ENTRE A ADMIRAÇÃO E A… INVEJA
“… O Mundo pula e avança, como bola colorida, entre as mãos de uma criança.”
A Pedra Filosofal, de António Gedeão, deve ter sido a primeira canção/poema que decorei e nem queria acreditar, já no liceu, que o autor – Rómulo de Carvalho – daquele calhamaço de Física, de capa cartonada, verde, era a mesma pessoa. Quiçá tenha essa sido a primeira manifestação de que iria sempre preferir as Letras às Ciências…
Mas a que propósito vem isto?
“… O Mundo pula e avança, como bola colorida, entre as mãos de uma criança.”
A Pedra Filosofal, de António Gedeão, deve ter sido a primeira canção/poema que decorei e nem queria acreditar, já no liceu, que o autor – Rómulo de Carvalho – daquele calhamaço de Física, de capa cartonada, verde, era a mesma pessoa. Quiçá tenha essa sido a primeira manifestação de que iria sempre preferir as Letras às Ciências…
Mas a que propósito vem isto?
O parágrafo anterior… a propósito de nada. Usufruto, apenas, da liberdade de espaço.
A citação que abre este artigo, sim.
Hoje em dia – e é a prova de que se avança de tal forma rápido que as coisas depressa ficam velhas – já se podia saber, poucos minutos depois de terminadas as corridas, os seus resultados na internet. Mas o Mundo não pára. E no seu avanço, a verdade é que o melhor, por melhor nadadores que sejamos, é deixarmos que a onda nos leve.
Hoje é real algo que há se calhar dois ou três anos apenas seria pura ficção e, sentado na minha secretária, usando o mesmo computador no qual escrevo, assisto, em directo, à transmissão televisiva de uma corrida de ciclismo.
Como posso ouvir programas que nenhum receptor de rádio apanha ou ler jornais que ninguém encontrará impressos em papel. O Mundo pula e avança…
Mas não venho aqui falar de tecnologia até porque disso nada percebo.
O leit motif desta crónica tem a ver com outra coisa.
Hoje em dia – e é a prova de que se avança de tal forma rápido que as coisas depressa ficam velhas – já se podia saber, poucos minutos depois de terminadas as corridas, os seus resultados na internet. Mas o Mundo não pára. E no seu avanço, a verdade é que o melhor, por melhor nadadores que sejamos, é deixarmos que a onda nos leve.
Hoje é real algo que há se calhar dois ou três anos apenas seria pura ficção e, sentado na minha secretária, usando o mesmo computador no qual escrevo, assisto, em directo, à transmissão televisiva de uma corrida de ciclismo.
Como posso ouvir programas que nenhum receptor de rádio apanha ou ler jornais que ninguém encontrará impressos em papel. O Mundo pula e avança…
Mas não venho aqui falar de tecnologia até porque disso nada percebo.
O leit motif desta crónica tem a ver com outra coisa.
A Volta às Astúrias está a ser transmitida, em directo – e em programas de três horas/dia – por uma das DUAS estações televisivas da Região Autonómica do principado. Para o ciclismo já era bom; o facto de se poder aceder às transmissões, muito para além da fronteira natural da Cordilheira Cantábrica, via satélite, já seria muito bom… agora, ver tudo, em directo, em TODO O MUNDO, via internet, é óptimo porque não há mais superlativos.
E é isto o que eu quero dizer: se o ciclismo em Espanha já nos ia – em relação a Portugal – em fuga irrecuperável, agora só não digo que podemos deixar de pedalar porque, de facto, isso não faria sentido. Pedalaremos, isso sim, com a desconfortável sensação de que jamais recuperaremos. Restam-nos os lugares do fundo da tabela – e muito, muito atrasados – nesta corrida comparada.
E o exemplo das Astúrias nem é virgem. Há meia dúzia, um pouco mais, de semanas atrás, segui diariamente a Volta a Castilla y León, também via internet…
E aqui conjugam-se dois factores que são exemplo da distância que nos separa da vizinha Espanha.
E é isto o que eu quero dizer: se o ciclismo em Espanha já nos ia – em relação a Portugal – em fuga irrecuperável, agora só não digo que podemos deixar de pedalar porque, de facto, isso não faria sentido. Pedalaremos, isso sim, com a desconfortável sensação de que jamais recuperaremos. Restam-nos os lugares do fundo da tabela – e muito, muito atrasados – nesta corrida comparada.
E o exemplo das Astúrias nem é virgem. Há meia dúzia, um pouco mais, de semanas atrás, segui diariamente a Volta a Castilla y León, também via internet…
E aqui conjugam-se dois factores que são exemplo da distância que nos separa da vizinha Espanha.
Primeiro, que há televisões regionais; segundo, que, apesar disso – de serem regionais –, uma das primeiras coisas que preocupou os seus responsáveis, sejam lá quem eles forem (políticos ou comerciais), foi a de se apresentarem nas mais modernas plataformas tecnológicas.
E a internet é, por enquanto, aquela que lhes permite chegar a todo o lado.
E tomando o exemplo da RTPA (a diferença que este “A” faz…), a verdade é que, para todos os efeitos, os clicks e, mais do que isso, as horas que milhares de asturianos – e não só, está bom de ver – levam ligados ao seu sítio na internet contam como audiência. E muita audiência significa melhores condições para negociarem contratos de publicidade e mais contratos de publicidade significam melhores condições para melhorarem os seus serviços e quanto melhor for este serviço mais audiência têm…
E tomando o exemplo da RTPA (a diferença que este “A” faz…), a verdade é que, para todos os efeitos, os clicks e, mais do que isso, as horas que milhares de asturianos – e não só, está bom de ver – levam ligados ao seu sítio na internet contam como audiência. E muita audiência significa melhores condições para negociarem contratos de publicidade e mais contratos de publicidade significam melhores condições para melhorarem os seus serviços e quanto melhor for este serviço mais audiência têm…
Perceberam que o círculo se fecha, mas não acaba aqui?
Em Portugal parece-me que estou a assistir a uma cena já vista, há 25 anos atrás. Então, com as rádios piratas. Hoje com as televisões on-line. Pura areia que nos enche os olhos.
Em Portugal parece-me que estou a assistir a uma cena já vista, há 25 anos atrás. Então, com as rádios piratas. Hoje com as televisões on-line. Pura areia que nos enche os olhos.
Clips colados – mal colados, na maioria das vezes – um round&around que acaba por nos cansar e fazer esquecer o sítio. Eu vejo meia dúzia delas, alguns segundos por mês, quando, aborrecido, resolvo redescobrir a minha listagem de favoritos.
Não são, nem sequer com a melhor das boas vontades, alternativa a nada. E provavelmente nem mais se lhes deve pedir… Só caíram aqui, neste artigo por analogia ao que podemos ver, em relação a Espanha.
Onde eu queria mesmo chegar era aqui:
o Ciclismo, em Espanha, já vinha a ser altamente beneficiado (beneficiado… dizemos nós portugueses, que sempre ficamos sentados a ver e depois invejamos o que os outros fazem a trabalhar) pelos vários governos regionais que, de há uns anos a esta parte vêm a apoiar equipas profissionais – sim, porque nos escalões amador e etariamente mais baixos isso acontece há… décadas! -, e porque, entretanto, apoiam a existência destes canais televisivos que conseguem trazer de volta – passe o pleonasmo – o retorno em relação áquilo que foi investido.
Eu já aqui defendi a criação – e respectivo apoio – de equipas de ciclismo por regiões, mas não me atrevo sequer a sonhar com um sistema parecido ao espanhol.
Não são, nem sequer com a melhor das boas vontades, alternativa a nada. E provavelmente nem mais se lhes deve pedir… Só caíram aqui, neste artigo por analogia ao que podemos ver, em relação a Espanha.
Onde eu queria mesmo chegar era aqui:
o Ciclismo, em Espanha, já vinha a ser altamente beneficiado (beneficiado… dizemos nós portugueses, que sempre ficamos sentados a ver e depois invejamos o que os outros fazem a trabalhar) pelos vários governos regionais que, de há uns anos a esta parte vêm a apoiar equipas profissionais – sim, porque nos escalões amador e etariamente mais baixos isso acontece há… décadas! -, e porque, entretanto, apoiam a existência destes canais televisivos que conseguem trazer de volta – passe o pleonasmo – o retorno em relação áquilo que foi investido.
Eu já aqui defendi a criação – e respectivo apoio – de equipas de ciclismo por regiões, mas não me atrevo sequer a sonhar com um sistema parecido ao espanhol.
Avancei com as regiões de turismo, ou associações de municípios, como aglutinadoras de projectos regionais porque, primeiro, não vejo necessidade nenhuma em retalhar o País – Portugal é maior que qualquer das regiões Autonómicas espanholas –; segundo porque com esta gente que temos, e com os exemplos que temos à vista… nem íamos ter tribunais que chegassem para julgar os casos de corrupção dos (ainda mais) políticos activos, nem íamos poder continuar a ter um fim-de-semana descansados porque... seriam eleições semana sim-semana não!
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