sábado, abril 01, 2006

53.ª etapa



OUTRA VEZ OS REGULAMENTOS

A propósito de uma notícia veículada pelo site holandês cycling4all, que dá conta da "contratação" do Carlos Carneiro pela Madeinox-Bric-Canelas, levantaram-se noutro síto na Internet, onde se fala de ciclismo, hipóteses que apenas revelam desconhecimento, primeiro, da história completa do caso - mas reconheço que a isso o grande público não poderia ter tido acesso - e depois dos regulamentos.

E, se ao mero adepto de berma de estrada não se lhe pode exigir que saiba de cor os regulamentos da FPC ou da UCI - eu também os não sei de cor, mas estão sempre à mão para tirar dúvidas - já há outras pessoas que, pelo envolvimento que mostram com a modalidade tal é quase imperdoável. Quem assume ter responsabilidade, quando se fala de ciclismo, devia ter o cuidado de tentar ser o mais concreto possível.

Dou uma dica: há muito, muito tempo, dei-me ao "trabalho" de ler e reler todo o regulamento que rege o ciclismo profissional. Não é possível decorá-lo mas, perante determinadas situações, dá para recordar que "aquilo" está definido nos regulamentos. Pego então no maço de folhas e procuro o enquadramento legal daquilo que pretendo discutir, ou refutar.

Voltando ao caso do Carlos Carneiro, ele, o ano passado, quando foi para a equipa de Canelas, assinou um contrato de dois anos. Que terminará a 31 de Dezembro deste ano. No final da pretérita temporada foi-lhe dito que, se conseguisse encontrar outra equipa, o clube dispensava-o. E não podia fazer outra coisa senão condicionar a "dispensa" ao ele encontrar outro patrão, porque o contrato que tinha era válido para 2006.

O Carlos não o conseguiu, mas tardou a comunicar aos responsáveis gaienses isso msmo, tendo, entretanto, esta fechado o quadro de corredores com os quais contaria para esta temporada e inscrito a equipa SEM o Carlos Carneiro. Que, ao não ter conseguido colocação noutro clube, regressou e fez valer o contrato, legal, e vigente, como escrevi, até ao dia 31 de Dezembro deste ano.

Portanto... nem estava prevista a inscrição tardia do Carlos Carneiro, nem este ficou de fora da equipa por qualquer problema de ordem disciplinar, relativa, por exemplo, a um eventual caso de doping e o mero aflorar deste assunto será, não duvido, incómodo para um corredor que foi duas vezes campeão nacional e deu tudo o que pode dar às equipas por onde passou.

Sem querer, que disso também estou certo, quem escreveu aquilo interferiu de uma forma pouco... pensada, no historial de um corredor ao qual nada há a apontar. É perigoso falar-se quando não se tem a certeza do que se diz.

Finalmente, e porque a maioria parece desconhecer o facto, à imagem do que acontece com o futebol, também o ciclismo tem duas épocas para se fazerem inscrições, ou antes do início da temporada, quando se inscrevem junto da FPC, ou em Junho. Ora, se o Carlos não foi inscrito na equipa inicial da Madeinox-Bric-Canelas... terá de esperar até Junho para, depois de inscrito, poder voltar à competição.

Não sei, mas o que a fonte do cycling4all terá comunicado ao administrador daquele site terá sido que ele voltou a aparecer na estrada, a treinar, está bem de ver, com o equipamento da equipa. Inscrito... não pode ter sido. Readmitido na equipa, sim! E, apesar de só poder ver a sua situação regularizada em Junho, não quer dizer que só voltasse a treinar no dia 31 de Maio. Aliás, se for - que pode não ser - opção para a Volta a Portugal... convém chegar a Agosto já com algum andamento, por isso, convém que já esteja a treinar-se para isso.

2 comentários:

José Carlos Gomes disse...

Quando noutro fórum - isto parece esquizofrénico, dizer uma coisa num lado e ter que esclarecê-la noutro - perguntei se se trataria de um caso de doping, foi por achar estranho que o Carlos Carneiro tivesse inscrição prevista... para Junho.

Como é óbvio, nunca quis macular o currículo dele. Até porque um ciclista com o percurso do Carlos Carneiro, se tivesse alguma mácula no passado, tendo em conta que na época transacta esteve no activo, não iria correr em Junho, porque a suspensão seria - à partida - pelo menos por dois anos.

Fiquei, aliás, satisfeito por não ver mais um profissional que sempre prezei envolvido em irregularidades.

mzmadeira disse...

Caro José Carlos, eu respondia-lhe lá, mas... estou proíbido de lá entrar, como sabe.
Um abraço