OS ADEPTOS DIVIDEM-SE (MESMO NO INTERIOR DE SI)
APLAUDEM A DURESA DAS CORRIDAS E PERORAM
CONTRA AO QUE CHAMAM DE "BATOTEIROS"
Começa hoje a primeira das Três Grandes Voltas. Como é tradicional – desde 1995, quando a Vuelta mudou de Abril para Setembro – cabe ao Giro de Itália abrir as hostilidades.
Vivem-se tempos conturbados no ciclismo mundial. E se há alguém que recusa tapar o sol com uma peneira… sou eu. O que não significa que tenha alguma vez usado este espaço para fazer julgamentos públicos.
A forma como o Desporto, e dentro deste, o Ciclismo, está estruturado, faz com que eu espere que as Autoridades responsáveis – nomeadamente ao nível da hercúlea luta contra tudo o que possa vir (por, beneficiando uns quantos deixando os restantes em clara desigualdade de oportunidades) desvirtuar a chamada Verdade Desportiva.
Há uns artigos atrás tentei demonstrar que essa desigualdade o não será assim tão vincadamente fracturante. Se o sumo de laranja ajuda a ganhar corridas, metade do pelotão anda, deduzo-o dos números, bem vitaminado. Descodificando: não há assim tantas desigualdades no pelotão a este nível e que não se tente cruxificar meia dúzia quando os presumivelmente implicados serão mais de uma centena.
Depois, há outra coisa que é válida para todo o cidadão, corra ou não de bicicleta: prove-se a sua culpa e actue-se em conformidade. Para isso há, na minha opinião, até Instituições a mais e é cimentada na guerrilha latente, entre essas organizações de per si, a tentar conquistar visibilidade e protagonismo ao nível da Comunicação Social, o que tem vindo a impedir que se cheguem a resultados concretos.
Depois, e se chegarmos à conclusão de que se está na presença de um autêntica pandemia, não me parece que aniquilando todos os pretensos implicados seja a solução mais adequada.
E, sempre que, entendidos, gente com pretensão a isso e outros que nem sabem sobre o que é que escrevem – todos caíndo no mesmo erro anterior, que é o de, antes de mais, e sem ligar às consequências que daí adviriam, não quererem mais do que conquistar o seu pequeno e efémero momento de protagonismo – vêm defender o corte cerce, do fenómeno a que – erradamente, também já o tentei explicar – ainda chamam de doping, não estão a fazer mais do que a apelar para a aniquilação total do espectáculo que é o Ciclismo dos nossos dias.
Eu escrevi Espectáculo. Desporto é o que fazem os que, ao fim-de-semana, agarram numa bicicleta para dar uma volta ao bairro onde moram, ou calçam as sapatilhas para tentarem queimar calorias e esvaziar o pneuzinho que sobra sobre o cós das calças, depois de apertado o cinto.
Os profissionais já há muito ultrapassaram esse estádio. São artistas, fazem-se pagar como tal e são disputados pelas diversas organizações como tal. Quem conseguir o melhor cartaz, parte com vantagem.
Metam, de uma vez por todas, na vossa cabeça que aqui já pouco ou nada há de desporto. O que o público pede são espectáculos e, para que estes acontecem, os artistas têm que se superar. E havendo vários artistas de topo numa mesma corrida – e são os organizadores que tratam de tudo para que isto aconteça, de forma a valorizarem a sua prova que já venderam, a patrocinadores, às televisões… – estes são quase obrigados a florear o número que o público espera ver sobre o palco da corrida, usando o que lhes está permitido.
Repito: está permitido. Ou porque é que julgam quem de há uns anos a esta parte todas as equipas dos escalões Profissionais são obrigadas a ter médicos em permanência, nos seus quadros? E porque é que têm de manter actualizada uma Caderneta de Saúde?
Para que mais seria senão para que possam beber as bicas que poderem, sendo que o seu médico controlará o nível de cafeína dentro dos parâmetros definidos como legais pelas tais entidades que se dedicam, depois, a tentar apanhar quem tenha dado um passo em falso?
Doping, era aquilo a que, entre os anos 30 e 70/80 do século passado, todo o pelotão recorria. As célebres pastilhas que, tomadas pontualmente, faziam de um mero equipier herói por um dia.
Falar de doping, hoje em dia, é revelar, pelo menos, um desfocado olhar sobre o real problema. O que hoje está em causa são os famosos métodos que só são ilegais se ultrapassarem os parâmetros definidos como limite, pelas autoridades encarregues de vigilar – num eufemismo – pela saúde dos corredores, e de castigar os que, por descuido ou ingenuidade se arriscam a ser apanhados para além da linha vermelha.
Ora, e isto é o que escapa aos observadores pontuais, aos puristas que, na sua grande maioria, nunca andaram dentro do grande pelotão.
Vivem-se tempos conturbados no ciclismo mundial. E se há alguém que recusa tapar o sol com uma peneira… sou eu. O que não significa que tenha alguma vez usado este espaço para fazer julgamentos públicos.
A forma como o Desporto, e dentro deste, o Ciclismo, está estruturado, faz com que eu espere que as Autoridades responsáveis – nomeadamente ao nível da hercúlea luta contra tudo o que possa vir (por, beneficiando uns quantos deixando os restantes em clara desigualdade de oportunidades) desvirtuar a chamada Verdade Desportiva.
Há uns artigos atrás tentei demonstrar que essa desigualdade o não será assim tão vincadamente fracturante. Se o sumo de laranja ajuda a ganhar corridas, metade do pelotão anda, deduzo-o dos números, bem vitaminado. Descodificando: não há assim tantas desigualdades no pelotão a este nível e que não se tente cruxificar meia dúzia quando os presumivelmente implicados serão mais de uma centena.
Depois, há outra coisa que é válida para todo o cidadão, corra ou não de bicicleta: prove-se a sua culpa e actue-se em conformidade. Para isso há, na minha opinião, até Instituições a mais e é cimentada na guerrilha latente, entre essas organizações de per si, a tentar conquistar visibilidade e protagonismo ao nível da Comunicação Social, o que tem vindo a impedir que se cheguem a resultados concretos.
Depois, e se chegarmos à conclusão de que se está na presença de um autêntica pandemia, não me parece que aniquilando todos os pretensos implicados seja a solução mais adequada.
E, sempre que, entendidos, gente com pretensão a isso e outros que nem sabem sobre o que é que escrevem – todos caíndo no mesmo erro anterior, que é o de, antes de mais, e sem ligar às consequências que daí adviriam, não quererem mais do que conquistar o seu pequeno e efémero momento de protagonismo – vêm defender o corte cerce, do fenómeno a que – erradamente, também já o tentei explicar – ainda chamam de doping, não estão a fazer mais do que a apelar para a aniquilação total do espectáculo que é o Ciclismo dos nossos dias.
Eu escrevi Espectáculo. Desporto é o que fazem os que, ao fim-de-semana, agarram numa bicicleta para dar uma volta ao bairro onde moram, ou calçam as sapatilhas para tentarem queimar calorias e esvaziar o pneuzinho que sobra sobre o cós das calças, depois de apertado o cinto.
Os profissionais já há muito ultrapassaram esse estádio. São artistas, fazem-se pagar como tal e são disputados pelas diversas organizações como tal. Quem conseguir o melhor cartaz, parte com vantagem.
Metam, de uma vez por todas, na vossa cabeça que aqui já pouco ou nada há de desporto. O que o público pede são espectáculos e, para que estes acontecem, os artistas têm que se superar. E havendo vários artistas de topo numa mesma corrida – e são os organizadores que tratam de tudo para que isto aconteça, de forma a valorizarem a sua prova que já venderam, a patrocinadores, às televisões… – estes são quase obrigados a florear o número que o público espera ver sobre o palco da corrida, usando o que lhes está permitido.
Repito: está permitido. Ou porque é que julgam quem de há uns anos a esta parte todas as equipas dos escalões Profissionais são obrigadas a ter médicos em permanência, nos seus quadros? E porque é que têm de manter actualizada uma Caderneta de Saúde?
Para que mais seria senão para que possam beber as bicas que poderem, sendo que o seu médico controlará o nível de cafeína dentro dos parâmetros definidos como legais pelas tais entidades que se dedicam, depois, a tentar apanhar quem tenha dado um passo em falso?
Doping, era aquilo a que, entre os anos 30 e 70/80 do século passado, todo o pelotão recorria. As célebres pastilhas que, tomadas pontualmente, faziam de um mero equipier herói por um dia.
Falar de doping, hoje em dia, é revelar, pelo menos, um desfocado olhar sobre o real problema. O que hoje está em causa são os famosos métodos que só são ilegais se ultrapassarem os parâmetros definidos como limite, pelas autoridades encarregues de vigilar – num eufemismo – pela saúde dos corredores, e de castigar os que, por descuido ou ingenuidade se arriscam a ser apanhados para além da linha vermelha.
Ora, e isto é o que escapa aos observadores pontuais, aos puristas que, na sua grande maioria, nunca andaram dentro do grande pelotão.
Se, por exemplo, foi definida a taxa de glóbulos vermelhos no sangue em 50 por cento/unidade, só por si destapa a grande verdade que os não iniciados não sabem e recusam a aceitar. É que, utilizando os métodos que os responsáveis médicos por cada equipa entenderem, podem fazer subir aquele nível – por forma induzida – até aos 49%, a quem, endogenamente, tenha como padrão esta taxa demasiado baixa.
Quando o Código da Estrada determina como velocidade máxima, numa auto-estrada, a velocidade de 120 km, está, implicitamente, a aceitar que se pode rolar à vontade a 119,9 km/hora.
Mas, e no seguimento das várias notícias que vieram a lume nos últimos dias, quem se quiser dar ao trabalho de voltar a lê-las, cohabitando com a púdica repulsa, em relação a quem, alegadamente, tentou tratar, medicamente, do melhoramento das suas performances recorrendo a métodos que poucos compreendem – não deixando, mesmo assim, de opinar, fazendo-o de forma ridícula, cada um deles reivindicando para si a reincarnação do barão Pierre de Coubertain e do seu desejo de uma competição limpa, não deixando, contudo de, escondido sob o lema de mais rápido, mais forte, mais alto – mesmo que não tenha sido essa a intenção – de propôr a que cada um fizesse o que tivesse ao seu alcance para mostrar que era o melhor, levando o público a vibrar com as dificuldades que, de ano para ano as organizações põem nas suas corridas.
Porque querem que elas sejam um espectáculo. Um grande espectáculo. Que se venda bem este ano de forma a que, no ano que vem, a possam vender ainda melhor.
No meio de tudo isto, os atletas são os únicos que merecem as várias tentativas de cruxificação.
Toda a gente acha normal – e justifica-o com o amor ao clube, à camisola e, não raro, com algum puxão de orelhas, por parte dos treinadores, ao intervalo – que uma equipa de futebol que, nos primeiros 45 minutos de arrastou penosamente no relvado volte das cabines com vontade de comer a relva.
Quando o Código da Estrada determina como velocidade máxima, numa auto-estrada, a velocidade de 120 km, está, implicitamente, a aceitar que se pode rolar à vontade a 119,9 km/hora.
Mas, e no seguimento das várias notícias que vieram a lume nos últimos dias, quem se quiser dar ao trabalho de voltar a lê-las, cohabitando com a púdica repulsa, em relação a quem, alegadamente, tentou tratar, medicamente, do melhoramento das suas performances recorrendo a métodos que poucos compreendem – não deixando, mesmo assim, de opinar, fazendo-o de forma ridícula, cada um deles reivindicando para si a reincarnação do barão Pierre de Coubertain e do seu desejo de uma competição limpa, não deixando, contudo de, escondido sob o lema de mais rápido, mais forte, mais alto – mesmo que não tenha sido essa a intenção – de propôr a que cada um fizesse o que tivesse ao seu alcance para mostrar que era o melhor, levando o público a vibrar com as dificuldades que, de ano para ano as organizações põem nas suas corridas.
Porque querem que elas sejam um espectáculo. Um grande espectáculo. Que se venda bem este ano de forma a que, no ano que vem, a possam vender ainda melhor.
No meio de tudo isto, os atletas são os únicos que merecem as várias tentativas de cruxificação.
Toda a gente acha normal – e justifica-o com o amor ao clube, à camisola e, não raro, com algum puxão de orelhas, por parte dos treinadores, ao intervalo – que uma equipa de futebol que, nos primeiros 45 minutos de arrastou penosamente no relvado volte das cabines com vontade de comer a relva.
Só os ciclistas são, à priori, suspeitos, sempre que logram entrar numa fuga, festejada, na hora, como grande espectáculo, mas que depois logo acarreta a suspeita de que os flocos de cereais, mais as massas (hidrocarbonetos) que tomaram ao pequeno almoço deveriam ter estado temperados com aditivos que, pelo menos, levantam suspeitas.
Vamos ver se este Giro chega ao fim.
E se chega ao fim limpo de especulações e acusações veladas.
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