detecção de produtos ou métodos proíbidos. Era esta a mensagem que ele queria passar. E basta olhar para os números que o CNAD disponibiliza regularmente. Números que têm de ser lidos de uma única maneira: a percentagem de casos revelados por número de controlos. É que não é sério agarrar, por exemplo, e num hipotético comunicado, num número de 7 ou 8 positivos em 700 ou 800 controlos (1%), colocando-o à frente de um número de 4 positivos, numa outra modalidade na qual foram feitos 40 controlos (o que dá 10%).

É um dos fenómenos que mais me intriga, este o de se sobrevalorizarem os casos positivos no Ciclismo ao mesmo tempo que se passa sobre números bem mais preocupantes noutra modalidades como cão por vinha vindimada.

Aquele “o Ciclismo tem uma cultura de doping” é uma frase assassina, que põe em causa toda uma classe e cola, irreversivelmente, a imagem de pantomineiros a todos os profissionais. E não só.

Depois – e o meu caro José Carlos Gomes perdoar-me-á o estar aqui a responder ao seu artigo (e não no seu próprio blog) – esta entrevista leva, a quem a lê, a perguntar-se: “mas que raio faz a federação para acabar com isto”?

Nesta parte, o presidente da FPC até deixa claras as posições da instituição. Impedir, com uma suspensão temporária, todo o corredor que apresente indícios de presumível uso de substância proibida – não foi citada, mas trata-se da EPO – fazendo com que, quem apresente um número elevado de glóbulos vermelhos continue (porque esta sanção já acontece) a ser considerado inapto par a competição. Como médico, Artur Lopes vai até um pouco mais além. É sabido que pode acontecer que esse aumento do número de glóbulos vermelhos aconteça endogenicamente – e não se fala, na citada entrevista, do uso, permitido, de Câmaras Isobáricas que só têm isso como objectivo. O médico avisa que se correm riscos e que, numa medida enquadrável na protecção da saúde do atleta, pode, ou devia-se, promover a mesma suspensão temporária de TODOS os casos de elevado número de glóbulos vermelhos. Ora, aqui está a novidade, e a parte da entrevista que merecia ser repescada para título.

O “doping” dos dias de hoje – ao contrário do que acontecia nos tais anos 60 do século passado – já não é o de efeito imediato. Para ganhar uma etapa. Aquela etapa, e para a qual o corredor, pela manhãzinha, engolia a tal pílula amarela ou vermelha…
Cairam dentro da alçada do controlo anti-doping as substâncias – e alguns métodos – que visam uma melhor e mais rápida recuperação dos esforços dispendidos no dia-a-dia, principalmente nas grandes provas por etapas.

Mas, recordo, é implicitamente aceitando que essas práticas têm um limite dentro do qual se podem aceitar, que a UCI obriga as equipas dos dois primeiros escalões a terem médicos a tempo inteiro. Para que não mais se volte à prática do “eu dei-me bem com isto… porque não experimentas também”.
Os médicos, para além do planeamento individual da carga de treinos dos atletas – porque todos são diferentes – têm também como missão a coordenação dos preparados recuperadores de fadiga para que fique salvaguardada a saúde dos mesmos atletas. E, ao contrário do que já li, também já houve clínicos suspensos pela UCI por causa de casos de positivos numa equipa. A responsabilização acontece e as consequências pagam-se. Em que outra modalidade isso acontece?

Por tudo isto, e volto a citar-me, falar, ou tentar falar de doping – sem o mínimo conhecimento de causa – é mesmo o caminhar sobre o fio da navalha. Um pequeno descuido e… é a morte do artista. O que me deixa cheio de brotoeja (vejam no dicionário alentejano-português) é o fanatismo pró-degradação de todo e qualquer corredor apanhado nas malhas do doping. Estranha forma de amar o Ciclismo.
Principalmente se tivermos em conta que aos exemplos vindos de outras modalidades se olha sempre com uma irritante bonomia.

E choca-se o José Carlos com o facto de “o presidente da FPC empurrar as responsabilidades para os outros”.
Mas, o que é que a FPC pode fazer, José Carlos? Que é que pode fazer mais do que aplicar “burocraticamente uma legislação inócua…”?
Assumir toda a comunidade de corredores como “batoteiros” e obrigá-los… sei lá, a cederem amostras do seu ADN? Plantar um vigilante 24 horas por dia junto de cada um dos corredores? O quê? Exactamente…

É que, por muito que custe aos don Quijotes de serviço, existe uma barreira, real e inalienável, que é a dos direitos fundamentais de qualquer cidadão. A começar por aquele que lhe garante a presumível inocência até que alguém consiga provar, em tribunal, o contrário.

Mas como é que, na opinião do José Carlos Gomes, o presidente da FPC empurra para os outros a responsabilidade de aparecerem na primeira linha da luta contra o doping?
Deduzo que na passagem, na entrevista, em que Artur Lopes diz que “os atletas têm que estar cada vez mais conscientes e devem colocar-se à frente com a bandeira da luta anti-doping…”

Ok!... E, decifrado, o que é que isto quereria dizer? Que um corredor actuasse como “bufo” no seio da sua equipa? Que se apressasse a denunciar que, em vez do tradicional bife com batatas fritas, os responsáveis pela sua equipa lhe administravam complementos vitamínicos e o obrigavam a comer alimentos ricos em hidrocarbonatos pelas 8 horas da manhã?

Aliás, e dando aqui um salto de cavalo (à xadrez), porque é que se insiste que o doping está institucionalizado no pelotão internacional quando, e a verdade (que é só uma) é esta, o que está em causa é o comportamento interno em duas ou três equipas?
Dou já exemplos. Mas que é mesmo já!
A Reinolds/Banesto/Caisse d’Épargne ganhou sete Tours (contando com o deste ano, que ainda não foi reconhecido a Oscar Pereiro). Ganhou em 1988, com Pedro Delgado, e depois com Miguel Induráin, entre 1991 e 1995… quantos casos de positivo são conhecidos envolvendo corredores desta equipa? E o caso de Lance Armstrong? Que ganhou, só à sua conta, outras tantas voltas a França?
A Rabobank, de Erik Dekker e tantos outros… quantos casos de doping já teve?
Ah!, pois é!
Temos a Phonak e a Kelme/Comunitat Valenciana… vá lá, também a Liberty, com Heras. E vamos julgar todos só a partir destes exemplos?
Mas porque é que na floresta se insiste apenas em ver a árvore morta?

Mas voltando à opinião do José Carlos.
“… em vez de atirar a responsabilidade toda para cima de quem mais sofre e daqueles que, mal ou bem, são os únicos castigados, ficaria melhor a um dirigente [Artur Lopes] pensar em outras alternativas e esgrimir mais ideias inovadoras e menos autocontentamento bacoco.”
Pois é!, mas… o quê? Abrir uma linha verde para receber denúncias anónimas? Mas será que acontece mesmo o que, sublimemente, vem a ser apontado e que tem a ver com a hipotética possibilidade de os corredores serem “obrigados” a sujeitarem-se a práticas menos lícitas por parte dos responsáveis pelas equipas?
Eh, pá! Eu já não digo nada. Mas ainda uso a cabeça para pensar… Um jovem acabadinho de chegar a uma grande equipa ainda pode ser que se deixasse levar por algum receio de ser “deixado para trás” se não colaborasse… mas, olhem à vossa volta. Os “casos” conhecidos envolvem, maioritariamente, corredores séniores, com palmarés, com capacidade para ganharem qualquer corrida, alguns pré-veteranos… com anos de carreira. Aceitariam isso que só poderíamos chamar de chantagem, por parte das equipas?
Elementar, meu caro Watson, diria o Sherlock Holmes. Se o doping está mesmo generalizado, então porque é que são sempre os mesmos a ganharem as corridas?
Se é o doping que os faz andar… então, eu, se também tomar, posso ganhar um Tour?

Esta Guerra Santa, assumida por pretensos amantes da modalidade que querem sangue custe o que custar, faz-me lembrar aqueles chefes de esquadras de polícia que, porque acham que não é possível uma patrulha voltar sem ter autuado ninguém – tantas são as infracções possíveis – preenchem o expediente com multas a quem só tem de parar por um minuto à porta de um logista cliente para descarregar uma saca de batatas. Não pôs a vida de ninguém em risco, não entrou em contramão… mas parou e fez com que uma pequena fila se somasse atrás da sua pequena camioneta, por isso é multado e, à noite, os polícias podem dormir de consciência tranquila pois passaram mais multas que a média da semana anterior.

domingo, novembro 26, 2006

335.ª etapa


MAIS UMA MORTE A LAMENTAR

A morte voltou a vestir de negro a família do Ciclismo.
Faleceu esta madrugada, vítima de queda em plena competição, o espanhol Isaac Váldez, corredor da Illes Balears, na vertente de estrada, mas que também competia em provas de pista. Váldez participou em várias provas em Portugal, tendo ganho algumas etapas ao sprint, ele que era um puro velocista (lá está... a experiência na pista!) e sempre candidato nas chegadas em pelotão compacto.
Esta morte faz-nos recordar de tantas outras que já aconteceram em competição e alarga o luto a quase toda a gente. Tinha 31 anos e ainda muitos pela frente, mas a morte levou-o às primeiras horas do dia de hoje.

334.ª etapa


PRIMEIRO A VOLTA, DEPOIS DIRECTOR-DESPORTIVO

Curiosa, a entrevista dada por José Azevedo ao site Sportugal. Para começar, as perguntas foram feitas pelos adeptos e foram várias as que o confrontaram com o facto de, sendo adepto confesso de um clube, vir agora a representar um outro emblema. Rival.

Não sei se é um bom caminho a trilhar. Na verdade, o clube pelo qual o Zé torce até nem tem, nem teve nos últimos 20 anos, ciclismo, pelo que ele sempre representou outras instituições. Mas, conhecendo alguns sítios na internet, sítios onde se fala sobre ciclismo, consegue-se descodificar a insistência nesta questão. Creio que o Zé o terá percebido, mas o que esses adeptos querem mesmo dizer é “até podes gostar de outras cores, mas acolhemos-te com o maior dos respeitos e uma grande ilusão e fé em ti”.

É isto o que eu leio nas entrelinhas. O José Azevedo, profissional exemplar, é supra-clubes.

Também curiosa é a fase da entrevista na qual, provavelmente induzidos por tudo o que se ouve e lê em relação à Discovery Chanel, principalmente a Lance Armstrong, as perguntas – indiscretas, puras, vindas dos simplesmente adeptos – buscam saber se o Zé teve, ou não, um papel directo na escolha do grupo de trabalho.
Para quem o conhece, não surpreende a honestidade. Quem escolheu os corredores com quem vai trabalhar foi o director-desportivo, Orlando Rodrigues, mas sim, ele foi consultado em alguns casos e deu a sua opinião.

Conscientemente, ou não, esta resposta (sem máscaras) deve servir como cimento que unirá mais o grupo. E o Zé esmera-se um pouco mais à frente quando recusa a hierarquização dentro do grupo de trabalho. “Para mim, são todos número um!”, responde quando a pergunta era “quem será o seu braço-direito? O número 2?”.

Saber que a figura da equipa (e a isto o Zé não pode fugir) é ouvida pela direcção técnica, que lhe pede opiniões, será sempre algo a capitalizar como confiança e vontade de trabalhar por parte dos demais companheiros. E aqui justifica-se um parêntese para dizer que é de todo revelador do carácter e forma de estar do Orlando Rodrigues este pormenor de ouvir aquele que é o seu corredor com maior experiência

No resto da entrevista, que pode ser lida aqui, José Azevedo reforça o seu desejo de ganhar uma Volta a Portugal, assume que a equipa aparecerá em algumas ocasiões com outro chefe-de-fila que não ele e lamenta a abrupta clivagem que o ProTour trouxe ao ciclismo internacional, relegando para planos secundários alguns projectos que hoje poderiam estar a tentar lutar por chegar ao topo, na busca de um lugar nas principais corridas.
E, desassombradamente, diz que Portugal tem tudo – menos dinheiro, pois claro! – para ter uma equipa na alta-roda do ciclismo mundial.

E fala do pós carreira, o que, curiosamente, creio não ter sido antes falado.
Tem como objectivo continuar no ciclismo e sonha com um bom projecto no qual possa ser director-desportivo.
Mas isso ainda pode esperar. Não é Zé?

quinta-feira, novembro 23, 2006

333.ª etapa


DAVID BLANCO ASSINA PELO TAVIRA...

Excelente a notícia de que a DUJA-Tavira, uma das equipas que mais se destacou na última Volta a Portugal, conseguiu a contratação… de David Blanco, exactamente o vencedor da prova.
É um regresso, pois David Blanco já representara os algarvios de onde regressou a Espanha depois de, antes, ter representado outras equipas lusas.
Economista de formação, Blanco, enquanto corredor dispensa grandes apresentações. Ganhou a Volta a Portugal depois de um “descuido” das principais equipas nacionais, na etapa que chegou à Guarda, que venceu, “aguentou-se” muito bem – como era de prever – na etapa da Estrela e, no último dia, ganhou o “crono” Idanha-a-Nova/Castelo Branco, oferecendo a vitória na Volta à Comunitat Valenciana, entretanto extinta.
Fazia parte dos planos de Álvaro Pino, para a nova Karpin-Galíca, mas, de uma forma surpreendente, nos últimos dias acabou por renunciar ao pré-acordo que já tinha com os galegos e foi apresentado hoje, na Feira do Imobiliário, em Lisboa, onde o principal patrocinador do Tavira, a DUJA (Desenvolvimentos Urbanísticos Jiménez Alvarez) está representada. O contrato entre David Blanco e a DUJA-Tavira tem a validade de duas temporadas.

... E EDGAR ANÃO PELA LA ALUMÍNIOS-MSS-MAIA

Também a LA Alumínios-MSS-Maia assegurou mais um reforço para a temporada de 2007. Trata-se do jovem alentejano Edgar Anão, que na última temporada representara a Imoholding-Loulé, depois de ter passado a profissional há dois anos na Riberalves-Alcobaça. Natural de Vila Viçosa, Edgar Anão tem 24 anos e é um corredor completo tendo conseguido vários resultados de destaque, enquanto sub-23, entre eles o de campeão nacional.
É o segundo alentejano na equipa de Manel Zeferino. Aliás, só há dois profissionais alentejanos, ele e Bruno Pires, natural do Redondo.

terça-feira, novembro 21, 2006

332.ª etapa


MAS AFINAL O QUE É QUE SE PASSA?

É, no mínimo, estranho que, quatro meses depois da chegada triunfal aos Campos Elísios, o Tour de 2006 ainda não tenha um vencedor oficial.
Iniciado sob o signo da intransigência para com os supostos “tramposos”, o que levou a que mais de metade do mini-pelotão de “candidatos-ao-lugar-deixado-vago-por-Armstrong” nem tenham sido aceites à partida, acção de “limpeza” essa que levou ao recambiamento da equipa Astana devido às então “mais-que-provadas” ligações com a Operação Puerto, acabaria afundado na vergonha de, pela primeira vez na sua história, o vencedor, na estrada, ter sido apanhado com um positivo num controlo anti-doping.

Floyd Landis – foi ele quem ganhou na estrada – que assim prolongava a gesta estadunidense no lugar mais alto do pódio, em Paris, foi a grande figura da corrida. Por acaso, por todos os motivos.
Sendo um dos favoritos (entro do tal grupo de candidatos à sussesão de Armstrong), acabou por chegar mais ou menos naturalmente à camisola amarela e julgou-se que a corrida tinha terminado. Mas se Landis – que deixara a US Postal em conflito com o hepta-vencedor do Tour – parecia que queria mesmo afirmar-se à sua conta e, quando nada o fazia prever, num espaço de quatro ou cinco dias tornou-se mesmo no grande protagonista da corrida. Porque perdeu a liderança depois de o pelotão ter consentido que uma fuga de meia hora chegasse à meta; porque recuperou a camisola para logo a seguir ter tido um “afundanço” histórico e, logo no dia seguinte, protagonizado uma etapa daquelas que não se viam desde os tempos de Eddy Merckx.
Mas acaba por ser por motivo totalmente distinto que jamais será esquecido na história da Grande Boucle.
Poucos dias após a consagração nos Campos Elísios, sempre com o Arco do Triunfo como fundo, rebentou a bomba. Tinha acusado positivo num dos controlos anti-doping a que se sujeitara.

Caiu o Mundo ao pés da organização do Tour. A suprema vergonha. Logo na corrida na qual, antecipadamente, tudo tinham feito para se livrarem dos “batoteiros”.

Curiosamente, foi a própria equipa – a Phonak – do corredor quem primeiro veio a público reconhecer que Landis “dera” positivo. Claro que este, poucos dias depois, veio defender-se. Mas a segunda análise confirmou a primeira.
Landis, esse não desistiu e a “guerra” ainda continua. Agora nos tribunais.

O estranho é a aparente falta de confiança nesses mesmos resultados demonstrada pela organização do Tour e pelas outras entidades na luta contra o doping.
O homem estava ou não dopado? Que resultados foram aqueles? Houve, ou não, erros na manipulação das amostras? Como é que, quatro meses volvidos, Landis parece vir a conquistar pontos em relação aos “anjos da guarda” da verdade desportiva?
Será que se enganaram? Todas estas questões têm razão de ser.

E resumem-se numa só: PORQUE É QUE, QUATRO MESES DEPOIS, O TOUR-2006 AINDA NÃO TEM UM VENCEDOR OFICIAL?

À margem disto – mas não muito, não muito – está Óscar Pereiro.
Pelos regulamentos vigentes, enquanto segundo classificado já deveria ter visto reconhecida a sua vitória, pela desqualificação, óbvia, de Landis.
Mas não.
O ano passado, Denis Menchov teve de esperar até Dezembro, quando da apresentação da Vuelta de 2006, para ter nas mãos o jersey dourado. Este ano já foi apresentada a edição de 2007 do Tour sem ter a presença do vencedor de 2006.

Há dias, o galego disse ao Todociclismo.com que, se a organização do Tour vier a optar por não entregar o triunfo da corrida de 2006 a ninguém, ele não se apresentará para disputar a prova em 2007. Tenho que lhe dar razão.

A propósito de Óscar Pereiro… alguém se lembra da foto que aqui coloquei?

domingo, novembro 19, 2006

331.ª etapa


MAS… PORQUE INSISTE ESTA GENTE EM FICAR?

Já passaram vários dias desde que a Imprensa espanhola, nomeadamente, o diário desportivo madrileno AS, trouxe o assunto ao conhecimento público; diversos sites na Internet fizeram eco da mesma notícia (incluindo portugueses) por isso, creio já poder referir-me aqui a ele.

Em meia dúzia de telefonemas, o AS chegou à conclusão que a anunciada nova equipa de Vicente Belda, a Fuerteventura-Canárias – que vinha para “substituir” a Comunitat Valenciana – simplesmente… não existe. Dois meses depois do fecho oficial das inscrições de equipas para 2007, a Real Federação Espanhola de Ciclismo não só não tinha nenhuma ficha de inscrição – há ainda a hipótese de regularizar a situação, mediante o pagamento de uma “multa” prevista nos regulamentos da UCI – como, dessa equipa só tinha conhecimento através da CS.

Pior. As autoridades máximas, políticas e civis, do Governo Regional das Canárias – que presumivelmente estaria directamente ligado ao “projecto” – revelaram estar na mesmíssima situação do RFEC. Tinham lido “qualquer coisa…”. Contactos, nem que fosse apenas para sondarem o seu interesse em patrocinarem uma equipa de ciclismo… nada!

Da parte da RFEC, o AS soube mais. Tal como em qualquer parte do Mundo, uma “equipa” de ciclismo só pode ser aceite e registada na respectiva federação como… clube. E acontece esta singularidade: nas Canárias não existe um único clube de ciclismo e o Fuerteventura (nome de uma das ilhas do arquipélago) até é nome de clube… mas de futebol e sem outras modalidades.

Para “evitar” problemas, essa nova equipa escolheu um homem de fora do ciclismo, Jorge Sastre, um arquitecto de profissão, para manager, e convidou Oscar Guerrero – ex-técnico da Kaiku – para DD. Contudo, Vicente Belda aparecia no organigrama como… assessor desportivo. Seja lá isso o que fôr.

O pior veio a seguir, sempre revelado pelo AS.
Na “sombra”, quem é que realmente se iria movimentar em redor da equipa? Yolanda Fuentes – que era a médica responsável pela formação da Kelme naquela Volta a Portugal em que todos os corredores desistiram ainda antes de a corrida sair do Algarve e é irmã de Eufimiano Fuentes (que tinha sido afastado da mesma equipa) – foi taxatia: “Os mesmos de sempre!”

Eu escrevi na “sombra” porque assim seria. O médico oficial da Fuerteventura-Canárias seria Eduardo Biasco. Ninguém o conhece, pelo menos por maus motivos, mas aqui retornam as “más ligações”. Biasco é o namorado-companheiro de Yolanda.

Logo quando li esta notícia pensei o mesmo de sempre. Toda a pessoa é inocente até que, em tribunal, ser provado o contrário. Verdade que Ignácio Labarta, o braço-direito de Belda, foi apanhado pela polícia espanhola… mas está na mesma situação que os demais, corredores presumivelmente implicados incluídos. Até que a Justiça Desportiva os “apanhe” – a partir de agora, a Justiça Comum já tem uma ferramenta legal, aprovada pelo Congresso espanhol que lhe permite agir, numa eventual réplica da Operação Puerto – ninguém os pode condenar. Não mudei de ideias.

Mas fiquei preocupado com os corredores. A verdade é que há 14 envolvidos nesta equipa a que o AS chamou de… “fantasma”.

E hoje ainda fiquei mais preocupado porque o mesmo jornal traz uma entrevista com o presidente do Fuerteventura que, se por um lado confirma que houve contactos e que ele próprio incentivou a que o projecto fosse por diante, diz agora que se Vicente Belda vier, de alguma forma, a ser apontado como suspeito de alguma coisa e, na sequência disto, vier a ser condenado… retira o seu apoio.

E eu volto a pensar: e os corredores? E os homens que formam a equipa técnica? Mais de 20 cabeças-de-família que, mesmo que a equipa se legalize, vão ficar permanentemente com o pescoço sob o cutelo. Com um futuro intermitente. Amarelo a piscar, à espera que caia o vermelho e aí… o fim. E depois? Que vai ser deles?

Por isso me pergunto. Porque é que pessoas que dizem gostar do Ciclismo, como Belda, como Manolo Sáiz – que voltou na busca de poder continuar a deter a Active Bay – insistem em continuar lados à modalidade se, é perfeitamente visível, a simples menção dos seus nomes põe toda a gente de pé atrás? Não seria uma muito maior demonstração de amor pela modalidade o escolherem, de livre vontade, a auto-exclusão? Pelo menos aliviariam todos os outros de terem, solidariamente, que acarretar, também eles, com as tais suspeitas que eu acho serem injustas uma vez que nunca nada indicou, em sede própria, que tenham usado de métodos ou produtos proíbidos pelos regulamentos.

Se estes senhores gostam assim tanto do Ciclismo, por favor, afastem-se. Todos ficaríamos agradecidos. E um dia em que tudo venha a ficar definitivamente esclarecido, no caso de nada ter sido provado, ou nada tivesse sido encontrado que os pudesse vir a condenar, só os poderíamos admirar.

sábado, novembro 18, 2006

330.ª etapa


TROFÉUS VELOLUSO/2006 (FIM)

E pronto, meus caros amigos.
Entregues os "prémios" - como nenhum veio devolvido, creio que todo os terão recebido (além dos vários que me contactaram de volta) -, dou por encerrado o assunto, no que respeita a este ano.
Em 2007 as coisas vão alterar-se um pouco. Se, por um lado, já vou estar junto de todos vós (os premiados) e farei, concerteza, algumas corridas, por outro lado, confesso, não vou ter tempo para ver TUDO na televisão, dos resumos aos directos e, mais "grave" ainda, não terei, de certeza, "todo o tempo do Mundo", como aconteceu este ano. Mas é minha intenção, pelo menos neste momento, prosseguir com a iniciativa.
Recebi algumas críticas - construtivas, todas elas - e concordo que, aqui e ali, ficou gente de fora, gente que também merecia um destaque. Mas entreguei 30 "prémios"... Por minha vontade, dava um a cada um, pois, e no caso dos corredores, só o facto de sofrrem como sofrem, por si valia um prémio.
Depois de lidas algumas dessas "chamadas de atenção" eleborei uma segunda lista que ia quase até aos 50 nomes...
Considerem-se, por favor, todos homenageados na minha iniciativa.
Deixo a todos os meus parabéns e os desejos de uma óptima temporada de 2007.

Deixo também um testemunho (em miniatura) de todos os "troféus" entregues, recordando que em alguns casos eles foram endossados a mais do que uma pessoa. No caso das rádios e num caso de uma das corridas cujos patrocinador e organizador receberam um exemplar.



sexta-feira, novembro 17, 2006

329.ª etapa


DISCOVERY CHANEL RECUSA HIPÓCRISIA

Ainda aqui não me tinha referido ao “caso” Ivan Basso. Melhor, ao “caso” espoletado pela estadunidense Discovery Chanel ao contratá-lo, acto que não chegou a “chocar” a comunidade ciclista internacional porque, antes de chegar ao estado de “choque” todos ficaram de boca aberta e a olhar uns para os outros.

Pelo meio – mas não deixam os dois acontecimentos de estar ligados – o “caso” ADN morre de morte natural. O que não estariam à espera, as “cabecinhas pensadoras” que haviam parido esta ideia é que, por “simpatia” está a definhar o célebre "Código de Ética" ao qual não falta nada para adivinhar um futuro, a curto prazo (curtíssimo), igual ao dos testes de ADN. Dentro de poucas semanas jazarão mortos no mesmo “mausoléu”, aquele que os que se julgaram mais espertos construiram para lá “enterrar” o próprio Ciclismo.

Leio na Meta2Mil desta semana que os representantes das equipas ProTour e da Associação Internacional de Ciclistas, mais responsáveis da UCI, se apresentaram numa reunião previamente marcada mas, todas as partes se fizeram acompanhar, cada uma delas, por uma “bateria” de advogados.
Tirando a “caixinha dos pózinhos” aos aprendizes de feiticeiro, quando os homens de Leis entraram na conversa rapidamente se chegou a uma conclusão – não rebatida por nenhuma das partes (antes pelo contrário) – e a uma só: O “Código de Ética” inventado por Manolo Sáiz, levando atrás de si todos (ou os suficientes para que tenha sido aprovado) os outros responsáveis por equipas ProTour, juridicamente vale… ZERO.

Aliás, nessa mesma reunião – e volto a frisar que nenhuma das partes levantou a voz contra – quem lida com leis não teve dificuldades em, tirando o papel de lustro que o “embrulhava” demonstrar que, nunca estivemos na presença de um Código de Ética mas sim de um “Regulamento Disciplinar Interno” das equipas, que a ele obrigavam os corredores.
Por isso não houve UM ÚNICO caso de uma equipa culpada de fosse o que fosse. A “sorte” bateu sempre à porta dos corredores.


Estou a referir-me ao “Código de Ética” vigente este ano. Porque ficou demonstrado que é possível, sim senhor, haver um Código de Ética. Vai ser é preciso escreve-lo. E convém que seja por quem perceba de leis porque nada nem ninguém se pode sobrepôr à Lei Geral do País. Seja qual fôr o país, se se viver numa sociedade de Direito.

E foi essa também a “causa” da morte da pretensão de recolha de amostras de ADN aos corredores. Não venham com argumentos de que “quem não deve não teme”. Isso pode ser muito bonito mas as leis não são nem podem ser empíricas. Por isso não são uns quaisquer que estão habilitados a fazê-las.
E há toda a hipócrisia que tem reinado à volta disto tudo...

Aliás, tomo a liberdade de citar aqui o que o Chema Rodriguez, Director da Meta2Mil, escreveu em Editorial:
“Lo más despreciable de todo es ver la actitud inquisitorial de los ex professionales que pueblan los comités de la UCI y las direcciones de los equipos ProTour. Todo um ejército de presuntos ex dopados y/o ex dopadores que hora se enguantan los dedos com papel de fumar cuando les aprieta la vejiga.”

E retorno à contratação de Ivan Basso pela Discovery Chanel.
Antecipando-se (provavelmente prevendo) ao que sairia da falada reunião, os estadunidenses não tiveram receio em dar o primeiro passo. Numa altura em que, cinicamente, os responsáveis das equipas ProTour, em cartel, já “desenhavam” uma lista negra na qual estariam todos os presumivelmente implicados na Operação Puerto, “sugerindo” que “ninguém os contratasse”… quem é que, em primeiro lugar, os contradiz e, de alguma forma os remete ao seu canto escuro?
Aquela que provavelmente será a mais forte de todas as equipas ProTour.
O recado, ainda que calado foi “ensurdecedor”.

quinta-feira, novembro 16, 2006

328.ª etapa


AÍ ESTÁ O DÉCIMO QUARTO...

Está completa (estará?) a formação do regressado Benfica, para a temporada de 2007. Foi ontem revelado o nome do 14.º corredor e a escolha de Justino Curto e Orlando Rodrigues recaiu sobre o basco Mikel Pradera. Curiosamente, companheiro de equipa de José Azevedo, na ONCE, entre 2001 e 2003.

..."Hay ciclistas con cara de vinagre, introvertidos y resentidos. Hay ciclistas, menos, que sonríen de vez en cuando. Y hay gente como Mikel Pradera, el imponente gregario del Baleares-Santander, que nunca pierden la sonrisa. Aunque hayan nacido para martillo y del cielo les caigan los clavos..." / (Carlos Arribas,"El Pais")

Mikel Pradera nasceu em Mallabia (Vizcaia), a 6 de Março de 1975.
Estreou-se como profissional em 1999, com 24 anos, nas fileiras da Euskadi, equipa que já representara no ano anterior, mas em elites (amadores) e onde ficaria ainda em 2000.
Em 2001 foi, tal como José Azevedo, uma das caras novas na então toda poderosa ONCE, tendo permanecido na formação da Associação dos Cegos de Espanha até 2003.
Em 2004 mudou-se para a grande rival que, entretanto, e tal como acontecera à ONCE, mudara de patrocínios e de nome. São as Illes Balears quem asseguram o “relevo” da Banesto. E é na equipa insular que Mikel Pradera fica até final deste ano.
A partir de Janeiro é corredor do Benfica, onde vem reencontrar José Azevedo.

quarta-feira, novembro 15, 2006

327.ª etapa


ONDE QUER QUE ESTEJAS, VIDIGAS...

Sei que tenho leitores que não apreciam o género de artigos como o que se seguirá a esta introdução, mas eu insisto.
Mas explico porquê.
Vivemos num Mundo no qual há valores que são cada vez mais desprezados, e conseguimos a proeza de, numa sociedade que cada vez é menos social, concentrarmos todo o Mundo apenas na nossa vidinha, levando o individualismo ao cúmulo.

Não serei totalmente diferente dos demais, mas ainda consigo perceber que sozinho não teria chegado até aqui. E felizmente tive – e tenho, e tenho – muitos amigos, a grande maioria no mundo profissional.
Ainda um dia destes – uns artigos atrás – eu fiz uma pequena viagem pelos anos que levo de jornalismo. E escrevi que larga fatia do meu trabalho se centrou na entrevista e na reportagem. Isto significa duas coisas. A primeira, que assim pude ir somando amigos. A segunda que os fiz entre os próprios colegas de profissão. Na estrada, a maioria deles.

E assim é mais fácil estreitar laços de amizade, amizade que às vezes, e em certos casos, roça a cumplicidade, quando se encontram camaradas de trabalho com os quais a empatia é imediata. E, atenção que é importante, quando cada um de nós admira e, sobretudo, respeita o trabalho do outro, sabendo ambos que o resultado final depende da melhor prestação de cada um de nós. Já trabalhei em equipa com muitos, muitos colegas fotojornalistas mas houve um especial.

E volto ao princípio, apenas para que se perceba a ligação. Num Mundo onde há valores que são cada vez mais desprezados, e onde cada vez mais parece ser o “cada um por si”, foi bom ter conhecido, ter trabalhado e ter-me tornado amigo do Carlos Vidigal.

Diz-se que um homem só morre quando é esquecido por todos. Por isso prometo a todos os meus amigos que, enquanto eu viver, eles jamais serão esquecidos. É o preço que pago, de livre vontade e com muito agrado, por terem aceite serem meus amigos.

O Vidigas morreu faz hoje um ano.
Soube da sua morte da forma mais chocante que pode haver.
A edição do dia estava fechada, já corria a madrugada de 16. Antes de arrumar a minha secretária, antes de desligar o computador, fazia o que faço quase sempre, dava uma vista de olhos no jornal que daí a algumas horas estaria na rua, atento aos destaques da primeira página e, obrigatoriamente, vendo a última onde surgem as notícias de fim de fecho e, no fundo da página lá estava “O Carlos Vidigal deixou-nos”. Ao lado uma imagem que sempre guardarei dele. Aquele sorriso meio irónico meio impertinente.
Foi sempre um desalinhado. Fazia questão de não o esconder e às vezes forçava mesmo a demonstração daquilo que mais prezava: a sua liberdade. Pessoal e de trato.

Conheci-o muitos anos antes de eu ir para A BOLA. Recebeu-me como os veteranos recebem os caloiros, mas começou aí uma grande amizade.
Tenho tantas histórias passadas com o Carlos Vidigal…
É recordando-as que o mantenho vivo na minha memória.
É recordando-o que tento manter a promessa de que não deixarei morrer a sua memória.

Onde quer que estejas, Vidigas…

terça-feira, novembro 14, 2006

326.ª etapa


TROFÉUS VELOLUSO

E pronto!
Por esta hora, a carrinha do Correio Azul dos CTT já deve estar a carregar a correspondência. Acreditando na eficácia dos nossos Correios - e não tenho nada a dizer - os escolhidos amanhã terão os vossos "troféus" em casa.

Obrigado aos que colaboraram comigo, enviando as suas moradas. Os outros (poucos), que o não fizeram - provavelmente não lêem o VeloLuso -, não deixarão, contudo, de os receber.

Creio já o ter escrito aqui, eles são todos semelhantes - claro, tinha que ser - variando apenas no "prémio" e nas fotos, é óbvio. De qualquer modo, daqui a dois ou três dias, para dar tempo a que cada um veja o seu, colocarei aqui "miniaturas" de todos. Até para que todos possam (re)ver as minhas opções.

325.ª etapa


O TAMANHO (quantificado, da massa de adeptos) NÃO CONTA

Já não alimento mais discussões sobre modalidades preferidas. Sobre o número de pessoas que tem uma modalidade preferida e sobre a quantificação desses números.
O futebol é transversal. Tem adeptos de todas as idades em todos os pontos, por mais pequenos que sejam, do País. As localidades que têm equipas de basquete, de andebol ou de volei albergam grupos de adeptos dessas modalidades. Com o hóquei e com o ciclismo é um pouco diferente. Pela tradição. Os da minha idade e, principalmente mais velhos, não escondem um fraquinho pelo hóquei em patins. A primeira modalidade onde nos fartámos de ser campeões. Da Europa e do Mundo. E nunca o fomos numas olimpíadas porque, desporto marcadamente regionalizado – limita-se, na Europa, a Portugal, Espanha e Itália, e na América Latina, à Argentina (com “extensões” insípidas noutros países europeus e no Brasil) – não chegou a conseguir um lugar na “mapa” olímpico.

Quanto ao ciclismo, “universalizou-se”, dentro deste rectângulozinho e por mais que o queiram negar, graças à rivalidade Benfica-Sporting que, quando o futebol tinha defeso, extravasava para as estradas e, usando uma frase feita, ia de porta em porta, montada numa bicicleta. E houve Joaquim Agostinho, claro. Sem querer ser injusto para com as outras grandes, enormes figuras que, independentemente das equipas que representavam souberam granjear, só por si, autênticas falanges de adeptos. Curiosamente, enquanto, nos dias de hoje qualquer jovem adepto do ciclismo é capaz de dizer os nomes de José Maria Nicolau, Alfredo Trindade, Alves Barbosa e Ribeiro da Silva; de Venceslau Fernandes, Fernando Mendes e Marco Chagas e, claro, de Acácio da Silva e Joaquim Agostinho… quantos jovens com 20 anos ou menos sabem quem foi Vaz Guedes, o clã Adrião, Jesus Correia, até mesmo Chana, Ramalhete, Rendeiro… até a federação de patinagem se esqueceu que a supertaça que realiza tem o nome de António Livramento! “Ignorado” na inscrição no troféu e nas medalhas entregues ainda não há muitas semanas.

Falei na “universalização”, dentro do espaço nacional, do ciclismo graças, mais aos nomes que a equipas, mas isso levou a que hoje em dezenas de localidades prevaleça o amor pela modalidade. No Algarve, Cabrita Mealha, Jorge Corvo (uma vez mais, não quero ser injusto, mas também não quero estender demais este artigo…), no Oeste, João Roque, Leonel Miranda, Joaquim Agostinho… na zona da Feira, um número quase incontável de grandes campeões; em Paredes, Ribeiro da Silva; na zona da Bairrada, com Alves Barbosa à cabeça…a mesma coisa.

E vem este texto todo a propósito de uma notícia à qual só hoje tive acesso lendo, não o noticiário, mas uma crónica do Artur Agostinho, no Record.
Que no dia 4 tinha havido uma grande festa em Alcobaça, festa que reuniu dezenas de campeões que, merecidamente foram então homenageados, embora tenha escapado à CS eu ainda soube.
O que só hoje soube, lendo a crónica de Artur Agostinho, é que, finalmente, está decidida a construção do primeiro Velódromo moderno em Portugal. Foi o próprio secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, quem o anunciou. E anunciou o local onde vai ser construído.

O meu queridíssimo amigo Francisco Araújo – o melhor mecânico do Mundo, “pai”, “irmão mais velho”, companheiro fiel de Joaquim Agostinho em tantos e tantos milhares de quilómetros por essa Europa fora, já há algum tempo, sem esconder um certo brilhozinho nos olhos me tinha dito que “encontrara” nos seus passeios, o lugar ideal para o Velódromo. Ficaria – para ele – na parte Norte do Parque das Nações, pertinho do rio Trancão, encostadinho a Sacavém. Ou não fosse ele um sacavenense de alma e coração!...

Mas não. O Velódromo será construído em Sangalhos. E eu acho muito bem.
Não achei foi a notícia em jornal nenhum!

domingo, novembro 12, 2006

324.ª etapa


AH, CAMPEÕES!...

Aconteceu há, creio eu, duas semanas. Sei que foi num sábado. A Póvoa de Varzim, e a sua airosa Avenida dos Banhos, receberam um pelotão muito especial para uma corrida muito especial. Mão amiga (um grande bem haja para ti, JOÃO FONSECA) fez-me chegar, entre outras, estas fotos às quais só ponho "legenda" a pensar nos mais novos. Que os da minha idade todos se lembram ainda deles.


Manuel Cunha, vencedor da Volta em 1987; Marco Chagas, que no ano anterior ganhara a sua 4.ª Volta e Joaquim Gomes, que ganhou em 1989 e 1993...



Fernando Carvalho, vencedor em 1990; o eterno Lau (com Marcelino da Silva Santos) e Álvaro Pino, o galego que ganhou a Vuelta em 1986. E participaram muitos, muitos outros… Mas, quem ganhou afinal esta Corrida de Campeões?

Este senhor, aqui em baixo. Conhecem-no? Eu ajudo... ganhou a Volta de 1981!

323.ª etapa


DA ÁGUA-PÉ NÃO É... QUE NEM A PROVEI!

Há dois dias que não leio jornais. Estão ali guardados para quando tiver vontade. Nem escrever me apetece. Deve ser deste Verão de S. Martinho. Não gosto de coisas fora do lugar. E isto de dias de Sol em Novembro... Não sei!

Mas sempre vão acontecendo algumas coisas.
Na sexta-feira, e segundo o relatório que recebo diariamente, tive um leitor da Turquia! Será um português emigrante? Se fôr... daqui vão os meus cumprimentos. Seja benvindo.

Entretanto, e ao fim de tantos anos, só hoje percebi porque se chama Telejornal "da hora de almoço" ao espaço informativo das 13, na RTP1. Mas também é um exagero. Não é bem uma hora, o apresentador só se ausenta entre as 13.30 e as 13.55. Vinte e cinco minutos só dão para um "snackzinho"...

Já perceberam que este é um artigo diferente. Assim vai continuar.









EPO? A mim, sinceramente, parece-me mais um... Eh paaah!!!












E esta foto não tem também algo de errado?
Então não é que temos um trepador a criar dificuldades ao organizador? Para variar.









Para variar, também.
Não, não é uma foto-montagem... são as grandezas de quem tem dinheiro como água. Quero dizer... petróleo. Exactamente, uma bela alcatifa persa para "almofadar" as primeiras pedaladas.
Acho que o Zé Azevedo esteve neste ano no Qatar...





Cartaz com os cinco "penta" vencedores (e não campeões que aquilo não é propriamente um "campeonato") do Tour. Um deles ganharia ainda mais dois e o estigma do "parece que ganhaste tudo dopado mas não somos capazes de o provar". E os outros?











Há DEMOCRACIAS assim...

quinta-feira, novembro 09, 2006

322.ª etapa


UCI DE MAL A PIOR...

Começo com um aviso: Eu não acredito em santinhos. Primeiro, porque parece que só o conseguem ser depois de mortos e a única coisa em que ainda acredito e leva esse adjectivo é o arquivo. Pode ser um arquivo morto, mas guarda lá coisas muito importantes. O resto são tretas.

Posto este pre-fácio (ainda vou falar de mais avisos!) parto para o que interessa.

A União Ciclista Internacional – não sei se tem a ver com alguma coisa da igreja (cristã) que o presidente até é Irlandês – mesmo que o não admita, tem neste momento um “index”.
Quem se interessa por História e estiver familiarizado com o que a Europa viveu no final da Idade Média sabe o que é um “index”.

E, do alto do seu pedestal – mas que raio, eu não disse que não acredito em santos, andores e coisas que tais? – a UCI “avisa” as equipas que NÃO DEVEM CONTRATAR CORREDORES cujos nomes estejam nas listas actualmente em poder de um magistrado espanhol – depois de investigação feita pela POLÍCIA espanhola – magistrado esse que deixou bem claro aos senhores da UCI e da AMA, mais aos seus seguidores cegos que querem parecer santos (outra vez?!!!) que não esperassem tirar partido do trabalho de terceiros.
Que levantem o cú das secretárias, que cortem nas viagens e estadias em hotéis de luxo e poupem assim dinheiro que poderia ser gasto na VERDADEIRA luta anti-doping. Não esperem que outros o façam o por eles. A listinha é da polícia e a polícia não a entrega a ninguém!
Querem "sangue", ao menos que tenham a coragem de empunhar a "faca"...
Porque isso de tentar estar de bem com deus e o diabo... se querem "sangue", sujem as mãos! Nem mais.

Mais! Segundo o periódico espanhol Meta2Mil, há um movimento, por parte das equipas ProTour, no sentido de acatarem aquela… “sugestão”.
Tirando os corredores – cujos nomes são do conhecimento público, por isso a eles me refiro – da extinta Comunitat Valenciana, TODOS os outros presumivelmente implicados SÃO (ou eram) de EQUIPAS PROTOUR.

Pois estas equipas, pelos vistos, “ameaçam” boicotarem as corridas onde apareça algum daqueles corredores. Dos que estão na lista.

Ah!... mas há uma “escapatória”. Se esses corredores, os que constam da tal lista, voluntariamente entregarem amostras do seu ADN, viram “puros” (se calhar correm até o risco de serem beatificados, o que deve ser um horror).

Compactando: A UCI (mais a AMA e uma série de outros belos “empregos” que, não o sendo, até nem descontam para a Segurança Social) quis impôr a obrigatoriedade da recolha do ADN de todos os corredores. Não o conseguiu ainda e parece-me que vai ser difícil de vir a consegui-lo. Qualquer advogado estagiário ganhará em tribunal um caso no qual, em causa estão direitos fundamentais de qualquer pessoa.
E o que faz? Parte para a chantagem.

Aqueles corredores do faraónico edifício da UCI na Suiça devem ser mais pisados que os Passos Perdidos (esta vão ter que ver o que significa!).

E a notícia do Meta2Mil resume: “Há várias equipas que não sabem ainda o que hão-de fazer.”
São as equipas que pretendiam contratar aqueles corredores e que balançam entre o que, juridicamente não tem discussão e o medo das sanções ditatoriais da UCI.

No meio disto tudo, como se de meros peões se tratassem, há profissionais que não sabem se podem continuar a exercer a profissão que escolheram. Estou do lado deles.


Em relação aos avisos que vou começar a deixar nos meus artigos.
Pois, há-de haver alturas em que eu vou dizer: “Não levem muito a sério que o meu sentido de humor é complicado!”

E outros em que terei de escrever: “Pois é, dói, causa incómodo, mas a MERDA é que eu tenho razão!”

321.ª etapa


MAIA CONTRATA MAIS UM CORREDOR


Parece que é público. Já o lera no Cyclolusitano, há um outro site português* que dá a notícia e a mesma vem esta semana na Meta2Mil.

Angel Vasquez, de 26 anos, que este ano correu com as cores da Barbot-Halcon, é 12.º elemento da LA Alumínios-MSS.

É este o plantel às ordens de Manuel Zeferino
Edgar Anão
Pedro Andrade
Afonso Azevedo
Rogério Batista
João Cabreira
Pedro Cardoso
Vítor Carvalho
Cláudio Faria
Bruno Neves
Bruno Pires
Xavier Tondo
Angél Vasquez
Entretanto, aproveito para, a quem não conhece, aconselhar uma visita a este site:
www.kijota.com.sapo.pt (é a tal chamada com *, lá em cima)
Tem muitas notícias, embora se perceba que não é (provavelmente o seu administrador não tem tempo) actualizado tão regularmente assim. É pena, porque é um bom site.

Neutralização


DEVE SER DO TEMPO INSTÁVEL…

Cheguei ao jornalismo numa altura ingrata. Numa altura em que as grandes referências da profissão, em Portugal, estavam a abandonar. Numa altura em que ainda se escrevia à máquina e um “linguado” valia 1800 caracteres; em que a maquetagem era feita com régua e lápis e a montagem das páginas era feita a partir de “fitas” de texto impregnadas de cera no verso. E era assim que eram coladas nas quadrículas da folha “gémea” à do jornal. Depois eram fotografadas uma a uma e só depois passadas à “chapa”. Passei noites atrás de noites na gráfica, junto à boca da máquina, apanhando um exemplar do jornal – que vinha ainda molhado de tinta – de 30 em 30 segundos para me certificar que não havia alguma “grande gralha”, que as outras… paciência, lá passariam porque parar a máquina custava para cima de um dinheirão.
Resumindo… estou velho!

Cheguei ao jornalismo numa altura ingrata. Numa altura em que se abriam as portas para os jovens vindos da faculdade. Sou do tempo em que os jornalistas não o eram de “canudo”. Tinham de mostrar algum jeito. E trabalhar mais que os que já estavam antes no jornal porque senão a oportunidade ia-se. Parece que consegui “aguentar-me”…

Sou do tempo em que ainda não havia telemóvel. Os telefones serviam então para se marcarem entrevistas e não para fazê-las, que do outro lado também havia gente com urgência em tratar da sua vida. E marcavam o encontro para a entrevista para a hora do almoço ou então para depois das seis. Depois das sete. Quando pudessem. Sou do tempo em que entrava às 8 da manhã no jornal (era um vespertino) e saía às 23… Meia-noite. Uma da manhã. Depois de ter deixado escrita a peça. E às 8 horas da manhã lá estava outra vez…

Por acaso tinha um chefe-de-redacção que já lá estava quando eu chegava às 8 e ainda lá ficava depois de eu sair. Mesmo que fosse à 1 da madrugada. Era a única coisa que admirava nele!

Nunca consegui sentir-me completamente satisfeito entre as quatro paredes da redacção. Felizmente sempre tive oportunidade de praticar o jornalismo de campo. Nestes 18 anos – já feitos – de carreira, se me pusesse a fazer as contas sou capaz de ter passado aí uns 4 ou 5 na estrada. Conhecendo com quem falo e dando-me a conhecer. Fiz dezenas de reportagens; centenas de entrevistas; participei em alguns colóquios, a convite.

Aprendi a escutar, mas também a expressar a minha opinião. Nunca fui desleal. Nem e relação ao que foi objecto de reportagem, nem para com quem foi por mim entrevistado. Nunca fui desleal para quem me pagou o ordenado ao fim do mês. Dei o melhor e o mais que pude.

Como fui a muitos sítios e falei com muita gente, aprendi que não há tarefas impossíveis. “O urgente está feito; estamos a fazer o impossível, mas para milagres pedimos 24 horas!”, era o moto da secção onde trabalhava.
E ainda hoje gosto de dar o exemplo. Se mando escrever, eu também escrevo; se mando fazer, eu também faço; se peço para alguém vir mais cedo, eu já lá estou; se peço para alguém ficar até mais tarde, eu fico ainda depois de todos saírem.
Não delego responsabilidades que são minhas. E assumo-as por inteiro.

Não tive muito tempo para aprender com os mais velhos, que estes já estavam de saída quando eu cheguei. Aprendi com quem pude e aprendi com todos. Porque quis aprender. Gostava de poder ensinar mais aos mais novos, mas nem todos mostram vontade para aprenderem. Não quanto eu tinha. Porque ser jornalista foi minha escolha. Não foi a opção mais à mão. E pelo jornalismo já fiz sacrifícios, alguns irremediavelmente sem hipótese de voltar atrás. Ainda hoje pago por isso.

Não foi escolha minha ter ficado doente. Mas vou voltar. Com a mesma vontade e ilusão de sempre.
Até já!

Os meus leitores mais fiéis hão-de estar a perguntar-se “Mas que raio de história é esta?!!!”
Não é nada. Apenas um desabafo. Se calhar um pouco de mau humor, talvez por só poder adivinhar, na escuridão da noite, as núvens que trazem aí mais chuva…
Mas afinal de contas, este espaço é meu. E escrevo o que me apetecer.