sexta-feira, fevereiro 25, 2011

ANO VI - Etapa 27

AGORA, AMIGO...
É MOSTRARES QUE NÃO FORAM
CAPAZES DE TE DESTRUIR...

Não posso dizer que não tenham havido, antes, mais casos de tão profunda insistência, mas estes dois são paradigmáticos.

Na tristemente 'célebre' operação PCC - cuja legitimidade eu ainda hoje questiono, e gostaria que mo provassem que não foi 'legalizada' só após a denúncia que SÓ eu fiz (e tinha razão, o, à altura, CNAD, NÃO PODIA beneficiar de uma busca policial pois a sua intervenção limitava-se, o que hoje continua a ser verdade para a ADoP, a recolher amostras fisiológicas, não a vasculhar, seja debaixo da cama, seja na casa de banho, garagem ou mesmo carrinhas de apoio das equipas) - que um dia destes valerá uma comenda ao seu mentor, o João Cabreira nem sequer foi alvo de buscas em sua casa.

Solidário com os companheiros de equipa fez questão de se sujeitar aos mesmos testes. Resultado destes... a memória já me atraiçoa, não estou velho mas estou doente, não foi tudo negativo?

Os Corredores castigados foram-no por terem sido apanhados na posse de produtos dopantes. Não que tivessem dado positivo em qualquer controlo.

Mas o João Cabreira vinha a ser 'marcado em cima' já há algum tempo, na altura. Até porque, negativo o seu controlo e apenas com um companheiro de equipa, poucos dias depois se sagrou Campeão Nacional de Estrada. Título que lhe roubaram.

No meio tempo, 'faltou' a um controlo surpresa que lhe foi montado... no País Basco. Mau grado ele sempre tivesse garantido que, embora fosse verdade que tinha alugado aquela casa, NAQUELA altura ainda lá não tinha chegado porque viajara - após uma corrida ali realizada pela equipa - para Portugal e que, só depois de ter tido autorização para ter uns dias de férias, já combinadas, mas que o obrigaram, de qualquer dos modos, a viajar com a equipa para Portugal - regressou a Espanha.

NINGUÉM procurou reconstituir essas viagens. Falo da CS.
NINGUÉM, da mesma CS, esteve naquela localidade e procurou saber se, de facto, alguém por lá apareceu à procura do João... Não é estranho?

Não duvido que a equipa do CNAD tenha apresentado quilómetros e recibos de portagem de auto-estrada - aqui afirmo, com conhecimento de causa, que se atravessa toda a Espanha em vias-rápidas sem custos para o utilizador, logo, é mais do que provável que não haja recibos.

Então, como foi dado como provado - com todo o respeito pela idoneidade da equipa do CNAD - que este lá esteve? Disse que esteve. E que não encontrou a casa. E que perguntou onde era e ninguém soube explicar...

Ao mesmo tempo, o João explicou que, no dia e à hora que o CNAD afirma lá ter estado, ele ainda lá não chegara, ia em viagem. Não atendeu o telemóvel? Quem conhece aquela zona de Espanha, 'escondida' pelos asturio-cantábricos Picos da Europa que vão além dos 3 mil metros de altitude?
Eu conheço. E podia o aparelho estar desligado. E poderia ter-se esgotado a bateria...

Porque se escreveram notícias como se fossem reais sem que ninguém se tenha dado ao trabalho de lá ir... Toda a gente soube a localização da casa. Eu próprio aqui coloquei fotos dela. Se lá tivessem ido poderia, pelo menos, ter sabido duas coisas: perguntando no tal café - e não deve lá haver muitos - se, de facto, algum português tinha aparecido a perguntar por aquela morada (o que também seria insuficiente porque se trata de uma zona de casas dispersas, para aluguer temporário como turismo de habitação - ninguém ligou a isto), depois, verificando se havia, ou não sinal de rede de telemóvel sendo que isto seria, em todo o caso, relativo. Podia não haver no local onde o João circulava naquele momento.

Sabem quantos quilómetros e túneis tem a auto-via desde a entrada nas Astúrias, saindo de Portugal por Bragança, até Bilbau?

Mas nem foi (só) por isso que o João Cabreira levou dois anos de castigo. Provavelmente não sabem, como eu sei, que eu Lausana os próprios 'julgadores' se sentiram defraudados. Obrigados a serem, como devem ser, imparciais perante os factos apresentados e defendidos por cada uma das partes, desabafaram, no final da audiência, garantindo que se o João tivesse tido hipóteses (financeiras, é claro), de ter apresentado um especialista técnico (que não jurídico, que não o pode ser) teria saído ilibado.

Ainda hoje, aquilo que, pretensamente - e também aqui o então CNAD, não poupando o nosso dinheiro não 'largou o osso' -, o João terá acusado não consta no index dos produtos proíbidos.

Ensurdecedor o silêncio da CS em Portugal.

Mas terminou hoje o castigo de dois anos imposto ao João.
Não falo com ele há já alguns meses, mas espero que se sinta, animicamente, com forças para voltar a mostrar, onde ele é bom, na Estrada, que podemos contar com ele para a nova temporada.

Caro João,
Um forte e sentido abraço de solidariedade. Eu acredito em ti. Nós, acreditamos em ti...

E, como disseste aos jornais que procuraram ouvir-te... aposta nessa! Uma vitória na Volta a Portugal humilharia quem tudo fez para te destruir e reduziria ao seu estatuto de 'zé-ninguém' quem se absteve de te defender.

Apesar da descarada perseguição de que foste alvo.


VOLTEMOS AOS PITOGRAMAS

O último tem a ver com Contador que, apesar de absolvido pera RFEC, ainda não está livre da canina vontade da UCI mas, principalmente, da AMA, de vir a sofrer um penalizador revés.

Tenho lido comentários de arrepiar porque há quem não tenha a mínima vergonha de botar opinião sem saber do que está a escrever. Aquele número com DEZ zeros depois de uma vírgula, seguidos de um 5, que está na base de toda a polémica reduz esta por terra. Para aceitarmos qualquer espécie de penalização a Alberto Contador seria ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIO que TODOS os controlos a TODOS os Atletas, que não só aos Corredores de Ciclismo, fossem 'esmiuçados' até à mesma profundeza. Fazer passar as amostras de uns pelo laboratório de análises que fica aqui na esquina da minha rua, e a de outros, escolhidos a dedo, sujeitos a uma tecnologia de ponta é desonesto!

(Salvaguardando as devidas diferenças, vem-me à memória a forma como, mesmo com TODA a polícia de Chicago sabendo que Al Capone era o Senhor do Crime na cidade, para o prenderem tiveram que recorrer a um 'manga de alpaca' de um funcionário das finanças. E foi por fuga ao fisco que ele foi parar à cadeia.)

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

ANO VI - Etapa 26

DESGRAÇADO PAÍS QUE NEM SABE
HONRAR AQUELES QUE LHE DÃO NOME!

Albertina Dias nasceu em 1966, tendo crescido na zona ribeirinha do Porto. Começou a correr aos 12 anos ganhando quase todas as provas populares que havia na época. Aos 17 anos, depois de uma curta passagem de três meses pelo FC Porto, ingressou no Boavista de onde só sairia em 1991 para ir para o Maratona Clube da Maia, tendo como treinador Bernardino Pereira.
Durante todo este percurso conquistou várias medalhas, quer a nível individual, quer colectivo pela, Selecção Nacional.

Em 1990, no Campeonato do Mundo de Corta-Mato, Albertina Dias, individualmente, obteve a sua primeira medalha em competições internacionais. Em 1992, em Boston (EUA), conquistou uma medalha de bronze e, no ano seguinte, no Campeonato do Mundo de corta-mato de Amorobieta (Esp), alcançou finalmente a medalha de ouro.

Pela Selecção Nacional obteve a medalha de prata nos Campeonatos do Mundo de Estrada em 1986, em Lisboa; a medalha de ouro em 1987, em Monte Carlo; a medalha de bronze em 1988, em Adelaide (Austrália); e a medalha de prata em 1989, no Rio de Janeiro.
Nos Campeonatos do Mundo de corta-mato obteve a medalha de bronze em 1990, em Aix-Les Bains (Fra), duas medalhas de ouro no campeonato de Budapeste (Hun), em 1994, e no de Ferrara (Ita), em 1998, respectivamente.

Albertina Dias esteve também presente nos Jogos Olímpicos de Seul (Coreia do Sul), em 1988, nos de Barcelona (Esp), em 1992, e de Atlanta (Gre), em 1996.
Esteve presente em vários campeonatos do Mundo (de pista, de pista coberta, de corta-mato, de estrada, de meia maratona); em campeonatos Ibéricos e Ibero-americanos; em campeonatos da Europa de corta-mato e em cinco Taças da Europa.

Em Portugal, Albertina Dias foi campeã nacional de 3 mil metros, em 1986, 1989 e 1991, tendo sido recordista nesta distância entre 1991 e 1994.
Foi campeã dos 10 mil metros, em 1993, e de corta-mato em 1995 e 1996. Além disso, foi recordista nacional dos 5 mil metros entre 1993 e 1995 e, em pista coberta, na distância de 3 mil metros deteve também o primeiro lugar do ranking nacional de 1991 a 1994.

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[in' Infopédia]

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Ok, pela segunda vez, num curto espaço de tempo, fujo ao Ciclismo e atrevo-me a opinar sobre outra modalidade. Primeiro foi em relação à Vanessa Fernandes (triatlo), agora à Albertina Dias (atletismo).

Foi o Correio da Manhã – e não consigo compreender inentendíveis, para mim, complexos, de um Jornalista em citar o trabalho de um colega de profissão, mais atento, ou melhor informado – que na segunda-feira passada no-lo revelou.

A Albertina Dias, aquela mulher que levou o nome de Portugal aos quatro cantos do Mundo, não por ter conseguido resultados jeitosos mas por ter… GANHO títulos vive hoje com os magros proventos de um ordenado de mulher-a-dias que faz limpezas em duas casas particulares.

Para, e cito palavras dela, ‘dar uma vida melhor à minha filha’, Albertina Dias que enviuvou há sete anos, está disposta a vender as medalhas que conquistou porque ajudas não as conseguiu de entidade nenhuma.

Conta o meu caro António Simões, mais do que especialista em atletismo, provavelmente o melhor ‘jornalescritor’ da actualidade (a palavra inventei-a eu, mas quem sabe do seu trabalho compreenderá), pegou hoje no tema (lá está, ‘esquecendo-se’ de dizer que lera a mesmíssima notícia que eu li ontem, no CM) e acrescenta que, com a ajuda da Rosa Mota e de Pompílio Ferreira, Albertina Dias conseguiu um ‘simpático’ part-time a ganhar… 400 euros por mês! Que já chegou ao fim.

Depois, arrisca o António: «Não haverá por aí organismo do Estado que as compre [as medalhas] da Albertina e as vá depositar no Museu do Desporto?

É aqui que discordo de ti António.
As medalhas são da Albertina.
Ganhou-as ela.
Com o seu suor, as suas lágrimas… sei lá se com sangue.
São dela!

Como ela diz, são tão dela como um rim ou um pulmão… ou as pernas que a levaram a conquistá-las.

Será que o abandono – pelo menos a falta de ajudas – a que foi sujeita a Albertina Dias pode ser ligado ao facto de sempre ter sido militante comunista?

O Museu do Desporto – ignorava que tal existisse, é responsabilidade de que ministério? – só devia fazer uma coisa, e estou-me nas tintas para a crise (o título desta Etapa é claro): comprar, pelo seu justo valor, as medalhas à Albertina Dias, fazer delas réplicas que guardaria como espólio, e deixar as originais com a atleta. Por exemplo, com a assinatura de um documento que a impediria de as vender de verdade.

Mas se as coisas são tão simples de resolver…

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Ano VI - Etapa 25

HOMENAGEM AO DR. BARREIRO DE MAGALHÃES
À MEMÓRIA DE UM HOMEM BOM
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(Impossibilitado de estar presente, é desta forma, divulgando o apelo dos Organizadores, que dou o meu singelo contributo)
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Tendo o Sr. Dr. Barreiros de Magalhães (já falecido) sido Médico do Ciclismo do Futebol Clube do Porto. Médico amigo de todas as pessoas ligadas ao Ciclismo incluindo antigos Corredores, Médico das Voltas a Portugal, Médico dos Mineiros das Minas do Pejão, na Freguesia de Pédorido, Castelo de Paiva, Médico e Benemérito toda a População da Freguesia prestando assistência gratuita a todos os que dele necessitavam...

... por tudo isto a Junta de Freguesia de Pédorido, juntamente com as Freguesias da Lomba, Paraíso e Raiva, decidiram prestar-lhe Homenagem, tendo também solicitado ajuda aos Homens do Ciclismo.
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Pelo facto do Busto da sua imagem ter ultrapassado o orçamento previsto, faltando pagar ao escultor 5.000 €, decidiu a Comissão de Angariação de Fundos, composta pelo sr. presidente da Junta de Freguesia de Pédorido, Artur de Sousa, Mónica Rocha (secretária), António Miranda (tesoureiro) e mais sete elementos que representam o Povo de Pédorido, assim como a Comissão dos Amigos do Ciclismo composta por Joaquim Leite, José Luís Pacheco, Mário Silva, Alberto Carvalho, Manuel Fernandes, Onofre Tavares, Moreira de Sá e Amândio Cardoso realizar um Almoço para Angariação de Fundos contribuindo conforme as possibilidades de cada um, almoço que terá lugar no Restaurante dos 5 Amigos, em Pedroso V. N. de Gaia, Estrada Nacional 1 (inicio da subida para Grijó do lado direito).

A data do almoço será dia 5 de Março sendo o preço de 30 €, e a Inauguração do Busto tem lugar na Freguesia de Pédorido (Castelo de Paiva) no dia 30 de Abril de 2011 pelas 15 horas.

Pedimos que faça parte da lista daqueles que se lembraram de prestar homenagem a um homem bom.

As Inscrições podem ser efectuadas para telemóvel 91.763.54.36 (Joaquim Leite).

Aceitem os nossos Sinceros Cumprimentos.

Joaquim de Magalhães Leite

domingo, fevereiro 20, 2011

ANO VI - Etapa 24

ATÉ SEMPRE, 'DOUTOR'...
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Como explico na nota anterior, soube da notícia no sábado, pelas seis da tarde. Daí, até agora, desdobrei-me na busca da confirmação. Infelizmente, para toda a Família do Ciclismo, é verdade.

Faleceu, na passada sexta-feira, o Amândio Louro. Todos nós o tratávamos por Doutor. Não sei porquê... nunca procurei saber. De certo que tinha direito ao título.

Conheci-o há 20 anos. Foi, durante muitos anos, o responsável pelo som de animação de quase todas as Corridas de Ciclismo.

Mas fazia mais. Nos últimos quilómetros das etapas, quando era possível 'apanhar' a limitada propagação da Rádio Volta, punha-a no ar dando, a todos os que se encontravam nas zonas de chegadas das etapas, o relato vivo - para além dos das rádios - do que stava a acontecer na estrada.

Íntimos nunca fomos. Amigos, com certeza.
Chegou a por-me a comentar o desenrolar da corrida nesses últimos quilómetros, eu, um enviado de um jornal como 'A Capital', fugindo às 'guerras' entre os 'desportivos'...

O seu estúdio móvel era convidativo. Não havia ar-comdicionado, mas havia ventoínhas. E dezenas de CD's com as músicas que prendiam os espectadores...
Era um grande profissional.

E, como 'speaker' oficial tinha previlégios... como a lista oficiosa dos primeiros classificados em cada etapa em primeira mão.
À qual não negava, nunca, o acesso dos profissionais da CS.
Por isso fazíamos fila por trás do seu Estúdio Móvel. Para a ela ter acesso.
E, sempre que possível, ele trazia - da zona dos Comissários - mais do que uma folinha...

Não acredito que o doutor Amândio Louro tivesse um único 'dissidente' do concensual batalhão de Amigos. E, embora sempre me tenha afastado - porque o meu feitio não dá para isso - dos momentos de convívio extra-desportivo, complemento natural da jornada de trabalho, sei que ele era sempre um dos maiores animadores.

Ontem, sábado, recebi a notícia sempre cruel e fria.
O Amândio Louro deixou-nos. Mais pobres num momento em que o Ciclismo está quase, quase, a caír no 'estatuto' dos Sem Abrigo, comparando-o com a realidade Social do País.

Atrasei a divulgação da notícia - que, entretanto, mais ninguém deu - até ter uma confirmação fiável. Infelizmente confirma-se.
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Com pouco mais de 50 anos, profisional da publicidade - terá sido por isso que os 'jornalistas' que tantos anos conviveram com ele se escusaram a noticiar a sua morte? -, piloto encartado da aviação civil (que era, afinal, a sua principal actividade), Amândio Louro deixou-nos no passado Sábado.

Morreu, tanto quanto mo disseram, ao fim de muitos contactos que fui fazendo para confirmar o seu passamento, de causa natural. Imprevisível e fulminante, quando trabalhava no seu escritório.

Que descanse em paz!

(mais dois ou três anos e estará extinta uma passagem da História do Ciclismo Nacional, quando este beneficiou de uma autêntica família de colaboradores, a começar pelos Jornalistas)

O futuro, não é preciso ser bruxo, é negro.
Fica nas mãos de quem não percebe nada da Modalidade.
Mas os Torquemadas também não durarão muito tempo.

terça-feira, fevereiro 15, 2011

ANO VI - Etapa 23

VOLTA AO ALGARVE

Começa hoje mais uma edição daquela que tem tudo para ser a mais importante Corrida do Calendário português.

O que lhe falta?
Antes de mais... divulgação e terá de ser paga porque a Imprensa não lhe dá mais do que as seis linhas que faltam para encher a coluna de 'breves'.

Àparte isto, um desabafo pessoal.
Não sei que 'estórias' te envenenaram - mas sei quem foi - meu caro Rogério Teixeira.
A verdade é que não tive uma única notícia sobre a prova.

Serei sempre teu amigo, companheiro! E, mais tarde ou mais cedo, vais perceber que há figuras que há muito já deviam ter sido escorraçadas do Ciclismo. Andam, ainda andam, aí para se servirem da Modalidade à qual deram... ZERO!
Pelo contrário, aproveitam tudo, desde os 'packs' de água, que as organizações pagam, aos caixotes de laranjas (e ajudei a carregar alguns, mas sempre, sempre senti vergonha de ser dependente e, mesmo angustiado, achei que devia 'pagar' a, e isso jamais porei em em causa, disponibilidade em me 'carregar').

E, mais logo, vou recordar-me daquele ano em que, seguindo à tua frente um par de horas, bati a portas, fui buscar chaves, alinhei cavaletes, puz-lhe os tampos em cima, estiquei extensões de corrente e, quando todos os demais chegavam... a Sala de Imprensa que NÃO EXISTIA estava montada.
Não te estou a cobrar nada.
Fi-lo em nome da Volta ao Algarve.
Que perdurará para além de nós.

Um abraço e que tudo corra bem.
Que seja uma grande Corrida.
Fico a torcer por fora.

Manuel José Madeira

ANO VI - Etapa 22

"IN DUBIO PRO REO"

Chamo a título uma expresão jurídica, normalmente intocável, pese embora o assunto em causa não tenha chegado aos Tribunais. Também não sou assim tão ingénuo que acredite que a 'coisa' fique por aqui. Pode lá chegar, até porque, e não é só por cá, as instituições que têm como objectivo a luta contra a dopagem no Desporto já mostraram, por diversas vezes, que não sabem perder. Não aceitam, diria... não admitem, serem postas em causa.

Como se fossem as donas da Verdade Absoluta. E isto não existe, como todos sabem, logo... há dolo nos seus recorrentes recursos.

Os 'centuriões' de guarda à 'verdade desportiva' - que montaram tenda à porta do 'acampamento do Ciclismo', com a preciosa ajuda da CS que, rapidamente, se não branqueia, apaga da agenda casos idênticos noutras modalidades - não se vão ficar.

A foto ao lado já desvendou que estou a falar do 'caso' Alberto Contador.

O natural de Pinto, arredores de Madrid, foi envolvido num processo com o seu quê de kafkiano.

Na última edição da Volta a França viu várias amostras suas recolhidas durante a prova, não foram só aquelas naquele espaçozinho de três/quatro dias...

Infelizmente, como o grande objectivoda CS é o de criar 'casos', sempre e só em relação ao Ciclismo, aquelas foram parar ao ÚNICO laboratório mundial com equipamento capaz de de, héllas!, detectar isto: 0,000.000.000.05 gramas/mililitro de uma substância com nome de supositório - o Clembuterol - no seu organismo.

Sim! são DEZ zeros depois da vírgula até chegarmos ao primeiro algarismo não redondo.
50 picogramas, li hoje. E aprendi uma palavra nova.

E foi com... ISTO TUDO (recupero, detectado numa análise, depois de todas as anteriores terem sido limpas, embora tenham remanescido vestígios nos três controlos seguintes) que se criou um 'caso'.

Caramba... então ia terminar um Tour sem que houvesse 'casos'?

Há uma faixa da CS, que chega aqui, à nossa, que das corridas não acrescenta mais nada àquilo que todos podem ver na televisão.
Porquê?
Porque escrevem as crónicas exactamente a partir do que veem na tv.
Qualquer coisinha que apareça a mais 'vale' uma página de jornal.
É boato? É rumor?
Não interessa. Enche a página.

Este ano coube ao Contador, com uma desonesta margem de dúvida em relação aos casos anteriores. O Landis, recordo, 'morreu' num dia e no seguinte 'deu um banho' a todo o pelotão.

Não somos todos parvos, e o controlo travestiu-se da famosa imagem do algodão... não enganou!

Eu nunca disse que não havia batoteiros no Pelotão. Mas não tomenos a núvem por Juno.

O 'caso' Contador foi, claramente, um 'facto' criado fora do pelotão e que contou com a ajuda da CS menos cuidadosa.

Já admiti que as instituições que foram criadas, a expensas públicas, para o combate contra a fraude desportiva, não tenham ficado satisfeitas e que não vão deixar morrer, de imediato, o assunto. Num quadro judicial isento e imparcial, isso não me apoquenta.

E, pondo-me na pele de um decisor, é evidente que dormirei sempre mais descansado se tiver deixado na rua um hipotético transgresor do que ter condenado um inocente.


Já agora, leiam isto...
(XXX)

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

ANO VI - Etapa 21

É A TUA VIDA VANESSA!...
VIVE-A E SÊ FELIZ

Já tinha visto a notícia, ontem, nas headlines das edições electrónicas de vários jornais. A Vanessa Fernandes, num grito silencioso, disfarçado de comunicado, pedia: 'Deixem-me viver a minha vida. Deixem-me ser aquilo que sou. Mulher!'
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Tenho praqui, algures, gravado ainda numa velhinha cassette VHS um 'especial', creio que da RTP, um programa que nos mostrava o retrato, na altura, de uma jovem que teria 17 ou 18 anos e que, apesar da natural encenação para a realização do documentário, acordava todos os dias no Centro de Alto Rendimento do Jamor às 5.30 da manhã com um sorriso rasgado, que às 6 horas estava a fazer piscinas, que às oito calçava os ténis e ia para a estrada até às dez e que depois montava a bicicleta e pedalava, pedalava... até à uma da tarde.

Após uma ligeira refeição, de uma reunião com o seu técnico e duas horas estirada na cama de um quarto impessoal, com a família lá tão longe, às quatro da tarde voltava à piscina, às seis à estrada e, já com o sol a afundar-se no Atlântico, voltava a montar a bicicleta. Vinham as massagens, o jantar, meia hora na internet para falar com os pais e alguns amigos e eram 11 da noite, hora de fechar as persianas, desligar o rádio e a televisão e dormir. Faltavam seis horas e meia para se levantar.

Sem estes pormenores, pese embora saiba que os companheiros que hoje assinaram as crónicas do seu... até já, também terão lembrado esse documentário, emocioei-me.

E foi quando 'ouvi' o seu silencioso grito: 'Quero ser o que sou. Mulher!'

Já vão perceber onde quero chegar...

Toda a gente que contribuiu com algum depoimento não deixou de relembrar o que a Vanessa Fernandes já fez. O seu palmarés, desde os 15 anos, quando se lançou - ou foi lançada?! - no triatlo é impressionante. Não quero polémicas... mas teremos alguém, no Desporto nacional, com um palmarés parecido?

Emocionei-me com as palavras do seu pai, o velho e grandíssimo Vensceslau Fernandes.
'Talvez a culpa seja minha, por a ter deixado ir tão novinha...'

Quantos exemplos eu poderia apontar agora, aqui, de pais que, sem duvidar que na melhor das intensões, 'roubaram' parte da vida dos filhos à custa de os querer ver ser estrelas...

De todos os depoimentos - sendo que técnico e seleccionador nacional foram incapazes de ver o que é para todos nós óbvio, e percebe-se, embora a ideia que deixaram tenha sido a de uma insensibilidade desumana, deixando a descoberto que, ainda que inconscientemente, estão a pensar mais neles do que na Vanessa - o mais tocante, porque se adivinha sentido e se revela clarividente, foi o do presidente do COP, Vicente Moura.

'A Vanessa cresceu, hoje tem corpo de mulher, sonhos de mulher...'
E, acrescento eu, a coragem de uma Mulher, assim, com inicial maiúscula.

E sabem de quem me lembrei? Claro que sabem.
De quem se deixou instrumentalizar. Conscientemente... ou não.
Não aconteceu por acaso que os homens que tiveram (?) tenham sido aqueles que, à sua custa, ganharam fama e tiraram proveito. Os seus 'treinadores'.

Ah, não estou a por em causa o seu valor enquanto atletas, que foram das maiores, não só de Portugal como do Mundo, onde são reconhecidas. Mas pagaram um preço insuportável.

E hoje, ao lerem as peças jornalísticas publicadas, aposto que não contiveram as lágrimas.

E recupero aquela frase de Vicente Moura:
'A Vanessa cresceu, hoje tem corpo de Mulher, sonhos de Mulher...'

E uma Vida da qual decidiu não abdicar.

É a tua Vida, Vanessa! Vive-a e sê feliz...
... nenhum de nós merece que lhe passes ao lado só para nosso 'orgulho'.
Já fizeste o que tinhas a fazer.

E, navegando a onda, a minha solidariedade, sincera, porque sou capaz de compartilhar a vossa dor, para com a Rosa Mota e a Fernanda Ribeiro.
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Se há coisa que eu raramente faço é voltar atrás.
Não gosto de me ler.
Acho sempre que podia/devia estar melhor.

Mas agora - depois de publicar esta Etapa - fiquei a pensar... eu escrevi-a conhecedor de dados que nem todos os que, entretanto já me leram e os que ainda virão a fazê-lo, sabem. Fará sentido tudo o que escrevi antes deste 'aditamento'?

E com esta 'chamada' de 1.ª página de O Jogo?

ANO VI - Etapa 20

VINGOU O BOM SENSO

Em nome de todos os que ainda são capazes de Sofrer pelo Ciclismo, sem outro objectivo que não seja o de ver a Nossa Modalidade Bem Tratada por quem a rege - já bastam os bitaites da cáfila de ignorantes e/ou mal intencionados que se pelam por a denegrir - Obrigado.

Obrigado ao Conselho de Justiça da FPC por ter sido capaz de fazer juz ao nome e, mesmo desautorizando-se [é evidente que é apenas e só um recurso literário], fazer... Justiça.

Refiro-me, se ainda o não perceberam, ao levantamento do castigo aos irmãos Costa. Ok... não foi levantamento do castigo e esse ficará marcado (injustamente) nas suas cédulas, mas retirar-lhes o impedimento de correr durante um ano, reduzindo o castigo aos cinco meses que já cumpriram, acaba por ser um mal menor. Mas, atenção, zurrarei aqui [é o que dizem quando se referem às minhas intervenções mais acutilantes... 'deixem-no zurrar!'] com a amplitude que for necessária, e em sua defesa, se os Corredores acharem por bem serem ressarcidos de um castigo que o próprio acto do CJ reconhece ter sido injusto.

Quando foram punidos já se sabia que a substância que acusaram - um ingrediente comum a vários suplementos vitamínicos que os atletas, não só do Ciclismo, tomam normalmente - deixaria de fazer parte do Index das substâncias passíveis de serem consideradas proibidas.

Bastava, na altura que, quem de direito viesse a público e explicasse isto mesmo - porque sou visceralmente contra o encobrimento de situações ilícitas (e, insisto, ainda há um caso de hormonas de crescimento por explicar!) - e tinha-se evitado que o nome de dois jovens valores (e se é assim que a FPC trata as promessas, fica explicado o castigo a um Corredor que tanto deu à modalidade e que, no ano em que se despedia da competição, foi punido com... 15 anos de castigo) tivesse sido beliscado.

Adivinho que haja quem diga... só quem está no convento sabe o que se passa lá dentro.
Eu contraponho... estamos fartos de públicas virtudes que encobrem, há anos, privados vícios.

...

Porque se situa, mais ou mesmo (salvaguardando as devidas proporções), dentro dos mesmos parâmetros lamento o arrastamento do 'caso-Contador'. É líquido que sim, é possível a ingestão de produtos proibidos através de uma simples refeição.

Todos sabemos como os pintos, os cordeiros, as vitelas ou os leitões ficam al dente num terço do tempo em que naturalmente ficariam. A quantidade do produto detectado em Alberto Contador é doentiamente ridículo. Ninguém será capaz de defender outra tese que não a que, por mais fundo que tivessem que escavar, o queriam tramar.

Há meias decisões tomadas. Uns dizem que fizeram o que lhes competia, logo outros se apressam a dizer que não há - e não há, de facto - ainda uma decisão oficial. Neste meio tempo um profissional está sem saber qual vai ser o seu futuro e, mais importante ainda, um Homem sem saber qual vai ser a sua Vida!

E isto acontece... no Desporto!

Os franceses já impediram uma primeira vez Alberto Contador de tentar vencer o Tour duas vezes consecutivas, deixando a Astana de fora; a prova perdeu interesse! No ano seguinte Contador venceu de novo mas os franceses não gostam dos espanhóis (o inverso também pode ser verdade mas é inaceitável numa competição desportiva) e o ano passado repescaram Lance Armstrong para cartaz. Voltou a ganhou o Contador e eles repetem a cena...

... antes um luxemburguês, ainda que germanófolo, que um espanhol.
É a única coisa em que a organização pensa.