MAIS VALIA ESTARES CALADO!...
Já ia "fechar a loja" por hoje quando, por deficiência profissional, ainda fui espreitar alguns sites internacionais de ciclismo. Não foi preciso ir muito longe e (confesso, nem fui ler o cyclingnews) fiquei-me pela transcrição que o todociclismo faz de uma entrevista do presidente da UCI ao site australianao.
E não posso deixar de ficar preocupado. Pelo que leio, o senhor Patrick McQuaid dá a ideia de que estaria na sua Irlanda natal e nem na TV viu a corrida.
Justifica a penalização ao primeiro trio de perseguidores - que cruzou a passagem de nível com as barreiras já em baixo - como "exemplo para os mais novos" que, na ânsia de conseguirem um lugar no pódio (quem? os mais novos ou um dos três prevericadores?) madaram os regulamentos às malvas.
Volto a frisar que assisti à corrida e que a gravei e revi esse momento meia dúzia de vezes. As imagens da televisão (tiradas de um helicópetero) abandonaram o Cancellara na longa recta e vieram atrás em busca dos perseguidores que, quando chegaram à passarem de nível, 32 segundos depois, encontraram as barreiras positivamente em baixo.
Haverá imagens do Cancellara a passar a via férrea? É que eu sei que as barreiras caiem rapidamente, mas são antecedidas de um sinal luminosoe outro sonoro... Teve o Cancellara tanta sorte que isso só aconteceu nas suas costas?
É que menos de um minuto depois, quando o segundo trio de perseguidores foi obrigado a parar... passava o comboio a alta velocidade... Terão as barreiras baixado com tão pouca diferença, em relação à aproximação do comboio? Esta dúvida não deixa de me apoquentar.
E prova aquilo que eu já escrevera: NÃO HAVIA NENHUM JUÍZ DE CORRIDA NAQUELA PASSAGEM DE NÍVEL. Nem quando o Cancellara passou, nem quando passou o primeiro trio, nem quando o segundo foi obrigado a parar por um estafeta-moto. Os comissário não conduzem motos, e o homem, com um típico fato de motard, vermelho, ainda por cima - que não são nem de perto nem de longe as cores OBRIGATÓRIAS (camisa azul e calça cinza) dos comissários - é que impediu a tragédia, repito. Os três corredores, a não pararem naquele momento teriam sido trucidados pelo comboio (eu mando a gravação a quem não viu).
E lamento contrariar a cara Cláudia Vitorino que afirmou ter o segundo trio avançado às ordens dos comissários. NÃO PODIA SER. As barreiras continuavam em baixo e NÃO VEJO NAS IMAGENS, que paro, faço andar para trás e para a frente, nenhum comissário. E se eles lá estivessem, não podiam eles ignorar os regulamentos. A passagem de nível continuava fechada.
Aliás, o senhor presidente da UCI não afina pelo diapasão da Cláudia... diz que esses três, apesar de cruzarem a passagem de nível ainda fechada, o fizeram "já depois do comboio passar e, portanto, em segurança". Às malvas os regulamentos.
Daqui a pouco tenho a fita gasta, mas vou só confirmar uma outra coisa... esperem um pouco...
Eu não mando palpites... Sei, sei!, Não tenho a certeza... verifico...
Confirmei!... Era uma via férria dupla, pelo que o senhor McQuaid ou sabe os horários de TODOS os comboios, mesmo os de mercadorias, daquela linha, ou NÃO PODE DIZER - só porque não aconteceu - que as barreiras estavam ainda em baixo porque se aproximaria outro comboio, vindo no sentido inverso...
É especulação minha? Será. Mas tudo o que se diga e escreva sobre este incidente é especulativo quando esta palavra significa exactamente... falar sem ter a certeza do que se diz.
Facto confirmado: o primeiro trio passa com as barreiras em baixo.
Facto arrepiante: o comboio surge da nossa esquerda numa altura em que os três segundos perseguidores NÃO teriam tido tempo para cruzar a passagem de nível.
Grande dúvida... : à aproximação de um comboio rápido, as barreiras só baixam a 30 segundos da sua passagem? Eu morei 12 anos junto de uma passagem de nível... logo... Cancellara não terá passado também ele com as barreiras já em baixo? Foi ao princípiozinho? Não é isso que está em causa. Ou estão... ou não.
O resto já disse no outro post relativo a este assunto.
3 comentários:
Respeito, mas respeito mesmo - e muitos são meus amigos - os comissários. Se te referes às dríticas que deixai em relação à Volta a Terras de Sta Maria... tu estiveste lá, não estiveste?
No caso do Paris-Roubaix, estou chocado com o acontecido. Mas se viste a corrida também percebeste que NÃO HAVIA ALI COMISÁRIOS. Na frente (partida) de uma corrida como aquela...
Concordas ou não?
Paulo, sejamos realistas... podemos, por piedade, dizer a um doente terminal que tenha fé e esperança que um deus qualquer (que eu não acredito en deuses) ainda o pode salvar.
Quando se diz isto, é porque cientificamente (estamos a falar de "doenças" e "médicos") já não há esperanças...
Claro que há coisas boas no ciclismo português... eu não nego as dificuldades que muita gente tem de ultrapassar para que muitas equipas continuem na estrada, mas... é tentar curar o cancro com aspirinas e, é verdade, chego a perguntar-me a mim mesmo se essas pessoas estão a fazer bem ou mal ao ciclismo.
Um grande abraço.
Já agora e sendo m bocadinho (ainda mais) "venenoso"... queres que eu diga bem de equipas que se apresentam com belos carros, bicicletas de topo e que não fazem nada na estrada? O ciclismo é, ou não, o que se faz (o que os ciclistas fazem) na estrada? Por mais bem "montado" que o o seu director-desportivo venha lá atrás?
Aqui, neste espaço, não dou "lustro" a ninguém. Foi criado mesmo para isso... para ser a voz da consciência de todos. De corredores a directores-desportivos, com a inegável esperança de que os patrocinadores não deixem de o saber também.
Estou farto de ver gente de boa vontade, a investir muito para uns poucos se "desenrascarem" e depois não haver ninguém mais que acredite no ciclismo.
Ok, Paulo,
em defesa do trabalho de formação que, desde há alguns anos a esta parte alguns vêm a fazer, nada melhor do que apontar os resultados dos nossos jovens sub-23. Espectacular. Se há bons sub-23 é porque se trabalhou bem nos juniores e nos cadetes. Se há matéria prima nestes escalões, é porque o sector escolas também funcionam a contento.
Sobre o BTT é-me difícil falar, estou muito por fora... mas que tem potencialidades... tem.
No ciclismo profissional... no ciclismo profissional o mal, para mim é evidente: chegou-se ao ponto em que o único objectivo é sobreviver. Há equipas a mais com poucos coredores que, poa vez, são obrigados a ganharem pouco quando se houvesse menos equipas, teriam mais corredores e muito provavelmente a ganhar melhor... porque os patrocínios não se dispersavem por dez equipas.
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