sexta-feira, abril 28, 2006

78.ª etapa



NÃO BASTA SER SÉRIO, TAMBÉM É PRECISO... PARECE-LO

Algo de muito estranho a conteceu hoje na Volta a Romandia. O líder da Discovery Channel - e um dos candidatos à luta pela vitória no Giro, que começa dentro de pouco mais de uma semana - fundiu-se, pura e simplesmente. Paolo Savoldelli... desapareceu nos fundos da classificação.

Problemas gástricos. Teve de parar durante a etapa.

Na Discovery Channel?

É certo que Lance Armstrong só comia o que o cozinheiro da equipa confeccionava, por causa das coisas... Mas, uma equipa desta dimensão não pode cometer erros deste calibre. Pior... na outra equipa que ficou no mesmo hotel... não houve casos de "desidratação".

Estamos a uma semana do Giro... que o diabo leve para bem longe aquilo que me passou pela cabeça. Não na Discovery...

77.ª etapa



E ESTÁ TUDO RESOLVIDO!...

E pronto, a Volta a Portugal-2005 já pode ser homologada, depois de ultrapasado o problema levantado com a participação de um corredor que, antes, tinha sido apanhado nas malhas do "doping".

O corredor foi castigado em dois anos - o que é irrelevante, dado que já tinha dado como concluída a sua carreira -, a organização da Volta pode pagar os prémios (se é que o não fez já) e este capítulo riscado da história do ciclismo português. Porque, por tudo o que se passou, não merece lá figurar.

Vamos então em frente!...

quarta-feira, abril 26, 2006

76.ª etapa



THE BRIGHT SIDE OF THE MOON

1. Embora seguindo a corrida à distância, atrevo-me a escrever aqui que o recente Grande Prémio Rota dos Móveis terá sido a corrida mais disputada e espectacular da temporada, até agora. Li o que foi escrito nos jornais, li os press-release que a organização me enviava para o meu mail e... fiquei com essa impressão.

2. Pareceu-me uma corrida muito bem estruturada. Parabéns ao Joaquim Gomes e à sua equipa. Pareceu-me que o público acarinhou a prova, mostrando-se, o que significa que o público não deixou de gostar de ciclismo, assim o pelotão lhe ofereça o que ele procura: espectáculo.

3. Pelas fotos que me foi dado ver, equipas como a DUJA-Tavira, mas também a Paredes-Rota dos Móveis-Beira Tâmega, a Imoholding-Loulé, a Vitória-ASC, a Madeinox-Bric-Canelas ou a Riberalves-Alcobaça, nunca deixaram de estar presente nas diversas fugas, ao longo da corrida.

4. A LA-Liberty ganhou a primeira etapa e lutou muito na segunda, embora não tenha sido capaz de contrariar o contra-ataque da Maia-Milaneza; a Barbot-Halcón venceu a 3.ª, com o nosso "Alessandro Valverde" - leia-se Sérgio Ribeiro, um homem para todos os terrenos que, devidamente trabalhado, dentro de dois anos poderá ser uma das grandes figuras do pelotão... internacional.

5. E só falta uma das equipa profissionais. Pelo que li, a Carvalhelhos-Boavista fez uma etapa - a última - espectacular. Mostrou estratégia, atacou com vários elementos, com a intensão de, nos últimos quilómetros, levar Tiago Machado ao triunfo. Não foi possível, mas - repito - pelo que li, o seu trabalho foi irrepreensível (e espectacular) só não tendo conseguido alcançar o objectivo dado que... nem Pedro Cardoso, nem a Maia-Milaneza, mesmo com uma equipa muito mexida e muito jovem, perderam a qualidade e a ambição que tem guiado a formação maiata nos últimos anos.

6. Justíssimo o triunfo de Pedro Cardoso. Apodado por vários cronistas de "trabalhador do pelotão", parece que se fixaram na "árvore", esquecendo "a floresta". Na "velha" Maia, Pedro Cardoso terá sido obrigado a trabalhar para companheiros julgados com melhores hipóteses, mas quem tem seguido o seu percurso desde que chegou a profissional não pode esquecer as suas qualidades naturais, nem negar o facto de ser, indesmentivelmente, o Chefe-de-Fila, "desta" Maia. Danail Petrov será uma excelente ajuda, mas - e é apenas a minha opinião - o corredor de Barcelos deverá ser o "ponta-de-lança" de Zeferino na Volta a Portugal. Claro que isto é um exercício meramente teórico. Até nem se sabe ainda quais as características, físicas, da Volta.

7. Volto atrás para sublinhar, porque o acho de todo merecido, a prestação da Carvalhelhos-Boavista. Já fui muito crítico em relação à apatia da equipa do professor José Santos na maioria das corridas, nos últimos anos, mas eis que sou surpreendido. E surpresas destas gostava eu de ter em todas as corridas. A injecção de "sangue novo", com o aparecimento de jovens cheios de "ganas", parece estar a dar resultados.

8. Por favor... dêem-me mais corridas assim. Dêem-nos mais corridas assim. E acabo como comecei. Este Grande Prémio Rota dos Móveis pareceu-me ter sido a corrida mais emocionante, até agora, nesta temporada. Os meus mais sinceros desejos de que, para o ano, a voltemos a ter no calendário.

terça-feira, abril 25, 2006

75.ª etapa



ACERTOS CONFIRMADOS

Porque hoje é feriado e as pessoas provavelmente se levantam mais tarde e já não vão a tempo de comprar jornais - e para aqueles que se gabam de não terem esse viciante hábito, que é o de ler jornais -, também para os que têm as suas preferências, as quais não passam por A BOLA, que daqui a algumas horas estará impressa, trazendo estas notícias, deixo aqui duas curtas notas:

- Afinal, sempre vão 4 equipas lusas à Volta à Extremadura (Espanha), a disputar entre 3 e 7 do próximo mês de Maio: Riberalves-Alcobaça, Paredes-Rota dos Móveis-Beira Tâmega, Imoholding Loulé e DUJA-Tavira. Entretanto, e porque no fim-de-semana de 6 e 7 de Maio estavam calanderizadas duas corridas de um dia, no Algarve, os organizadores decidiram movê-las para o fim-de-semana de 20 e 21 de Maio, servindo as mesmas corridas de "aquecimento" para a Volta ao Alentejo.

- Afinal, acabou por se resolver, a contento de todos, a situação das duas equipas que se haviam "esquecido" de responder ao convite endossado pela Organização do Troféu Joaquim Agostinho. O pelotão terá 17 equipas (mais duas do que a Organização previra): as 10 nacionais e as sete estrangeiras que, entretanto, já haviam sido confirmadas, de entre as muitas que se mostraram interessadas em correr em Portugal, naquela prova.

Fora das barreiras.2



NÃO MATEM O MENSAGEIRO!...

Vou começar pelo fim.
Passam hoje, exactamente, 32 anos sobre a data em que, e face aos acontecimentos registados e a sua posterior evolução, recuperámos a Liberdade. Há muitos géneros de liberdade mas a primeira, a mais importante, é a liberdade de cada um de nós nos expressarmos livremente. A segunda é a de respeitarmos a opinião dos outros.

Ontem fui confrontado com duas afirmação com as quais, é evidente, não posso concordar. Por isso, e porque acho o assunto suficientemente importante, transformo (já o fiz uma vez antes e disse, na altura, que o faria sempre que julgasse pertinente) aquilo que seria apenas uma resposta pessoal num novo artigo.

Cito: “... pelo facto de um jornalista ser faccioso e hábil com as palavras...” (depois foi ressalvado que a mim me reconhecem a isensão, mas ficou o “hábil com as palavras”).
Mais tarde e num outro
post volta-se ao tema. Torno a citar: “... muitas vezes as entrevistas são ‘manipuladas’ e vós jornalistas retiram muitas vezes uma frase dada num determinado contexto e colocam-na fora desse mesmo contexto deturpando a verdade.”

1.º ponto – Parto do princípio que o amigo que escreveu isto (e vem na sequência de um outro
post seu, falava... genericamente, do que presumo ter, finalmente, percebido o significado da palavra;
2.º ponto – Se eu transcrevi NA ÍNTEGRA a parte da entrevista que abordava um determinado assunto em discussão... como poderia ter tirado fosse o que fosse do seu contexto? Não escrevi uma frase solta. Transcrevi EXACTAMENTE as perguntas feitos pelo colega e as respostas dadas pelo seu entrevistado. Aliás, de tão concisas e quase telegráficas que são, seria praticamente impossível retirar fosse o que fosse do contexto.

Posto isto, sou levado a crer que, como infelizmente muitos outros, mas muitos mesmo, este amigo acha que a Guerra do Iraque não foi por culpa do Saddam e do Bush, mas dos jornalistas que a contaram... Que os atentados na Palestina e em Israel também são culpa dos jornalistas e que, se estes os não relatassem, aquela gente vivia na mais santa paz.
São coisas más, que gostaríamos de não ver entrar-nos casa adentro, seja pela TV seja nos jornais. São “manipulações” dos jornalistas.

Com isto recordei-me de um velho
cartoon (sou fã) no qual, um casal todo aperaltado e dando ares de bem colocado na vida, passam numa avenida ao lado da qual existia um Bairro de Lata. E dizia um deles: Que miséria, que vergonha!..., ao que o outro acrescentava: Pois é. Não custava nada construirem aqui um muro bem alto que nós não temos que ver coisas destas!

A grande tarefa dos jornalistas é a de evitarem que se construam muros a esconder as vergonhas e se eles forem erguidos, a de derrubá-los. E se não conseguirem derrubá-los... passar por cima deles e voltar, contando o que viram mesmo que a maioria preferisse não o saber.

E estes "muros", ou existem, ou há sempre quem queira ergue-los, seja em que sector for da Sociedade. Até mesmo no Desporto. Até mesmo no Ciclismo. Até mesmo em Portugal.

Caro amigo, aparentemente és adepto dos muros que “nos protejam” das vergonhas.
Eu estou disposto a, se for preciso, trepá-los e ir lá ao outro lado e testemunhar as pequenas desgraças ou grandes vergonhas. Para as relatar a todos os que acreditam que estes 32 anos, nos seus muitos altos e baixos, não foram em vão.

quarta-feira, abril 19, 2006

74.ª etapa



A IMPORTÂNCIA DAS CORRIDAS DE UM DIA

Depois de ter assistido hoje à Flèche Wallone - e de ter visto as últimas grandes clássicas que a EuroSport nos tem oferecido -, depois de, apesar de lá não ter estado, fisicamente, ter lido que, tanto o Troféu Sérgio Paulinho como a Clássica da Primavera (um grande abraço ao Manel Zeferino que, apesar das dificuldades, conseguiu pôr a corrida na estrada), dou comigo a pensar: mas porque é que deixámos "cair" a... como é que se chamava? Taça Nacional das Clássicas? Já não me lembro!...

É apenas coincidências este artigo vir a seguir aqueloutro que revela a vontade de as equipas do Norte não comparecerem a duas corridas de um dia que vão realizar-se no Algarve, e se só a esta hora estou a escrever é porque, depois de rever a gravação, fiquei de tal forma sensibilizado que não resisti.

Corridas únicas, nas quais só pode haver uma táctica: trabalhar para ganhar. E ponho-me na pele dos patrocinadores. Não é para isso que investem o seu dinheiro? Para ganharem?

Com um calendário de Corridas de Um Dia - desculpem lá, mas a história do nome "clássicas" é como a dos "derbies", no futebol. Um FC Alverca-UD Vilafranqense até pode ser apodado de derby pela imprensa local, mas não será, nunca, mais do que a cópia, a um determinado nível -sempre mais baixo - dos verdadeiros "derbies" que, e não sou tão purista como alguns colegas, não se resumirá apenas aos Benfica-Sporting ou vice-versa; só há três clubes em Portugal que participaram em todos os campeonatos da I Divisão, ou Liga, o que lhes queiram chamar, logo, os jogos entre Sporting, Benfica e FC Porto serão os "derbies" ao nível do futebol português porque há mais de 60 anos que se encontram entre eles.

Clássica, em Portugal, e voltando ao ciclismo, só houve uma - infelizmente posta de lado, temporariamente, desejo eu -, o Porto-Lisboa.

O resto são corridas de um dia. E fiquei muito satisfeito, o ano passado, quando a FPC decidiu organizar o Troféu Sérgio Paulinho, fugindo à malfadada (no sentido de mal empregue) "clássica". E como sou apologista de que as pessoas que se destacaram de algum modo na sua actividade, e dessa forma fugiram à nossa condição de simples mortais, tendo garantido a perpectualidade do seu nome, porque é que o CD Navais não há-de rebaptizar a sua corrida como Troféu Manuel Zeferino? Filho da terra, vencedor de um Volta a Portugal e o técnico luso com mais provas dadas além fronteiras? Claro que agora, com o Manel na direcção, aceito que não se dê esse passo... Mas bem que poderão pensar nisso.

Como a Associação de Ciclismo de Aveiro, por exemplo, podia criar o Troféu Alves Barbosa, ou irmãos Sousa Santos, ou Joaquim Andrade (pai)... e dar mais visibilidade ao nome de Fernando Mendes; como a Associação de Ciclismo do Porto podia criar o Troféu Ribeiro da Silva...; a de Braga, o Troféu José Martins... ou Coelho de Lima, um homem a cuja memória o ciclismo nunca conseguirá retribuir no justo valor àquilo que ele fez pela modalidade; a de Santarém o Troféu José Maria Nicolau e Troféu Alfredo Trindade... e o Troféu Marco Chagas; como a AC Algarve já podia ter dado o nome de Jorge Corvo a uma das suas corridas... e que não se esqueçam do meu muito querido engenheiro José Manuel Brito da Mana.

Já viram o painel de grandes campeões - e não só, e não só... - que podiam emprestar os seus nomes a uma grande competição - a tal Taça Nacional... de Clássicas (já dou isso de barato, mais pelos nomes do que por outra coisa) - homenageando anualmente ALGUMAS das principais figuras que construiram a história do nosso Ciclismo?

E dos que (ainda) vão à estrada ver passar as corridas, quem não se lembra deles?

Torres Vedras é terra de ciclismo e de ciclistas... mas o facto de a sua grande corrida levar o nome de Joaquim Agostinho não pesará muito no facto de ser umas das que conheço que mais público atrai?

Pois é...

Por enquanto, ter ideias ainda não é matéria colectável para o IRS...

Mas volto ao princípio. À Flèche Wallone que ainda há pouco acabei de rever (sem som... acrescento, por respeito à verdade). Que corrida! Outra, a somar-se às que já aconteceram. E que ponderem todos nisto: o facto de a EuroSport nos oferecer estas corridas de um dia... não levou ainda ninguém a pensar como eu? Como podíamos ter no calendário provas do género? Exigentes, duras... para que só os melhores pudessem sobressair.

Para que, quando chegássemos à Volta a Portugal, a maioria das fugas não merecesse mais destaque do que o que merecem... na maior parte, nenhum. São fugas para a televisão. E que um lugar nos primeiros 20 na Volta não servisse de objectivo a ninguém.

Com um calendário preenchido, todos os fins-de-semana, de Março a Junho, com corridas de um dia... chegados a Agosto ou se ganha a Volta (ou se luta por ela até ao último metro) ou não se é motivo de notícia. E as equipas podiam jogar diversos trunfos ao longo da temporada.

Assim, como estamos, um terço do pelotão sabe que não querem dele mais do que trabalhar para o chefe-de-fila, na Volta, e os outros dois terços só têm um objectvo: andar numa fuga num dos nove dias da Volta a Portugal. Como é que motivam estes atletas a treinarem-se meses e meses, ao sol e à chuva?

Os dois primeiros meses de competição são encarados sem pressão porque são os próprios Directores-desportivos que vêm dizer que "eles" - os estrangeiros - vêm melhor preparados (não percebendo que estão, implicitamente, a reconhecer que não quiseram, ou não souberam, preparar melhor os seus próprios corredores); a partir de Maio... os potenciais candidatos à vitória na Volta, e os seus "peões de brega", são hostensivamente resguardados para não se "cansarem" ou sofrerem lesões...

Os outros corredores de cada uma das equipas, que são a grande maioria, se verdadeiramente profissionais hão-de sentir uma tremenda frustação por nunca merecerem a confiança para, num golpe de asa, se libertarem do anonimato a que as próprias equipas os condenam.

Talvez por isso, mesmo nos treinos - e todos sabemos que é verdade - limitam-se a cumprir os "serviços mínimos"...

terça-feira, abril 18, 2006

73.ª etapa



OUTRO TRISTE EXEMPLO!...

Tenho à minha frente o Calendário Oficial, Provas de Estrada, da FPC, aprovado em Assembleia Geral.

Depois da Volta a Terras de Santa Maria (24-26 de Março), disputou-se a 2 de Abril a Clássica da Primavera - corrida de UM dia - mas as provas 1.12 calendarizadas para 9 e 15 de Abril não se realizaram!

Volta o pelotão à estrada este fim-de-semana, com o I GP Rota dos Móveis, sendo que a corrida 1.12 agendada para 30 de Abril parece que também vai "morrer na casca".

Nos 30 dias de Abril temos, pois, 5 DIAS de competição.

Parece que é curto, o calendário nacional, mas 2 a 6 de Maio (cito de memória) disputa-se a Volta à Extremadura (Espanha), corrida do Circuito Europeu (Classe 2.2) para a qual foram convidadas diversas equipas lusas e que, ao que sei, apenas a Riberalves-Alcobaça respondeu afirmativamente.

Entretanto, a 6 e 7 de Maio correm-se mais duas provas de 1 dia, ambas no Algarve e já sei que se levanta um movimento por parte das equipas do Norte (60% do pelotão "profissional") para faltarem, em conjunto, às ditas corridas.

O motivo?... A Organização marcou a corrida de dia 6 para a parte da tarde, pelo que só assumirá os encargos com o alojamento e alimentação dos participantes UMA NOITE. As equipas do Norte, ou vão para o Algarve de véspera, e assumem elas as despesas da pernoita de 5 para 6 de Maio, ou viajam no mesmo dia em que a corrida se disputa.

Má fé da Organização? Não subscrevo essa tese. Os seus responsáveis terão ponderado o melhor figurino para as duas corridas e, aprovado este, não têm que se preocupar com nada mais que seja o perfeito desenrolar das mesmas, até porque já passaram por problemas numa outra corrida por si organizada.

Cada um trata de garantir os seus interesses, e não será o organizador a ter de se preocupar nem com o quando, nem como, as equipas se deslocam. Está tudo regulamentado, cumprindo o regulamento a mais não é obrigada.

E as equipas do Norte, aparentemente, não têm orçamento para suportar UMA noite a expensas próprias. E, mais uma vez, escolhem a fuga em frente, pensando que levam tudo consigo, qual arrastão.

A cumprir-se (mais) esta ameaça, e se aquelas equipas não comparecerem no dia 6... quem está a pagar os ordenados a todo o conjunto (a todos aqueles conjuntos), pagará UM MÊS de ordenado a cada um dos elementos do grupo quando só alguns correram... CINCO DIAS! Em seis semanas!!!

Vamos começar a distribuir as culpas pelo topo.

Quem tem culpa de tudo isto é a FPC que aceitou a incrição de equipas - muitas delas - com o número mínimo de corredores e com o mínimo do orçamento possível.

Há equipas que não têm orçamento para pagarem 5 quartos e dez refeições, por UMA vez, e por isso se preparam para não comparecerem a uma prova calendarizada?

As inscrições dessas equipas não deveriam ter sido aceites.

Iam corredores para o desemprego? Não brinquemos com a situação. Os corredores não têm nada a ver com isto. Estão, à partida, ilibados. Mas há-de haver responsáveis.

Este exemplo que aqui deixo deve potenciar a "azia" com que alguns ficaram quando, num artigo anteriormente aqui escrito, referi (e não referenciei, à atenção do tal dito cujo) que nos míseros orçamentos - com os quais aceitaram trabalhar - muitos contabilizam as "derramas" por parte das organizações e até eventuais prémios que venham a ganhar.

É este o nosso ciclismo "profissional"!

72.ª etapa



DON QUIXOTE, OS MOÍNHOS, CONSCIÊNCIA E VERGONHA

Já aqui o tinha referido - e não referenciado (É VER NO DICIONÁRIO QUAL É A DIFERENÇA), como alguém com responsabilidades na divulgação do ciclismo insiste em babosear - que é com algum orgulho que vou recebendo mensagens de gente ligada ao Ciclismo, desde jovens atletas a outras pessoas com maior "peso específico" na modalidade, passando, naturalmente, por alguns colegas e amigos.

Que preferem não utilizar este espaço. Mas, e na verdade, ele não serve para que me dêem palmadinhas nas costas, mas para que DISCUTAMOS o Ciclismo. Por isso aceito o argumento de um grande amigo, pessoa que anda aí, na estrada (e não é jornalista) que, e muito bem, me disse que não contesta os meus artigos porque está de acordo com a esmagadora parte dos meus argumentos. Também não ia querer que as respostas a cada um dos artigos que aqui deixo fosse apenas para dizer: concordo. Eu sei que há quem concorde. Sei até quem concorda. Não é surpresa, pois, o ter na caixa de correio mensagens de apoio.

Este post sai à laia de resposta a um dos mais velhos e queridos Amigos que tenho no pelotão. Homem a quem o ciclismo muito deve e a quem os homens (de hoje) tardam a reconhecer o muito que ele fez, homenageando-o condignamente. Como ele merece.

Caro amigo, gostei da sua comparação. Terá esta tarefa, a que me propuz, muito de "queixotesco". Se calhar tem mesmo. Mas só quem não leu Miguel de Cervantes pode interpretar mal o termo. Caricatura de uma certa "casta" de Cavaleiros Andantes, Don Quixote não era o louco que parece ser, mas sim a consciência de todos os que preferiram ficar quedos e mudos, ante uma sociedade que mudava. Curvo-me perante a sua sapiência e só lamento a parte final da sua mensagem onde diz que está "descrente e desiludido". Não estamos todos?

Assim, acumulo os papéis do "lunático" Don Quixote e da bem mais pragmática (por retratar a voz do povo) figura do Sancho. E, se por vezes cavalgo o escanzelado Rocinante, noutras sujeitar-me-ei à bem mais segura rota da pachorrenta mula do fiel aio do Cavaleiro da Triste Figura. Ciente que, tal como quem tem o mínimo de cultura percebe a deliciosa parábola que Miguel de Cervantes nos deixou com esta obra, quem tem o mínimo de conhecimentos e paixão pelo Ciclismo perceberá contra que "moínhos" eu invisto de lança em riste.

Não me desmotiva o meu grande Amigo, antes pelo contrário. Dá-me alento. E, quanto aos resultados (leia-se influência que este espaço pode ter num eventual processo de regeneração do Ciclismo em Portugal)... a verdade é que, por enquanto, não espero nada.

Escolham uma boa peça de um excelente dramaturgo e, mesmo que o encenador seja só aceitável, se o grupo de "actores" for mau... e se forem sempre os mesmos... a peça será um fracasso. Ora, se compete ao encenador por o espectáculo em palco, terá de ser ele a correr com os maus actores e escolher melhor elenco.

Diz o Amigo que eu já deveria ter "percebido que esta luta está condenada a arraster-se..."

Tenha eu Vida e Saúde para a manter, que se arrastará até onde e quando for preciso. Não ando à "caça de moínhos". Sei, e digo-o as vezes que me apetecer, o que está mal e, pior ainda para o establishement que reina, sou capaz de ter ideias para mudar o estado das coisas. Se isso não servir para mais do que para que todos percebam quem é que controla o "sistema" - usando uma terminoligia que se tornou famosa com o futebol - então já será uma vitória para mim.

sexta-feira, abril 14, 2006

71.ª etapa


DURA LEX, SED LEX!...





TODAS as corridas Internacionais disputadas este ano em Portugal levaram, por parte dos respectivos presidentes do Colégio de Comissários (os únicos enviados pela UCI), NOTA NEGATIVA no que respeita à falta do cumprimento das novas regras quanto à cobertura das corridas, por parte dos media.

Carros (de Órgãos de Comunicação Social) a mais, na corrida; número de presenças ("acreditadas") superior às registadas pelo Gabinete de Imprensa, no primeiro dia e reconhecidas pelo delegado da AIJC - não, não é a brincar o acordo assinado entre esta associação e a UCI e aí estão as primeiras consequências...), falta de coletes identificadores dos fotojornalistas, "de facto" em serviço, e presença anormalmente congestionante, nas zonas chegadas, de pessoas que, supostamente, lá não deveriam caber.

A UCI notificou a FPC que já pediu explicações às duas organizações em causa: a PAD e a A. C. Algarve.

Quanto mais se abusar... mais o laço vai apertar... e todos sairão a perder.

70.ª etapa



PODEMOS CONTINUAR COM UM CICLISMO ASSIM?

Por acaso, e estou ciente que foi só por acaso, foram mais as reacções positivas do que as negativas à minha ideia de se formar uma frente que leve à constituição de UMA equipa representativa de Portugal no grande pelotão mundial.

Atenção... quem está com medo desta ideia, deve ter mesmo medo que eu (e consegui-o sozinho, vejam lá... ) tenho a "chave" para lá chegarmos, mas não posso dizer tudo aqui.

Acho que temos condições para isso e quem diser o contrário, principalmente, sendo gente de DENTRO do ciclismo, é o mesmo que reconhecer a sua incapacidade e substimar a possibilidade de esta ideia poder vir a conquistar interessados.

E aquele "por acaso, e só por acaso"... tem muito a ver com o artigo anterior. Vive-se "aninhado" no que se tem e existe falta de coragem para olhar mais longe. Principalmente, e isto SOU EU QUE ACRESCENTO, se isso puder vir a significar os lugarzinhos que muitos julgam ter assegurados.

Portugal tem 10 equipas Continentais (a III Divisão) no ciclismo mundial.

Portugal tem 92.391 km2 de superfície, divididos em 18 distritos (falo só do território continental), com 10.529.525 habitantes. E um PIB (Produto Interno Bruto) - que é o cálculo da riqueza que o país produz, a dividir por todos os seus habitantes, ao fim do ano - de 18.503 dólares americanos.

O ciclismo "profissional", em Portugal, está assim distribuído (o mapa não resultou da forma que eu desejaria, mas todos o sabem interpretar).

Falemos agora de Espanha, aqui a lado.

Tem 14 equipas profissionais (apenas mais 4 que Portugal), embora divididas pelos três escalões.

Tem 4 no ProTour (embora uma tenha sede na Suíça), 5 no segundo escalão e outras 5 no 3.º, onde estão as 10 portuguesas.

Espanha tem 504.782 km2 de área, 43.197.684 habitantes e um PIB de 23.627 dólares americanos/habitante/ano. Mais 27,8%, por habitante/ano.

Tem 17 Regiões Autonómicas - com governos próprios - mas as equipas espalham-se por apenas 9 delas. A saber:

PAÍS BASCO - 7.234 km2/2.124.846 habitantes / 3 equipas

CATALUNHA - 32.114 km2/6.995.206 hab. / 1 equipa

MADRID - 8.028 km2/5.964.143 hab. / 2 equipas

NAVARRA - 10.391 km2/593.472 hab. / 2 equipas

ANDALUZIA - 87.268 km2/7.489.799 Hab. / 1 equipa

C. VALENCIANA - 23.255 km2/4.692.449 hab. / 1 equipa

MÚRCIA - 11.313 km2/1.335.792 hab. / 1 equipa

CASTELA E LEÃO - 94.223 km2/2.510.849 hab. / 1 equipa

EXTREMADURA - 41.634 km2/1.083.879 hab. / 1 equipa

Como vemos a segir:

Portugal, como todos devem saber, é aquele bocadinho em branco no lado esquerdo do mapa.

Se naquele espaço todo que resta, à direita, só "cabem" 13 equipas... se em Comunidades quase com a mesma superfície e habitantes que o nosso País só há lugar para UMA... se, no geral, têm um PIB em quase um quarto superior ao nosso... como é que há quem defenda a existência de DEZ equipas profissionais em Portugal? Mesmo no III escalão, onde os espanhóis só têm 5.

Os espanhóis são parvos, claro! Será?

Agora consultem o site da RFEC e vejam quantas equipas amadoras (clubes) existem. Vejam o respectivo calendário... e quantos dias a mais correm que as nossas "profissionais".

NÃO!... Não estou a mandar abaixo o Ciclismo Português. O ciclismo de alguns portugueses... talvez, mas estou-me marimbando! Aqui trata-se do ciclismo português e não vou fingir que, sabendo-o em fase terminal de doença incurável, só por lhe dar umas aspirinas a minha consciência fica mais aliviada.

É preciso reconstruir tudo de raíz? Vamos a isso!...

E os mais interessados deviam ser aqueles que vivem directamente dele. Ou não?

Venham de lá esses "recados" murmurados nas minhas costas...

quinta-feira, abril 13, 2006

69.ª etapa



NÃO PERCEBO!...

1.º ponto - Este espaço é, chamemos-lhe assim, o meu diário. O meu e o da Verm, que só não tem colaborado mais porque não pode mas, tal como acontece com os meus desafios... os posts por ela colocados também ficaram sem resposta.

Não criei este "diário" para o travestir de Fórum, muito menos ao abrigo do anonimato. Aqui, porque eu o quero, quem tiver algo a dizer... assume-o. Como eu o faço.

Nenhum agente deste mundo que é o Ciclismo o pode negar. Eu escrevo as minhas opiniões... e ofereço um espaço para que outros agentes da modalidade... tentem contrariar-me. Não. Não é Soberba! É que, como já referi, não escrevo aqui nada que NÃO seja ABSOLUTAMENTE verdade.

Está, no entanto, não o nego, a incomodar-me que não parem de me chegar "recados" utilizando terceiros. TODOS os directores-desportivos de TODAS as equipas profissionais - e não só eles - têm o meu contacto telefónico. Ainda não se habituaram à ideia de que este espaço também é DELES e que só não o usam porque não querem?

Afinal existe MEDO, ou resistência, de dentro para fora, no ciclismo português...

2.º ponto - Há Blogs de todos os tipos. Eu próprio, que não tenho pretenções a ser novelista, tenho um outro blog onde escrevo ficção.

Os mais conhecidos (Blogs) e que até fazem, muitas vezes, a agenda dos noticiários, da TV, por exemplo, levam a assinatura de gente que todos reconhecem como "opinion makers"... e, de peito aberto ou não - quero dizer, pelos visados ou por um dos seus milhentos acessores - tentam contradizê-los.

Falta cultura - ora que novidade!!!!! - às gentes mais próximas do Ciclismo.

Pessoas que eu continuo a considerar como amigos, não me contradizem mas não perdem oportunidade de se "queixarem" a terceiros... Perderam o meu número de telefone? Já que não têm a coragem de aqui me contradizer?

Ando no ciclismo há mais de década e meia. Toda a gente me conhece, não são tão poucos quanto isso os que, em interesse próprio, me ligavam... Será que achavam que eu não era mais do que... um tipo que dava jeito conhecer? (Mas chamavam-me amigo!...)

Há três ou quatro com quem, porque as ocasiões o proporcionaram, já discuti o estado do Ciclismo em Portugal... Agora sou obrigado a constactar que TODOS os outros pensavam que eu não era mais do que um meio para eles chegarem aos seus fins, que era o de terem notícias das suas equipas (ou projectos) no meu jornal. Acharam-me tolo?

Nem quero pôr a hipótese. Seria um grande desapontamento, para mim...

Eram meus amigos porque pensavam que me "utilizavam"?

Não me reconhecem autoridade para constactar o que vai mal no ciclismo... com a sua própria conivência?

Pois que mo digam!...

(Há quem - mostrou-o - não seja capaz de o fazer cara a cara quando teve oportunidade para isso).

Mas digam-me...

O meu telefone é esse aí... Manuel Madeira!

Fico à espera.

E não vou parar por aqui!...

Já percebi que de dentro para fora não há quem tenha interesse em contrariar o "sistema"... far-se-á isso de fora para dentro.

quarta-feira, abril 12, 2006

68.ª etapa



MAIS VALIA ESTARES CALADO!...

Já ia "fechar a loja" por hoje quando, por deficiência profissional, ainda fui espreitar alguns sites internacionais de ciclismo. Não foi preciso ir muito longe e (confesso, nem fui ler o cyclingnews) fiquei-me pela transcrição que o todociclismo faz de uma entrevista do presidente da UCI ao site australianao.

E não posso deixar de ficar preocupado. Pelo que leio, o senhor Patrick McQuaid dá a ideia de que estaria na sua Irlanda natal e nem na TV viu a corrida.

Justifica a penalização ao primeiro trio de perseguidores - que cruzou a passagem de nível com as barreiras já em baixo - como "exemplo para os mais novos" que, na ânsia de conseguirem um lugar no pódio (quem? os mais novos ou um dos três prevericadores?) madaram os regulamentos às malvas.

Volto a frisar que assisti à corrida e que a gravei e revi esse momento meia dúzia de vezes. As imagens da televisão (tiradas de um helicópetero) abandonaram o Cancellara na longa recta e vieram atrás em busca dos perseguidores que, quando chegaram à passarem de nível, 32 segundos depois, encontraram as barreiras positivamente em baixo.

Haverá imagens do Cancellara a passar a via férrea? É que eu sei que as barreiras caiem rapidamente, mas são antecedidas de um sinal luminosoe outro sonoro... Teve o Cancellara tanta sorte que isso só aconteceu nas suas costas?

É que menos de um minuto depois, quando o segundo trio de perseguidores foi obrigado a parar... passava o comboio a alta velocidade... Terão as barreiras baixado com tão pouca diferença, em relação à aproximação do comboio? Esta dúvida não deixa de me apoquentar.

E prova aquilo que eu já escrevera: NÃO HAVIA NENHUM JUÍZ DE CORRIDA NAQUELA PASSAGEM DE NÍVEL. Nem quando o Cancellara passou, nem quando passou o primeiro trio, nem quando o segundo foi obrigado a parar por um estafeta-moto. Os comissário não conduzem motos, e o homem, com um típico fato de motard, vermelho, ainda por cima - que não são nem de perto nem de longe as cores OBRIGATÓRIAS (camisa azul e calça cinza) dos comissários - é que impediu a tragédia, repito. Os três corredores, a não pararem naquele momento teriam sido trucidados pelo comboio (eu mando a gravação a quem não viu).

E lamento contrariar a cara Cláudia Vitorino que afirmou ter o segundo trio avançado às ordens dos comissários. NÃO PODIA SER. As barreiras continuavam em baixo e NÃO VEJO NAS IMAGENS, que paro, faço andar para trás e para a frente, nenhum comissário. E se eles lá estivessem, não podiam eles ignorar os regulamentos. A passagem de nível continuava fechada.

Aliás, o senhor presidente da UCI não afina pelo diapasão da Cláudia... diz que esses três, apesar de cruzarem a passagem de nível ainda fechada, o fizeram "já depois do comboio passar e, portanto, em segurança". Às malvas os regulamentos.

Daqui a pouco tenho a fita gasta, mas vou só confirmar uma outra coisa... esperem um pouco...

Eu não mando palpites... Sei, sei!, Não tenho a certeza... verifico...

Confirmei!... Era uma via férria dupla, pelo que o senhor McQuaid ou sabe os horários de TODOS os comboios, mesmo os de mercadorias, daquela linha, ou NÃO PODE DIZER - só porque não aconteceu - que as barreiras estavam ainda em baixo porque se aproximaria outro comboio, vindo no sentido inverso...

É especulação minha? Será. Mas tudo o que se diga e escreva sobre este incidente é especulativo quando esta palavra significa exactamente... falar sem ter a certeza do que se diz.

Facto confirmado: o primeiro trio passa com as barreiras em baixo.

Facto arrepiante: o comboio surge da nossa esquerda numa altura em que os três segundos perseguidores NÃO teriam tido tempo para cruzar a passagem de nível.

Grande dúvida... : à aproximação de um comboio rápido, as barreiras só baixam a 30 segundos da sua passagem? Eu morei 12 anos junto de uma passagem de nível... logo... Cancellara não terá passado também ele com as barreiras já em baixo? Foi ao princípiozinho? Não é isso que está em causa. Ou estão... ou não.

O resto já disse no outro post relativo a este assunto.

67.ª etapa



REESTRUTURAR O CICLISMO NACIONAL

Há algumas semanas atrás deixei aqui uma ideia - que por enquanto as ideias ainda não são colectáveis no IRS - de se formar uma vaga de fundo no sentido de, com o apoio, fosse de uma instituição privada ou dos organismos de Estado competentes, podermos sonhar com 2,5 milhões de euros para podermos inscrever uma equipa representativa de PORTUGAL no principal pelotão mundial.

Modéstia à parte, não fiquei surpreendido com as várias mensagens e telefonemas a apoiar a ideia.

Mensagens por e-mail ou MSM porque, como já devem ter percebido, este Blog foi posto no INDEX por parte de gente responsável por associações de classe e até por outros bem mais pequeninos que não aconselham... proíbem!... que alguém da sua "família" ouse vir aqui discutir o Ciclismo. E não poderiam ser muitos, porque não há muitos com os conhecimentos suficientes para irem além do fazerem fila para usarem os escorregas e baloiços de um determinado parque infantil.

Reitero a minha disponibilidade para ajudar na verdadeira construção da ideia de uma reformulação do ciclismo português. Já nada, a não ser algumas contratações de estrangeiros em pré-reforma, é significativamente relevante entre a maioria - diria... 90% - das equipas continentais e das equipas de clubes. Habituem-se à terminoligia, que as continentais PODEM ter corredores sub-23, e têm-nos, e as de clube, podem ter corredores mais velhos. NÃO há um pelotão de elites e outro de sub-23... Há um de equipas continentais, chamadas profissionais, e outro de clubes... muito profissionalizados já, com algumas equipas com orçamentos superiores às primeiras. E melhores estruturas.

Acabo de ver, na tal arrumação (vão ter de ler o post anterior), que em 2003 Portugal não inscreveu NENHUMA equipa no 3.º escalão. A diferença da taxa de incrição entre GII e GIII era tão insignificativa que, com a excepção da Maia, que já era do I escalão, todas as outras se increveram no II. Dois anos depois tínhamos só uma no II escalão - a LA Alumínios-Liberty - e todas as outras no último degrau. Este ano as "profissionais" são todas do III escalão.

Vamos unir vontades para criar uma equipa no I escalão, suportada por uma grande marca nacional que tenha interesse em ver-se reconhecida por essa Europa fora. Ou não... Não somos todos inocentes.

Aceita-se quem queira "queimar" dividendos e, de uma forma perfeitamente legal, gastar o dinheiro que teria que entregar ao Estado - até porque o Estado somos nós, e nós queremos uma equipa na alta roda do Ciclismo Mundial.

Depois, uma, duas no máximo (mas já seria forçado), a inscreverem-se como Profissional Continental e ter acesso às corridas do Circuito Europeu.

Acabemos com as do escalão III.

Formemos um bom pelotão de 17, 18... 20 equipas de clubes que disputem o calendário nacional.

Ah!... Não vão poder correr as provas internacionais... nem a Volta!

Mas se, olhem as classificações, etapa a etapa da Volta do ano passado, 60% delas não acrescenta nada á Volta, queremos o quê? Uma boa Volta ou uma voltinha (como já vi defendido, se possível sem estrangeiros) que não merece a mínima referência na Imprensa estrangeira. E repito o que disse, noutro contexto, no post anterior. Se não se fala... não existe.

Haveria de se encontrar uma solução que agradasse aos patrocinadores. A mais patrocinadores, porque, fosse qual fosse a competição... seria alargada às actuais equipas de clube.

Quem já participou na Volta à Normandia ou no Cholet-Pays de Loire, só para dar dois exemplos de corridas onde já participaram equipas portugueseas, que diga como se corre, se luta... com um único fito: pontuar para a TAÇA DE FRANÇA!

Ora aí estáI...

Chamem-lhe o que quiserem, mas organiza-se uma prova que se estende ao longo da temporada, com as equipas a serem obrigadas a apresentar um número pré-definido (12, 15) de corredores que somarão pontos para uma classificação final... Em provas a realizar em todas as regiões do território nacional - e com televisão, nas principias, porque não? Isso é função da Associação de Equipas trabalhar para o conseguir - e esqueçam os 5 minutos de fuga na Volta a Portugal como objectivo máximo da temporada!

Se, à equipa do primeiro escalão não poderemos negar a possibilidade de recorrer a corredores estrangeiros (quase todas o fazem), a, ou as duas profissionais teriam de ter obrigatoriamente só corredores portugueses...

Com mais 15, 16... 18 equipas de clubes abaixo delas... imaginam a quantidade de jovens que nos escalões mais abaixo poderiam aspirar a subir de escalão?

E quantos mais subissem, mais apareciam na verdadeira formação, e os responsáveis por esta, teriam de abrir as portas a mais jovens ainda, nas escolas.

Falta dinheiro! Já sei que é essa a resposta.

Pensem. "Inventem"... e recorram (embora reconheça que não é a solução ideal) à boa vontade das pessoas.

Principalmente... não queiram alguns ganhar o dinheiro todo.

Eu até sei de corredores que já exigiram ordenados que superavam em mais de 40% aquele que o seu director-desportivo auferia!... Por acaso, agora esse corredor é director-desportivo... Ganhará menos que algum dos seus corredores? Tudo se sabe. Mais tarde ou mais cedo.

E plagiando o "enorme" Alfredo Farinha, um dos monstros do jornalismo desportivo em Portugal... eu sei tudo o que escrevo. Não escrevo é tudo o que sei!...

Será por isso que algumas figuras TÊM MEDO de escrever aqui? Se calhar é!...

66.ª etapa



É BOM NÃO ESQUECER

Passaram há poucos dias DOIS anos sobre uma reportagem-choque, que o jornal desportivo madrilenho AS deu à estampa, na qual o ex-corredor Jesús Manzano denunciava, com pormenores que só quem tenha passado por essas situações poderia saber, alguns métodos usados no ciclismo de alta competição (em algumas equipas, pelo menos, porque nos meses subsequentes foram "apanhados" mais do que um e de mais do que uma equipas) para... melhorar os índices físicos dos corredores, principalmente nas corridas de três semanas.

Afastado da minha actividade, "preso" em casa - que não, felizmente, à cama - venho a entreter-me a tentar por alguma ordem nos "quilos" de recortes que pretendo organizar em termos de arquivo. E cheguei à reportagem assinada pelo Juan Gutti tendo, como personagem principal, o dito Jesús Manzano, entretanto ostracisado por todos, quase apagado da história do ciclismo recente.

Aliás, esse trabalho, que não foi expontâneo, todos o sabem - Manzano "vendia" a estória a quem pagasse mais e foi o AS quem ficou com ela, embora a concorrência, mortinha de inveja, está bom de ver, depois de batida no "leilão" se tenha apressado a criticá-lo - parece que só serviu para duas coisas:

Primeiro, Jesús Manzano "acabou" como ciclista.

Será que inventou aquilo tudo? E as simulações que fez para o complemento fotográfico da reportagem... foram com seringas e máquinas arranjadas aonde? Não eram mesmo as que ele tinha para poder cumprir os planos previamente estabelecidos (e não posso falar de nomes, embora os saiba...) ?

Segunda consequência:

o Juan Gutti teve, praticamente que se esconder. Em 2004 não fez nem a Vuelta nem mais corrida nenhuma depois de a reportagem ter saído e, no ano passado, apesar de assinar uma crónica diária no seu jornal, voltei a não o ver na Sala de Imprensa da corrida espanhola.

O odioso da questão, branqueada pela equipa, pela federação espanhola, pela autoridade responsável pela luta anti-doping, em Espanha... mesmo pela AMA e pela UCI, ficou todo por conta do corredor e... olha que conveniente!... do jornalista que se limitou a recolher o depoimento e passá-lo a escrito. Foram 20 páginas, divididas por cinco dias, cheias de pormenores.

E passados dois anos e duas semanas da publicação do depoimento... nada aconteceu. Tirando o que já referi.

As transfusões de sangue são pura ficção... as auto-medições dos níveis de glóbulos vermelhos também, os medicamentos vaso-dilatadores igualmente e as hormonas de crescimento a mesma coisa.

E a história, bem mais recente, do uso anormal, em homens (ciclistas) de 20 e poucos anos do Viagra (que não é mais do que um vaso-dilatador que é, naturalmente, potencializado pela líbido para o efeito para o qual foi fabricado, mas que não deixa de ser um vaso-dilatador)... são invenções de quem só fala mal do ciclismo. Não existem!

Fechamos os olhos, não vemos logo, se não vemos... não existem.

Mentes menos descomprometidas poderão pensar que este texto é mais um "ataque" ao ciclismo.

Nada disso. O Ciclismo que não "deve... não teme".

Foi só para recordar que há precisamente 106 semanas ficámos todos à espera de uma verdadeira depuração naquilo que acontece nos bastidores do Ciclismo e... nada aconteceu. Com as tais duas excepções.

Manzano não voltará a ser corredor em nenhuma equipa e Juan Gutti foi obrigado a esconder-se - por pressão de quem? É uma pergunta que acho muito pertinente - atrás da sua secretária na redacção do AS. Sem ordem para sair à rua.

Ainda não há muito tempo que, a um outro nível, bem mais provinciano, responsáveis - no verdadeiro sentido da palavra - repito: responsáveis pela maioria das equipas nacionais (e não só, e não só...) também, perante uma notícia menos agradável acharam que "suprimindo" o mensageiro... a mensagem deixaria de ter valor.

Ai, Ciclismo, ai, ai...

segunda-feira, abril 10, 2006

65.ª etapa



À ATENÇÃO DA FP CICLISMO!...

Com um grandeeeee abraço para um amigo do peito que me chamou a atenção para o facto, levanto aqui uma questão curiosa. Directamente ao(s) administrador(es) do site da Federação Portuguesa de Ciclismo.

Então... se eu quiser (ou precisar, porque sou Jornalista) saber o currículo de um corredor do pelotão nacional... preciso saber o número da sua licença nacional (que não o código internacional, que esse é fácil de obter) e... o número do seu bilhete de identidade? Não se esqueceram de nada? Sei lá... o número de contribuinte... o número da carta de condução?

É RIDÍCULO.

Os curriculos dos atletas deviam ser enviados, actualizados, pelo menos, mensalmente, a todos os Órgãos de Comunicação Social... os principias interessados são os próprios atletas, mas já não peço tanto... Só um link aberto, onde quem esteja interessado possa ir confirmar dados.

Como é que eu sei o número da licença nacional de todos os corredores elite e sub-23? E como raio vou saber o seu número do Bilhete de Identidade?

A Associação de Corredores, tão lesta em saltar em defesa de uns quantos, que meta uma cunha para o bem de TODOS.

E arrumem lá isso... Os currículos dos atletas não são confidenciais, caramba!...

Desde já, o meu muito obrigado.

Manuel José Madeira

64.ª etapa



VOLTA À EXTREMADURA (ESPANHA)

Não é objectivo primeiro deste espaço, o dar notícias, mas toda a regra tem excepções.

A próxima edição da Vuelta a Extremadura (Espanha), corrida do Circuito Europeu da UCI, portanto, do Calendário Internacional, e com a Categoria 2.2, que se disputa entre os próximos dias 3 e 7 de Maio, para a qual foram convidadas, pelo menos, 4 equipas portuguesas do Grupo Continental, convite que apenas uma aceitou, vai arrancar em Portugal, na Capital da Beira Baixa, a cidade de Castelo Branco. Depois vai a Plasencia, Cáceres, Badajoz, Mérida, La Zarza e Don Benito...

Ah!... No mesmo espaço de tempo, em Portugal, temos duas corridas 1.12. Afinal parece que não faltam dias de corrida no calendário luso... Até parece que são demais, já que há equipas que nem nas provas nacionais se inscrevem. E ganhar pontos para Portugal, no ranking do Circuito Europeu também não é objectivo. Só nos queixamos que os estrangeiros têm a pouca vergonha de, em Fevereiro/Março, aparecerem por cá "melhor preparados"... e a levarem os pontinhos para os seus países. E depois vão achar "estranhíssimo" se nos próximos Mundiais só venhamos a ter direito a dois lugares!!!!

Gostava de poder deixar aqui escrito o que alguns patrocinadores - os que entram com o seu dinheiro para que as equipas possam existir - pensam... mas não posso!

63.ª etapa



GRANDE CORRIDA... GRANDE BARRACA!...

Todos os amantes de Ciclismo terão ficado extâseados com a espectacular corrida que foi, ontem, a 104.ª edição do Paris-Roubaix. Especialistas em clássicas ou não - o Bérnhard Eisel não o é, em definitivo, e fez uma corrida enorme - os corredores entregam-se à corrida com um único objectivo: dar tudo o que têm para dar. Ali não moram sentimentos do género "eu sou sprinter, só tenho que estar na frente nos últimos 350 metros" ou "eu sou trepador, lá à frente há uma contagem que me interessa, por isso não tenho que puxar agora..."

É outro ciclismo.

E foi uma corrida espectacular manchada por um erro inadmissível por parte, mais da equipa de juízes do que da organização.

Em declarações ao cyclingnews.com, um responsável da ASO, sem o dizer, lamentava o sucedido, chamando apenas a atenção para o facto de a corrida ir cerca de 15 minutos adiantada em relação ao melhor horário previsto quando esta foi "cortada" pela passagem de um comboio de mercadorias.

Grande corrida, repito, organização excelente mas, no melhor pano cai a nódoa e desta não se livra a equipa de juízes que acompanhou a prova.

Factos: A 10,32 km da chegada havia uma passagem de nível que Fabien Cancellara terá passado ainda aberta (porque as imagens o não mostraram) e que o primeiro trio de perseguidores - Leif Hoste, Peter Van Petegen e Vladimir Gusev - contornou, aproveitando o facto de ser uma passagem de nível com duas "meias-guardas". Claramente - ainda agora estou a rever as imagens que gravei - com aquelas já em baixo.

14,9 segundos depois, Tom Boonen, Juan António Flecha e Alessandro Ballan foram hostensivamente parados por um estafeta-moto (vestido de vermelho) e um outro elemento (de negro) apeado que não me pareceu poder ser um dos juízes de corrida. um décimo de segundo a seguir um comboio a alta velocidada cruzava a passagem de nível. Não acredito que nenhum dos três corredores em causa não tenham sentido um arrepio na espinha. Esteve à vista um drama de dimensões não mensuráveis.

Na altura, e pelo que vejo na gravação da EuroSport, Cancellara levava, instantes antes de atravessar a linha férrea, 32 segundos sobre o primeiro trio de perseguidores - que se esgueirou pelo meios das "meias-guardas" - e 55 segundos sobre o segundo trio que ficou parado 20 segundos, arrancando logo que o comboio passou, também antes que as guardas abrissem.

Onde estavam os juízes de corrida?

Cancellara terá passado à "queima" - não se viu e eu não sei se já passou ou não com as guardas em baixo -, com o primeiro trio perseguidor passaram uma moto da Mavic (apoio neutro) e uma outra com um fotógrafo. Ainda deu para perceber as indicações do mecânico que ia na moto de apoio que indicava, claramente, que os escapados deviam parar, mas se ninguém estava lá para os parar...

E o segundo trio foi salvo, no mais puro sentido da palavra, por aquele estafeta-moto que se pôs à sua frente e, ainda antes de Juan António Flecha, que encabeçava o grupo, por o pé no chão, já o comboio cruzava a passagem de nível. Nem quero pensar no drama que estivemos à beira de ver em directo!

Mas voltemos ao importante da questão. Onde estavam os juízes de corrida?

Cancellara passsou ou não com as guardas já em baixo? Os outros três passaram, de certeza, que isso vimos todos, olhemos então ao que dizem os regulamentos.

SE... SE... Cancellara passou ainda com as guardas abertas, prosseguiria, sem impedimentos, a sua corrida. Os outros três tinham, obrigatoriamente, que parar e, como seriam alcançados pelo segundo trio, largariam retomariam a corrida com aqueles 14,9 segundos que traziam até ali. Depois sairia o grupo de Boonen. O resto da corrida não seria afectada com o incidente, chamado isso mesmo, "incidente de corrida", previsto e regulamentado.

Mas não havia, incompreensivelmente, juízes de corrida naquela passagem de nível. Tanto que NINGUÉM mandou parar o primeiro trio e razão tem Leif Hoste que, em declarações, também ao cyclingnews.com, lamentava o facto de, nos dez quilómetros que faltavam NINGUÉM lhes tenha dito nada de nada, para depois, no final... os desclassificar!

Desrespeitaram os regulamentos, é certo. Mas o seu esforço, na tentativa de alcançarem Fabien Cancellara, também foi desrespeitado.

Enfim, como disse lá atrás, no melhor pano cai a nódoa...

Para o ano que vem já ninguém se vai lembrar do incidente mas atentem... Quem é, agora e em consciência, capaz de garantir que, arrancando do zero, o primeiro trio manteria os 23 segundos de vantagem sobre o segundo, desvantagem, para este, agravada em 20 segundos com a sua própria paragem?

E, tendo parado e esperado, mesmo que depois tivessem partido com os tais 23 segundos de avanço em relação ao grupo de Boonen, quem pode garantir que não decidiam juntar esforços na perseguição ao suíço? E com seis a puxar... teria Cancellara chegado isolado?

E em grupo? O resultado teria sido o mesmo?

Uma nota final: Tenho estado a rever a parte final da corrida e, em momento algum o comentador da EuroSport tocou sequer no facto de, como escreveu noutro site, "os 3 ciclistas não tinham aceite as ordens dadas pelos comissários da prova para pararem no local". E não devo ter sido só eu a gravar a corrida. É falsa, portanto, esta afirmação. E o "nunca pensei era que o castigo fosse a eleminação (sic)", é uma afirmação gratuíta, chamada à posteriori, pois na altura nem lhe passou isso pela cabeça.

Mas registei duas coisas: o pelotão está recheado de jovens de 25 e 26 anos - nem um com mais de 40, para amostra!!!! - e em relação ao peso dos ciclistas, o comentador está bem informado. Um ex-speaker da Volta a Portugal insistia em dizer-nos que o corredor tal calçava o 44... Este deixa-nos completamente a par do quanto pesa cada um. Há-de haver quem ache interessande, não digo o contrário. Ah!... e à enéssima vez que apareceu o nome do Fabien Cancellara antecedido da bandeirinha vermelha com uma cruz branca... descobriu que ele não é italiano. Pediu desculpa. Por mim está desculpado, ninguém é obrigado a conhecer as bandeiras de todos os países.

sábado, abril 08, 2006

62.ª etapa



CLUBES NO CICLISMO...

Depois de Vale e Azevedo, que chegou a levar as suas promessas à constituição de uma equipa de ciclismo - que depois abandonou à sua sorte - também Luís Filipe Vieira usou o ciclismo como "bandeira" da sua candidatura... e quantos votos não terá ganho com isso?

Agora é Abrantes Mendes, candidato à liderança do Sporting, quem faz o mesmo.

Não são honestos... mas também não são parvos.

E não concordo com a opinião do Diogo Miguel quando diz que "ao contrário de uma empresa, um clube não ganha dinheiro através do ciclismo"... a não ser que seja outra qualquer entidade quem está a contabilizar os lucros das vendas dos equipamentos do Benfica que, passados 6 anos,ainda vejo por aí à venda?...

E volto a não concordar com a outra afirmação do Diogo: "Não é por gastar 1 milhão numa equipa para ganhar a Volta que se leva(m) mais 10 mil pessoas ao estádio.

Visão puramente futebolística. Pode haver benfiquistas (no caso) que nem gostam de futebol... porque haviam de ir ao estádio? E voltamos à velha e eterna questão... Hoje já não se gastam mais de 4 horas de Braçança a Lisboa... mas falamos obrigatoriamente de um extracto social que tem uma profissão que lhe permite sair às 4 da tarde para às 8.30 estar em Lisboa (Luz ou Alvalade)... e os que trabalham de sol a sol, que ainda os há? Os que não têm carro, ou, pelo menos, um empregador tão liberal? O futebol vê-o na TV mas... e as camisolas ao vivo? Não num pavilhão, num jogo de basquete, de futsal, de hóquei ou de andebol, não num pavilhão que levará mil a 3 mil (com muito boa vontade da minha parte) pessoas.

Benfica, Sporting e FC Porto, porque são os clubes do povo (nobres e barões à parte) não podem deixar de ser ecléticos... e não iamos inventar nadinha! Foi assim que tudo começou. São 6 milhões os benfiquistas? Não? são 4? 2,5? Que interessa? Quantos NUNCA vieram a Lisboa. Ou se vieram nem sabem onde é a Luz (ou Alvalade)... Imaginem a alegria dessa gente toda ao ver passar na estrada as camisolas e o emblema da sua paixão...

E já o escrevi uma vez, e não era piada... quantos "kits" não se venderiam numa Volta a Portugal? E quem será capaz de negar que a (por muitos julgada estapafúrdia) ideia dos "kits"... não ia vestir outras cores? Sim... o verde e branco e o azul e branco.

Os três grandes fazem (mesmo) falta para que o ciclismo português saia desta letargia em que caiu. Quem se lembra de 1999 e 2000? Das camisolas vermelhas e das bandeiras à beira da estrada?

Se as pessoas preferem comer queijo a chouriços... qual o empresário que não optava por fabricar queijos?

Se as pessoas querem é saber dos "seus" Benfica, Sporting ou FC Porto... porque é que o ciclismo não os tem?

4.ª nota



COM A DEVIDA VÉNIA...

(à jornalista Fátima Campos Ferreira e à revista SÁBADO)

Sócrates (não "esse"... falo do filósofo grego) eternizou-se com uma simples frase:

"SÓ SEI QUE NADA SEI!..."

Isto para reforçar o facto de nunca, em toda a minha vida, me ter posto em bicos dos pés... Bebo conhecimentos seja de que fonte eles brotem, e gosto de ler. E vou aprendendo.

Ná última edição da revista SÁBADO, a jornalista Fátima Campos Ferreira responde a um pequeno inquérito no qual me revejo quase na perfeição.

Por isso, e à laia de resposta a algums mentes tacanhas que ainda julgam que "comem papas na cabeça de todos" porque a todos julgam "tolos"... transcrevo, com as necessárias adaptações.

Leiam. E meditem.

NÃO SOU MEDROSO POR NATUREZA, PREFIRO PENSAR "POSITIVO E COM CORAGEM". TALVEZ TENHA MEDO DE TER MEDO. "PORQUE O MEDO PODE AFASTAR-NOS DE ALGUMAS DERROTAS MAS AFASTA-NOS SEMPRE DAS VITÓRIAS."

NÃO CULTIVO O MEDO QUE PERTURBA A RAZÃO, A CAPACIDADE DE REACÇÃO, O CONTROLO DE UMA SITUAÇÃO, A RAPIDEZ DE UMA SOLUÇÃO, ISSO NÃO FAZ DE MIM UM SER IRRACIONAL PORQUE SOU, CLARAMENTE, UMA PESSOA DE EMOÇÕES."

"PREFIRO ACREDITAR EM MIM A TER MEDO."

"AMEDRONTRA-ME PENSAR QUE ALGUMA VEZ POSSA PERDER A MINHA DIGNIDADE OU QUE ALGUÉM POSSA DUVIDAR DELA... NÃO TER CORAGEM DE ASSUMIR O RISCO... UM NOVO DESAFIO... UMA DECISÃO..."

humildemente... subescrevo

terça-feira, abril 04, 2006

61.ª etapa



INFLAMAÇÕES... (OU DOIS TÓPICOS EM UM)

Em nome da defesa dos bons usos e costumes (porque é que isto me faz lembrar os tempos em que um senhor nascido em Santa Comba Dão mandava no País?) e do "tudo pela Pátria" - ou pelo site - e "nada contra a Pátria - ou contra o site - criaram um Index e, pelo menos um nome, por ser considerado "incómodo", foi atirado para a fogueira, mas continuo a ver por lá muitos "espalha-brasas".

Até alguém da estrutura superior se apressou a condenar uma equipa quando não estava sequer por dentro do assunto. Órfãos do alvo favorito para os ataques pessoais, agora aparecem, em sequência, os ataques institucionais. Foi aquela equipa e agora um grupo empresarial.

Esqueceu-se - ou não se lembrou quando estava a escrever - o Henrique Gomes, porque tem idade para se lembrar do facto, que o Grupo Costa Pais já andou no ciclismo. Co-patrocinou uma equipa do pelotão principal, ofereceu-lhe o que podia oferecer - nomeadamente o "luxo" de poderem ter um centro de estágio na Serra da Estrela, mas os dividendos foram... quase nada e no final desse ano ficou "queimado" mais um bom patrocinador.

Como se tem vindo a queimar outros, como a Porta da Ravessa, por exemplo, já para não falar da Sicasal, que no caso da Ambar desconheço porque deixou o ciclismo e a Coelima deduzo que tenha sido pela crise que "afogou" os nossos têxteis.

Não seria inédito uma insituição privada assumir as despesas pelo final de uma etapa - mas na Serra da Estrela, por exemplo, um outro grande grupo nacional, a Enatur, divide os interesses com a Costa Pais - contudo o problema da Torre, onde já se chegou a expensas do organizador, creio que o problema assenta mais na "guerrinha" entre municípios.

Territorialmente no concelho de Seia, acharão os responsáveis pelo da Covilhã que, se é às autarquias que a Organização pede dinheiro... que seja Seia a pagar a chegada à Torre. Só que a maioria das unidades hoteleiras, que teriam muito a ganhar, ficam no concelho da Covilhã e Seia acha que não deve pagar uma chegada de etapa para que os vizinhos da outra vertente da Serra tirem proveitos directos sem que também invistam alguma coisa. E deste jogo "do empurra" quem sai prejudicado é o Ciclismo, mas não se pode obrigar ninguém a pagar.

Defendo que se trabalhe de forma a aproximar todas as partes, mas não será, concerteza, hostilizando uma delas que lá chegaremos,

E a Região de Turismo da Serra da Estrela não pode ser isentada de responsabilidades. Eu também vi a tal reportagem em que se falou do "a Serra da Estrela estar na moda". E também não gostei.

As condições climatéricas, nos últimos anos, têm proporcionado muita procura, na Serra, tanto no Inverno como no Carnaval, mas... por essa ordem de ideias, o Algarve também não precisaria do Ciclismo, porque em Agosto difícil é arranjar alojamento lá. Há, é outra mentalidade.

Repito: para encontrar uma solução é preciso sentarem-se todos à mesma mesa. O Grupo Costa Pais não quererá assumir as despesas de uma chegada à Torre enquando o concorrente Enatur - e não só... e não só, porque há, pelo menos, mais dois grandes grupos hoteleiros a operar na Covilhã -, só iria ter lucros. O município covilhanense empurra para os vizinhos de Seia a responsabilidade de assumir os compromissos, baseando-se na realidade geográfica, e Seia não quer gastar dinheiro que depois não recupera porque 90% da caravana fica na Covilhã.

Os anos que tenho de Ciclismo, e as experiências já vividas, deixam-me perceber uma via que poderia ser explorada. A Organização assume as despesas da chegada à Torre e a Covilhã faz como se faz na Volta ao Algarve, oferece as dormidas às equipas, ficando só com o dinheiro dos extras e, claro, todo aquele que os acompanhantes - jornalistas ou adeptos - quase por certo farão, porque dá mais jeito ficar na Covilhã onde a oferta é maior (e melhor) do que em Seia. Ainda são algumas centenas a almoçar e a jantar e a pernoitar, nalguns casos, pelo menos dois dias.

Seia não tinha de pagar à Organização, mas esta não teria de pagar à Covilhã. E ambos os concelhos estariam em pé de igualdade porque a televisão ia mostrar as duas cidades. E os jornais falar delas. Querem ou não promoção? Ou acham mesmo que "está na moda"?

O único local em Portugal onde se pode praticar desportos de inverno mas que, ao primeiro nevão fica isolado, com as estradas cortadas e sem que as pessoas possam lá ir?

Mas não são os jornais desportivos (falo por mim, nunca podeia escrever isto no meu jornal) que têm de chamar a atenção para isto.

60.ª etapa



CÂNDIDO E JALABERT

Escreveu o senhor, creio que se chamará Sérgio Tereso, de forma indignada contra a uma pretensa Volta traçada a pensar no Cândido Barbosa.

Que eu saiba, e mantenho-me quase minuciosamente informado do que vai passando, quem "inventou" essa da Volta desenhada para as característica, não de um, mas de uma dúzia de corredores, fui eu. Aqui. Não foi mais do que um exercício teórico da minha parte, embora acredite naquilo que escrevi.

Achei que este tema merecia aqui ser tratado porque o seu autor foi, pelo menos é a leitura que eu faço, incongruente. Parece-me que percebi no seu texto uma crítica ao facto de os franceses nunca terem desenhado um Tour para o Jalabert (do que depreendo que seria a favor) e, ao mesmo tempo, nega ao Cândido Barbosa a mesmíssima oportunidade.

Ora, e para quem segue o ciclismo há pelo menos década e meia, olhando para a evolução do Cândido só se lembra de fazer uma comparação. Uma e só uma: com o Laurent Jalabert.

Começou por ser "apenas" um sprinter mas, ao longo da sua carreira cresceu enormemente como contra-relogista e trabalhou de tal forma que passava as piores montanhas com os primeiros. Estou a falar do Jalabert ou do Cândido? Não se percebe pois não? Porque a evolução de ambos foi exactamente a mesma. Logo, se bem percebi, se o Jalabert teria merecido que os franceses tivessem desenhado um Tour para as suas características... o Cândido também o merece.

Com um pequeno pormenor. O Jalabert explodiu como corredor completo ao serviço de uma equipa... espanhola (a ONCE) e, ao contrário do que aconteceu (e foi mesmo excepção) com o suíço Alex Zülle, nunca o Manolo Sáiz apostou num não espanhol para assumir a candidatura à vitória numa grande volta. Vê-de o caso de José Azevedo que até teve de deixar o Igor Galdeano vencer uma Volta à Alemanha depois de, na véspera do fim da corrida ter chegado ao primeiro lugar da classificação geral.

59.ª etapa



VOLTA A PORTUGAL.3

Com o seu habitual bom-humor (ou não fosse alentejano), brinca o António Costa com o facto de ainda não se conhecer, oficialmente, o traçado da próxima Volta a Portugal que estará na estrada daqui a, precisamente, 4 meses e um dia.

Ele não chega a tanto, mas podia recordar que, por exemplo, a Vuelta, que só se corre em Setembro, fez a sua apresentação em Dezembro último, mas não podemos pedir, pedir, pedir... quando em troca se dá tão pouco.

Há no ciclismo português problemas estruturais, identificados, que são bem mais graves do que o atraso da apresentação oficial da Volta. Já há-de estar traçada, acredito, mas assumem-se, por vezes, compromissos que nós, os que estamos de fora, parece que não queremos perceber.

Só espero que a JLSpots/PAD olhe bem para o calendário e não vá agendar a apresentação da Volta para o dia... da final da Liga dos Campeões, por exemplo, ou de qualquer outro evento importante. Não esqueçam de prever a agenda dos jornais de forma a poderem ter a certeza de que o evento terá cobertura consentânea com a sua dimensão.

As equipas que correm as Três Grandes, e ainda estão envolvidas (as do Protour, obrigadas a estar) em várias outras corridas. Os seus responsáveis têm plantéis de 27 a 33 corredores para gerir e, esses sim, precisam saber com muita antecedência as características daquelas corridas de forma a escolherem e proporcionar aos corredores escolhidos, planos de preparação consentâneo.

Em Portugal há (mais do que uma) equipas que nem sequer têm ainda os nove corredores para a Volta e mesmo os que têm os 9 ou dez sem problemas físicos, só os vão escolher um mês antes, porque até lá - longe vá o agouro - nenhum tem a certeza de com quem pode contar.

Então, quer-se uma apresentação da Volta em Janeiro/Fevereiro... para quê?

Sou irredutível defensor do "cada macaco em seu galho" e esta organização já deu provas de que está oleada e a trabalhar dentro do mínimo que se lhe poderia exigir. Creio, francamente, que a Volta já está delineada, parto, portanto, do princípio que ainda não foi tornado público o seu traçado por estratégia que só os seus responsáveis saberão qual é. E terão as suas razões.

Mas ainda bem que o adepto do ciclismo é exigente, ou parte representativa dessa mesma massa de adeptos é exigente. Assim fossem coerentes e aceitassem as outras regras do jogo...