sábado, maio 31, 2008

II - Etapa 84

1. Tirando uma fase, no passado, em que um qualquer engraçadinho, sempre a coberto do anonimato, spammava (também posso contribuir para o novo acordo ortográfico, ou não?) os comentários em todos os artigos que eu aqui deixava; e de uma outra vez que, embora assinado com o nome verdadeiro (eu sabia quem queria pôr o comentário), o achei despropocionado, tendo, contudo, pedido ao signatário que o reformulasse de modo a evitar ataques directos e então, sim, não teria problemas em o publicar, acabo de, pela promeira vez na história do VeloLuso, apagar um comentário - interessante, reconheço-o - apenas e só porque nele constavam acusações concretas.

Na verdade, não o apaguei.
Guardei-o no limbo do Blog.

Se a signatária - que não conheço, mas também não conheço a esmagadora maioria dos amigos que fazem o favor dr colaborar com o VeloLuso - me disponibilizar provas reais daquilo que indiciava, o comentário, não só voltará a aparecer onde estava, como merecerá da minha parte um sublinhado de apoio. Porque não há gente mais merecedora de ser exposta na praça pública do que os bufos. Essa raça que julgava morta e enterrada há 34 anos mas que, e infelizmente com exemplos recentes e indesmentíveis, ainda por cima com o incentivo de um governo que se esconde atrás de uma bandeira Socialista, parece ter voltado e em força.

Entretanto, acusações claras - porque todas as que fiz as poderei sustentar seja em que barra de tribunal fôr - são um privilégio meu.

Por isso este Blog tem um nome, o meu, e até lhe acrescento, quando de um puro artigo de opinião se trata, a minha própria fotografia.
Espero que a cara Mafalda entenda as minhas razões.

2. Também em comentário à mesma Etapa (a 82.ª), o meu caro Cyclomaníaco discorre sobre o tema do artigo, que é o Benfica.

Cyclomaníaco, concordo com algumas coisas que escreve mas discordo de outras tantas.
Não vejo mal nenhum em o Benfica ter criado estruturas para poder vir a ter uma equipa (forte) a médio prazo. E fê-lo, logo desde o início quando conseguiu contratar quase todos os jovens sub-23 cuja qualidade está acima da média.

E é aí que os benfiquistas devem ancorar as suas esperanças. A falta de resultados tangíveis, dizendo de outra forma, consequentes, por parte da equipa principal é algo de somenos se essa falta de resultados não puser em causa todo o projecto.

Se há coisa que nós, latinos em geral, e portugueses em particular, não temos, é paciência.

O artigo que eu escrevi, e que é - não pretendia eu outra coisa ao escrevê-lo - crítico em relação ao balanço que qualquer não iniciado seria capaz de fazer a estas duas temporadas da equipa principal não tem nada a ver com o projecto, que sei foi traçado a médio prazo.

Só o peso do nome Benfica pedia um pouco mais do que aquilo que tem feito.
Fosse uma equipa de marca, e a maioria das críticas nem sequer surgiriam.

Já repararam nos resultados espectaculares que alguns jovens, mesmo no seu primeiro ano de profissionais, têm conseguido para o Benfica?
Haja calma e serenidade que, na sua essência, o projecto não está a defraudar ninguém.

Creio que seja do conhecimento de todos que o Benfica chegou a ser pensado para nascer nos sub-23 para, tal qual está a acontecer, usando os melhores do pelotão nacional, construir uma equipa que daqui a dois ou três anos dificilmente terá rival dentro do mosso pelotão.

Mas o Benfica, por ser o Benfica - e o mesmo se aplica ao Sporting ou ao Porto - não podia aparece "só" com uma equipa de esperanças.
Até para poder potenciar os resultados dessa equipa de sub-23 era sempre necessário apresentar-se no pelotão principal.

As coisas não estão a correr bem.
Não tenho a mínima dúvida de que os primeiros a reconhecer isso, e a lamentá-lo, são o Orlando Rodrigues e o Justino Curto.

Mas, ao contrário daquela anedota que pretende fazer o retrato do futebol, no ciclismo não são onze contra onze e no final ganha a Alemanha!

Caro Cyclomaníaco, porque é que o Benfica não pode ganhar a Volta a Portugal?
Eu sei que fui o primeiro a questionar essa possibilidade, mas só mesmo a morte é definitiva.
O que eu aqui deixei foi um artigo de análise crítica.
E só desejo que os resultados demonstrem que eu não tenho razão. Para bem do Benfica mas, sobretudo, para o bem do Ciclismo.

Em relação à estória da não ida à Vuelta, aí sou eu quem diz que a história está mal contada. Isto enquadra-se nos tais previlégios que guardo para mim próprio.
Ainda hei-de saber toda a verdade. E quando isso acontecer... podem ficar certos de que aqui a contarei.

3. Já em relação à Etapa 83, o meu caro Duarte Ladeiras - não sabia que também eras alentejano! -, talvez por... defeito profissional, fez agulha para o sítio errado.

Nenhum de nós pode fazer - mais do que deixar a sua opinião - grande coisa pelo Ciclismo e pelas Leis que o regem e/ou comprometem.

Não compliquemos Duarte.
A grande, e única verdade - porque verdade há só uma - é que a legislação portuguesa não prevê a situação do doping. Como diz o senhor Procurador-geral - e aqui exageraste ao dizer que não conhece a própria Lei - não existe ainda forma de enquadrar, no campo jurídico-criminal, o acto de dopagem.

Com algum esforço, e como está na notícia de O Jogo, encontrar-se-á na Lei portuguesa um enquadramento que castigue presumíveis instigadores do doping.
Mas não há maneira, a não ser o flagrante delito, de a eles se chegar.

E o facto de, mesmo que comprovado um acto de auto-dopagem por parte dos Corredores, isso não será jamais suficiente para os incriminar judicialmente porque esbarrará sempre com o constitucionalmente salvaguardado direito de cada um fazer o que lhe aprouver, desde que com isso não esteja a atentar contra a Sociedade no geral.
Não contra eventuais adversários desportivos.

E, desportivamente, também está indiscutivelmente claro que não existe a figura do "culpado por suspeita".
Ou o atleta é apanhado com um positivo num controlo, ou então... nada!

Ainda fica uma situação a baloiçar entre o que pode ser, ou não, abrangido pela legislação desportiva.
A posse de produtos presumivelmente dopantes chegará para castigar disciplinarmente um corredor?

Com o pouco que sei... não pode.

Eu até posso ser indiciado e levado a tribunal por posse ilegal de arma de fogo. Mas não me prenderão por isso.
Se eu nunca disparei um tiro, não posso ser disso acusado.

O mesmo, tente compreender, aconteceria se um Corredor fosse apanhado com presumíveis produtos dopantes. Se garantir e não fôr provado o contrário, que não os tem para fornecer a terceiros - o que se enquadraria na Lei do incentivo ou concretização de acto dopante - só o facto de os ter está fora do âmbito criminal. Logo, a Justiça Comum nada pode fazer contra ele.

Quanto á Justiça Desportiva... far-lhe-ão testes e se estes derem nada...
NADA SERÁ O RESULTADO.

Todos - e também eu, é evidente - gostaríamos de ver o Ciclismo livre desta, já não é núvem, é borrasca mesmo que, por causa do doping está a matar a modalidade lentamente.

Agora, já alguém se perguntou - sejam sinceros -, já alguém se perguntou porque é que, e não é só em Portugal que isso acontece, são universalmente dúbias as Leis judiciárias a respeito do doping?
E será que isso acontece por causa do Ciclismo?

Eu digo que não.

E acrescento que, se não há Lei consistente, que puna exemplarmente, seja o atleta, seja o treinador, seja o médico, seja o dirigente, não é por causa do Ciclismo.
Ai não é não!

Deixemo-nos de querer ser mais papistas que o papa.
Se não foi apanhado dopado... está, definitivamente e até provado o contrário, limpo.

sexta-feira, maio 30, 2008

II - Etapa 83

TANTA COISA QUE AINDA NÃO SABEMOS...

Pomo-nos - e eu incluo-me no lote - tantas vezes a perorar, com a melhor das intenções, acredito (e falo por mim), mas... tanta coisa que ainda não sabemos.
Resultado: tudo não passam de bitaites!

II - Etapa 82

MAS... O QUE É QUE SE PASSA COM O BENFICA?

Por onde anda escondido o "Projecto Benfica"?
Se a equipa tem bons corredores... o que é que está a faltar?

Nesta altura do "campeonato" já deveria ter acontecido uma corrida onde os três chefes-de-fila tivessem estado presentes, livre de amarras, para que tivesse ficado perfeitamente demonstrado que não há - não há de facto - situações de excepção.
Já deveriam ter corrido os três e deixado que a Corrida tivesse escolhido o que estava melhor.
Já deveríamos ter visto os outros dois a trabalhar para o companheiro...

Agora, começam a escassear oportunidades.
E não vai ser na Volta a Portugal que se vai improvisar.
É demasiado arriscado, para não dizer... tolamente arriscado.

A competição interna é saudável. Mas tem que ser implementada.

Eu não quero nem pensar que os nove corredores que o Benfica vai apresentar na Volta a Portugal vão estar divididos em três grupos, cada um deles a tentar que o "seu" chefe-de-fila ganhe vantagem...

Percebem?
Equipas de três em confronto directo com equipas de nove... quem partirá em vantagem?

Só aqui deixo um desejo: aconteça o que acontecer, que seja o que fôr que vier a acontecer não signifique o fim do Benfica no pelotão.

É que... podem esconder o lume, mas como prender o fumo?
Acho que sabem ao que me quero referir.

Descartada a Vuelta, o Benfica - o Orlando Rodrigues - já tinha que estar a pôr equipa a trabalhar para... um ÚNICO chefe-de-fila. Não deixando dúvidas de quem será o candidato encarnado na próxima Volta. Não pode ser de outra maneira.

E o próprio Orlando terá que ser obrigado a vir a público para dizer quem é o homem, na sua equipa, que vai ter todo o conjunto a trabalhar para si.
Sem medos. Sem receio de ferir susceptibilidades.
Por acaso, a Corrida tem, logo no teceiro dia, a subida à Torre...

Mas resultará daí a solução, ou, antes pelo contrário, tudo aí se complicará?

De uma coisa estamos todos cientes: se no seu primeiro ano até se podia perdoar algumas falha a uma equipa que... apesar de tudo, era nova no pelotão, este ano já perderam essa permissa.
Espero, sinceramente, que saibam o que estão a fazer.
A última coisa que poderia desejar era que os espanhóis só trabalhassem para o Rubem Plaza e que os outros se dividissem no apoio a cada um dos outros dois chefes-de-fila.

O Orlando Rodrigues vai ter que arriscar, impôr a sua qualidade de director-desportivo e escolher ele o candidato!
As corridas, sobretudo as de mais de uma semana, jogam-se - e muito - também a partir do carro de apoio, mas essa altura é para jogar uma carta escondida, até para fazer bluff. O ás, esse terá de estar escolhido e bem guardado. E resguardado.

E o objectivo de noventa por cento dos participantes na próxima Volta, nem sequer é o de ganharem a corrida, mas impedir que o Benfica o consiga.

Depois, não digam que não avisei!...

segunda-feira, maio 26, 2008

II - Etapa 81

ESTAMOS OUTRA VEZ DE LUTO
MORREU O SOUSA CASIMIRO

Não há forma de nos habituarmos a estas notícias. Infelizmente, morre muita gente todos os dias, mas quando acontece a alguém que, por uma razão ou outra, nos é próximo, volta sempre aquela sensação de impotência. Porquê? Porque acontece aos nossos amigos?

Um telefonema, há instantes, do Teixeira Correia deu-me a triste notícia. Faleceu, hoje, ao início da tarde, em acidente rodoviário, perto de Castelo Branco, o Sousa Casimiro, jornalista que esteve muitos anos ao serviço da Rádio Portalegre e agora, mais recentemente, ligado a vários outros projectos, incluindo a Rádio Urbana, de Castelo Branco. Sousa Casimiro perdeu a vida na sequência de um acidente de viação.
Choramos a morte de mais um dos nossos.

Inclino-me perante a tua memória.
Descansa em paz, companheiro.

domingo, maio 25, 2008

É GRANDE. É MUITO GRANDE!

OBRIGADO ZÉ, POR SERES COMO ÉS


Nota

Não deixem de ler o Comentário do Duarte Ladeiras na etapa 76.
É importante.
Obrigado Duarte pela tua participação, mas ambém por repartires connosco os teus conhecimentos. Que terei, a dada altura, posto em causa mas que - ninguém é dono da razão - agora não tenho problema algum em reconhecer que merecias maior respeito.

II - Etapa 80

NÃO VÃO POR AÍ!...

Adivinho, daqui do meu cantinho, que já haja muita gente a dizer-se: "Mas este gajo é a favor do doping, de tal maneira aparece a defender tudo aquilo que os outros atacam!"

Claro que não sou.
O meu grande, enorme poblema - para vocês, os não crentes que lêem este espaço - é que tenho conhecimentos reais daquilo que é o Ciclismo. E não... calma, não se precipitem, o Ciclismo não anda a doping.

Mas qualquer não iniciado jamais conseguirá perceber esta realidade.
Por exemplo... no único periódico exclusivamente dedicado ao Ciclismo que temos em banca, tenho a certeza de que o Director sabe do que eu estou a falar, mas duvido que o Editor Executivo lá chegue.

De futebol toda a gente "percebe". Agora nas modalidades as coisas são diferentes e são precisos muitos anos de estrada para entender o Ciclismo.

Não, não sou a favor do doping, era o que faltava!
Sei é que sou capaz de, naquele espaço de terra de ninguém, perceber onde está o risco da fronteira entre o doping, duro e puro, e a quantos palmos está uma practica perfeitamente aceitável. Esperem, se eu o digo, se, mais antigos do que eu no acompanhamento do Ciclismo não há mais do que dois ou três jornalistas, por favor... dêem-me o benefício da dúvida.
Eu sei do que estou a falar.

No caso da LA-MSS, e naquela pafernália toda que a PJ fez questão de mostrar, apenas foi apreendido um produto não permitido a um - só um - Corredor.
De resto... nada!
Nem em casa dos outros Corredores, nem em casa do Manel Zeferino, nem na sede do clube.

Bem que podem alguns escrevinhadores tentar fazer grandes títulos.
O mau é que que lê, em princípio acredita no que lê.
Somos assim, dizemos mal dos Jornalistas, mas aceitamos como válidas todas as notícias.
Por isso fica impossível separar as verdadeiras das outras...
E comem todos pela mesma tabela.

Ah!, e a LA-MSS não vai acabar.

Aliás, só a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, que ia entrar com 200 mil euros - mas sem contrato escrito (não é, definitivamente não é, só em Felgueiras que há sacos azuis) - pode sair de cena porque, tanto a LA Alumínios, como a MSS Construtora têm contratos assinados, contratos que não são passíveis de ser unilateralmente denunciados.

Como é que leio certas notícias, isso não sei...
Mas, se hoje em dia já nem é preciso saber-se escrever em bom português para se ser jornalista... como me posso eu preocupar com o resto?

LA Alumínios e MSS Construtora são livres de renovar, ou não os seus contratos com a equipa, na próxima época.
No que respeita à temporada em curso... mais não têm que cumprir os compromissos assumidos.

Como escrevi meia dúzia de artigos atrás, tivessem feito como uma conhecida seguradora que, não só previu a renúncia imediata do contrato, como acautelou a recuperação de todo o investimento que fez na equipa que patrocina, no exacto momento em que, seja ele qual fôr, um seu corredor seja apanhado num controlo anti-doping.

E não duvidem que esta condicionante, vital, aliás, pode ter levado a actitudes extremas.
Mas, como dizia o outro, se tivermos vida e saúde, cá estaremos para poder comprovar tudo isto. Contudo, acreditem, não corro assim tão atrás da verdade como alguns podem imaginar.

sábado, maio 24, 2008

II - Etapa 79

TINHA OS JORNAIS EM CASA DESDE AS 8.30 DA MANHÃ MAS COMO A NOSSA VIDA
NÃO PODE CINGIR-SE À PROFISSÃO...
(Com isto peço desculpa por tão tardiamente aparecer com estes exemplos)

Até o grande Expresso comete erros primários. O título não faz sentido. É evidente que o doping está à margem da Lei.



O que eles queriam ter escrito é que... Não há Lei que enquadre o doping!

Ah!... e foram extremamente infelizes na opção fotografia que deveria ilustrar a peça.

II - Etapa 78

COMO?!!!

Fonte que é digna de todo o meu crédito disse-me há pouco uma coisa que eu, sinceramente, preferia nem saber.
Mas se não há vergonha, se chegámos a este ponto, porque é que eu me hei-de auto-censurar?
É - estou ciente disso - mais uma acha para a fogueira.

Deixo o caso à apreciação dos meus leitores que, na sua esmagadora maioria são seres bem pensantes.

Quem terá sido o dirigente de uma equipa do nosso pelotão que, nestes dois dias no Algarve andou atarefadíssimo, de papel em punho a tentar recolher assinaturas para...

... primeiro, todas as equipas se recusem a alinhar em provas onde, eventualmente a LA-MSS possa vir a alinhar;

(cá está... é o primeiro sinal de que há quem não confie assim tanto em que o processo que está a correr possa vir a ser favorável ás suas próprias pretensões, e por alguma razão há-de ser)

... segundo, se vier a acontecer o fim da LA-MSS, que todas as equipas se comprometam a não contratar, na reabertura do mercado, os Corredores dessa equipa que, no caso dela acabar ficarão no desemprego.

Eu sei quem foi, claro!
Mas não, não dou pista alguma.

II - Etapa 77

PARABÉNS AO CC LOULÉ

Aquela que, em teoria, será a mais fraca das equipas do pelotão profissional português, o Centro de Ciclismo de Loulé, aproveitou da melhor maneira o facto de correr em "casa" e venceu as duas corridas realizadas entre ontem e hoje.

Ontem, na Volta ao Sotavento Algarvio, ganhou o Hugo Vítor; hoje o Circuito Alpendre foi ganho pelo Nuno Marta.

Parabéns aos dois. Parabéns ao Jorge Piedade.

Viva o Ciclismo, quando as notícias vêm da estrada.

(Fotos SuperCiclismo e Ciclismo Digital)

II - Etapa 76

MAIS ESTRANHO AINDA...

Então qual será o verdadeiro objectivo?

Ainda bem que o encontrei escrito porque, sei-o, começam a pôr em causa, não só a minha honestidade, enquanto Homem e Jornalista, como começam a querer "colar-me" etiquetas que, não percam tempo, não se me colam. Não se me colarão jamais...

II - Etapa 75

ADENSAM-SE-ME AS DÚVIDAS

Li, em vários suportes, que a operação levada a cabo pela Polícia Judiciária, em relação à LA-MSS, terá sido espoletada por uma, ou mais denúncias.
Ouvi, na televisão, e da boca de um quadro superior daquela instituição, que a investigação à equipa durava há cerca de três meses.

Traduzido isto – a segunda parte, a declaração da PJ – para o calendário Nacional, as investigações ter-se-ão iniciado logo após a prova de Abertura, bem na aurora da temporada.
Porquê?

Quem, há três meses atrás, tinha argumentos tão sustentados que obrigaram a PJ a pôr-se em campo? E porque é que foram precisos três meses para esta, finalmente, ir bater às portas de quem foi?
Levou três meses a convencer um Juíz a passar os mandados de busca?

Então não eram fortíssimos os argumentos?

Sem querer pôr em causa ninguém, aceitando a teoria da denúncia é mais provável que a operação seja bastante mais recente e que se disse o que se disse para não comprometer o, ou os denunciante(s).

A verdade, e isso foi escrito, é que só depois de, com o intervalo de dois dias a LA-MSS ter ganho de forma estrondosa a Subida al Naranco e a primeira etapa da Volta às Astúrias, é que vieram a público reacções – sempre generalizadas, sem que se saiba quem é que contestava – negativas em relação à força dos corredores daquela equipa.

Ora isso foi há cerca de um mês. Nem tanto.
E se vieram à luz do dia, é evidente que os responsáveis da equipa também as ouviram. Sabiam, portanto, da contestação, mais do que isso, das acusações, ainda que veladas.

Depois, a mesma equipa viveu uma tragédia, com a perda de um dos seus corredores. Logo a seguir aproveitou a primeira corrida para, de novo, impôr a sua força.

Repito, os seus responsáveis tinham, têm, necessariamente, que saber que havia quem punha muitas dúvidas em relação às suas prestações, embora qualquer especialista em Ciclismo reconheça que a equipa está desenhada para se superiorizar às demais nos terrenos mais complicados, como os de montanha.
E não é deste ano.

Ponhamos em cima na mesa a possibilidade de que toda a força demonstrada nas corridas tem a ver com mais alguma coisa para além de um plano de preparação devidamente estruturado e muitas, mas muitas horas de treino.

Então, sabendo que, repito, mesmo que veladamente, havia suspeitas e até acusações, não compreendo como é que toda aquela gente dormia todas as santas noites com caixotes de produtos proíbidos na gaveta da mesinha de cabeceira. Não compreendo.

Ponho-me no lugar deles e, sinceramente, se tivesse alguma coisa que pudesse vir a comprometer-me, não a tinha em cima da minha secretária. Não a teria sequer em minha casa.

Nunca pensaram que as autoridades policiais poderiam fazer o que fizeram?

Um dia destes, à conversa com uma pessoa que comunga da mesma afición pelo Ciclismo que faz de mim um adepto ferrenho, essa pessoa me dizia que sabe da ciumeira que vai no pelotão, mas que, se em Lisboa já foram vistos Corredores a curtir umas noitadas pelas Docas, os daquela equipa eram – são, porque eu sei que continuam a treinar-se com afinco, diariamente – todos os dias batiam estrada, fizesse o tempo que fizesse.

E há ainda esta estranha sensação de que esta operação policial não é – não pode ser – abrangente a todas as equipas.
Tenho a certeza de que, de cada vez que a PJ nos mostra nos telejornais, notas falsas e as máquinas apreendidas aos falsários; outros falsários se apressarão a mudar imediatamente de poiso e a esconder a sua própria maquinaria e notas já fabricadas, dando algum tempo até que a poeira assente.

Sobra, portanto, a hipótese de ter sido uma operação perfeitamente direccionada.

E aí volta à baila a possibilidade de uma denúncia.
De dentro do pelotão?
Mas haverá alguém que não tenha telhados de vidro?

Que há quem tenha no contrato que dá aos seus Corredores para assinarem, em letras mais miudinhas, que em caso de barraca, ele terá que assumir a responsabilidade exclusiva e será literalmente abandonado. Isso eu sei que há.

Que há quem tenha no contrato com o patrocinador, desta vez em letras bem grandes, que ao mínimo pisar do risco, ficam em roupa interior que até os equipamentos serão retirados, isso também sei que há…

O ano passado tivemos o caso de um jovem corredor que foi despedido, depois de uns testes internos feitos pela própria equipa. Estes testes são normais e só não os farão as equipas que têm menos disponibilidades financeiras. Logo, está explicada a existência de uma máquina centrifugadora, entre os objectos apreendidos à LA-MSS. Quase todas as outras equipas a terão também.

Adensam-se-me as dúvidas.

Por isso prefiro esperar que a Polícia Judiciária e o CNAD comuniquem publicamente o resultado do trabalho que estarão neste momento a fazer para deslindar o caso.

Mas aflige-me saber que alguém, há precisamente 20 dias, me comunicava - depois de me acusar de ser parcial nos comentários às retumbantes prestações da LA-MSS - que “hão-de caçá-lo”.
E agora que o próprio presidente da FPC aconselhe as Organizações a não convidar a equipa…

II - Etapa 74

NÃO ESTARÃO A PÔR
A CARROÇA À FRENTE DOS BOIS?
(PASSE A EXPRESSÃO, QUE É UM DITADO POPULAR)


Tinha de voltar aqui, apesar de ter anunciado um período de recolhimento. Tenho de voltar, até para ficar de bem com a minha consciência.

Tinha decidido dar-me algum tempo para reflexões várias, até porque não pretendia ser mais um – entre Blogs, Fóruns e similares – a alimentar discussões, não porque ache que há assuntos que não se devem discutir, mas porque os há que, estando a ser “julgados” a outro nível, escapando-se-me o que na realidade está a ser “julgado” é bem preferível aguardar pelos resultados.

Mas ontem fui surpreendido pelas notícias do dia.
Após uma reunião com o Conselho de Estrada – órgão apenas consultivo, sem poderes deliberativos – a Federação Portuguesa de Ciclismo resolveu “aconselhar” os Organizadores de Corridas a não convidarem a equipa LA-MSS para as suas provas.

Talvez seja conveniente recordar aqui a alínea A do artigo 2.1.007 do Regulamento Geral Técnico de Corridas, no seu Capítulo 2, referente às Provas de Estrada.
Diz assim: O Organizador é obrigado a convidar todas as Equipas Continentais Portuguesas.

Adivinho a angustia dos organizadores.
Aceitam o “conselho” da FPC?


Mas aceitá-lo consiste num atropelo ao Regulamento da própria FPC.

O “conselho” veio da Direcção da FPC mas, até nos Estatutos da instituição os poderes estão separados. Quem tem poderes para levantar inquéritos, em caso de incumprimento do Regulamento é o Conselho Jurisdicional e é o Conselho de Disciplina quem decide os castigos a aplicar.
Será certo que os respectivos presidentes titulares concordam com a Direcção?


Têm os Organizadores essa garantia?
Então?

Vão aceitar o “conselho” e arriscar-se a serem penalizados por incumprimento dos Regulamentos?

Há vários OCS – e creio ter sido o Correio da Manhã o primeiro a avançar com isso – que “sabem” que, entre o material apreendido na rusga levada a cabo pela Polícia Judiciária havia EPO, havia hormonas de crescimento, havia até sangue… congelado.

Não sou médico, muito menos especialista em hematologia, mas sinceramente, e de vez em quando leio, ou vejo nos telejornais, que há falta de sangue nos hospitais e nunca o ouvi nos termos de, passe a expressão, “temos os nossos congeladores a menos de metade da sua capacidade”.


Congela-se sangue? É possível?
Se calhar é. Perdoar-me-ão a ignorância.

Mas, dizia eu, o único documento oficial a que tive acesso – o comunicado da Polícia Judiciária – não pormenorizava o que tinha apreendido. E como já escrevi, nem foi uma brigada da Secção da Polícia Científica da PJ que fez a busca e apreensão… Terão sido os acompanhantes do CNAD que identificaram esses produtos?

Como o presidente da FPC é, também, membro do CNAD, por certo sabe mais do que a opinião pública em geral. Muito mais do que eu, em particular.

Mas se garante que não pode tomar medidas disciplinares enquanto não houver resultados, porque terá “aconselhado” a ostracização daquela equipa?

Se não há crime, como – sob que argumento, melhor, à luz de que Lei – pode haver penalizados?

Eu aceitarei que, provando-se que há culpados estes sejam devidamente castigados. Mas, e se houver matéria incriminatória passível de ser traduzida em pena, judicial e/ou desportiva, serão todos os elementos da LA-MSS culpados? Todos?

Então, não se estará a apelar a uma injustiça sem nome ao “aconselhar-se” que todos sofram, por antecipação, uma pena que, muito provavelmente não poderá vir a ser aplicada à maioria? No caso de haver motivo para a aplicação de penas a alguém?

É um problema complicado.
Que, tendo sido decidido em sede de reunião do Conselho de Estrada, do qual faz parte a Associação de Equipas, e não se sabendo se a ideia do tal “conselho” foi consensual, ou aprovada por maioria qualificada, qual terá sido a posição da Associação de Equipas?

Dizem-me, várias pessoas com quem tenho falado, que não há fumo sem fogo, sendo que todos percebem o que isto quer dizer. Mas, e por acaso fui eu quem o escreveu, seringas e frascos – que os olhos de um leigo não podem identificar – não são, mesmo nada, objectos estranhos na mala de uma equipa de Ciclismo.

E lembrei que um dos métodos usuais para uma mais rápida recuperação dos atletas é a da reposição de sais perdidos, e administração de suplementos vitamínicos por via intravenosa.

Já agora, nunca esqueçam que, ao contrário de quase todos os outros desportos, os Corredores, nas provas por etapas, só têm uma noite para recuperar do desgaste de cada uma delas.

Voltemos atrás e ao “conselho” dirigido aos Organizadores para que se abstenham de convidar a LA-MSS para as suas corridas enquanto o caso não for deslindado.

E se a conclusão final der que não há matéria incriminatória, logo, não haverá motivo para sanções disciplinares? - aliás, em relação a estas tenho muitas dúvidas uma vez que, de facto, nenhum corredor acusou fosse o que fosse em controlos legais – Se isto acontecer, como e quem vai ressarcir a equipa pelos danos, não só morais, como materiais por não ter tido oportunidade de discutir os prémios em jogo em cada corrida?

Não sou assim tão ignorante que exclua a possibilidade de o caso vir a ter o desfecho que a maioria já prevê. Acho é que não se deve ignorar que pode haver mais do que um desfecho.

Haverá quem, porque se move à vontade pelos vários corredores, até já possa saber. Mas aqui defendo que, enquanto não for demonstrada, com provas, a culpa de seja quem for, esse seja quem for tem, constitucionalmente, direito à presunção de inocência.

Em qualquer julgamento cível, o Juíz sabe de antemão que pena vai aplicar, mas nem por isso o julgado é condenado antes de a sentença ser lida.

quinta-feira, maio 22, 2008

Nota

PAUSA PONDERADAMENTE ANULADA
.
Meus caros amigos... dois dias depois de aqui ter deixado a notícia de que iria tirar uns dias de férias, volto para dizer que tal não é possível.
Que me atire a primeira pedra quem nunca se viu obrigado a mudar de opinião quase de um dia para o outro...
Critiquem-me à vontade... sabê-lo-ei encaixar.
Mas estão a contecer coisas das quais eu não posso alhear-me.
Não consigo.
Não quero!

II - Etapa 73

DEMASIADAS INCÓGNITAS PARA
QUE SEJA POSSÍVEL RESOLVER A EQUAÇÃO
(à primeira, porque eu tenho todo o tempo do Mundo)

Não sei, francamente não sei, se alguma vez alguém com responsabilidades materiais na modalidade se perguntou, principalmente depois do caso Operation Puerto, ocorrido há dois anos em Espanha, o que poderia acontecer se, em Portugal, estoirasse uma bomba parecida.

E explico de imediato: sem muitos jornalistas especializados, minimamente conhecedores do fenómeno Ciclismo (chegam os dedos de uma só mão para os contar), como é que uma eventual notícia de um eventual caso apareceria no dia seguinte na Comunicação Social.
No dia seguinte, não!

Logo na altura, ainda por cima a quente.
É que não são – já emendo a questão – os OCS que ficam em causa, é o Ciclismo!

Segue a emenda
: li no ciberespaço um montão de baboseiras, óbvias, porque se reconheço que não há meia dúzia de jornalistas especializados que sejam capazes de lidar com um caso destes (é verdade, aconteceu!), como poderemos esperar que o simples adepto de beira-de-estrada o entenda?

Mal cheguei a casa, há pouco, fazendo zapping na TV fui cair no Porto-Canal, uma estação regional sedeada na Cidade Invicta, onde no Telediário (nome pouco original pois é assim que se chamam os Telejornais em Espanha) uma jovem toda sorridente nos comunicava que a equipa, cito “LA-MSS-Pecol[sic] fora alvo de uma investida da Polícia Judiciária…
… que foram apreendidas bolsas de sangue – congelado, escreveram uns; para disfarçar práticas de auto-transfusão de forma a mascarar eventuais situações passíveis de serem detectadas, adiantaram outros -, mais hormonas de crescimento, mais EPO… eu sei lá.

Nem sei em que bases se sustentaram para escreverem o que escreveram.
Sei é que não reconheço, objectivamente nos generalistas, nenhum nome de nenhum jornalista que possa ser considerado especialista em Ciclismo.

E se entre estes ainda se aperta mais o laço quanto aos que poderão opinar sobre casos de doping… dá para ver a desinformação veiculada.

Mas que o adepto comum, porque também não sabe, aceita como válida porque… vem no jornal. É onde começa a nossa responsabilidade.

Aconteceu ter lido no mesmo jornal que a operação foi levada a cabo pela Polícia Judiciária, através do DCICCEF – Direcção Central de Investigação de Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira -, à qual, no mesmo texto, se referiam como sendo… a Polícia Científica!!!

Existe, de facto, este departamento da PJ – claro que existe – mas basta ser-se adepto da conhecida série televisiva CSI para perceber que Polícia Científica não tem nada a ver com corrupção e criminalidade económica.

A verdade é que ainda não percebi qual dos departamentos da PJ actuou.

Mas não sou completamente idiota.
A ser a Polícia Científica… dispensava como, creio seja óbvio, o CNAD.

Se foi um outro departamento da PJ, sem meios para interpretar o que iria ser encontrado – porque, e isso é definitivo, a PJ actuou em resposta a uma denúncia – porquê o da Corrupção e Criminalidade Económica?
Não!... esperem por favor.
Continuem a ler e sintam-se à vontade para me contrariar.

O que é que uma práctica que só pode ser olhada no quadro de um presumível atentado à Saúde Pública arrasta para o terreno o DCICCEF? Expliquem-me.

E se foi mesmo este departamento da PJ o que levou a cabo a acção – estão a ver como até eu estou confuso? – enquadra-mo-la sob que prisma?

A PJ, aqui fazendo de ASAE, não andava à procura de mais nada do que da fuga aos impostos em relação a produtos farmacêuticos alegadamente introduzidos em Portugal ilegalmente?
Seria isso?

Então, façam o favor, alguém que faça o favor, de me explicar o que é que isso tem a ver com o Ciclismo, enquanto modalidade.

Eu sei!... Eu sei!…
As virgens do costume – que reduziram a sua aparição em público, depois de “n” vezes desmascaradas como fraudes intelectuais - há muito que se resguardaram.

Tentem seguir o meu raciocínio…
Há, de facto, e como referi – não sei se um departamento, se apenas brigadas de – um segmento a que podemos chamar de Polícia Científica (ao estilo do CSI) na PJ.
Mas para que precisariam os cientistas da PJ dos médicos do CNAD para levar a cabo a missão?

E já nem vou entrar na questão de o CNAD ter, ou não – eu acho que não – autoridade que se equipare a uma Policia.

Percebem onde eu quero chegar?
Exactamente!...
Toda a história está mal contada. Desde o princípio.

Mas foi o que, à falta de melhor - porque ninguém se deu ao trabalho de fazer três telefonemas - saiu na CS.
Em geral.
Ancorada nas informações veículadas pela Lusa.

Já o disse aqui no VeloLuso que não tenho formação em Direito.
Sou da área de Letras.
Mas interesso-me.

Tudo o que a PJ, seja através do DCICCEF, seja através de uma eventual Brigada da Polícia Científica, conseguir reunir e constituir como prova, será apenas válido, através do Ministério Público, para levantar acções cíveis aos eventualmente implicados. E no tal quadro de atentado contra a Saúde Pública, ainda que envolva agentes desportivos.

Aliás, o próprio presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, citado pelo Record, reconhece, cito: “O caso foge da esfera desportiva”.
Claro que foge.
Ninguém aprendeu nada com a Operation Puerto?
Pelas alminhas!...

E está escarrapachado – embora subentendido – que a alegada presença de brigadas do CNAD nesta operação vale… zero!

Ou o doutor Artur Moreira Lopes, membro, por inerência, da dita CNAD, não teria dito o que disse.
O que temos então, bem espremidinho?
Nada!

E é O Jogo que no-lo diz, volto a citar: “Não há lei que impeça os corredores da LA-MSS de alinharem nas provas deste fim-de-semana.”
Claro que não há!...

O que é que, e afinal de contas, temos entre mãos?
Fácil.
Uma operação policial, em quase tudo semelhante à da Guardia Civil espanhola, há dois anos, que não consegue encontrar enquadramento legal para punir presumíveis prevaricadores, e uma Justiça Desportiva que não pode fazer uso da investigação policial, em termos disciplinares.

E socorro-me outra vez do Record.
Diz o doutor Artur Moreira Lopes, cito: “Que eu saiba – e ele seria o primeiro a saber - não houve qualquer controlo positivo no Ciclismo, este ano. A federação não pode agir disciplinarmente, dado que as regras são muito claras: só se age se houver um controlo positivo.”

Apetece-me aqui citar Mark Twian.
Tendo lido no obituário do New York Journal a notícia da sua própria morte, com o sentido de humor que só está reservado aos grandes de espírito, enviou uma carta ao director do periódico vincando que, cito: “Os relatos sobre minha morte foram desmedidamente exagerados."

A notícia da morte da LA-MSS-Póvoa tem duas leituras.
A primeira, que foi precipitado o abrupto abandono da equipa por parte de todos os patrocinadores.
Afinal… o que é que foi provado legalmente contra a equipa?

E se os frasquinhos e as ampolas e os comprimidos e as cápsulas não forem mais dos que os habituais suplementos vitamínicos que toda a gente usa?

Passaram 36 horas – já descontando o que mais logo pode surgir de novo, enquanto notícia – e a verdade é que nem a PJ, nem o CNAD adiantaram grande coisa.

E volto a sublinhar… se a acção da PJ foi mesmo levada a cabo pelo CDICCEF, mesmo que tenha pedido, e conseguido, a participação do CNAD, qualquer prova levantada não terá valor legal em termos desportivos.
Se foi com uma Brigada da Polícia Científica… aí, meus caros, não acredito que cientistas criminais tenham pedido a ajuda ao CNAD. Porque não faz sentido…

Eu sei que passei por cima de um dado importante para que se consiga perceber o caso.
Porque é que os patrocinadores foram tão céleres em denunciar a parceria com a equipa da Póvoa?

Fosse eu o Sherlock Holmes e diria a sua mais famosa frase: Elementar meu caro Watson. Amanhã tudo o que se julga Jornalista vai-nos massacrar. E, falado por falado, que seja para dizer que nós estamos de fora deste imbróglio todo.

Facto: Não pesa, pelo menos à hora em que estou a escrever, qualquer acusação formal sobre a equipa de Manuel Zeferino, excluindo – até porque não tem peso acusatório, em termos legais, embora não deixe de fazer grande mossa – o trabalho constrangedoramente amador de quem se diz jornalista.
Transversalmente, em todos os OCS.

E lembro o que escrevi logo no princípio. Um canal de televisão, 36 horas depois do acontecido e tendo tido a oportunidade de ler e ouvir o que todos os OCS escreveram e disseram, ainda consegue enganar-se no nome da equipa!

Querem melhor exemplo que este?
Falar, falam....
Sobre o quê… ignoram.

Cinjamo-nos ao que, de facto, é importante.
Não há acusação formal alguma contra a equipa do Manel Zeferino.
A listagem de “produtos proíbidos”, pelo que li, ficou ao critério de cada um, e daí as discrepâncias que pude ler.

Mas há mais.
A única coisa que tomo como certa, foi aquilo que vi.

O habitual aparato da PJ que chamou as televisões para mostrar… uma série de packs de seringas, uns frascos não identificáveis – e, se de facto lá tivesse estado o CNAD, os seus técnicos teriam sabido identificá-los (ninguém se lembrou disto, pois não?) - tudo floreado ao gosto de cada um, sendo que nenhum sabe o que está a escrever.

Do Manel Zeferino… só li uma declaração.
Mais nenhum jornal, rádio ou televisão – nem eu – conseguiu falar ontem com ele.

Nenhum dos outros responsáveis pela equipa apareceu em público, nem para se defender. Pode isto ser lido como a aceitação de uma culpa.
Será que pode mesmo?

O Direito aceita, de facto, a confissão de culpa. Jamais um silêncio como sinónimo de confissão. E ainda somos um estado de Direito.
Por mais tentativas de atropelos que se tentem.

Sem confissão, enquanto o Magistério Público não conseguir montar um caso defensável – sob a sua perspectiva – é, pelo menos, desonesto querer-se culpar seja quem for.
Eu estava convencido que esta regra era sagrada para os Jornalistas.

(Estou extremamente cansado. A noite passada, porque havia uma reunião do Jornal e, morando longe e sujeito aos horários dos transportes públicos, acabei por não dormir mais do que três horas e meia, e sendo, neste preciso momento, três horas da manhã, confesso: estou cansado.)

Mas não acabo sem tocar naquele que será o mais sensível dos pontos de toda esta situação.

Disse, no Comunicado que é público, a PJ, que há cerca de três meses que iniciou esta investigação que culminou com o raid às instalações – e não só – da LA-MSS.

Ora… há três meses o que é que terá levado a PJ a centrar – e é essa a imagem que perdura – as suas investigações numa determinada equipa?
Porquê a LA-MSS?

É que, se ganhou, é verdade, a prova de Abertura... depois nada fez que merecesse ser destacado em relação às suas congéneres portuguesas.

Ontem – que já é antes-de-ontem – li várias vezes que tudo poderá ter sido despoletado por uma denúncia.
Ok, mas sustentada em quê?
Porquê esta equipa, e sustentado em quê, se só há duas semanas ela explodiu de uma forma - e não serei eu a negá-lo - passível de suscitar suspeitas?

São as duas perguntas que me apoquentam.
Tiraram ao acaso?
Neste caso sou livre de interpretar a acção da PJ.

O importante era fazer sangue, fingir que se estava a fazer algum trabalho embora eu ache que o pretendido era… mudar alguma coisa para que tudo ficasse na mesma.
E este tudo é facilmente interpretável.

Porque é que a PJ se terá interessado por uma – e até agora não há indicações de que a investigação tenha sido abrangente, pior! Com esta acção destruíram a investigação porque, a acontecer o caso de haver mais equipas sob mira, há mais de 48 horas que alguns aterros sanitários foram enriquecidos com material e produtos que, em princípio, não seriam para desbaratar desta forma, porque são caros – escrevia eu, porque é que a PJ se terá centrado numa única equipa?

E tendo-o feito desde há cerca de três meses atrás, como é que saberiam que neste preciso momento essa equipa apareceria a dominar corridas sem dar hipóteses aos adversários?

É – ou devia ser – esta a linha de investigação que deveria ser tomada.
Até porque, e eu escrevi-o aqui na altura, aquando da primeira etapa da Volta às Astúrias - numa altura, tendo como certa a informação da PJ de que já estava na peugada da equipa que todos sabemos qual é – porque é que eu recebi uma mensagem no meu telemóvel a dizer que o Zeferino haveria de ser apanhado?

Terá havido, dentro do pelotão, quem se tenha prestado a armar uma cilada a uma equipa rival?

Entretanto, volto a sublinhar, em termos desportivos nada impede, neste mesmo momento, a equipa do Manel Zeferino continuar a correr.

E, muito provavelmente – e aqui já sou eu a especular – ninguém (nada nem ninguém) vai conseguir constituir prova válida em tribunal para condenar a equipa da Póvoa. Que, como ontem escrevi, pode até já ter acabado por falta de apoios.

E entramos numa cena tipo “pescadinha de rabo na boca”.

Porque é que os três principais patrocinadores se apressaram a abandonar o barco?
Eu hei-de saber.
E logo que o saiba colocá-lo-ei aqui.
Só me move um interesse: fazer o que puder para que o Ciclismo não caia na lama.

E desta intenção ninguém, mas mesmo ninguém, me conseguirá afastar. Nem calar!

quarta-feira, maio 21, 2008

II - Etapa 72

PODE HAVER MUITO CACO PARTIDO,
MAS AINDA SÓ AGORA COMEÇÁMOS A ESCAVAR

(Este título é para um amigo meu que é arqueólogo!)

As mais de quatrocentas visitas que registo, depois do meio da tarde e até às zero horas de hoje, significam para mim que ainda há muita gente que procura – espero, porque nela confiam – a minha opinião, mormente num momento tão conturbado como o que ontem abalou o Ciclismo português.

Por isso, não vou usar – aliás, façam-me essa justiça, nunca aqui o fiz – paninhos quentes.

Mas também não esperem que junte a minha voz ao histerismo que, repentinamente, contaminou os habituais observadores.
E não me refiro à Comunicação Social.
Não matem o mensageiro só porque não gostam das notícias de que ele é apenas portador…

Como devem calcular, li, vi e ouvi tudo o que foi escrito, dito ou mostrado, durante a tarde de hoje, espoletado, é evidente, pela notícia que A BOLA avançou em primeiríssima mão.

Em relação à CS, não creio que tenham nada a apontar.
Li, num conhecido Fórum, que, por exemplo, a televisão – referiam-se concretamente à TVI, mas podiam juntar-lhe todas as outras – só fala de Ciclismo quando há borrasca da grossa.
Convenhamos que, perante os factos, não havia hipóteses de não falar deles.

Do que os jornais vão trazer impresso daqui a quatro ou cinco horas, só sei aquilo que o meu dá à estampa. No que respeita ao que as diferentes edições on-line foram debitando ao longo da tarde-noite – afinal, aquilo a que os simples adeptos tiveram acesso – devo dizer, por ser verdade, que se resumiu ao caudal noticioso que a Agência Lusa foi disponibilizando.

Do que li em Fóruns, mais ou menos públicos, é que não gostei nem um bocadinho.

Mas voltando ainda atrás, àquilo que a CS, neste caso, as televisões, mostraram, seria preciso, provavelmente, fazer o que eu me obriguei a fazer. Esperar. Absorver a maior quantidade de informação possível e deixar acalmar a paixão que reconheço a todos mas que alguns (muitos, infelizmente) não souberam calar.

E li atrocidades de bradar aos céus.
Atrocidades que reduzo a um único, simples e inatacável facto: ninguém, ontem – e este ninguém inclui a PJ – acusou ninguém de crime algum. Ponto.

Para quem não teve acesso, e a maioria, sei-o, teve porque andou pelos mesmos sítios na Internet por onde eu andei, junto neste artigo o comunicado da Polícia Judiciária. O único comunicado oficial disponibilizado.

Depois… depois muitos terão escutado declarações, muitos terão lido declarações – e ainda assim não leram tudo, e vejam mais logo o que A BOLA traz -, declarações de gente com peso, e refiro-me, nomeadamente aos patrocinadores, que, estas sim, podem ser tomadas como base para uma acusação pública sem julgamento prévio.

Manda a minha formação enquanto Homem, manda, também, a minha consciência que, apesar de tudo o que li, que ouvi e que vi… não deixe que sejam outros a pensar pela minha cabeça. Tenho uma, para alguma coisa há-de servir.

Infelizmente há intelectos – não é gralha, quis mesmo escrever intelectos – que se soltam qual pássaro que se escapa à gaiola sem dar por que voa directamente para a boca do gato.

Céus!... Tanta baboseira que li esta tarde.
E depois, numa clara demonstração de que, no fundo, no fundo, não sabem mesmo do que estão a falar, voltam à cena para tentarem sustentar a primeira asneira com outra ainda maior.
Por muitas horas que eu leve a olhar para a EuroSport de olhos pregados naquela coisa estranhíssima a que chamam curlling, jamais me apanharão a tentar opinar sobre ela.
Disso estão todos livres. Garanto.
Por muitas horas, por muitos jornais e revistas lidos, por muitos sítios na Internet coleccionados nos favoritos, há quem jamais venha a ter estofo para ser crítico de Ciclismo.
E isso ficou hoje provado à saciedade.
(Não, também não é gralha. É assim que se escreve.)

CINJAMO-NOS AOS FACTOS

Facto: inesperadamente – embora tenha sido um responsável pela instituição a declará-lo – a Polícia Judiciária andava a investigar uma determinada equipa há, cito de memória, “cerca de três meses” e na segunda-feira de manhã, munidos dos necessários mandados judiciais, vasculhou, ao que parece, o domicílio a cerca de uma dezena de pessoas, incluindo corredores, ligados a essa mesma equipa.

E apreendeu, não só equipamentos como produtos que, atenção… indiciam a possibilidade de estarem a ser usados métodos que poderão ser enquadrados como proíbidos no quadro desportivo.
Isto não é um eufemismo meu.
É o que se lê no Comunicado da PJ.

Pica-me a mosca atrás da orelha no que respeita ao “há cerca de três meses”.
Por duas razões e dir-me-ão onde é que eu não tenho razão.

Primeiro: porquê incidir uma investigação assim tão demorada numa só equipa?
Segundo: (ainda menos compreensível) se essa investigação é global, abrangendo todas as equipas, porquê denunciá-la assim que obtiveram resultados?

Dúvida: foram investigadas todas as equipas e aquela que agora está em causa foi a última – ou não, mas sempre tomando como certo que a investigação incidiu sobre todas as equipas – por isso, e neste caso teria sido mesmo a única a ser apanhada em falso, se revelou o resultado dessa investigação?

Tudo o que fugir a isto merece-me apenas um, e só um comentário: era preciso fazer sangue – passe a expressão – e a missão foi cumprida.
Bem á portuguesa.
Se há alguma coisa que corre mal, encontra-se um culpado – seja ou não o único – e volta a puxar-se a manta, com toda a gente a sentir-se aconchegada e… já no pasa nada!
Já há culpados. Morre o assunto.

Seria o maior erro provavelmente jamais cometido, nem digo em relação ao Desporto nacional, mas em relação ao Ciclismo, definitivamente, sim!

Amanhã – quero dizer… mais logo daqui a quatro, cinco horas – vão poder ler de enfiada uma séria de declarações (a maioria delas, diga-se em abono da verdade, já são do conhecimento público, porque repetidas na rádio e na televisão) e receio bem que todos as aceitem como aceitam um rosário de mea-culpa por parte de um bando de virgens que, mais ou menos à força, se confessam violadas. Nem faziam ideia que era assim que podiam perder a sua virginal pureza. Parecem todos dolorosamente enganados.
Santa hipocrisia.

Deixem-me aqui contar uma estória que, tanto quanto me foi dito, é mesmo verdadeira.
Aconteceu numa cidade perto de Lisboa, e na cerimónia que se queria de apresentação de uma determinada equipa de futebol da I Liga.
Foram convidadas as forças vivas da região, era um jantar, mais ou menos de gala.
Um dos convidados, gente importante, claro, mas rapaz solteiro e sem compromisso, porque o convite era para um casal, não teve pejo em levar consigo uma daquelas raparigas a que pudicamente chamamos... de vida fácil.
Ora, a moça era por demais conhecida e à entrada, alguém da organização puxou o nosso protagonista à parte e, segredando-lhe ao ouvido, tentou fazer-lhe ver que a presença da sua acompanhante não caía ali bem.
"É uma mulher de reputação duvidosa", disse-lhe quem estava ali para controlar as entradas.
Mas ele, sem papas na língua nem contas a dar a ninguém, terá ripostado assim mesmo: "Desculpe, esta senhora é mesmo puta! De reputação duvidosa será a maioria das senhoras que já estão lá dentro!"

Genial!
Isto para falar em hipocrisia…
E não estou a falar de ninguém do Ciclismo.

Há quem não recuse a oportunidade para, da sua pequenez, se pôr em bicos dos pés e vir à praça pública com lições que pretende moralistas.

Quem nos quer vender à viva força a NBA como desporto, não tem o direito de escrever isto.
Este sim, é um caso de quem busca visibilidade à custa do Ciclismo.
Que nada lhe deve.

Mas tenho que voltar de novo atrás para que se não perca o fio à meada.
Facto, facto, apenas temos que a Polícia Judiciária apreendeu uma série de seringas e frascos e comprimidos e uma máquina centrifugadora que serve para as equipas – e não há uma única que não a tenha – fazerem os seus próprios testes ao hematócrito aos respectivos corredores.
De tudo o que li, de tanta gente que li, só uma pessoa – e peço desculpa por não ser capaz de a identificar (também escreveu sob pseudónimo), lembrou que seringas e frascos e comprimidos e pastilhas não é obrigatoriamente sinónimo de práticas não permitidas.

Toda a gente sabe, pelo menos quem tem responsabilidades e escreve em jornais devia saber que, por ser de efeito mais rápido, é usual o método de reposição de sais e vitaminas pela via intravenosa, até intramuscular em atletas sujeitos a esforços às vezes desumanos.
Como os Corredores.

Mas como já escrevi, o que a populaça e alguns arautos de uma verdade que apenas mora nas suas pequenas cabeças, quer é sangue.
Não é a Comunicação Social.

É evidente que, em consciência, não posso descartar a possibilidade de, feitas as peritagens que com certeza serão feitas por quem tem para isso autoridade, não se confirme o pior cenário. Não!
Mas hoje, agora… Não há nada de palpável.

Está bem… até sou capaz de ir até ao, ainda não há nada de palpável.
Mas isto é um facto. Ainda não há.

Claro que o imediato abandono do barco por parte de todos os patrocinadores não deixa antever nem sequer um esboço de um hipotético final feliz para esta triste história.
O que a mim me leva a pensar duas coisas.
Só duas coisinhas tão simples como 2 mais 2 serem quatro:
ou não acreditam em quem confiaram o seu dinheiro, ou… sabem mais do que aquilo que, eu, nomeadamente, neste momento sei.

Eu não sei nada.
E eles?
Fica aqui a questão… tirem dela as ilações que quiserem.

Mas há mais.
Li, não sou eu quem o afirma, li, que este… terramoto poderá ter sido provocado por uma denúncia.
Seria bom que isto fosse muito bem esclarecido.
Por várias razões.
A primeira, para que saibamos, com segurança, que há quem ande no Ciclismo tão puro, tão virginal, tão sem… qualquer espécie de peso na consciência que de peito aberto – o que não foi, senão já sabíamos quem tinha sido – entrega assim um parceiro de estrada.
Eu...
Nah!, não vale a pena, vocês lembram-se…

A segunda questão, que imputo de pertinente e que quase diria não ser possível contornar, era a de sabermos todos se todas as equipas foram alvo de investigação similar.
Se não, porquê?…

E todos temos ainda presentes as declarações de alguém, de dentro do pelotão, que deixou insinuações por demais claras…

Já agora, peço-vos que leiam A BOLA, daqui a bocadinho – caramba!, daqui a pouco tenho uma reunião em Lisboa e hoje não vou dormir mais de quatro horas… - e atentem nas declarações do Paulo Couto.

Não seria necessário crescentar isto - porque aqui deixei, na devida altura, a minha opinião - declarações que eu assino por baixo.

Pronto, já olhei para o relógio, os ossos pedem-me descanso e hoje já não lho posso dar dentro daquilo que seria razoável, mas não podia deixar de vir aqui.
Já se anuncia a morte da LA-MSS.
Com o retirar do tapete, por parte dos patrocinadores, provavelmente morreu mesmo ontem, mas que uma coisa fique bem claro em certas cabecinhas… Não há inocentes nesta história.
Bem pode o presidente da FPC vir dizer que avisou
Se sabia de alguma coisa não tinha nada que avisar, tinha que agir.
É o mínimo que se pede à figura de quem preside a uma federação.

Quanto a reacções de outras equipas, pelo menos no meu jornal não vi nenhumas.

E porque tenho mesmo que fechar a loja, senão amanhã vou a dormir para o trabalho, acabo deixando um desafio:
Aceitemos que se vai provar o pior dos cenários.

Agora, digam-me lá os opinadores de cátedra… (e é impossível a não comparação deste caso com a Operation Puerto), ainda acham que são os Corredores os maus da fita?
Engulam a vossa vergonha.
Que se a não têm deveriam ter.

E nada há que possam fazer – escrever, ou dizer – que aligeire as barbaridades que escreveram contra quem menos culpa tem nesta engrenagem toda,

Perceberam, finalmente, porque é que eu me recusei sempre a deixar de estar do lado dos mais fracos?

II - Etapa 71

FERCASE-PAREDES-ROTA DOS MÓVEIS
CORRE TOUR DE LORRAINE (FRANÇA)

Cumprido o Grande Prémio Internacional Rota dos Móveis, é agora tempo da Fercase-Paredes-Rota dos Móveis atacar as grandes provas do calendário internacional alinhando no Circuito de Lorraine (França).

Entre amanhã e o próximo dia 25, 126 ciclistas estarão na linha de partida do Circuito de Lorraine, em França na mira de alcançarem o o título que foi arrebatado o ano transacto pelo alemão Jörg Jakshe. Com mais de 900 quilómetros de percurso, repartidos por cinco etapas que atravessarão toda a região de Lorraine e as 18 equipas francesas e estrangeiras, o Circuito de Lorraine é já uma prova insubstituível para todos os ciclistas profissionais e uma prova ideal para a preparação das equipas ProTour.

Pela primeira vez no seu historial, a formação da Fercase-Paredes-Rota dos Móveis vai alinhar numa competição internacional ao mais alto nível e esta presença no Circuito de Lorraine é vista como uma excelente oportunidade para confirmar os seus pergaminhos. Aliás, entre o lote de 126 ciclistas profissionais que alinharão à partida Francisco Mancebo e Eládio Jiménez são tidos como naturais e principais candidatos à vitória final. Uma vitória que em termos internos pode também sorrir aos franceses Chavanel ou Jalabert ou, com um pouco mais de "chauvinismo" à mistura, aos naturais da Lorraine, Mongin e Sprick.

Um dado parece adquirido e os promotores da prova não se cansam de o publicitar: o vencedor de 2008 terá de ser um corredor completo, capaz de atravessar as encostas de Meuse e rolar nas planícies de Meurthe-et-Moselle antes de enfrentar as subidas Vosgiens. Mas para isso terá ainda de contar com o desempenho e o apoio dos seus seis companheiros de equipa, numa prova cabal do desporto de equipa que é o ciclismo.

Na lista de vencedores de uma prova que se começou a cumprir em 1956 constam nomes como o holandês Zoetemelk, o casaque Vinokourov e na linha de partida, para além da equipa portuguesa vão estar as formações francesas da Bouygues Telecom, Française de Jeux, AG2R, Crédit Agrícole, Agritubel, Bretagne Armour e Auber 93; a italiana Acqua Sapone; as belgas Topsport Vlaanderen e Landbouwktediet; a estoniana Mitsubishi; as luxemburguesas Preti Mangimi e Differdange Apiflo; as holandesas Skil e Rabobank; a venezuelana Serramenti PVC e a irlandesa LPR Brakes.

Para a aventura francesa de Fercase-Paredes-Rota dos Móveis, Mário Rocha escolheu um septeto onde, para além, de Francisco Mancebo e Eládio Jiménez figuram ainda os nomes de Gustavo Rodriguez, Virgílio Santos, Micael Isidoro, Alexis Rodriguez e Joaquim Andrade.

As etapas...
1.ª etapa - 21 de Maio, Metz - Mont-Saint-Martin (156,6 km)
2.ª etapa - 22 de Maio, Briey - Verdun (159,7 km)
3.ª etapa - 23 de Maio, Pont-à-Mousson - Gérardmer (196,3 km)
4.ª etapa - 24 de Maio, Gérardmer - Saint-Avold (167,6 km)
5.ª etapa - 25 de Maio, Rombas - Hayange (158,1 km)

(Texto de Jorge Gonçalves, RPI da equipa de Paredes)

domingo, maio 18, 2008

II - Etapa 70

PEDALAR EM LISBOA

Há cidades, capitais europeias, onde andar de bicicleta é algo de comum. Em Amerterdão, por exemplo. Mas a Holanda é mais flat que uma tábua de engomar...

A velha Lisboa, e as suas sete colinas - viram hoje o Down Hill, do Castelo ao Largo do Chafariz de Dentro? - não é propriamente pista para quem tem de mover, à força das pernas, o próprio meio de transporte. Mas Lisboa cresceu muito, há muito se espraiou para além do núcleo histórico.

E, segundo a edição de ontem do semanário Sol, afinal já há ciclovias em utilização e um plano para aumentar o número de quilómetros cicláveis.
Óptimo!

II - Etapa 69

PARABÉNS AO PEDRO E UMA MENSAGEM:
COMUNGO DA VOSSA DOR PROFUNDA

Dezassete segundos foi a vantagem de Pedro Cardoso na chegada à Rebordosa, na 4.ª e última etapa do Grande Prémio Internacional Paredes Rota dos Móveis.

O corredor da LA-MSS atacou a três quilómetros da meta e com o triunfo subiu de terceiro para o primeiro lugar da classificação repetindo a vitória de 2006 nesta prova.

“Emocionalmente foi muito duro” - começou por declarar o vencedor com o falecido companheiro de equipa em mente. “Cheguei a ponderar abandonar a bicicleta, mas depois pensei que o Bruno não merecia. O Bruno Neves merecia exactamente o contrário, que eu trabalhasse ainda mais, que o levasse no pensamento e tentasse ganhar a corrida. Eu, ou qualquer outro colega. Todos queríamos vencer pelo Bruno e se ganhasse o Vicioso ou o Zaballa era justo. Esta foi a vitória mais importante da minha vida!”

Pedro Cardoso que terminou a prova com 21 segundos de vantagem e toda a equipa poveira merecem destaque nas contas finais por ocuparem os três primeiros lugares da classificação geral e por acumularem também a vitória nos pontos com Angel Vicioso.

O domínio da LA-MSS só foi beliscado neste último dia porque Constantino Zaballa perdeu a camisola da montanha para Gustavo Rodriguez (Fercase-Rota dos Móveis) mas colectivamente a formação de Manuel Zeferino foi a melhor.

Rui Costa (Benfica) chegou ao fim tal e qual como terminou o primeiro dia, em Espanha, vencendo o prémio da juventude e a camisola laranja.

(Texto repescado do comunicado oficial da PGM/PAD; foto PAD)

II - Etapa 68

CARAMBA!... COMO EU SOU CHATO...

Tive hoje, pela primeira vez, nesta edição, oportunidade de ver o directo da Volta a Itália.
Confesso que estou um pouco por fora. Também a informação, pelo menos a escrita, não tem sido muita.

A etapa de hoje, não sei se repararam, mostrou como os italianos - nomeadamente a RCS, um dos maiores organizadores de Corridas - não percebem nada de Ciclismo!

Então não é que, terminando a etapa com um circuito, depois de se passar a primeira, e uma vez só, pela meta, nessa passagem se ouviu claramente - eu ouvi - uma sineta a tocar? Tsch, tsch, tsch...

Recordam-se de eu aqui ter apontado a falta dessa mesma sineta nos finais da etapas da Volta a Portugal, nos dois últimos anos, quando houve uma mão cheia de etapas a terminarem à segunda passagem pela meta.

Obtive meia dúzia de respostas, sempre a negar-me a razão.
Que não. Que a sineta é só para Corridas em Circuito, com várias passagens pela meta, para assinalar a entrada na última volta, e outras mais ou menos do mesmo género.

Não é.
Sempre que o pelotão passar pela linha de chegada, sem que aconteça ali o fim da etapa, é obrigatório que essa passagem seja assinalada, não só com um sinal sonoro - mantém-se, por tradição, a velhinha sineta - como com um placard a informar que falta uma volta.
Mais, toda a sinalética que marca a aproximação à meta final, não pode estar - a alternativa é estar, mas tapada - à vista, de forma a não induzir o pelotão em erro.

Ou acreditam mesmo que os italianos não sabem os regulamentos e nós por cá é que somos os maiores?

Lá estou eu a lembrar-me outra vez da sacana da coluna militar onde todos os soldados vão de passo trocado e só o nosso querido rebento vai ali, certinho...

HOMENAGEM AO BRUNO NEVES

sexta-feira, maio 16, 2008

II - Etapa 67

ASMÁTICOS

Já aqui referira o facto de, nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, ter surgido um número... esquesito, de atletas com atestados médicos, legais, provando que sofriam de... asma. Logo estavam autorizados a usar medicamentos em cujo composto entravam algumas substâncias proíbidas, a nível do doping desportivo.

Há, creio, dois dias atrás, vi num dos canais de televisão uma reportagem com um jovem nadador, asmático, que, contudo - aliás, a conselho médico - com a practica da natação, conseguiu melhorar a sua qualidade de vida e estar na esteira de recordes.
(Não percebi foi a pergunta ??? da jornalista que quis saber como o puto ia de... namoradas; desconhecia que os asmáticos teriam outras dificuldades que não a de respirar... jornalismo moderno!)

Voltando ao princípio, referi-me aqui, há algum tempo, a esse tal caso de Sydney e houve quem me tivesse pedido prova. Isto é, que aqui publicasse o texto que escrevi em A BOLA em Novembro (edição do dia 16) de 2000.

Pois bem, consegui recuperar esse texto que passo a reproduzir.
Podem lê-lo, como referi, na edição do dia 16 de Novembro de 2006.

«Surto» de asma atacou em Sydney

Um ano após a sua criação, a Agência Mundial anti-Dopagem (AMA) vai dando passos, mas passos muito curtos e incertos, no que concerne ao seu principal objectivo. Primeira conclusão, os habituais batoteiros vão poder ainda ficar descansados durante mais algum tempo até que se definam, de uma vez por todas, as competências desta nova agência cuja presidência foi entregue ao Comité Olímpico Internacional (COI).


O primeiro grande teste para a AMA foram os Jogos Olímpicos de Sydney, e os seus observadores independentes, no relatório que subscreveram, não deixam de sublinhar «algumas disfunções no processo de controlo anti-doping durante os Jogos; conhecimento antecipado de controlos que era suposto serem de surpresa; um aumento inexplicável de justificações médicas para o uso de certos medicamentos proibidos e controlos cujos resultados se suspeita terem sido manipulados ou mesmo desviados».

Reduzindo os números a percentagens, 6,18 por cento pode até nem ser muita gente, mas sempre são 618 atletas de alta competição, tão bons, que se qualificaram para uns Jogos Olímpicos, mas que necessitam ser tratados regularmente contra a... asma.

Foi esse o número de atestados médicos, devidamente assinados por responsáveis clínicos de várias delegações, que sustentaram o facto de esses atletas poderem vir a acusar vestígios de agentes anabolizantes que fazem parte da lista de produtos proibidos do COI. 561 desses atestados preveniam a Comissão médica do COI para a eventualidade de os respectivos portadores poderem vir a acusar salbutamol; 38 seriam obrigados a usar terbulatine; 19 salmeterol e outros 75 a conjugação de dois daqueles produtos. 96,2 por cento destes atestados respeitavam a atletas norte-americanos, europeus e da Oceânia. 60 por cento foram apresentados por concorrentes do atletismo, do ciclismo e do remo.

«Todos os dias» — diz o relatório — «havia testes que revelavam a presença daqueles produtos, mas que eram imediatamente justificados por um dos tais atestados que garantiam o seu uso legítimo, no quadro de um tratamento necessário ao combate à asma».
M. J. M.

II - Etapa 66

PODEM TENTAR TAPAR O SOL COM UMA PENEIRA...

Eu devia ficar calado, mas perdoem-me a fraqueza.

Não sou capaz.
Sinceramente, arrancado bem cá do fundo… não sou mesmo capaz.

Volto ao assunto do acordo que já ganhou direito a nome pomposo.

Desculpem!
Se calhar foi logo baptizado assim, mas eu não sabia o nome completo do… coiso.

E, é evidente que neste artigo encontrarão ligações com o anterior.

Serão sibilinas, mas são honestas.
E facilmente detectáveis.
Que cada um assuma as suas responsabilidades.

Eu não sou mais amigo do Paulo Couto do que do prof. José Santos ou do dr. Artur Moreira Lopes.

Lamento não conhecer o dr. Luís Horta - nem nenhum elemento do CNAD… - mas não é por isso que cederei ao facilitismo que é o saltar para a trincheira que se julga ser a mais protegida.

Primeiro: porque sei alguma coisa de Ciclismo;
Segundo: porque tenho a constante preocupação de tentar saber com que linhas se cose um caso;
Finalmente: porque em caso de dúvida – que não é o caso – não abdicarei do meu dever moral de ficar do lado de quem tem razão.

Mesmo que, tendo em conta certos escritos, esse lado seja a coluna militar que marcha, toda, no seu conjunto, com o passo trocado em relação ao único que queremos ver.

O verdadeiro Jornalista, tendo direito a ter a sua própria opinião – e há nos jornais espaços para isso – quando passa do editorial para uma peça jornalística não se pode repetir.
Nunca!

Negar isto é aceitar, das duas, uma:

ou gastou a opinião colando-se a uma notícia; ou quer vender como notícia a sua opinião.

O problema é que, quando se trata de uma publicação que se quer especializada, tem que, desde o princípio, saber que não se está a escrever só para os adeptos mais ou menos (mais para o menos do que para o mais) informados, mesmo em relação à modalidade de que gostam.
Gostam porque sim!…
Mas a esmagadora maioria não tem os conhecimentos necessários para, honestamente, defender uma determinada posição em relação a outras que a contrariem.

Ora, se se é adepto e se escolhe determinado OCS, especializado, ter-se-á, sempre, como verdadeiros os escritos que nele lê.
Só que, o ser-se especializado, cobra um preço demasiado alto.
É que todos os que sabem mais do que o trivial, porque gostam da modalidade… o lêem.

E estes não perdoam desvios visivelmente comprometidos.
Vade-retro

Que se acertem as agulhas de forma a retomar o fio à meada.
Num artigo de opinião, cada um é livre de escrever a sua.
Lê-mo-la, concordamos ou não mas, cultivando a urbanidade, aceitamo-la enquanto isso.

Uma mera opinião.

(Isto, que estão a ler, é uma mera opinião, a minha!...)

Agora ver essa opinião reescrita, travestida de notícia… Isso é que não!
Desculpem lá, mas não.

Logo a começar no título…
Para quem não percebeu a mensagem no artigo anterior, eu repito:
Há hoje muitos mais amadores com Carteira Profissional do que havia, sem Carteira, há 20 anos atrás.
Já aqui expus o caso e não vale a pena esticar-me demasiado.

É insustentável defender-se a posição do CNAD.
Principalmente do CNAD que, parece, foi quem teve a iniciativa de pedir ao IDP que cortasse o financiamento daquilo que insistem defender.

Que raio de Jornalismo se pretende fazer quando se aceita a posição – divulgada em comunicado – de uma das partes, se aceita esse comunicado como não merecedor de contestação, e logo se reduz o comunicado (outro comunicado) da outra parte a um… apontamento.

Estamos perante uma clara tomada de posição do Jornalista.
Do Jornal.
Que até é aceitável, se expressa num artigo de opinião…
Que é mau jornalismo quando travestido de notícia.

Lá está…

Há, hoje, muitos mais amadores com Carteira Profissional do que havia há duas décadas sem ela.

A notícia é complementada com um texto de apoio – onde se reduz a posição da APCP ao pinchar de duas ou três linhas daquele comunicado que eu aqui reproduzi na íntegra – e três opiniões.

Da FPC, na boca do seu presidente, que se diz “triste” e não compreender “como é que os ciclistas, que eram os principais interessados nas medidas que estavam em marcha e que deviam ser eles a exigir e impôr, colocam obstáculos”;

Do prof. José Santos, enquanto presidente (acho eu) da Associação de Equipas, que reconhece «uma certa lógica face ao que se passou» - mas o que é que se passou? -, adiantando que, cito: «Tudo o que possamos fazer, mesmo que cause sacrifícios, deve ser feito.»

Mas… sacrifícios a quem?
Ao prof. José Santos?
Aos DD, em geral?
À Associação de Equipas?

O prof. José Santos consegue, ele, empregado de uma instituição, ser representante do colectivo das instituições como aquela a que ele deve lealdade enquanto empregado – alguém já leu alguma coisa sobre esta situação perfeitamente ímpar e difícil de aceitar, seja sob que ponto de vista fôr? De um empregado, pago pelo seu patrão, ser o representante máximo da associação de… patrões?

Senhor Secretário de Estado… pode corar de vergonha, nós compreenderemos.


Recomeço: o prof. José Santos (será… como técnico, ou como representante dos patrões?) lamenta que os Corredores não se dêem ao sacrifício

Alguém que pergunte ao prof. José Santos a que sacrifícios está ele, seja como empregado, mero orientador de uma equipa, seja como representante dos patrões, disposto a fazer.

E pede que os Corredores aceitem os tais sacrifícios em que papel?
Como representante dos patrões, ou como técnico?

Tresanda este cheiro esquisito de uma promiscuidade que, havendo, ou sentido de classe ou, ao menos… vergonha, poderia ser evitado.

É claro que a opinião, pese embora a tentativa de ser diplomático, que mais se ajusta à realidade, é aquela que, primeiro O Jogo, e agora o Jornal Ciclismocomeça a ser difícil distinguir um do outro, convenhamos – nos dá em nome do Joaquim Gomes.

O único Corredor (ex-corredor, no caso) interpelado.
E se perguntassem a mais meia dúzia?

É evidente que o Joaquim sabe – porque se lembra ainda – que os corredores estão nas mãos de quem paga. Melhor… de quem se compromete a apresentar resultados para poder ser pago.
Nem o facto de o único testemunho desalinhado da coisa ter pendido para o lado dos Corredores, fez o articulista perceber que está errado.

E depois há a rábula do Benfica.
Leio e não quero acreditar.

Até porque eu já o escrevi aqui.
Já o leram.
Expliquem-me qual a parte que não perceberam que eu faço um desenho.

A única equipa que não assinou o tal Acordo Comum, porque, sendo Continental Profissional e, no início da temporada, quando almejava lançar-se em altos voos, se sujeitou às regras da UCI, no que respeita ao Passaporte Biológico, porque queria ter um wild-card que mais não fosse, para correr as voltas à Suíça e a Espanha, recupero… a única equipa que nada tem a ver com o Acordo Comum, foi aquela que se apressou a vir a público com um ridículo comunicado que desvinculava os seus corredores da APCP. E toda, sem excepção, a CS se apressou a dar espaço ao comunicado do Benfica!