quinta-feira, maio 31, 2007

565.ª etapa



JAVIER BENITEZ ENTROU NO TOP-TEN GERAL
DEPOIS DA 2.ª ETAPA DA VOLTA À BAVIERA


Começo com uma rectificação e o respectivo mea culpa.
Javier Benitez (SL Benfica), ontem foi, de facto, 9.º na 1.ª etapa da Volta à Baviera. Caiu para 13.º na geral devido às bonificações. O meu alemão é abaixo de zero. Confesso.
Hoje já era mais fácil perceber a diferença, pelos tempos apresentados, entre a classificação do dia e a geral. Fica a rectificação e as minhas desculpas para com quem induzi em erro, para com o SL Benfica e para com o Javier Benitez.

Depois, noto que o Renato Silva ainda é motivo para... discordâncias. Veja-se a classificação apresentada pelo Record. Ou a classificação oferecida pelo Todociclismo. O Renato não tem culpa com certeza…

Entretanto, na etapa de hoje, ganha por Erik Zabel, Benitez foi sexto, tendo ascendido à 7.ª posição na geral, a 10 segundos do novo líder que é o mesmo Erik Zabel.

Quem esteve em destaque foi Pedro Lopes que andou numa fuga tendo pontuado (foi sempre 3.º) nas duas primeiras Metas Volantes e na primeira contagem para o Prémio da Montanha (1.ª categoria) do dia.


ALCIDES ALMEIDA (ST.ª MARIA DA FEIRA)
LIDERA PRÉMIO DA MONTANHA
NA GALIZA

Alcides Almeida
(Santa Maria da Feira-E. Leclerc) é a figura lusa, do dia, na Volta à Galiza (2.13). Foi o melhor (9.º) dos corredores das equipas portuguesas na etapa e passou a liderar o Prémio da Montanha.

Na geral individual, Samuel Coelho, da mesma equipa, passou a ser o representante do esquadrão luso melhor posicionado, ocupando o 4.º posto a dois segundos do novo líder, o cazaque Valeriy Dmitriyev.
Bruno Sancho (SL Benfica), que era o líder, hoje perdeu 2.45 minutos e, naturalmente, caiu bastante na geral onde o melhor benfiquista (7.º) é agora Edgar Pinto.

A terceira formação lusa presente na corrida galega é a LA-Trevomar, cujo melhor posicionado na geral é o brasileiro Diego Domingo, 35.º classificado.

quarta-feira, maio 30, 2007

564.ª etapa


JÁ É INSANA A "SEDE" DE SANGUE

Noto que os esforços que venho a fazer não vêm a obter os resultados esperados. Sinto-me a pregar no deserto. Literalmente.

Quando se fala de doping, as pessoas – todas as pessoas, incluindo jornalistas – anseiam apenas por uma coisa: sangue. Querem ver cabeças a rolar. Querem os pelourinhos ocupados, as fogueiras a arder. E a queimar seja quem for.

Ainda hoje, num “editorial” li o quase lacinante lamento pelo facto de a Milram ter esvaziado o facto de Erik Zabel ter admitido o recurso a métodos proíbidos. Tendo em conta os actuais regulamentos que, os da altura em que ele "pecou"... ainda não o podiam prever, dado que o método era desconhecido.

Cansado, desmotivado, lembro-me da velha estória do lobo e do cordeirinho.

O primeiro, ainda que bebendo água do riacho, a montante do local onde o segundo bebia, acusou-o de lhe sujar a água. Este defendeu-se dizendo o óbvio… se estava abaixo, no sentido de onde a água corria, não podia estar a sujar a água que o lobo bebeu. E este logo disparou: se não foste tu, foi o teu pai.
É uma velha estória que aprendi em criança.
Ensinou-me que, quem procura um culpado o "acha" sempre. Mesmo que aquele o não seja.

Quem pode – ou julga que pode, e às vezes não pode, mas tem ao seu dispor, por exemplo, as páginas de um jornal – dita a “lei”.

Estou a ficar cansado!
Não compreendem, ou não querem compreender o que aqui escrevo. E parece que cada uma das minhas palavras só tem como objectivo atingir alguém. Que se julga inatingível.

Que ganharia eu com isso?

Não gostam dos meus comentários e pronto.
Ponto!

Noutro jornal, leio que 13 elementos de uma Selecção Nacional, numa outra modalidade, foram irradiados por recurso ao doping. Foi numa breve. Seis linhas e meia.
Mais ninguém achou o assunto digno de notícia.

Oiço, na televisão, quem tente “descobrir” quem terá sido o vencedor do Tour de 1996. Bjarn Riis admitiu ter usado um produto que – chamo a atenção para isto (embora não pretenda ser eu a esvaziar o grave da questão) – ainda não era conhecido, logo… não constava da lista dos interditos. E depois esse mesmo alguém desfila os nomes dos que se lhe seguiram, em 1996 (!!!) na classificação que, NEM ACUSARAM NADA, NEM ADMITIRAM NADA.

Apenas estão envolvidos em processos bastante posteriores a isso.

MAS SÃO CONSIDERADOS CULPADOS DESDE ESSA DATA.
Tanto que, ao que me lembro, as contas já iam no sexto classificado.
(Se não foste tu... foi o teu pai!)
Mas porquê?
Em que se sustentam estes argumentos?
Em nada. Coisa nenhuma…
Népias! Nada!...
Só na mórbida vontade de quem, achando-se "acima de quaisquer suspeitas" quer é ver TODOS OS MALES DESTE MUNDO expirados... por um Corredor de Ciclismo.
Um qualquer.
Um não!
Muitos...
Todos...
TODOSSSSSS!...
Os profissionais de Ciclismo estão a ser trucidados por uma máquina que enlouqueceu.

Preparem-se que vem aí outra das minhas comparações malucas…

Um bando de analfabetos (analfabetos, hoje, agora, aqui…), puxa dos galões e quer ser juíz dos erros de ortografia que outros terão cometido há… 10 anos!
Mas eles continuam analfabetos.
(Não confundam isto com a terrível relação que alguns continuam a manter com a Língua Portuguesa! – era apenas um exemplo!)

Do tal “editorial” tirei aquilo que já escrevi: o problema não é o da possibilidade de existir doping; o problema é haver ainda pelourinhos sem ninguém a eles acorrentado; haver fogueiras lindamente viçosas… e não haver quem se possa atar ao tronco de forma a que seja queimado.

E procura-se. Em todo o lado, na mais pequena notícia.
NÃO!...
Não venham com ideias estapafúrdias.
TEM que ser um ciclista!

A coisa está a descambar para o irreal. E, como respondi, há uns dias atrás, a um amigo que comentou um dos meus artigos, a verdade é que eu já não sei como falar de doping, como explicar o doping
(Ah! tem explicação, tem sim senhor... Se até a vossa santa ignorância o tem!...)

Mas voltando atrás... já não tenho força e começa a faltar-me a vontade de o fazer, não ante uma plateia que não quer outra coisa que não seja… sangue (por mais infeliz que seja a comparação!).

Sangue de Corredores.
De profissionais.
Que obedecem a quem lhes paga.

Cheguei à conclusão – hoje, com aquele “editorial”, cheguei – de que há gente que, se calhar até gosta de Ciclismo, mas abomina os Corredores. Se é que aqui pode haver alguma ponta de coerência.
Não há, pois não?

563.ª etapa


OPINADORES DE SOFÁ VALEM O QUE VALEM

Entretanto – foi azar, reconheço-o – no mesmo “editorial” a que venho a referir-me falava-se da notória ausência de público nesta edição do Giro.
Pumba!...
Mais um trambolhão. Dos grandes.
Quem assistiu à etapa não o pode negar. Uma autêntica avalanche humana no alto do Zoncolan. Que a televisão fez questão de mostrar.
Será que amanhã, quem escreveu aquilo vem penitenciar-se? Não creio. Não acredito. Não espero.

Nem espero argumentações de quem disse, pegando numa frase ouvida na televisão, “Nem as histórias do doping afastam as pessoas”! (Tenho gravado.)

Mas alguém acha que o público dá alguma importância às histórias que a CS insiste em romancear acerca do doping?

Mas quantas vezes mais eu terei que repetir aqui que o público vai é atrás do espectáculo? Não tentei já, eu, envolver o público (em abstracto) nas “culpas” que recaiem sobre alguns ciclistas em particular e no Ciclismo no geral?

Ah!... Acharam-no despropositado!
Claro que acharam.

Quem escreve de cú sentado numa cadeira e nunca viveu o que é o ciclismo na estrada pode teorizar à vontade. Não se riam é das minhas opiniões. Reinvídico o estatuto de conhecedor. Não mo neguem. Ou façam melhor do que traduzir telexes das agências.

Está ainda fresquinho o artigo que escrevi sobre isso.
O público quer espectáculo! Quer não… Exige!

Que ninguém mora naquele descampado e todos aquelas milhares de almas não se deslocaram do cú de Judas para ver um passeio de cicloturistas.

Foi para ver os seus campeões.

Não a passearem mas a sofrerem.
E quanto mais eles sofrerem mais o público gosta.
É o Circo. Não dos palhaços mas o velho Circo romano, dos gladiadores.

Matar ou morrer.

É por isso que público acorre. Viram as imagens da etapa de hoje? Viram?
A quantos quilómetros da chegada é que puderam identificar carros particulares?

Eu não vi e não posso dar palpites. Alguém pode?
E aqueles milhares (muitos) de pessoas andam, meia hora, uma hora, hora e meia a pé... para quê?

Agora fechem os olhos.
Imaginem-se Corredores.
Independentemente dos objectivos desportivos.

De quererem ganhar a etapa ou de subir na geral…

Imaginam-se Corredores profissionais sem se verem “obrigados” a ultrapassar todos os vossos limites perante aquela mole humana que gritava, aplaudia, corria lado a lado com os Corredores?…

Não me julguem, a mim, como branqueador de eventuais practicas desonestas por parte dos Corredores.

Leiam-me como testemunha privilegiada que sou do seu esforço.

Depois, tentem pôr-se na pele de um, de entre aqueles milhares de espectadores que sairam de casa de véspera, que deixaram o carro a cinco quilómetros, que andaram, por sendeiros e a corta mato, esses cinco quilómetros… a subir.
Tentem perceber o que eles sentem.
Tentem perceber o que sente um Corredor que, esgotados os últimos pingos de suor ainda vai descobrir forças onde ninguém pode imaginar…
(Querem que antecipe os vossos pensamentos? Pensam que estavam TODOS DOPADOS!)

Mas só pensaram nisso depois de regressar a casa.
Depois de se sentarem à frente dos vossos computadores de jornalistas.

Naqueles momentos ferveu-vos o sangue, imaginando-vos no seu (deles) lugares.

Capazes de arrebatar uma multidão.

Sentiram-se grandes!

Acabada a transmissão televisiva (ou chegados aos carros, estacionados cinco quilómetros mais abaixo e ligado o ar condicionado da viatura), imagino-vos a todos a desabafarem: “CAMBADA DE DOPADOS!

É isso o que pensam de verdade, não é?

562.ª etapa


BENFICA VENCE NA GALIZA
BENITEZ É 13.º NA BAVIERA

Bruno Sancho venceu a primeira etapa da Volta à Galiza (2.13) e amanhã parte como líder da corrida. O jovem encarnado bateu ao sprint o colombiano Wilian Aranzazu e o cazaque Valeriy Dmitriyev, segundo e terceiro, com Edgar Pinto (SL Benfica) e Samuel Coelho (St.ª M.ª da Feira) a fecharem o top-five. O Benfica - José Mendes foi 8.º - também lidera por equipas.

No sul da Alemanha, Javier Benitez (13.º) foi o melhor dos corredores benfiquistas no final da primeira etapa da Volta à Baviera.


Curiosamente, no Comunicado que recebi da BikeLagos, a Benitez é creditado o 9.º lugar. E como só há pouco acedi ao meu email, só há pouco pude constatar que, afinal de contas - sempre segundo os comunicados da BikeLagos -, a CLASSIFICAÇÃO OFICIAL da Neussen Classic está... errada.

Vou, sem "stresses", aguardar pela homologação e publicação das classificações no sítio oficial da UCI.

terça-feira, maio 29, 2007

561.ª etapa


ALGUMAS EXPLICAÇÕES PARA QUE
NÃO CONTINUE A SER MAL INTERPRETADO!...

Ontem, como já o fiz várias vezes, deixei aqui um artigo no qual usei o termo "teórico" que - tenho disso consciência - pode ser lido como "desconhecedor da realidade". Pode. Mas também não é obrigatório que o seja.

Também, há muito, muito tempo, contei aqui a forma como fui "atirado" para o Ciclismo. Chegado há pouco tempo a um jornal - no caso, a saudosa A CAPITAL - aconteceu-me aquilo que ainda acontece com os recém chegados a uma redacção. Todos os outros já têm a "sua especialidade"... logo o que chega de novo "fica" com o que, à priori, passaria pelo "convencer" os já residentes e com "pelouros" fixos.

Custou-me muito. Porque parti do zero. Enquanto Jornalista (e volto a pedir desculpa pelo pretenciosismo de utilizar a caixa alta), eu só tinha um objectivo: corresponder àquilo, não que o chefe de secção pretendia, mas à exigência dos leitores. E, como acontece em todas as Modalidades, o Ciclismo tem um público sabedor, logo, exigente e pouco flexível, em relação a eventuais inexperiências do jornalista.

Acreditem-me, de futebol toda a gente sabe. Toda a gente tem opinião. Por isso o universo alvo do noticiário sobre futebol, sendo difícil, acaba por ser menos exigente. O curioso é que, ao mesmo tempo, é o que menos concorda com as opiniões dos jornalistas. É um público transversalmente abrangente, mas que centra, acima de tudo, nas suas preferências clubísticas a chamada... verdade. E gosta dos articulistas QUANDO estes têm leituras que coincidem com as suas. E verberam-no quando isso não acontece. Mas voltam a estar com ele na primeira ocasião em que as opiniões voltam a convergir.

No que respeita às Modalidades - é a favor disto que me bato - as coisas mudam radicalmente.

Quem compra um jornal só por causa de uma determinada modalidade sabe mais sobre ela que o próprio jornalista. Ou porque - eu devia dizer: principalmente - já foi praticante, ou técnico... ou árbitro. Há aqui, no que concerne às Modalidades, um quase total esvaziamento no que respeita ao adepto só adepto. Esse até pode comprar o jornal só por causa da modalidade que gosta mas, percentualmente, o peso destes é residual.

Quem começa a ler o jornal pelo fim, porque busca, de facto UM tema sobre o qual, não raro, sabe mais que o jornalista, são especialistas nessa modalidade. Praticantes, ex-praticantes, técnicos, dirigentes...

Por isso, e voltando ao ponto onde ficara, assim que fui "designado" como o homem do Ciclismo, n'A CAPITAL, passados os primeiros momentos de aflição, mergulhei o mais fundo que pude na realidade desta modalidade sem par. Ainda não havia Internet, nessa altura, por isso eu aproveitava o facto de ter de subir ao 3.º andar, no antigo edifício d'A CAPITAL, para, alietoriamente tirar da prateleira a "colecção" de uma determinada época e ler tudo o que os meus antecessores, no tratamento do ciclismo, tinham escrito.

Depois, e já no terreno, ultrapassados os primeiros momentos de maior timidez, logo que os "veteranos" me aceitavam no grupo, eu passava horas a ouvi-los.

Só queria não cometer nenhuma borrada nos meus escritos, mas, entretanto, aprendi a amar esta modalidade que é única. Exactamente porque a fui descobrindo a pouco e pouco.

E porque não quero estar para aqui a contar a história da minha vida, demos então o "salto" para o presente.

Depois de horas e horas a ouvir as estórias do Zé Neves de Sousa - ainda tive o privilégio de com ele privar -, das conversas com o Costa Santos, dos ensinamentos, quase na perpectiva de mestre e aluno com o Martins Morim e de outras mil e uma conversas com mais uma dúzia de companheiros de estrada, depois de cinco ou seis anos - e eu, perdoem-me a imodéstia - achei que com menos tempo do que isso não estava capaz de me pronunciar autonomamente, lá me abalancei a começar a fazer comentários.

Nessa altura já percebia de desmultiplicações de velocidades, já sabia de olhos fechados quem era sprinter e quem eram os melhores na montanha... Já percebia alguma coisinha de ciclismo.

Neste meio tempo conquisto amizades que ainda hoje mantenho.

O Francisco Araújo contou-me todas as suas estórias com o Agostinho; Francisco Araújo que mora, em linha recta, a pouco mais de 300 metros de minha casa. Um dos muitos amigos que o ciclismo me deu.
O Guita Júnior falou-me das Voltas que organizou. Dos acampamentos, em vez das dormidas em hotéis que não havia, na altura...
O Fernando Emílio dos mil e um truques que precisamos saber, para estar na frente, na informação. E que mos "ofereceu", no verdadeiro sentido do termo.

E depois fui ganhando a amizade de técnicos - o Manuel Maduro, o Orlando Alexandre, o Marco Chagas, o prof. José Santos, mestre Emídio Pinto, João Marta, José Marques... tantos outros - e de corredores, então ainda no activo. O Joaquim Gomes, o José Santiago, o Fernando Carvalho, o Pedro Silva, o Paulo Pinto, o Carlos Marta (pecaria sempre por defeito, por isso fico-me por aqui, pedindo desculpa aos não citados).
De dirigentes, como o eng.º Brito da Mana, o senhor Álvaro Silva, Manuel José Tavares Rijo... e tantos outros.

E fui gastando dinheiro a assinar o Mirroir du Ciclisme (que já não existe), a Vélo... o que havia em francês, antes de começar a familiarizar-me com o espanhol.

Até que um dia, depois de o ter recusado por duas ou três vezes, aceitei participar num pequeno colóquio sobre Ciclismo. Porque já achava que estava suficientemente maduro para o fazer.
Não tive pressa...

Mas, e embora continue a assinar revistas e, hoje em dia, com a Internet, quase tudo estar à distância de um clique, a verdade é que, o que me diferencia dos outros (colegas jornalistas, de uma geração posterior) são os muitos quilómetros de estrada percorridos e, principalmente, as muitas horas de conversa com os, então, veteranos do pelotão da Comunicação Social.
Isto, numa altura - recordo - em que ainda não tinha sido inventada a Internet.

E estou, depois desta redonda passagem pelo meu passado, a regressar aos dias de hoje.
Hoje tudo parece simples.
E já esfou a entrar, definitivamente, no porquê deste artigo.

Quem tem - ainda por cima no emprego - possibilidade de às 9.30 da manhã já ter lido 5 artigos espalhados pelos (mesmo que sejam) 5 jornais europeus mais interventivos no Ciclismo, vai somando conhecimentos. Claro que vai.
Eu mesmo tento alcançar essa meta: ler quatro ou cinco jornais desportivos europeus por dia.
Mas falta-lhes tudo o resto.

Pronto. Chegámos ao ponto dos... "teóricos"!

Bem Vindo, tolerado ou, já me aconteceu, banido de um dos sítios onde podemos ler coisas de ciclismo, em português, vou estando atento a todos.

E, nos últimos tempos, tenho vindo a assistir a uma futebolização - no método, que não no concreto - do Ciclismo, mormente nos casos de doping.

O adepto constrói a sua verdade e, lendo qualquer artigo que coincida com essa sua verdade, sente-se capaz de, e de peito aberto, vir à rede despejar uma série de absurdos só possíveis porque de Ciclismo de facto, daquilo que se faz na estrada, montado numa bicicleta, não sabe absolutamente NADA.

E o número de horas que passa a pesquisar sítios na Internet, tal como o número de horas que passa à berma da estrada para ver passar o pelotão, não servem para efeitos de currículo.
Aqui torna-se igual ao "cego" adepto do futebol.
Contra a sua equipa - aqui a sua opinião - qualquer "atchim!!!" é arrasado, se o entender contra, ou elevado à suprema das verdades, se com ele concordar.

No meu artigo, no qual chamei "teóricos" a alguns dos opinadores amadores que por aí pululam, dei mesmo um exemplo que ouvi.

"Se os corredores tomam EPO para subirem montanhas a 35 km/hora... mais valia que, mesmo que subisse a 25 a não tomassem. O espectáculo ia ser o mesmo."
Que dizer disto?

Primeiro, a (o uso da) EPO não tem como objectivo... andar mais depressa.

Embora eu ache que ainda há quem pense que há quem se injecte com a eritropoietina para no dia seguinte ganhar uma etapa!
Não é ridículo. É estar-se completamente de fora.
O ridículo é dizê-lo.

"Drogas" para darem força, eram aquelas que se usavam nas décadas de 50, 60 e 70 do século passado.

A EPO não dá força a ninguém.
Nem se toma 12 horas antes.
A EPO - mas há outros meios - serve para ACELERAR A RECUPERAÇÃO depois de terminada a etapa.
Potencia o organismo na reposição de todos os componentes gastos ao longo das tiradas.
Não durante a etapa.

Ganham-se etapas com as pernas e a força que - para quem acredita - o Criador lhes deu. A diferença é que, a cada manhã, estão - os que a usam - na posse de praticamente todas as suas capacidades... naturais.
Só recuperaram melhor, e mais depressa, dos que a não tomaram.

Mas, quem é que, hoje em dia, não tem uma aparelhagem tipo home-cinema e casa? E um motitor LSD com 175 centímetros para ver televisão à escala de um écrã de cinema?
Eu digo... sete em cada dez portugueses. Nove em cada dez, se alargarmos a coisa para o nível do cidadão-tipo, ao nível da União Europeia.

Perceberam o que eu NÃO disse?

Por isso tenho que chamar "teóricos" aos que sustentam as suas opiniões em editoriais lidos por aí, na Internet. De jornalistas que nunca puseram o pé numa corrida. E que só estão tomados dessa coisa que se pode assemelhar às velhas Cruzadas.
Morte aos infiéis.
Mas como não sabem quem o é, de verdade... arrastam todos à sua passagem.

E - os meus caros "teóricos" -, ainda por cima, não têm a preocupação de, na mesma Internet, procurarem aprender um pouco mais sobre o que julgam estar a falar. Definitivamente, são teóricos.
E isso percebe-se nos seus escritos "bacteriologicamente" puros.
E porque se percebe que acreditam no que escreveram.

E com isto deixo em aberto a discusão. Se é que querem participar.
É que parece que trocar opiniões comigo é a primeira coisa que esses teóricos evitam.
Eles lá sabem porquê.

560ª etapa


DISCREPÂNCIAS QUE NÃO ENTENDO...

Sei que são poucos - comparativamente a outros países - os portugueses que compram jornais. É pena.

Serão menos ainda os que compram mais de um jornal por dia. Vício que alimento há décadas. Não considero a compra de jornais como despesa a... dispensar. Outras coisas já tive de deixar de lado, mas insisto em comprar, quotidianamente, quatro diários, número de papel que, ao sábado, aumenta para seis com a compra de mais dois semanários.

Gosto de confrontar opiniões. Procuro ler o que alguns dos opinion makers pensam de dado assunto. Sinto-me mais rico em informação, o que colmata, de facto, o ficar um pouco mais pobre em termos de carteira.

E compro diariamente os três desportivos. Porque sim.

E não raro detecto contradições. Por exemplo, há alguns dias atrás um dos desportivos punha muitas reservas em relação a continuação do brasileiro Luisão no Benfica, enquanto outro - A BOLA, no caso - trazia uma entrevista exclusiva com o mesmo Luisão onde este garantia que, para já, o Benfica é o único clube que está no seu horizonte para a próxima temporada. Nestas situações tenho em conta o peso que cada um dos trabalhos tem. Sem desconsiderar ninguém, já conheço o suficiente de cada um para escolher o mais credível. E as palavras ditas pelo próprio, em entrevista, para já, dão-me mais garantias de poderem vir a confirmar-se. Vantagem para A BOLA.

Outras vezes fico desconcertado com as várias opções que me são oferecidas e sem saber - positivamente sem saber - em qual das versões acreditar.

Inscrevi-me na Sala de Imprensa virtual da Neuseen Classics, com o intuito de saber da prestação dos benfiquistas na corrida e ontem, ainda antes das 5 da tarde - como podem comprovar pela hora do artigo que lhe dediquei - recebi na minha caixa de correio as classificações completas. E escrevi esse pequeno artigo sobre isso.

Hoje, com a excepção de O JOGO, que não incluiu as classificações, reparei que as classificações dadas pelos outros dois desportivos não coincidiam. Nem uma com a outra, e nenhuma delas com as oficiais, que eu recebera. Ora reparem...

VELOLUSO (*)
Corrida: 191,2 km; média: 40 km/h
1.º, Denis Flahaut (JAR) 4.33.44 horas
2.º, Steffen Radochia (WIE), m.t.
3.º, Javier Benitez (SLB), m.t.
24.º, Mikel Pradera (SLB), a 1 s
54.º, Rui Costa (SLB), a 8 s
78.º, Bruno Castanheira (SLB), a 13 s
86.º, José António Pecharroman (SLB), a 15 s
90.º, Renato Silva (SLB), a 17 s

A BOLA
Corrida: 191,2 km; média: 41,909 km/h
1.º, Denis Flahaut (JAR), 4.33.44 horas
2.º, Steffen Radochia (WIE), m.t.
3.º, Javier Benitez (SLB), m.t.
24.º, Pedro Lopes (SLB), a 1 s
54.º, Mikel Pradera (SLB), a 8 s
78.º, Bruno Castanheira (SLB), a 13 s
86.º, José Ant. Pecharroman (SLB), a 15 s
90.º, Rui Costa (SLB), a 17 s

RECORD
Corrida: 189,2 km; média: Não Referida
1.º, Denis Flahaut (JAR), tempo Não Referido
2.º, Steffen Radochia (WIE), m.t.
3.º, Javier Benitez (SLB), m.t.
24.º, Mikel Padera (SLB), a 1 s
54.º, Rui Costa (SLB), a 8 s
77.º, Bruno Castanheira (SLB), , a 13 s
85.º, José Ant. Pecharroman (SLB), a 15 s
89.º, Pedro Lopes (SLB), a 17 s

O JOGO

Corrida: 193 km; média: Não Referida
1.º, Denis Flahaut (JAR), tempo Não Referido
2.º, Steffen Radochia (ELT), m.t.
3.º, Javier Benitez (SLB), m.t.
Sem mais nenhuma referência


(*) - Eu não referi tempos, para além do do vencedor. Apenas os lugares que os corredores do Benfica ocuparam. Mas tínha-os (ver foto).

Até na quilometragem da corrida há discrepâncias. E em relação à média da tirada, só hoje fui fazer contas e a que a Organização fornece está errada.
Certa está a de A BOLA.

Mas... Porque é que eu tenho o Renato Silva e mais ninguém tem?

Hão-de reparar - já expliquei que, clicando na imagem esta aparece, ísolada, maior e legível - que na classificação oficial está o Renato. E fui confirmar. O Código UCI está correcto, correspondendo ao do Renato. De onde surge então o Pedro Lopes?

Fui comparar as classificações oficiais com as do sítio cyclingnews e estas coincidem com as que tenho. Tê-las-ão recebido, tal como eu, e passado na íntegra para o sítio.

Que é que aconteceu? A Organização não alterou, na lista de participantes, a possível... alteração feita pelo Benfica? Pode ter sido isso porque não estou a ver os encarnados fazerem alinhar um corredor e apresentarem, na reunião obrigatória com o Colégio de Comissários, a cédula desportiva de outro.
Mistério!...

Mas que as classificações oficiais trazem o Renato, isso trazem.

E a discrepância da classificação do Pedro Lopes (!!!) nos dois jornais que a publicaram, também me surpreende.

segunda-feira, maio 28, 2007

559.ª etapa


FORMULÁRIOS, CORPORATIVISMOS E OUTRAS ANEDOTAS…

Na passada 5.ª feira, dia 24 deste mês de Maio de 2007, a Associação Portuguesa de Corredores Profissionais (APCP) emitiu um comunicado que – é a minha modesta opinião – deveria ter merecido um maior impacto junto da Imprensa. Na verdade, só um dos jornais “desportivos” pegou no assunto. Três dias depois. E de uma forma, pelo menos, menos conseguida. Já lá irei.

O Ciclismo atravessa momentos difíceis. É uma afirmação.
Não passível de contestação. Porquê? Já lá irei…

O Comunicado da APCP foi transcrito, na íntegra em, pelo menos três sítios na Internet. Não!, não esperava que os jornais o fizessem. Mas a Internet é um meio cada vez menos desprezível por parte dos OCS. Ignorando-os, correm o sério risco de serem “julgados” por abstenção em alguns pontos importantes da vida das modalidades em causa.

Não é só do Ciclismo.
O mal começa dentro das próprias redacções que subalternam – vide as afirmações proferidas este fim-se-semana pelo técnico da Ovarense (basquetebol), o credenciado Luís Magalhães – as “modalidades”.

Mas isso acontece em todo o Mundo, em todos os jornais desportivos com uma saudável e exemplar excepção. Ou, ao contrário do que o famoso Asterix dizia, quem é mesmo louco são os gauleses e, assim sendo, estamos todos os demais enganados.

Se eu um dia, e teria de ser por um surpreendente – e coisa em que já deixei de acreditar – golpe de sorte, me visse responsável por um jornal, a primeira coisa que faria seria a de obrigar – OBRIGAR – os responsáveis editoriais a estudarem (não era a ler, era a estudarem) o l’Équipe. Que, valha-nos a abertura de espírito desses mesmos gauleses – que costumamos apelidar de chauvinistas –, não olham ao formato, tamanho e peso da bola, não olham, de todo à presença ou não de UMA bola, para chamar à primeira página e às suas páginas nobres a modalidade que, no que concerne a cada uma das suas edições, merece maior destaque.

O l’Équipe será, não tenho muitas dúvidas, o ÚNICO jornal desportivo do Mundo.

Na Grã-Bretanha não há jornais diários desportivos e, na Península Ibérica temos é jornais de futebol que, com alguma condescendência, lá abrem mão de quatro páginas para se falar de qualquer outra coisa que não seja o Futebol.

O Futebol dos clubes com seis meses de salários em atrasoalguém viu alguma reportagem digna desse nome focada neste assunto? -, o Futebol que a mesma Imprensa travestiu de Palhaço Rico. Aquele que dá as chapadas… mas nunca, nunca, tropeça. Muito menos cai em público.

Os mesmos jornais que varrem para debaixo do tapete as porcarias deixadas pelo futebol, abrem as suas (poucas páginas) dedicadas às outras modalidades, principalmente ao que de mais sujo estas têm.

Um exemplo? TODOS “ofereceram” as suas páginas ao Nuno Assis que teve, somando a audiência dos três "desportivos", mais de três milhões de portugueses a poderem ler a sua auto-defesa num caso de doping.
Onde tudo foi esmiuçado.
Foram uns comprimidos para a tosse?
Uma pomada por causa de uma alergia?
Não interessa – (é que eu não li!) –, o clube defendeu-o até ao limite do verosímel… Mas nem teria precisado disso.
Tivessem submetido o Nuno Assim a um julgamento popular e ele teria, de imediato, sido absolvido.

Não tenho nada, MESMO NADA contra o Nuno Assis. Aliás, e nunca o escondi, sou benfiquista. E até sou fã do Nuno. Gosto de o ver jogar. (Fim de tema)

Saltemos agora para o Ciclismo.
Gostei – e, se calhar, só aconteceu pela subalternidade que as modalidades merecem – de ver que o assunto não foi exageradamente empolado.
Foi mais um caso.
Falo do "caso" Sérgio Ribeiro.

Com a excepção de um dos “desportivos” que, qual troféu, abriu uma página com o anúncio da detecção do ilícito para, meia dúzia de dias depois, não fora alguém ter-se esquecido, cair no ridículo de, a partir de um comunicado, ter travestido uma peça como se ela fora uma entrevista.

A abrir página, claro.

Figurativamente, primeiro mandou-o a chão e depois… deu-lhe uns pontapés valentes!
É de… valente!
Bater em quem está por baixo é de valente.

Mas – infelizmente é o MEU jornal, e que ninguém o ponha em causa: é o MEU jornal… não sei é se o é de alguns dos intervenientes nestas “estórias” – nem uma oportunidade de defesa para o suspeito, logo culpado, julgado e condenado na praça pública.

(Digam-me… tentem convencer-me, que não falta formação – nem digo jornalística, digo de cidadania – a quem coordena aquilo. Se há UMA página para o julgar… TEM QUE HAVER UMA PÁGINA, para que se defenda!)
Não foi isso que fizeram com o Nuno Assis?

A partir daqui podem imaginar-se mil e um cenários…
O primeiro, e digo-o porque estou certo do que digo, porque o “acusado”, depois da forma como foi tratado… se recusa a falar com quem se apressou a acusá-lo.
Um jornalista não pode fazer de júri… muito menos de juíz.
E o “é verdade ou não é?”, é argumento que não pega
Pelo menos, quando há outras verdades que, sem apelo, viriam “agarradas” àquela.
E que foram ignoradas.

(Eu sei que a minha escrita é chata… longa…)

Só agora chego ao Comunicado da APCP.
O tal que mereceu este título, no ÚNICO “desportivo” que dele falou:

FORMULÁRIOS CONTROVERSOS.

Dos outros tanto se me dá como se me deu. Mas o MEU jornal foi fundado por HOMENS que pugnaram – e até pagaram, com a prisão – pela VERDADE. Pela HONESTIDADE.

A APCP NÃO SE QUEIXOU dos formulários.
Foi ridícula a peça.
Que as almas de Cândido de Oliveira, Ribeiro dos Reis e Vicente de Melo descasem em paz.
O que a APCP defende é que não pode permitir que regulamentos que transguidem a Lei Geral do País sejam impostos aos Corredores.
Na História desse grande Jornal, sempre se primou pela defesa dos direitos do indíviduo.
Seja Corredor ou não.
Não são os formulários que, aqui, geram controvérsia.
É o substantivo atropelo aos Direitos de qualquer cidadão.
E que não me venham com “normas” aprovadas em Assembleias Gerais.
Reduzindo a coisa à sua ínfima fracção: Se uma associação, fosse ela qual fosse, aprovasse – mesmo que em AG – a morte de um seu membro por, fosse que motivo fosse… QUEM É QUE NÃO TERIA VERGONHA DE VIR DEFENDER ISSO EM PÚBLICO?

O que está em causa é tão grave que a própria Comissão Nacional de Protecção de Dados (pessoais) se viu na contingência de intervir
Que mais é preciso para perceber que não é legal?

Por isso acho que o dr. Artur Moreira Lopes, também ele, acabou por ser traído.
Nunca ele poderia defender normas que atentam contra o definido na Constituição do Estado português.
Às vezes quer-se ser o que se não é. E depois desemboca-se nestes “becos sem saída”.

Para terminar…
“Varredor” inveterado do que se diz e escreve na blogosfera – e sítios adjacentes - dou com um dos teóricos-mor (António Dias, não é nada de pessoal, mas acho que há alturas em que se não deve negar o “abanão” que percebemos está a ser preciso dar) a apelidar de corporativista o desempenho da APCP.
Como não acredito, nem que visse com os meus próprios olhos, que tu fosses capaz de julgar, fosse quem fosse, ouvindo apenas uma das partes, e como quero acreditar que és um pouco mais inteligente que os demais… não peças à APCP que abdique do pouco que, em termos legais, pode fazer.

Corporativismo é um termo – entendido por todos os que têm mais de 45 anos (o que até nem é o caso do Paulo Couto – parabéns pelo trabalho que vens a desenvolver em prol dos teus associados)extremamente depreciativo.

E, assumam de uma vez por todas, TODOS os TEÓRICOS do fenómeno Ciclismo, que não estão minimamente preparados para o discutir.

Por isso se somam as incongruências.
Repetindo-me… EXIGEM espectáculo e CASTIGAM quem, condicionado por essa insana exigência, vai além do permitido.

E “teorias” de que se não se sobe a 35 km/hora sobe a 25, se se está a pensar no mesmo espectáculo é porque DEFINITIVAMENTE, não percebem NADA – reforço: NADA – de Ciclismo.

Numa altura em que parece que alguns dos “mitos” do vosso ciclismo entraram em incontinência verbal… tentem, ao menos, vocês, ter algum tento na língua.
Ler 50 sites na internet por dia não vos faz “experts” na modalidade.

558.ª etapa


BENITEZ 3.º EM LEIPZIG NUMA CORRIDA
CRONOMETRADA AO MILÉSIMO DE SEGUNDO!!!

O valenciano Javier Benitez (SL Benfica) foi terceiro na Clássica Neussen (corrida 1.1.), ficando a dois… centésimos de segundo do vencedor, o frânces Denis Flahaut, de uma equipa que, francamente, não conheço: a Jaratzi Promo Fashion.
Estes alemães são malucos!

Levarem a cronometragem ao centésimo de segundo!... tsss, tsss, tsss…
Flahaut gastou 4 horas 33 minutos, mais 44 segundos e ainda… um centésimo!... para cumprir os 191,2 km, à média de 40 km/h. Dentro do mesmo segundo – o que por cá daria direito ao “m.t.” – chegaram ainda mais quatro corredores. Benitez foi o segundo deles. Aqueles três centésimos de segundo tramaram-o...

Terminaram a corrida todos os seis benfiquistas que alinharam. Mikel Pradera foi 24.º (falhou o 23.º lugar por um malfadado centésimo de segundo!!!), Rui Costa foi 54.º, Bruno Castanheira, 78.º, José António Pecharroman, 86.º e Renato Silva, 90.º.

domingo, maio 27, 2007

557.ª etapa


É ISSO!... AFINAL DE CONTAS,
QUE AJUDA ESTÃO A PRESTAR AO CICLISMO?


E chega-me, via um jornal de Navarra que traz declarações de Miguel Induráin, a ajuda que precisava quando escrevi o artigo anterior. Escrevi eu que estava - e estou - completamente baralhado com estas sucessivas “confissões”.

“Responde-me” – citado pelo Navarra Deportes – o Miguel Induráin:

“Riis no le ha hecho ningún favor al ciclismo con su confesión”

Aí está! Foi por esta expressão que procurei na altura em que escrevia a 466.ª etapa, mas a qual não atingi.
De facto, nenhuma destas recentes confissões veio prestar espécie alguma de ajuda em relação ao que está em causa: a luta contra o doping… agora!

Nos dias de hoje…

Nas corridas que estão a disputar-se e naquelas que se estão a preparar.
Quando se vivem já momentos conturbados que baste, quando há indícios e suspeições que chegam para levar o Ciclismo ao tapete… porque é que, de repente, uma série de ex-“heróis” aparece a confessar que “no meu tempo, blá, blá, blá”…”?

Mas o que foi que disse exactamente Miguel Induráin?
Vem sob este título:
«Estas cosas le quitan el ánimo a cualquiera»

"El navarro Miguel Induráin, ex ciclista profesional y pentavencedor del Tour de Francia, criticó duramente la confesión de dopaje del danés Bjarne Riis, el hombre que le sucedió en 1996 como ganador de la ronda francesa.
«No entiendo que las haya hecho once años después, aunque ya es mayorcito y él mejor que nadie sabrá el motivo por el que las ha hecho», dijo Indurain.
«No le ha hecho ningún favor al ciclismo, que atraviesa un momento muy delicado y que ahora más que nunca está necesitado de cariño, no de más palos», opinó sobre la revelación del ex campeón.
«Estas cosas le quitan el ánimo a cualquiera», agrega el campeón español. Estas opiniones están en contraposición a las de la UCI, que ayer calificó de «sumamente positivas» las declaraciones del danés. «La ley del silencio no tiene más validez. Cada persona debe asumir las consecuencias de sus actos», agregó el organismo rector del ciclismo mundial.
A pesar de que ahora se sabe que el danés ganó el Tour por medios ilegales, el español no se siente afectado:
«Para mí no cambia absolutamente nada porque en el Tour de 1996 no pude estar con los mejores: ni a la altura de Riis ni por desgracia a la de muchos otros, como se puede observar en la clasificación»."

Isto é o que diz Miguel Induráin.
Eu acrescentaria, dirigindo-me – se me fosse possível chegar perto dele – ao Bjarn Riis: “Estou-me nas tintas para se, há 11 anos ganhou o Tour com a ajuda de EPO ou de pastilhas para a tosse. Diga, senhor Riis, quem, por quem e a mando de quem, na sua equipa ainda o ano passado andaria a tomar EPO; a fazer transfusões…"

ISSO seria uma preciosa ajuda para a luta contra as trafulhices, que se trava AGORA!

Qualquer dia teremos mediums a revelar-nos que, contactado o espírito dos já mortos, afinal desde 1903 que os vencedores dos Tour andavam dopados.
O que interessa neste momento é que o de 2007 não o esteja.

E o Bjarn Riis, como o Erik Zabel e todos os actuais ou vindouros “arrependidos” alterem o teor das suas Conferências de Imprensa.
Digam, por exemplo, “na minha equipa, com meu conhecimento, toda a gente (ou meia dúzia, ou só três, ou apenas um corredor), anda a correr usando produtos e métodos proíbidos”.

Aí sim, estaria a prestar um enorme serviço ao Ciclismo.

Depois até podia concluir com o tal… “ah! a propósito, em 1996, quando ganhei o Tour, também eu fazia o mesmo!”

Quando, em 1958, o almirante Américo Thomas ganhou as eleições para Presidente da República ao general Humberto Delgado, a soma dos votos dos dois era maior que o total de número de eleitores inscritos!... E hoje percebe-se quem é que “reforçou” os seus. Mas, em que é que, sabendo-o agora, isso tem consequências na minha vida, nos próximos tempos? Agora tenho de estar é atento para que essas batotas não voltem a acontecer.



ATENÇÃO: Naquilo que até pode parecer um apelo à delacção, enquadro apenas estes últimos casos, de corredores reformados ou em pré-reforma (e se pensarem um bocadinho até entendem o que não ficou escrito), e NUNCA no sentido que, por exemplo, UCI e AMA já fizeram. Não se pode querer que corredores em actividade denunciem companheiros de equipa, ou apenas de profissão. Esses métodos pidescos, e a figura do bufo, são coisas que, nem a brincar, podemos defender.

556.ª etapa


ESTOU COMPLETAMENTE BARALHADO!... CONFESSO!

Não consigo perceber os acontecimentos que pautaram os últimos dias da semana que ontem findou.
Não consigo perceber a “necessidade” que algumas figuras sentiram em vir confessar-se publicamente.
E como bom alentejano que sou, sou desconfiado.
Pergunto-me: o que é que estará aí para rebentar para que os “ratos” tenham começado a abandonar o navio?

E não percebo a morbidez – tenho lido textos onde adivinho uma certa forma de prazer, inconfessável – nem de simples adeptos, nem de quem, afinal, até anda, ou andou no meio. E como agora, dez anos depois, aparecem despudoradamente a dizer que, afinal de contas, já na altura sabiam. Mas nada disseram…

Mas volto atrás. Interrogo-me sobre as razões que possam ter levado um fulano como o Riis, a confessar que tomou EPO numa altura em que a EPO nem sequer era proíbida… Porque era desconhecida.

Daqui a dez anos, quando for totalmente proíbido fumar, alguém irá perceber se eu aparecer numa Conferência de Imprensa a confessar que comecei a dar as primeiras “passas” aos 13/14 anos? Mas se há 30 anos nem se adivinhava ainda a perseguição aos fumadores!!!... E se toda a gente sabe que fumo!...

Voltando ao Riis… Ele depois veio a ser director-desportivo de outros corredores que, afinal, parece que, sob o seu comando, e quando a EPO já era proíbida, também a terão usado.
Sem o seu conhecimento?
Não acredito!

O que é que estará por trás de tudo isto? Porquê este “tsunami” quando estes costumam é acontecer depois de terramotos, e não antes deles?
Mas qualquer coisa me diz que vem aí um terramoto.

E, uma vez mais, testemunho como a maioria dos que se dizem amantes do ciclismo não passa, afinal, de um bando de abutres. E ainda as “vítimas” não estão bem “mortas” já lhes estão a saltar em cima, cada um com medo que o do lado possa levar uma maior porção da carcaça…

Confesso a minha incapacidade para perceber o que se está a passar.

sexta-feira, maio 25, 2007

555.ª etapa


JÁ ALGUÉM PENSOU QUE A “CULPA” PODE ESTAR
… NA “BASE” DAQUILO A QUE QUEREM CHAMAR ESPECTÁCULO?

A (grave) situação que hoje em dia podemos perceber está a acontecer no Ciclismo, a nível mundial, por mais que os mais “puros de sentimentos” – para não lhes chamar mesmo ingénuos – possam não querer aceitar, só difere do que sempre aconteceu na mesma proporção em que, por exemplo, o peso das bicicletas evoluiu dos 12 para os 3,5 quilogramas de peso.
Chocante, não é?

Chocante, para mim, é a absurda posição assumida por quem de ciclismo só sabe que se corre montado numa bicicleta.

Queimando o tempo, que é a única coisa que actualmente me sobra, em ciosas buscas através da net, identifico dezenas de sítios onde simples adeptos alternam sisudos julgamentos, mesmo em relação àqueles que já foram os seus ídolos - e que hoje, em carreirinho, se apresentam ante a opinião pública a assumirem que sim, que recorreram a produtos e práticas interditas pelos regulamentos - com a elevação a autênticos altares daquilo a que chamam espectáculo e que se concentram sempre nos mesmos pontos.

Num descarregar da própria consciência, e para não serem julgados coniventes, mal os corredores são atados ao pelourinho apressam-se a ser os primeiros a atirar a primeira pedra. É uma questão sociológica, para a qual não estou habilitado a arriscar sejam que “bitaites” forem.

Constacto, e é essa a verdade, que os mesmos que há dez, cinco, três… um ano, três meses atrás… etronizavam certos nomes, hoje, quando o castelo de areia parece não aguentar, em definitivo, o arremesso das marés, são os mesmos que, na primeira fila, procuram mostrar que “desde pequeninos” sempre foram contra essas práticas ilícitas, aquelas que, cada vez mais apertado o cerco, os ídolos de outrora estão agora, cada dia um, a vir publicamente confessar.

Não tenho formação em sociologia mas creio que qualquer formado nesta área o explicaria exactamente da mesma forma em que eu o penso. Há, por parte do adepto do ciclismo, mesmo que o não queiram assumir – mais do que isso, mesmo que o neguem –, um latente sentimento de culpa.

E chamo a atenção para um artigo que escrevi aqui há dois ou três dias.
Na verdade, os primeiros a exigirem espectáculo, os primeiros que na comodidade do seu sofá, na sua sala de estar com ar condicionado ou simples ventoínha, vibram, diria, quase até ao virtual orgasmo – no sentido figurativo de momento de prazer extremo – com o sofrimento de simples homens, como eles que, derramando suor e lágrimas, também sangue, às vezes, vão para além do humanamente julgado possível, são os primeiros a virem, depois, cruxificá-los.

É - na primeira parte da teoria exposta - a transferência, para outro, daquilo que gostariam ser capazes de fazer. Qualquer psicólogo o confirmará.

(Sou gordo, tenho uma vida sedentária, não subo as escadas, mesmo que tenha de esperar dez minutos pelo elevador para subir ao primeiro andar, mas o meu coração bate ao ritmo das pedaladas de um qualquer Roberto Heras. E quando ele humilha os adversários, numa chegada em alto, com zero graus de temperatura ambiente, rasgando um nevoeiro que para mim chegaria como argumento para não sair de casa… a vitória dele é a minha vitória. E sinto-me no lugar dele, no pódio. Sinto as palmas como se fossem para mim. Os beijinhos das meninas do pódio como se mos fossem dados a mim… e, ainda que inconscientemente, mexo-me no meu sofá anatómico impaciente porque ele, de mãos enregeladas, não abre a garrafa do espumoso à primeira vez. E, quando desligo a televisão, sinto-me muito mais homem. Estou de bem comigo. Como se tivesse sido eu a protagonizar aqueles momentos que não mais vou esquecer.)

Algumas semanas depois – e só estou a usar o caso do Heras como exemplo – sabe-se que o gajo acusara doping.

Filho da mãe!Batoteiro!

Os sentimentos invertem-se e, se tiver possibilidade, lá estarei na tal primeira linha para não perder a oportunidade de lhe atirar uma das primeiras pedras, nesta versão pós-moderna da recuperada inquisição.

Afinal, se és melhor do que eu… só o podes ser porque fizeste batota!
.../...

Não há nada que ligue esta gentalha ao ciclismo. Nada mais do que aquilo que atrás tentei exemplificar e que, creio não precisar dizer mais nada, é apenas… doentio.
Revela frustrações pessoais. Revela falta de carácter
E revela total desconhecimento do que é o Ciclismo!

Por mais bonito que seja o sítio na internet que criou, ou os comentários que, do alto de uma sabedoria que não tem, debita sempre que lhe dá na gana.

É este – podem crer – o retrato-tipo do adepto do Ciclismo, hoje em dia.
Com uma curiosa nuance em relação aos adeptos de outras modalidades. Mas aqui, uma vez mais, seriam necessárias as análises de psicólogos e sociólogos.

O noticiário fornecido pela Comunicação Social deixou de ser importante.
Primeiro, porque a CS desinvestiu na cobertura do fenómeno Ciclismo. Depois porque, mesmo os que ainda resistem, sem perceberem que o “filme da corrida” a partir do qual constroem as suas crónicas, está on-line e que os mais acérrimos adeptos o seguem minuto a minuto.
Acho que advém daí, também, o descrédito em que os últimos resistentes, enquanto jornalistas de ciclismo, conseguiram cair.
Velhos hábitos, de quando, mesmo já na meta, se fingia estar no corpo da corrida dando pormenores que mais ninguém podia saber…

Não se é velho por se contarem muitos anos de vida.
É-se-o por não se ser capaz de mostrar que ainda não se está acabado.
Esse é um dos problemas da CS.
Os novos não sabem e os mais antigos fazem as coisas como sempre fizeram.
Sem se darem conta que muita coisa mudou.

Mas este artigo visa principalmente os adeptos do sofá.

Aqueles que etronizam qualquer um como herói e depois, arrebatados ao seu idílico sonho de perfeição, não se contêm e regressam à sua simples qualidade de bestas irracionais. E o bestas vai aqui como sinónimo de animal. E o Homem não é mais do que… mais um animal. Ainda por cima pensante. O que quer dizer que a simplitude daquilo a que chamamos instinto pode ser maldosamente deturpada.

Porque enquanto pensadores, podemos pensar o que nos dá mais jeito.

Mas voltando, muito atrás, neste longo raciocínio, àqueles que insistem em insinuar-se como modelos de virtudes – fazendo contraponto com os Corredores, que, no espírito desses mesmo, a cada dia que passa, mais se transformam em batoteiros – eu deixo aqui uma sugestão.

Mas, por favor, mesmo que não tenham levado a sério alguns dos considerandos atrás expostos, tomem esta sugestão como uma possível ajuda – aquela que os simples adeptos podem dar – para a reabilitação do Ciclismo.

Fiquemos por Portugal...

Façam “greve” às subidas da Senhora da Graça e da Torre, na próxima Volta a Portugal!
É isso mesmo…
Não vão lá.

Não contribuam para que os corredores sintam necessidade de dar espectáculo, logo, sintam necessidade de recorrer a produtos e métodos proíbidos.
Porque é por vocês que eles o fazem.

AH!... NÃO SE TINHAM DADO CONTA?!!!...

Eles são profissionais. Têm um emprego. Têm um ordenado fixo. Não precisam chegar ao alto da Torre a espumar pela boca, à beira de um esgotamento físico e emocional.

É verdade. FAZEM-NO por vocês. Adeptos.

Por respeito para convosco.
Porque viajaram quilómetros. Porque dormiram ao relento.
Embora eu saiba que as bjecas e as febras “pesam” mais que a corrida.
Eles também o sabem, mas querem acreditar que vocês foram para lá para os ver.

E por vocês vão além do limite.

É verdade. Bastar-lhes-ia completar a etapa para que o patrão lhes pagasse o ordenado.

Se se excedem… É por vocês.

Exactamente os mesmo que agora se acotevelam para ganharem espaço na primeira fila de modo a poderem… atirar-lhes pedras.

Pelo menos… pensem nisto.

554.ª etapa


É ENGRAÇADO E AFINAL DE CONTAS...
JÁ FEZ O MAL QUE TINHA A FAZER!

Anda o ambiente a cair para o pesado, por isso hoje só escrevo este artigo. Que, como diz o título, é uma estória engraçada (não para todos, mas isso é problema que eles têm de resolver...) e como está ligada ao Giro... cabe aqui, no VeloLuso.

Já o referi - quase como obrigação, para evitar mal entendidos - que assino um serviço de uma empresa espanhola que me põe, diariamente, na minha caixa de correio, dois "clips" onde se concentram as principais notícias de ciclismo do dia. Esta, por acaso, foge um pouco à notícia tipo mas, repito-me... é engraçada.

Numa das primeiras etapas da Volta a Itália - que se deve escrever assim, como a Volta A França, ou a Volta A Portugal, com o artigo definido a fazer a ligação, e não a contracção deste com a preposição A (que daria À Itália... À França e... AO Portugal, uma vez que Portugal exige o artigo na sua forma masculina; pequenas coisas a que muitos não dão a atenção devida...)

Recomeçando... Numa das primeiras etapas deste Giro, quando a corrida andou junto à costa, numa daquelas imagens obtidas pelos helicópteros, que, no caso, "varreram" uma praia, muitos foram os que, ingenuamente, resolveram ganhar algum protagonismo, acenando para as câmaras.

Ora, aconteceu que um senhor, de uma localidade próxima, reconheceu num dos "acenadores" um seu vizinho que estava deitado na areia junto a... uma senhora.

Que não se via bem na imagem mas que o primeiro, parente próximo da esposa do referido "acenador", deduziu ser a esposa deste. Sua familiar.

Num daqueles ímpetos que às vezes não somos capazes de explicar, não esperou nem um minuto e apressou-se a ligar à parente para lhe dizer que... a vira na praia com o marido.

Pois é! Aqui começa o drama familiar. É que a "de facto" estava em casa. E do marido só sabia que teria saído em negócios!!! Nem sabia, ao certo, onde ele estava.
He, he, he...

Como diz a notícia do Secolo XXI, quando se aproveita para se dar uma... escapadinha, o melhor é, ante a presença das câmaras de televisão, meter-se... debaixo da toalha de praia!

553.ª etapa


PORQUE TODOS TÊM DIREITO
A QUE AS SUAS POSIÇÕES SEJAM TIDAS EM CONTA


Estou, provavelmente, mais uma vez, a ser injusto.
Se calhar, amanhã - que, por acaso já é hoje, mais logo, pela manhã... - verei estampada em página inteira, em todos os "desportivos" este mesmo comunicado da Associação Portuguesa dos Ciclistas Profissionais (APCP).
Não faz mal...


Quanto mais defendermos os Corredores - e é neles que se centra a actividade velocipédica (eu sei que os responsáveis pelas equipas defendem uma outra teoria... mas também cá estou para lhes dar cobertura)... - dizia, quanto mais defendermos os Corredores, mais verdade teremos no Ciclismo.

Por isso, transcrevo, aqui, na íntegra, o Comunicado da APCP.

Se os meus amigos, quando chegarem à net... e ao VeloLuso, já o tiverem lido nos jornais... então estamos todos de parabéns.

Temos, de facto, a trabalhar na Imprensa, profissionais que se preocupam, antes de mais... com os profissionais do Ciclismo.
A mim não me passaria nunca pela cabeça que da sua parte houvesse concessões inconfessáveis beneficiando quem, quando quer, os "compra".


É este o comunicado da Associação Portuguesa dos Ciclistas Profissionais
(que logo pela manhãzinha, estou certo, lerão EM TODOS os jornais desportivos):




Comunicado
"A Associação Portuguesa dos Ciclistas Profissionais, no âmbito das suas competências,
e tomando conhecimento das afirmações produzidas
pelo Presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo
e face às noticias veiculadas na Comunicação Social,
respeitantes à existência de inquéritos a correr,
tendo como intervenientes
vários ciclistas profissionais vem dizer o seguinte:

1 - Esta Associação dará o seu apoio técnico,
jurídico ou outro, sempre que um seu associado o solicitar,
dado ser essa uma das razões de existência da Associação;
2 - A esta Associação não cabe julgar as condutas dos seus associados
que, pelos regulamentos federativos, se submetem aos regulamentos vigentes e são julgados nos órgãos de disciplina competentes da sua Federação, ou outros;
3 - Por esta Associação foram solicitados, em sede própria,
nomeadamente no CNAD, a realização de mais controlos antidopagem
em todas as provas que se realizam no nosso país, procurando-se, assim,
dissipar dúvidas e tornar tal actividade mais transparente;
4 - São os ciclistas federados e membros desta associação
que descontam 2% dos seus prémios para a luta anti-doping,
sendo tal prática inexistente noutras modalidades;
5 - Não pode, contudo, aceitar esta Associação que, a coberto de uma luta
contra a Dopagem, que deve ser de todos os intervenientes desportivos
(atletas, agentes, treinadores, equipas, Associações e Federações), se violem direitos e normas legais, que põem em causa direitos consagrados constitucionalmente;
6 - Lamenta pois, esta Associação, que o Presidente
da Federação Portuguesa de Ciclismo venha, perante a Comunicação Social,
lamentar-se da queixa fundamentada desta Associação
junto da Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD)
e não queira assumir que, ao impôrem-se normas abusivas e ilegais
nos regulamentos da modalidade, se viola o estabelecido na Lei Geral;
7 - A Federação Portuguesa de Ciclismo foi accionada pela CNPD porquanto
não cumpriu o estipulado na Lei, e esta Associação não permitirá que,
ao arrepio da mesma, sejam os seus associados obrigados a cumprir
situações ilegais e atentatórias aos seus direitos num... Estado de Direito;
8 - Lamenta esta Associação que não sejam, em sede própria,
discutidos os assuntos em causa e se aproveite a Comunicação Social
para criar uma falsa imagem da posição desta Associação;
9 - Não se coibirá, nunca, esta Associação, de defender
os interesses legítimos dos seus Associados e nem se inibirá,
sob qualquer pressão, de fazer respeitar os seus direitos;
10 - Espera sim, esta Associação, que as questões desportivas e disciplinares
sejam primeiro discutidas e resolvidas com celeridade, justeza e competência, nos órgãos próprios, e só após isso se manifestem posições na Comunicação Social.

Maia,
24 de Maio de 2007
o Presidente da APCP,
Paulo Couto

quinta-feira, maio 24, 2007

552.ª etapa


SIRVAM-SE À VONTADE, MAS...

Depois, e só depois, de eu ontem ter aqui citado dois parágrafos do RGTC, é que hoje ouvi na EuroSport (Portugal) a referência, que devia ser do conhecimento de todos, profissionais ou não, mas que seguem de mais perto o Ciclismo, qualquer coisa como... "Segundo soube, as Grandes Voltas estão limitadas a 3500 quilómetros de percurso..."

Óptimo. Sendo que é o canal televisivo que mais Ciclismo transmite durante todo o ano, logo, aquele que pode ser mais útil para informar e tirar dúvidas aos telespectadores, acho óptimo que aproveitem toda a informação que consigam coligir.

Aliás, tanto o Paulo Martins como o Luís Pissarra melhoraram bastante na qualidade dos comentários que nos oferecem. Fico satisfeito. Como homem do Ciclismo, fico contente.

E estou aqui a falar disto, não com o intuíto de que se propagandeie o nome deste humilde Blog. Não!

Mantenho, desde há longos meses, um número muito fiel de cerca de duas centenas de visitas/dia, com uma variação que pode ser desprezível.

Ok... aos fim-de-semana e em dias feriados baixa o número de visitas, o que significa, claramente, que é a partir dos seus empregos que os meus leitores acedem ao VeloLuso.
Eu, por mim, estou bastante satisfeito.

Mesmo que nem todos o manisfestem publicamente, sei que a maioria do pelotão, DD's incluídos, elegeram há muito o VeloLuso como obrigatório nas suas leituras.
Fico sensibilizado.
Se esperavam que eu usasse outro adjectivo... lamento.
Fico mesmo, apenas pelo... sensibilizado.

Ainda por cima porque numa curva da vida fiquei abruptamente afastado do meu habitat natural. Que são as páginas do MEU jornal.

Mas eu, que dedico uma a duas horas diárias à actualização deste espaço, com a preocupação de ser, acima de tudo, credível, o que me obriga a ter permanentemente debaixo do braço o RGTC, e mais uma série de dossiers nos quais sustento os meus artigos, sempre que sou obrigado a recorrer a material que não fui eu quem coligiu não me sinto diminuído - nem nada que se pareça - em citar as minhas fontes.
Creio que perceberam onde queria chegar.

Já agora, ao Luís Pissarra - que não conheço pessoalmente - e ao Paulo Martins, esse sim, um corredor ao qual me ligam, pelo menos, meia dúzia (bem medida) de trabalhos que fiz com ele - agradeci-lhe, na altura, a colaboração, e não me custa nada agradecer de novo a disponibilidade que sempre mostrou ter para comigo (mesmo que nessa altura eu trabalhasse para um jornal - A CAPITAL - com muito menos impacto do que A BOLA) - deixo aqui uma sugestão. Mais do que isso, e perdoem-me a ousadia, uma rectificação que urge façam de imediato.

Desde o final da última temporada, e por desinvestimento progressivo, que chegou ao ZERO, do Governo da Região Autónoma das Ilhas Baleares (Espanha) que a equipa dirigida por José Miguel Echevarri e orientada na estrada por Eusébio Unzué, tem APENAS um patrocinador (que é o único que ostenta nas camisolas) e, como é óbvio APENAS UM NOME.

Chama-se... Caisse d'Épargne.
Traduzido à letra quer dizer... Caixa de Poupança. É uma entidade bancária... francesa.

A equipa é espanhola. A sua sede é em Pamplona, capital de Navarra - como sempre, desde os tempos da Reynolds (de Perico Delgado), que depois foi Banesto (cujo nome maior foi Miguel Induráin) - mas o patroinador é... francês.

E a equipa chama-se... CAISSE D'ÉPARGNE.

Se, por qualquer motivo, não confiarem na minha informação, terei muito gosto em reencaminhar-lhes os comunicados diários que, como membro da Associação Internacional dos Jornalistas de Ciclismo, recebo na minha caixa de correio.

A empresa detentora da licença ProTour é a Abarca Sports, a equipa é a... Caisse d'Épargne.
(Se clicarem na imagem, esta aparecerá maior e podem ler sem dificuldades.)

Continuação do bom trabalho que têm vindo a fazer.
(Com esta excepção de insistiem em chamar Ilhas Baleares à... Caisse d'Épargne).
Imaginem-se a chamar LA-Pecol à Liberty Seguros... Era grave, não era?

551.ª etapa



A NOSSA VOLTA É MESMO
A "QUARTA GRANDE"



Não são de hoje nem de ontem os “desabafos” de muitos dos adeptos do Ciclismo que, quando chega a hora de falar-se da Volta a Portugal, reínvidicam o retorno aos velhos tempos de uma volta de 21 dias.
E eu já aqui foquei, várias vezes, que isso, hoje em dia, é completamente impossível.

As coisas estão regulamentadas, as corridas etiquetadas e distribuídas pelo calendário internacional. De uma forma homogénea. Com uma única excepção: a Volta a Portugal.

Recordo que, e por mais que os… mais saudosistas (mais ligados a outra empresa organiadora) o queiram negar, a verdade é que a Volta a Portugal só atingiu a qualidade de Corrida Internacional já no consulado – no primeiro – do doutor Artur Moreira Lopes. Devemos-lhe – os adeptos do ciclismo – isso.

E não é, fiquem certos de que não é por acaso que, mesmo depois da reordenação das corridas, a Volta a Portugal sempre conseguiu manter-se… um passinho à frente das suas concorrentes.

Chamo a atenção, para os mais distraídos, que neste mesmo ano de 2007 a nossa Volta ganhou ainda mais um dia. Terá 12 dias, onze dos quais de competição. Sendo que está perfeitamente definido nos regulamentos que as corridas com 10 ou mais dias têm de ter uma jornada de descanso. Com a excepção das Três Grandes, que têm de ter dois dias de descanso.

E vem este artigo exactamente na sequência daqueles que escrevi ontem e onde, num deles, sublinhei o facto de a Volta a Portugal ser, actualmente, a QUARTA mais extensa corrida do calendário mundial.

Todos sabem, creio eu, que a Volta está classificada como HC.2.
O .2, significa que é uma corrida por etapas. O HC (Hors Categorie) é traduzido, literalmente, como Categoria Extra.

Ora HC.2 são também, por exemplo, as voltas à Baviera (Alemanha) e ao Luxemburgo, corridas nas quais o Sport Lisboa e Benfica vai brevemente participar.


E… reparem como qualquer delas tem apenas… CINCO dias.
Menos de metade que a Volta a Portugal.

Para acabar, de vez, com o argumento de que, tirando a Volta a Portugal do Calendário Internacional se poderia alargá-la, remeto todos para os mesmos regulamentos.
Deixando de ser Corrida Internacional, a Volta caíria para a Classe 12. As corridas nacionais para Elites. E estas NÃO PODEM ter mais do que cinco dias. Mesmo que num deles se recorresse à figura da dupla etapa… NÃO PODERÍAMOS ter mais do que… seis etapas!
Esclarecidos?

Mas, já que falei das voltas à Baviera e ao Luxemburgo, para os mais interessados aqui ficam as respectivas etapas:

Volta à Baviera – 2.HC – Mai. 30/ Jun. 3
5 etapas – 764,7 km
1.ª etapa
Garmisch Partenkirchen-Gundelfingen, 211,1 km
2.ª etapa
Gundelfingen-Eichstätt, 187,8 km
3.ª etapa
Eichstätt-Kitzingen, 181,1 km
4.ª etapa
Rothenburg ob der Tauber (cri), 24 km
5.ª etapa
Rothenburg ob der Tauber-Fürth, 160,7 km

Volta ao Luxemburgo - 2.HC – Jun. 6 a 10
5 etapas – 683,2,3 km
1.ª etapa
Luxemburgo-Luxemburgo (cri), 2,6 km
2.ª etapa
Luxemburgo-Mondorf, 166,8 km
3.ª etapa
Schifflange-Differdange, 193,1 km
4.ª etapa
Wiltz-Diekirch, 173,8 km
5.ª etapa
Mersch-Luxemburgo, 149,5 km