terça-feira, abril 25, 2006

Fora das barreiras.2



NÃO MATEM O MENSAGEIRO!...

Vou começar pelo fim.
Passam hoje, exactamente, 32 anos sobre a data em que, e face aos acontecimentos registados e a sua posterior evolução, recuperámos a Liberdade. Há muitos géneros de liberdade mas a primeira, a mais importante, é a liberdade de cada um de nós nos expressarmos livremente. A segunda é a de respeitarmos a opinião dos outros.

Ontem fui confrontado com duas afirmação com as quais, é evidente, não posso concordar. Por isso, e porque acho o assunto suficientemente importante, transformo (já o fiz uma vez antes e disse, na altura, que o faria sempre que julgasse pertinente) aquilo que seria apenas uma resposta pessoal num novo artigo.

Cito: “... pelo facto de um jornalista ser faccioso e hábil com as palavras...” (depois foi ressalvado que a mim me reconhecem a isensão, mas ficou o “hábil com as palavras”).
Mais tarde e num outro
post volta-se ao tema. Torno a citar: “... muitas vezes as entrevistas são ‘manipuladas’ e vós jornalistas retiram muitas vezes uma frase dada num determinado contexto e colocam-na fora desse mesmo contexto deturpando a verdade.”

1.º ponto – Parto do princípio que o amigo que escreveu isto (e vem na sequência de um outro
post seu, falava... genericamente, do que presumo ter, finalmente, percebido o significado da palavra;
2.º ponto – Se eu transcrevi NA ÍNTEGRA a parte da entrevista que abordava um determinado assunto em discussão... como poderia ter tirado fosse o que fosse do seu contexto? Não escrevi uma frase solta. Transcrevi EXACTAMENTE as perguntas feitos pelo colega e as respostas dadas pelo seu entrevistado. Aliás, de tão concisas e quase telegráficas que são, seria praticamente impossível retirar fosse o que fosse do contexto.

Posto isto, sou levado a crer que, como infelizmente muitos outros, mas muitos mesmo, este amigo acha que a Guerra do Iraque não foi por culpa do Saddam e do Bush, mas dos jornalistas que a contaram... Que os atentados na Palestina e em Israel também são culpa dos jornalistas e que, se estes os não relatassem, aquela gente vivia na mais santa paz.
São coisas más, que gostaríamos de não ver entrar-nos casa adentro, seja pela TV seja nos jornais. São “manipulações” dos jornalistas.

Com isto recordei-me de um velho
cartoon (sou fã) no qual, um casal todo aperaltado e dando ares de bem colocado na vida, passam numa avenida ao lado da qual existia um Bairro de Lata. E dizia um deles: Que miséria, que vergonha!..., ao que o outro acrescentava: Pois é. Não custava nada construirem aqui um muro bem alto que nós não temos que ver coisas destas!

A grande tarefa dos jornalistas é a de evitarem que se construam muros a esconder as vergonhas e se eles forem erguidos, a de derrubá-los. E se não conseguirem derrubá-los... passar por cima deles e voltar, contando o que viram mesmo que a maioria preferisse não o saber.

E estes "muros", ou existem, ou há sempre quem queira ergue-los, seja em que sector for da Sociedade. Até mesmo no Desporto. Até mesmo no Ciclismo. Até mesmo em Portugal.

Caro amigo, aparentemente és adepto dos muros que “nos protejam” das vergonhas.
Eu estou disposto a, se for preciso, trepá-los e ir lá ao outro lado e testemunhar as pequenas desgraças ou grandes vergonhas. Para as relatar a todos os que acreditam que estes 32 anos, nos seus muitos altos e baixos, não foram em vão.

2 comentários:

mzmadeira disse...

À vontade vontade caro Paulo,

sabes que aqui estás sempre à vontade. Ah!... não é verdade que haja um entidade "reguladora" da actividade dos jornalistas. Nem haverá, se for respeitada a nossa vontade. A AACS é outra coisa, mas encontrarás quem te explique.

Um abraço, mas Paulo...
não vamos transformar isto numa área de "duelos", pois não?

mzmadeira disse...

Caro Paulo,

tinhs prometido rebater algumas passaens deste artigo mas, depois de eu ter colocado aqui aquela do se íamos entrar em duelos... parece que desististe.
Não era isso que eu queria. Aquele "não vamos entrar em duelos" era mais uma "pista" para que percebesses que muito provavelmente eu não contraporia. Para não entrarmos em duelos.
De qualquer forma, não era para te limitar no teu direito à opinião. Aqui não há censura...
Um grande abraço.