terça-feira, novembro 21, 2006

332.ª etapa


MAS AFINAL O QUE É QUE SE PASSA?

É, no mínimo, estranho que, quatro meses depois da chegada triunfal aos Campos Elísios, o Tour de 2006 ainda não tenha um vencedor oficial.
Iniciado sob o signo da intransigência para com os supostos “tramposos”, o que levou a que mais de metade do mini-pelotão de “candidatos-ao-lugar-deixado-vago-por-Armstrong” nem tenham sido aceites à partida, acção de “limpeza” essa que levou ao recambiamento da equipa Astana devido às então “mais-que-provadas” ligações com a Operação Puerto, acabaria afundado na vergonha de, pela primeira vez na sua história, o vencedor, na estrada, ter sido apanhado com um positivo num controlo anti-doping.

Floyd Landis – foi ele quem ganhou na estrada – que assim prolongava a gesta estadunidense no lugar mais alto do pódio, em Paris, foi a grande figura da corrida. Por acaso, por todos os motivos.
Sendo um dos favoritos (entro do tal grupo de candidatos à sussesão de Armstrong), acabou por chegar mais ou menos naturalmente à camisola amarela e julgou-se que a corrida tinha terminado. Mas se Landis – que deixara a US Postal em conflito com o hepta-vencedor do Tour – parecia que queria mesmo afirmar-se à sua conta e, quando nada o fazia prever, num espaço de quatro ou cinco dias tornou-se mesmo no grande protagonista da corrida. Porque perdeu a liderança depois de o pelotão ter consentido que uma fuga de meia hora chegasse à meta; porque recuperou a camisola para logo a seguir ter tido um “afundanço” histórico e, logo no dia seguinte, protagonizado uma etapa daquelas que não se viam desde os tempos de Eddy Merckx.
Mas acaba por ser por motivo totalmente distinto que jamais será esquecido na história da Grande Boucle.
Poucos dias após a consagração nos Campos Elísios, sempre com o Arco do Triunfo como fundo, rebentou a bomba. Tinha acusado positivo num dos controlos anti-doping a que se sujeitara.

Caiu o Mundo ao pés da organização do Tour. A suprema vergonha. Logo na corrida na qual, antecipadamente, tudo tinham feito para se livrarem dos “batoteiros”.

Curiosamente, foi a própria equipa – a Phonak – do corredor quem primeiro veio a público reconhecer que Landis “dera” positivo. Claro que este, poucos dias depois, veio defender-se. Mas a segunda análise confirmou a primeira.
Landis, esse não desistiu e a “guerra” ainda continua. Agora nos tribunais.

O estranho é a aparente falta de confiança nesses mesmos resultados demonstrada pela organização do Tour e pelas outras entidades na luta contra o doping.
O homem estava ou não dopado? Que resultados foram aqueles? Houve, ou não, erros na manipulação das amostras? Como é que, quatro meses volvidos, Landis parece vir a conquistar pontos em relação aos “anjos da guarda” da verdade desportiva?
Será que se enganaram? Todas estas questões têm razão de ser.

E resumem-se numa só: PORQUE É QUE, QUATRO MESES DEPOIS, O TOUR-2006 AINDA NÃO TEM UM VENCEDOR OFICIAL?

À margem disto – mas não muito, não muito – está Óscar Pereiro.
Pelos regulamentos vigentes, enquanto segundo classificado já deveria ter visto reconhecida a sua vitória, pela desqualificação, óbvia, de Landis.
Mas não.
O ano passado, Denis Menchov teve de esperar até Dezembro, quando da apresentação da Vuelta de 2006, para ter nas mãos o jersey dourado. Este ano já foi apresentada a edição de 2007 do Tour sem ter a presença do vencedor de 2006.

Há dias, o galego disse ao Todociclismo.com que, se a organização do Tour vier a optar por não entregar o triunfo da corrida de 2006 a ninguém, ele não se apresentará para disputar a prova em 2007. Tenho que lhe dar razão.

A propósito de Óscar Pereiro… alguém se lembra da foto que aqui coloquei?

2 comentários:

Jorge-Vieira disse...

Viva amigo Madeira:

É no minimo estranho ainda não se saber nada sobre o vencedor do Tour deste ano, muito estranho mesmo, ainda gostava de saber o que realmente se passa e que nós não sabemos.
Verdade também seja dita, o Landis ganhou na estrada, e depois de muitos o terem já dado como "morto", ele tira uma daquelas etapas que vão ficar para sempre na história do ciclismo, verdade também seja dita, depois da limpeza no inicio do Tour que afastou quase todos os potenciais vencedores, só restava mesmo Landis como natural sucessor.
Quanto ao Oscar Pereiro, se não fosse aquela fuga de 30 minutos, acho que dificilmente ele estaria na disputa da corrida, mas não quero com isto tirar merito ao corredor, se ele conseguiu esse feito é porque fez para isso, e claro ganhou um estatuto de favorito a vencedor final. Vencedor que viria (ainda não se sabe) a ser dado o controlo de Landis, mas concordo com ele, se a organização não lhe atribuir o triunfo, ele não tem nada que se apresentar no Tour de 2007.
Quanto à foto do Oscar Pereiro, lembro-me perfeitamente, e se não estou enganado, era daquela equipa, a Porta da Ravessa, que levou o Vitor Gamito à vitória na Volta a Portugal.
Um abraço,


Jorge Vieira

mzmadeira disse...

Eu estou a começar a acreditar que os franceses preferem que no quadro de vencedores e em relação a este ano, não apareça nenhum nome, para que não se diga que foi... o segundo a ganhar.
Acho até que preferiam que, no futuro, esta edição da sua corrida nem fosse considerada...