COMO AGRADAR A TODOS?
OU… “A PESCADINHA DE RABO NA BOCA” (II)
A segunda questão, lançada no artigo anterior, tem directamente a ver com as longas quilometragens de algumas etapas.
Primeiro ponto: isso está devidamente regulamentado (artigo 2.6.009 do Capítulo VI dos Regulamentos Gerais e Técnicos de Corridas da UCI, que diz “… os organizadores podem ser autorizados a incluir, nas provas de 10 e mais dias para Elites masculinos um máximo de duas etapas superiores a 260 km”, e mais à frente, no artigo 2.6.011 do mesmo Capítulo “A distância das Grandes Voltas é limitada a 3500 km. A distância das etapas é limitada a 225 km, com excepção de um máximo de duas etapas cuja distância pode ultrapassar os 225 km.”
OU… “A PESCADINHA DE RABO NA BOCA” (II)
A segunda questão, lançada no artigo anterior, tem directamente a ver com as longas quilometragens de algumas etapas.
Primeiro ponto: isso está devidamente regulamentado (artigo 2.6.009 do Capítulo VI dos Regulamentos Gerais e Técnicos de Corridas da UCI, que diz “… os organizadores podem ser autorizados a incluir, nas provas de 10 e mais dias para Elites masculinos um máximo de duas etapas superiores a 260 km”, e mais à frente, no artigo 2.6.011 do mesmo Capítulo “A distância das Grandes Voltas é limitada a 3500 km. A distância das etapas é limitada a 225 km, com excepção de um máximo de duas etapas cuja distância pode ultrapassar os 225 km.”
Segundo ponto: (atentamos ao caso que, sendo muito específico, como o é a Volta a Portugal, serve aqui perfeitamente de exemplo) as partidas e chegadas das etapas, entre muitos outros factores, dependem, também, da oferta que o organizador tem de localidades nelas interessadas. Aliás, é por isso – e não para castigar o pelotão – que os regulamentos prevêem um máximo de quilometragem por etapa.
Terceiro ponto: se não se incluírem, nestas corridas com mais de dez dias – curiosamente, só há quatro no calendário mundial, as Três Grandes e… a Volta a Portugal – uma ou duas etapas mais longas, isso significará a necessidade de grandes neutralizações.
E pergunte-se a um Profissional se prefere fazer uma etapa de 200 quilómetros, como a de hoje, no Giro, e 20 minutos depois estar no hotel, duche tomado e já nas mãos dos seus massagistas, ou uma de 150 e, depois de cortada a meta, terem ainda de fazer mais 50 ou 60 de carro – tendo de esperar por toda a equipa, depois procurar o hotel, etc, etc, – o que pode equivaler a MAIS DE UMA HORA antes de poderem ser devidamente recuperados do esforço que fizeram.
Estas grandes etapas, com 250 quilómetros, acontecem mais no Giro e no Tour. E, não raro – eu diria, quase sempre – redundam em ausência de espectáculo que fica reduzido à chegada que acontece nove em cada dez vezes ao sprint. E tem duas variantes. Acontece uma fuga que se estica até, às vezes, para além dos 15 minutos, fuga que toda a gente sabe que não chegará ao fim; ou o pelotão rola, compacto, em ritmo menos vivo.
E eu acho que o que aconteceu na etapa de hoje se pode compreender e por dois motivos. Devido à extrema dureza da etapa de ontem – e da de amanhã, já agora acrescente-se-lhe esta – e o facto de, porque arrancou na Sardenha, muito longe do continente, e que para chegar a este houve a necessidade de queimar a primeira jornada de descanso logo ao 4.º dia de prova, o pelotão ter que cumprir doze dias de corrida sem paragens.
Terceiro ponto: se não se incluírem, nestas corridas com mais de dez dias – curiosamente, só há quatro no calendário mundial, as Três Grandes e… a Volta a Portugal – uma ou duas etapas mais longas, isso significará a necessidade de grandes neutralizações.
E pergunte-se a um Profissional se prefere fazer uma etapa de 200 quilómetros, como a de hoje, no Giro, e 20 minutos depois estar no hotel, duche tomado e já nas mãos dos seus massagistas, ou uma de 150 e, depois de cortada a meta, terem ainda de fazer mais 50 ou 60 de carro – tendo de esperar por toda a equipa, depois procurar o hotel, etc, etc, – o que pode equivaler a MAIS DE UMA HORA antes de poderem ser devidamente recuperados do esforço que fizeram.
Estas grandes etapas, com 250 quilómetros, acontecem mais no Giro e no Tour. E, não raro – eu diria, quase sempre – redundam em ausência de espectáculo que fica reduzido à chegada que acontece nove em cada dez vezes ao sprint. E tem duas variantes. Acontece uma fuga que se estica até, às vezes, para além dos 15 minutos, fuga que toda a gente sabe que não chegará ao fim; ou o pelotão rola, compacto, em ritmo menos vivo.
E eu acho que o que aconteceu na etapa de hoje se pode compreender e por dois motivos. Devido à extrema dureza da etapa de ontem – e da de amanhã, já agora acrescente-se-lhe esta – e o facto de, porque arrancou na Sardenha, muito longe do continente, e que para chegar a este houve a necessidade de queimar a primeira jornada de descanso logo ao 4.º dia de prova, o pelotão ter que cumprir doze dias de corrida sem paragens.
Ora, e quem é que nos pode garantir que esta etapa não foi cirurgicamente escolhida pela organização? Bem no meio de uma que chegava em alto, antes de uma das mais duras de toda a prova, a cumprir amanhã e que antecede… uma crono-escalada.
Pode ter sido, não pode?
Lá atrás escrevi que estas etapas-maratona acontecem mais no Giro e no Tour. A Vuelta experimentou desde há alguns anos – e com sucesso, na minha opinião – reduzir drasticamente as quilometragens, traçando a maior percentagem das etapas com menos de 150 quilómetros.
Em termos de espectáculo a coisa funciona. Funcionava em teoria e confirmou-se na prática. A corrida tornou-se nervosa, obriga a uma atenção permanente, não se pode dar corda a nenhuma fuga porque depois não há quilómetros que cheguem para a anular, o que não impede que elas (as fugas) aconteçam… Espectáculo, sobretudo televisivo, garantido por três horas e meia, diariamente. Ora aí estava o Ovo de Colombo…
Mas toda a medalha tem o seu reverso.
Lá atrás escrevi que estas etapas-maratona acontecem mais no Giro e no Tour. A Vuelta experimentou desde há alguns anos – e com sucesso, na minha opinião – reduzir drasticamente as quilometragens, traçando a maior percentagem das etapas com menos de 150 quilómetros.
Em termos de espectáculo a coisa funciona. Funcionava em teoria e confirmou-se na prática. A corrida tornou-se nervosa, obriga a uma atenção permanente, não se pode dar corda a nenhuma fuga porque depois não há quilómetros que cheguem para a anular, o que não impede que elas (as fugas) aconteçam… Espectáculo, sobretudo televisivo, garantido por três horas e meia, diariamente. Ora aí estava o Ovo de Colombo…
Mas toda a medalha tem o seu reverso.
E eu já cobri Vueltas nas quais o total de quilómetros de neutralizações andava ela-por-ela com os tais 3500 de máximo que a corrida pode ter.
De Córdova a Madrid – e já me aconteceu por duas vezes – é como ir de Lisboa a Bragança (está bem… os corredores vão no AVE, que é o TGV lá do sítio); de Andorra a Logroño é mais ou menos a mesma coisa e, estou a ver aqui o mapa da edição de 2003, houve uma neutralização entre Sabadell (noroeste de Barcelona) para Utiel, em Castilla-la-Mancha. Mais ou menos o mesmo que do Porto para… Faro.
De Córdova a Madrid – e já me aconteceu por duas vezes – é como ir de Lisboa a Bragança (está bem… os corredores vão no AVE, que é o TGV lá do sítio); de Andorra a Logroño é mais ou menos a mesma coisa e, estou a ver aqui o mapa da edição de 2003, houve uma neutralização entre Sabadell (noroeste de Barcelona) para Utiel, em Castilla-la-Mancha. Mais ou menos o mesmo que do Porto para… Faro.
Acontecem a anteceder os dias de descanso. Está bem… mas que descanso?
Portanto, e concluindo, como em tudo na vida… o difícil é agradar a todos.
Portanto, e concluindo, como em tudo na vida… o difícil é agradar a todos.
E a verdade é que os interesses (de todas as partes) se enrolam e desenrolam e não saímos desta… “pescadinha de rabo na boca”.
Mas dá para discussões interessantes e polémica q.b., que, como tudo, desde que não seja em excesso só ajuda a temperar.
Mas dá para discussões interessantes e polémica q.b., que, como tudo, desde que não seja em excesso só ajuda a temperar.
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