quinta-feira, maio 10, 2007

522.ª etapa


FAÇAM CONTAS...
E DEPOIS OPINEM GENERICAMENTE
(PORQUE HÁ, NO MEIO, QUEM
NÃO VOS RECONHEÇA COMO OPINADORES)

Os portugueses são MAUS a matemática. Não sou eu quem o diz. Dizem-no, por aí, à boca cheia, altos responsáveis pelo ensino em Portugal.

Porque é que começo assim este artigo?
Porque recebi um simpático email (anónimo – pelo menos não identificável até porque foi-me devolvida a resposta, que não calei, porque o servidor usado não o reconheceu) a mimosiar-me com algumas acusações que, para não lhes chamar outra coisa, direi apenas que são levianas.

Não!... É claro que não sou a favor do doping – mas quem é que poderia pensar uma coisa dessas?!!! – nem, usando a expressão utilizada, que me estou “cagando” (sic) para a verdade desportiva. Logo na modalidade que mais prezo. Mas isso parece ser irrelevante para este critíco anónimo.
Que, concerteza, não me conhece suficientemente bem.

Contudo, esta da “verdade desportiva” mexeu comigo.

E - por acaso esta manhã passei-a no Centro de Saúde, para mais uma etapa da via-sacra que venho a cumprir desde há mais de um ano - com tempo para pensar, preferencialmente noutras coisas que não no que verdadeiramente me apoquenta, comecei a fazer contas de cabeça.

Não, nunca fui grande espingarda em matemática e, por acaso, no meu currículo académico, a única nota vergonhosa que tive – um quatro (de 0 a 20) - foi mesmo nessa discplina, por isso, chegado a casa fui vasculhar o meu arquivo recente de forma a encontrar os números em causa e não foi difícil chegar a esta conclusão:

Somando os recém anunciados novos 49 casos – ainda não nominados (no sentido de se lhe terem dado nome) - aos 58 iniciais, avançados, com nicknames, claro está, que as autoridades não conseguiram ligar a nomes concretos, temos, pelo menos, 107 implicados na Operação Puerto.

Em frente então com a matemática:

107 corredores, divididos por equipas de nove corredores dá… 12 equipas.
55% dos maiores dos pelotões (Giro, Tour e Vuelta).
80%, se falarmos nas corridas da segunda linha que só levam 15 equipas…

Então, digo eu, de que verdade desportiva estamos a falar se (não sou eu… não sou eu…) se aceita que TODOS aqueles presumivelmente implicados andam aí a correr?
Caramba! É MAIS de metade do pelotão que anda... mamado!

Ah!... Mas há mais.
Quem é que será tão ingénuo assim que acha que o famigerado mago dr. Ferreri só deixou um discípulo… o Fuentes?

Em Itália, como em França, a Lei Geral do país já penaliza o recurso a produtos e métodos potenciadores das prestações desportivas – o uso da palavra doping é tão inadequado ao caso, como o seria chamar remédio ao chá de tília! (mas vá-se lá esperar que teóricos e comentadores encartados, mas sem o mínimo de conhecimentos do fenómeno, o compreendam), daí a bronca ter estalado em Espanha. Com o dr. Fuentes.

E será que é só em Espanha? Será?
Nos “gloriosos” – e aqui vai mesmo entre aspas – anos 80, Portugal era o maior fornecedor de Eritropoietina do pelotão mundial e nem sequer lá tínhamos equipas.

Quando eu apareço a defender – e é isso mesmo, a defender! – o Ivan Basso, limito-me a juntar os conhecimentos que tenho, tanto da legislação desportiva, como o que vou aprendendo (e isso nunca fez mal a ninguém) das leis gerais dos diversos países.

Para o meu caro, e anónimo detractor:
O Ivan Basso, como o Jan Ullrich, como o Lance Armstrong… como o Miguel Induain, como o Eddy Merckx, não foram apanhados pelos organismos que (e para isso têm apoios financeiros dos diversos Estados) alimentam os ordenados mensais de vários técnicos especializados no combate contra… ok, pronto, condescendo mais uma vez… doping.

E, socialmente, é atentatório ao seu bom nome o apontarem-lhe o dedo como… batoteiros.

E como não sei quem me enviou o mail… posso pensar em tudo.
Então, se foi um JORNALISTA (mesmo que não mereça a caixa alta), como percebo que ele não percebe… só tenho um concelho a dar: fique calado.
Eu sei quem em Itália não se lêem jornais portugueses, mas… quem é que cala a nossa consciência?

1 comentário:

José Carrancudo disse...

Todos sabemos os factos, as razões aqui estão.

O País está em crise educativa generalizada, resultado das políticas governamentais dos últimos 20 anos, que empreenderam experiências pedagógicas malparadas na nossa Escola. Com efeito, 80% dos nossos alunos abandonam a Escola ou recebem notas negativas nos Exames Nacionais de Português e Matemática. Disto, os culpados são os educadores oficiosos que promoveram políticas educativas desastrosas, e não os alunos e professores. Os problemas da Educação não se prendem com os conteúdos programáticos ou com o desempenho dos professores, mas sim com as bases metódicas cientificamente inválidas.

Ora, devemos olhar para o nosso Ensino na sua íntegra, e não apenas para assuntos pontuais, para podermos perceber o que se passa. Os problemas começam logo no ensino primário, e é por ai que devemos começar a reconstruir a nossa Escola. Recomendamos vivamente a nossa análise, que identifica as principais razões da crise educativa e indica o caminho de saída. Em poucas palavras, é necessário fazer duas coisas: repor o método fonético no ensino de leitura e repor os exercícios de desenvolvimento da memória nos currículos de todas as disciplinas escolares. Resolvidos os problemas metódicos, muitos dos outros, com o tempo, desaparecerão. No seu estado corrente, o Ensino apenas reproduz a Ignorância, numa escala alargada.

Devemos todos exigir uma acção urgente e empenhada do Governo, para salvar o pouco que ainda pode ser salvo.

Sr.(a) Leitor(a), p.f. mande uma cópia ao M.E.
email: gme@me.gov.pt, se.adj-educacao@me.gov.pt, se.educacao@me.gov.pt