sexta-feira, maio 16, 2008

II - Etapa 67

ASMÁTICOS

Já aqui referira o facto de, nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, ter surgido um número... esquesito, de atletas com atestados médicos, legais, provando que sofriam de... asma. Logo estavam autorizados a usar medicamentos em cujo composto entravam algumas substâncias proíbidas, a nível do doping desportivo.

Há, creio, dois dias atrás, vi num dos canais de televisão uma reportagem com um jovem nadador, asmático, que, contudo - aliás, a conselho médico - com a practica da natação, conseguiu melhorar a sua qualidade de vida e estar na esteira de recordes.
(Não percebi foi a pergunta ??? da jornalista que quis saber como o puto ia de... namoradas; desconhecia que os asmáticos teriam outras dificuldades que não a de respirar... jornalismo moderno!)

Voltando ao princípio, referi-me aqui, há algum tempo, a esse tal caso de Sydney e houve quem me tivesse pedido prova. Isto é, que aqui publicasse o texto que escrevi em A BOLA em Novembro (edição do dia 16) de 2000.

Pois bem, consegui recuperar esse texto que passo a reproduzir.
Podem lê-lo, como referi, na edição do dia 16 de Novembro de 2006.

«Surto» de asma atacou em Sydney

Um ano após a sua criação, a Agência Mundial anti-Dopagem (AMA) vai dando passos, mas passos muito curtos e incertos, no que concerne ao seu principal objectivo. Primeira conclusão, os habituais batoteiros vão poder ainda ficar descansados durante mais algum tempo até que se definam, de uma vez por todas, as competências desta nova agência cuja presidência foi entregue ao Comité Olímpico Internacional (COI).


O primeiro grande teste para a AMA foram os Jogos Olímpicos de Sydney, e os seus observadores independentes, no relatório que subscreveram, não deixam de sublinhar «algumas disfunções no processo de controlo anti-doping durante os Jogos; conhecimento antecipado de controlos que era suposto serem de surpresa; um aumento inexplicável de justificações médicas para o uso de certos medicamentos proibidos e controlos cujos resultados se suspeita terem sido manipulados ou mesmo desviados».

Reduzindo os números a percentagens, 6,18 por cento pode até nem ser muita gente, mas sempre são 618 atletas de alta competição, tão bons, que se qualificaram para uns Jogos Olímpicos, mas que necessitam ser tratados regularmente contra a... asma.

Foi esse o número de atestados médicos, devidamente assinados por responsáveis clínicos de várias delegações, que sustentaram o facto de esses atletas poderem vir a acusar vestígios de agentes anabolizantes que fazem parte da lista de produtos proibidos do COI. 561 desses atestados preveniam a Comissão médica do COI para a eventualidade de os respectivos portadores poderem vir a acusar salbutamol; 38 seriam obrigados a usar terbulatine; 19 salmeterol e outros 75 a conjugação de dois daqueles produtos. 96,2 por cento destes atestados respeitavam a atletas norte-americanos, europeus e da Oceânia. 60 por cento foram apresentados por concorrentes do atletismo, do ciclismo e do remo.

«Todos os dias» — diz o relatório — «havia testes que revelavam a presença daqueles produtos, mas que eram imediatamente justificados por um dos tais atestados que garantiam o seu uso legítimo, no quadro de um tratamento necessário ao combate à asma».
M. J. M.

3 comentários:

SempreNaRoda disse...

Boa noite, eu também vi essa reportagem desse rapaz e achei rídiculo essa pergunta das namoradas!!parece que é uma misto de revista cor-de-rosa.

Passando ao que interessa; eu também fui para a natação pois tenho asma e fui aconselhado pelo médico a ir. Mas sei que pelo menos mais de três vezes por semana, torna-se prejudical para um asmático devido ao cloro existente nas piscinas. Um rapaz como este deve treinar no mínimo 6 vezes por semana.

Em relação aos números de casos de asma nos JO são imensos, mas a verdade é que a asma está a aumentar e penso que o desporto de alta-competição pode levar a um atleta a ter asma, ou pelo menos ataques.
No entanto tenho ideia que a avaliação da asma não é assim tão linear...

Li esta artigo há tempos em relação aos TUEs que afirma que nos vários medicamentos da asma ainda não há provas que trazem melhorias significativas num atleta...

http://www.dailypeloton.com/displayarticle.asp?pk=9567

Li algures que eram 56% ou 46%, não tenho bem preciso o número de atletas "com" asma nos JO de Sydney.

carneiro disse...

Estimado Sr. Madeira,

Sou asmático (com historial clínico e hospitalar desde tenra infancia).

O ciclismo desenvolveu-ma uma especial forma de asma: a chamada de esforço. Meia hora depois de chegar das minhas 5 ou 7 horas de bicicleta, fico com os bronquios completamente inflamados e tenho que tomar um comprimido.

Antes do ciclismo entrar na minha vida, a minha asma, em adulto, manifestava-se raramente (em situações de constipações, etc.)

Será que a alta competição (não é o meu caso, eheheh,qu'isto dito assim até parecia que me estava a incluir) é potenciadora de asma pelo esforço acrescido do aparelho respiratório ?

Mas a asma não é uma doença que se esconda. Damos sempre pelo asmático em crise.

Porque não exigir aos atletas, além do atestado médico, uma 'exibição' de asma ?

Por exemplo uma prova, sem medicamenmto, para despoletar a crise e depois logo se via quem é asmático ou não. è que existem provas respiratórias funcionais, em cabine própria que esclarecem cientificamente a existencia da asma.

Mas na essencia o seu texto tem plena razão. Abre-se a porta a tudo...

SempreNaRoda disse...

Estive agora a pesquisar e o número que mencionei (46%) era o número de ciclistas asmáticos nos JO de Atenas.
A dos atletas eram cerca de 20%. (destacavam-se ciclismo, natação e o atletismo as modalidades com mais casos)