domingo, fevereiro 20, 2011

ANO VI - Etapa 24

ATÉ SEMPRE, 'DOUTOR'...
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Como explico na nota anterior, soube da notícia no sábado, pelas seis da tarde. Daí, até agora, desdobrei-me na busca da confirmação. Infelizmente, para toda a Família do Ciclismo, é verdade.

Faleceu, na passada sexta-feira, o Amândio Louro. Todos nós o tratávamos por Doutor. Não sei porquê... nunca procurei saber. De certo que tinha direito ao título.

Conheci-o há 20 anos. Foi, durante muitos anos, o responsável pelo som de animação de quase todas as Corridas de Ciclismo.

Mas fazia mais. Nos últimos quilómetros das etapas, quando era possível 'apanhar' a limitada propagação da Rádio Volta, punha-a no ar dando, a todos os que se encontravam nas zonas de chegadas das etapas, o relato vivo - para além dos das rádios - do que stava a acontecer na estrada.

Íntimos nunca fomos. Amigos, com certeza.
Chegou a por-me a comentar o desenrolar da corrida nesses últimos quilómetros, eu, um enviado de um jornal como 'A Capital', fugindo às 'guerras' entre os 'desportivos'...

O seu estúdio móvel era convidativo. Não havia ar-comdicionado, mas havia ventoínhas. E dezenas de CD's com as músicas que prendiam os espectadores...
Era um grande profissional.

E, como 'speaker' oficial tinha previlégios... como a lista oficiosa dos primeiros classificados em cada etapa em primeira mão.
À qual não negava, nunca, o acesso dos profissionais da CS.
Por isso fazíamos fila por trás do seu Estúdio Móvel. Para a ela ter acesso.
E, sempre que possível, ele trazia - da zona dos Comissários - mais do que uma folinha...

Não acredito que o doutor Amândio Louro tivesse um único 'dissidente' do concensual batalhão de Amigos. E, embora sempre me tenha afastado - porque o meu feitio não dá para isso - dos momentos de convívio extra-desportivo, complemento natural da jornada de trabalho, sei que ele era sempre um dos maiores animadores.

Ontem, sábado, recebi a notícia sempre cruel e fria.
O Amândio Louro deixou-nos. Mais pobres num momento em que o Ciclismo está quase, quase, a caír no 'estatuto' dos Sem Abrigo, comparando-o com a realidade Social do País.

Atrasei a divulgação da notícia - que, entretanto, mais ninguém deu - até ter uma confirmação fiável. Infelizmente confirma-se.
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Com pouco mais de 50 anos, profisional da publicidade - terá sido por isso que os 'jornalistas' que tantos anos conviveram com ele se escusaram a noticiar a sua morte? -, piloto encartado da aviação civil (que era, afinal, a sua principal actividade), Amândio Louro deixou-nos no passado Sábado.

Morreu, tanto quanto mo disseram, ao fim de muitos contactos que fui fazendo para confirmar o seu passamento, de causa natural. Imprevisível e fulminante, quando trabalhava no seu escritório.

Que descanse em paz!

(mais dois ou três anos e estará extinta uma passagem da História do Ciclismo Nacional, quando este beneficiou de uma autêntica família de colaboradores, a começar pelos Jornalistas)

O futuro, não é preciso ser bruxo, é negro.
Fica nas mãos de quem não percebe nada da Modalidade.
Mas os Torquemadas também não durarão muito tempo.

1 comentário:

CC disse...

Tive o privilégio de conhecer este enorme senhor, que agora nos deixa a saudade da sua presença. O Dr. foi sempre a face oculta da voz (inconfundível) que gritava "Palminhas, palminhas, palminhas..." em todos os podiuns das diversas provas em que a dupla esteve presente.

Tenho imenso orgulho em ter conhecido (e não pertencido) esta grande família, que marcou a história do ciclismo e que vai desaparecendo aos poucos. Continuo a orgulhar-me dos "familiares" que continuam a lutar pelos velhos e belos costumes deste desporto, sendo eu filho de um deles.

Fico triste por ver as antigas glórias das "bicicletas" (incluindo jornalistas, equipas técnicas e até pessoas da barreiras) despojadas das suas glórias e feitos do passado pelos "Donos" do actual ciclismo, cuspindo assim "no prato em que comeram".

A todos aqueles que (con)vivem, boas e longas horas nas Salas de Imprensa as minhas saudações e um até sempre Dr.