terça-feira, abril 04, 2006

61.ª etapa



INFLAMAÇÕES... (OU DOIS TÓPICOS EM UM)

Em nome da defesa dos bons usos e costumes (porque é que isto me faz lembrar os tempos em que um senhor nascido em Santa Comba Dão mandava no País?) e do "tudo pela Pátria" - ou pelo site - e "nada contra a Pátria - ou contra o site - criaram um Index e, pelo menos um nome, por ser considerado "incómodo", foi atirado para a fogueira, mas continuo a ver por lá muitos "espalha-brasas".

Até alguém da estrutura superior se apressou a condenar uma equipa quando não estava sequer por dentro do assunto. Órfãos do alvo favorito para os ataques pessoais, agora aparecem, em sequência, os ataques institucionais. Foi aquela equipa e agora um grupo empresarial.

Esqueceu-se - ou não se lembrou quando estava a escrever - o Henrique Gomes, porque tem idade para se lembrar do facto, que o Grupo Costa Pais já andou no ciclismo. Co-patrocinou uma equipa do pelotão principal, ofereceu-lhe o que podia oferecer - nomeadamente o "luxo" de poderem ter um centro de estágio na Serra da Estrela, mas os dividendos foram... quase nada e no final desse ano ficou "queimado" mais um bom patrocinador.

Como se tem vindo a queimar outros, como a Porta da Ravessa, por exemplo, já para não falar da Sicasal, que no caso da Ambar desconheço porque deixou o ciclismo e a Coelima deduzo que tenha sido pela crise que "afogou" os nossos têxteis.

Não seria inédito uma insituição privada assumir as despesas pelo final de uma etapa - mas na Serra da Estrela, por exemplo, um outro grande grupo nacional, a Enatur, divide os interesses com a Costa Pais - contudo o problema da Torre, onde já se chegou a expensas do organizador, creio que o problema assenta mais na "guerrinha" entre municípios.

Territorialmente no concelho de Seia, acharão os responsáveis pelo da Covilhã que, se é às autarquias que a Organização pede dinheiro... que seja Seia a pagar a chegada à Torre. Só que a maioria das unidades hoteleiras, que teriam muito a ganhar, ficam no concelho da Covilhã e Seia acha que não deve pagar uma chegada de etapa para que os vizinhos da outra vertente da Serra tirem proveitos directos sem que também invistam alguma coisa. E deste jogo "do empurra" quem sai prejudicado é o Ciclismo, mas não se pode obrigar ninguém a pagar.

Defendo que se trabalhe de forma a aproximar todas as partes, mas não será, concerteza, hostilizando uma delas que lá chegaremos,

E a Região de Turismo da Serra da Estrela não pode ser isentada de responsabilidades. Eu também vi a tal reportagem em que se falou do "a Serra da Estrela estar na moda". E também não gostei.

As condições climatéricas, nos últimos anos, têm proporcionado muita procura, na Serra, tanto no Inverno como no Carnaval, mas... por essa ordem de ideias, o Algarve também não precisaria do Ciclismo, porque em Agosto difícil é arranjar alojamento lá. Há, é outra mentalidade.

Repito: para encontrar uma solução é preciso sentarem-se todos à mesma mesa. O Grupo Costa Pais não quererá assumir as despesas de uma chegada à Torre enquando o concorrente Enatur - e não só... e não só, porque há, pelo menos, mais dois grandes grupos hoteleiros a operar na Covilhã -, só iria ter lucros. O município covilhanense empurra para os vizinhos de Seia a responsabilidade de assumir os compromissos, baseando-se na realidade geográfica, e Seia não quer gastar dinheiro que depois não recupera porque 90% da caravana fica na Covilhã.

Os anos que tenho de Ciclismo, e as experiências já vividas, deixam-me perceber uma via que poderia ser explorada. A Organização assume as despesas da chegada à Torre e a Covilhã faz como se faz na Volta ao Algarve, oferece as dormidas às equipas, ficando só com o dinheiro dos extras e, claro, todo aquele que os acompanhantes - jornalistas ou adeptos - quase por certo farão, porque dá mais jeito ficar na Covilhã onde a oferta é maior (e melhor) do que em Seia. Ainda são algumas centenas a almoçar e a jantar e a pernoitar, nalguns casos, pelo menos dois dias.

Seia não tinha de pagar à Organização, mas esta não teria de pagar à Covilhã. E ambos os concelhos estariam em pé de igualdade porque a televisão ia mostrar as duas cidades. E os jornais falar delas. Querem ou não promoção? Ou acham mesmo que "está na moda"?

O único local em Portugal onde se pode praticar desportos de inverno mas que, ao primeiro nevão fica isolado, com as estradas cortadas e sem que as pessoas possam lá ir?

Mas não são os jornais desportivos (falo por mim, nunca podeia escrever isto no meu jornal) que têm de chamar a atenção para isto.

Sem comentários: