quinta-feira, junho 29, 2006

130.ª etapa



ELES FALAM, FALAM!



Ainda em relação à Volta a Portugal em bicicleta.

As Câmaras Municipais de Santiago do Cacém e de Grândola fizeram chegar à CCDRA (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo) pedidos de subsídio que, ainda que não especificado, se destinava a pagar as etapas que tinham apalavradas com a JLSports/PAD. O mapa esteve traçado mas o subsídio foi recusado.

Beja já era hipótese e Arraiolos aparece durante a Volta ao Alentejo.

Com a excepção de Ansião, toda a Volta há muito estava delineada, mas a JLSports/PAD tinha um enorme problema para resolver. A empresa-mãe vendera há muito a partida de Portimão (juntamente com o final de etapa do Lisboa-Dakar) e ao director-técnico ficou entregue a resolução de como trazer o pelotão do Algarve até Lisboa.

A hipótese de uma etapa algarvia, com uma neutralização de 200 km logo ao fim do primeiro dia, predurou até Santiago e/ou Grândola - com a ajuda (não suficiente) de uma instituição bancária - serem alternativa.

Só a ligação Algarve-Lisboa atrasou a apresentação da Volta que vai acontecer nos dois dias seguintes ao final do Campeonato do Mundo de futebol para conseguir ter destaque nos jornais.

Ao contrário do que a JLSports/PAD pensa, e ao contrário do que o comúm dos cidadão pensa,
"eles" se calhar até sabem, mas o papel "deles" não é o de criarem problemas a quem quer que seja. "Eles" só querem informar. E, mesmo que isso desgoste a muita gente, mesmo quando foram "jornal oficial" não aceitaram inteferências na sua linha editorial, por isso publicaram as etapas antes da apresentação oficial. "Eles" foram, são e serão independentes, tendo um só objectivo. Único. Fazer o impossível para darem a quem os procura, aquilo que querem saber. O contrário era negar a profissão que abraçámos.

E "eles" recusam-se a ficar sentados na redacção à espera que, via fax ou e-mail lhes chegue a informação pronta a publicar. Correm riscos? Pois correm, mas dormem de consciência tranquila. Fizeram o que tinham a fazer. A grande maioria das pessoas compreende.

129.ª etapa



EU NÃO ACREDITO EM MAFIAS... MAS QUE AS HÁ, HÁ!



Redutora, a decisão do TAS. Deu razão à Astaná-Wurth porque consideraram os doutos juizes que a presença da equipa de Manolo Sáiz no Tour não macula a imagem de um ciclismo que se quer limpo. Definitivamente limpo.

Disseram os doutos juizes que não podiam aceitar a pretensão da ASO, por esta se fundamentar
"apenas" nas notícias veiculadas pela imprensa espanhola. Querem ver que os jornalistas "inventaram" a detenção de Manolo Sáiz e a prisão dos outros elementos? E como vai agora a ASO justificar a recusa da presença da Comunitat Valenciana? E que vai fazer a AG2R em relação a Paco Mancebo? É uma equipa francesa, e as equipas francesas têm justificado a ausência de resultados no Tour por os outros andarem com "super" enquanto eles se sujeitam a andar com "normal".

Deixo um palpite. Quando tudo
"rebentar" - porque vai rebentar - e o Tour de 2006 ficar irremediavelmente manchado, a ASO vai fazer valer o seu peso e... adeus ProTour. A acontecer uma bronca daquelas grandes, como se está à espera, para o ano o Tour vai ser só por convites.

128.ª etapa




ZÉ AZEVEDO



Notável e tocante o fair play que o nosso Zé demonstra em declarações prestadas a um jornal da praça e que hoje foram publicadas. Eu, sinceramente, acho de um provincianismo mais que saloio o fazer uma festa pelo facto de ele ir sair com o dorsal n.º 1. Até houve quem tenha tido o despudor de vincar que «nem o Agostinho»!... Estou certo que, se o tivesse lido, o Zé seria o primeiro a censurar o evidente mau gosto.

Mas voltemos ao Zé. O que é que ele disse? Que, na sua opinião, a organização do Tour não devia atibuir o n.º 1 a ninguém... até que alguém batesse o recorde de Lance Armstrong. E os franceses fá-lo-iam se Armstrong fosse francês. Sete vitórias consecutivas, mais duas que o anterior recorde, o do espanhol Miguel Induráin, e sem que se possa, nos dias que correm, perspectivar quem possa vir a conseguir feito igual, se calhar merecia mesmo que o dorsal n.º 1, que Armstrong usou ao longo dos últimos seis anos, ficasse guardado.

Independentemente disso, fica a lição de humildade de José Azevedo. Já entra a ganhar neste Tour. E isso só está ao alcance dos grandes campeões. E são grandes campeões mesmo aqueles que não chegam ao fim em primeiro. Vejam o exemplo de Joaquim Agostinho.

127.ª etapa



VOLTA A PORTUGAL.4



Faltam 35 dias para o início da Volta a Portugal e sou obrigado a concluir que, afinal, este ano as coisas complicaram-se para os lados da JLSports/PAD, no que respeita à definição da principal corrida do calendário nacional. Eu andava "um pouco desconfiado" disso!...

Sei que caiu mal entre os responsáveis daquela empresa o facto de
A BOLA ter adiantado o percurso. Agora sei porquê. E, a partir deste momento, em consciência, já não arrisco mais nada. A Volta está - ou esteve até há bem pouco tempo - traçada sobre um cubo de gelo, ora, com as temperaturas a aumentarem e depois de já termos entrado no Verão, o gelo... derrete, não é? Pelo menos aprendi isso em Fisico-Químicas, quando andava no Liceu.

Creio que não será muito bem aquilo do
"o que hoje é verdade, amanhã é mentira", ou vice -versa. É mais preocupante e, no fundo, a organização da Volta deve ter suspirado de alívio por A BOLA só há coisa de um mês se ter posto em campo para tentar saber o percurso da Volta. É que, pelo que vejo, se o tivesse feito antes.., ai, ai... o que é que não teríamos sabido!

Mas vamos ao que interessa. A Volta estava traçada mas alguns dos compromissos, se não eram de
boca, estavam pendentes e acabaram por se tornar inexequíveis.

Isto faz-me, por um lado, dar razão à organização. Pois se a dois meses da Volta ir para a estrada ainda não tinham a certeza do percurso da mesma, não a podiam anunciar publicamente. O que me preocupa são mesmo a parte do
«... se a dois meses da Volta...»

Então é assim: as câmaras de Santiago do Cacém e de Grândola queriam a Volta, houve conversações, desenhou-se um traçado a passar pelas duas cidades mas, quanto ao dinheiro... ambas contavam com uma ajuda que, afinal, não se concretizou. Sem dinheiro... essas duas etapas
"cairam".

Mas foram mesmo chegada e partida de etapas. Era preciso traçar o mapa da corrida e a organização confiou que as autarquias resolveriam o seu problema. Quando
A BOLA fez a sua investigação, Santiago e Grândola estavam no tal mapa.

Entretanto, há dois meses e cinco dias que eu (não
A BOLA, eu mesmo) ouvira falar de Arraiolos, assim quase sem querer. Quando o jornalista que fez o trabalho sobre a Volta me falou do percurso, ainda o alertei de forma a investigar o que poderia haver com Arraiolos, mas as fontes contactadas fecharam-se no segredo. Será a alma do negócio, mas o acto de informar, por enquanto ainda não é um negócio e temos obrigações para com os leitores a cumprir.

De Beja, curiosamente, quem me falou disso foi o jornalista que fez o trabalho. Há mais tempo ainda - e eu cheguei, na altura, a escrever num dos meus artigos, aqui, que a ligação Algarve-Lisboa, por Beja, obrigaria ao desenho de etapas extensas, em contraponto à média daquelas que se têm efectuado -, mas, escrevia eu, as opções Santiago e Grândola pareciam sólidas. E eram. Falhou foi o subsídio que pediram para financiarem a chegada da 1.ª etapa e a partida da segunda.

São coisas que podem acontecer. Aceito. Se tivessem acontecido em Fevereiro ou Março. Era sinal que a Volta estava quase traçada e que, no mais tardar, em Maio a corrida era apresentada. Três meses, para os directores-desportivos escolherem os seus homens - em função do traçado - e levar os seus pontas-de-lança a reconhecer os pontos-chave. Caramba!... É o que acontece em TODAS as grandes provas que são grandes!!!

Mas estamos a 35 dias do arranque de Portimão e nada!...

Entretanto, com a
"queda" de Santiago e de Grândola, há um novo mapa da Volta. A cidade de Beja recebe o final da 1.ª etapa e a 2.ª sai da vila de Arraiolos. O resto, por enquanto e quanto sabemos, mantém-se inalterado. Mas hoje, para além da rectificação n'A BOLA, podem também ver o que vai ser a Volta no jornal O JOGO. Sendo um dos jornais oficiais da prova, e tendo sido a Organização a facultar-lhes a informação (que sempre escondeu d'A BOLA) teremos, enfim, pelo menos um sinal de que o traçado está pronto.

Recordo as etapas:

Dia 5 de Agosto - 1.ª etapa, Portimão-Beja
Dia 6 de Agosto - 2.ª etapa, Arraiolos-Lisboa
Dia 7 de Agosto - 3.ª etapa, Ansião-Viseu
Dia 8 de Agosto - 4.ª etapa, Viseu-S. J. Madeira
Dia 9 de Agosto - 5.ª etapa, Gondomar-Felgueiras (alto de St.ª Quitéria)
Dia 10 de Agosto - 6.ª etapa, Santo Tirso-Fafe
Dia 11 de Agosto - Descanso
Dia 12 de Agosto - 7.ª etapa, Celorico de Basto-Mondim (Sr.ª da Graça)
Dia 13 de Agosto - 8.ª etapa, Favaios-Guarda
Dia 14 de Agosto - 9.ª etapa, Gouveia-Fundão
Dia 15 de Agosto - 10.ª etapa, Idanha-Castelo Branco (contra-relógio individual)

terça-feira, junho 27, 2006

126.ª etapa




PÁREM DE FALAR EM «DOPING»



Nas últimas semanas todos nós, os que adoptámos o Ciclismo como a nossa modalidade preferida, vimos a reagir de uma forma, digamos, muito pouco lúcida, em relação às notícias que, em catadupa, nos chegam das mais diferentes proveniências.

E, ao contrário dos pais que, por norma, e muito por instinto também, se apressam a defender os filhos, acolhendo-os no abrigo dos seus braços, o que é que tenho observado? À mais simplista – no sentido de desresponsabilização individual (nem que seja apenas o reflexo de um acto puramente pavloviano) - das formas de encarar os factos. Estamos perante um escândalo, disso não restam dúvidas, mas tratar o que está a acontecer como um simples caso de doping, ou casos de doping, porque a Operação Puerto, e é disso que estou a falar, envolve, disso já estamos seguros, um número elevado de corredores e outras pessoas que gravitam à volta do ciclismo, isso tem de parar porque não faz sentido.

É o primeiro erro.

Não se está a trabalhar num, colectivizemos então, não se estão a tratar de casos de doping e as primeiras notícias, se lidas com a atenção merecida, até nem deixaram de ser claras.
À luz das legislações – e elas são todas muito parecidas – da maioria dos países europeus, e demais, do chamado primeiro mundo, o acto de se recorrer a substâncias que eventualmente possam melhorar prestações desportivas não está enquadrado em nenhuma Lei. As autoridades não podem investigar, perseguir, muito menos deter quem, eventualmente, recorra a estes métodos.
Depois há, algumas delas reconhecidas internacionalmente e com um peso específico bastante relevante, outras entidades que, essas sim, podem sancionar o uso de produtos – que elas mesmas indexaram – ou punir práticas que, segundo a mesma
“tábua” de regras, sejam passíveis de cair sob da sua alçada.

Falo da AMA (Associação Mundial Anti-dopagem) ou dos diversos departamentos nacionais (referindo-me a cada uma das nações) cuja missão é, exactamente, a luta contra a
“batota” no desporto. De uma maneira geral.

É alguma destas autoridades que, em Espanha, está neste momento a actuar? Não! Porque não têm por onde pegar. Na verdade, um atleta só cai sob a sua alçada SE for apanhado num dos controlos que todas elas fazem regularmente.

O que está a acontecer em Espanha (e já aconteceu em França, em 1998, e em Itália) é que são, de facto, as autoridades policiais, devidamente escudadas pelas autoridades judiciais, que desenvolvem uma operação – isto nunca foi focado, porque se presume, à partida, que a maioria das pessoas o sabem – que visa, espantem-se agora, presumíveis atentados contra… a saúde pública. Sendo que qualquer atleta, seja de que modalidade for, é, antes disso, um cidadão.

Estamos, e não vi isso escrito em lado nenhum, perante uma operação que pretende desmantelar uma presumível rede que, de modo contínuo ou não, à luz das Leis gerais de qualquer estado, se entrega a práticas que, no seu acto mais simples, pode atentar contra a saúde pública.
Aqui, onde as autoridades desportivas não podem chegar, é campo onde podem e devem movimentar-se as autoridades policiais e judiciais de qualquer país.

Fazer transfusões de sangue, seja ele exógeno ou endógeno, passou a ser proibido pelas autoridades desportivas, mas estas só podem actuar quando conseguem provar que alguém o fez. Retirar sangue a uma pessoa, manuseá-lo e voltar a introduzi-lo numa pessoa, se se tratar de um acto reconhecidamente e apenas clínico, é aceite pela comunidade médica e não foge um milimetro a seja que Lei for.

Agora, tirar sangue, manuseá-lo e armazená-lo em locais que não hospitais ou outros estabelecimentos reconhecidos como tendo essa vocação; fazer transfusões – ou mesmo apenas retirar sangue – num quarto de um hotel, armazená-lo e vendê-lo à embalagem, isso, fugindo às regulamentações desportivas cai, sem apelo nem agravo, sob a alçada das autoridades sanitárias que podem, e fizeram-no, pedir às polícias que, sob o mandado de um juiz, interfiram. Identifiquem e punam os prevaricadores.

Resume-se a isto a Operação Puerto. De certeza que, judicialmente, nenhum corredor pode vir a ser punido. Por isso as atenções das polícias se viram para quem, mesmo sendo médico, assiste a estas transfusões – ilícitas, porque não observam as regras gerais de saúde pública – e sobre quem, seja sob que pretexto for… as negoceia. Sendo vendendo ou comprando.

Falar de doping neste caso, neste, em particular, é de um despudorado desconhecimento das coisas.

Agora… Se quem compra esse sangue é um elemento de uma equipa desportiva – seja de ciclismo ou não -, é evidente que mete em alerta as autoridades que tentam zelar pela verdade desportiva. E o que podem fazer? Nada.

Nada a não ser que, mesmo que isso possa significar
“esticar” um pouco a sua investigação, levando-a além daquilo a que seria, para o seu propósito, suficiente, as autoridades policiais façam o que se fez em Itália ainda não há muitos anos e, revistando os hotéis onde estão instaladas equipas, venham a encontrar provas de que – neste caso – o tal sangue comprado foi mesmo utilizado.

Eu não tenho formação jurídica, mas o pouco que sei dá para adiantar o seguinte:
Em Itália, quando a polícia revistou os hotéis das equipas – e para isso é preciso um mandado judicial – isso só poderia ter sido feito sob a justificação de se juntarem provas de forma a chegar-se a… uma eventual rede que atentava, repito, segundo a Lei geral, contra a saúde pública.

Não sei o que os franceses poderão fazer na próxima semana, ou já no final desta… mas em Espanha as polícias dificilmente conseguirão o acordo de um juiz para vasculharem no seio das equipas porque inverteram a operação apontando logo para a “cabeça” do “polvo”. E se conseguirem ligar os “pseudónimos” anotados nos documentos que apreenderam a ciclistas em concreto, apenas os podem expor à opinião pública.

As autoridades policiais não podem arrestar ninguém por ser apanhada a fazer uma transfusão e as autoridades desportivas, se os não apanharem em flagrante, ou através de resultados positivos em qualquer uma análise, mesmo que saibam os seus nomes nada podem fazer.

Portanto, condensando, o que aconteceu em Espanha foi uma operação em defesa da saúde pública. Nada teve a ver com as autoridades desportivas e estas ficaram na mesma. Bem podem os jornais publicar até o nome completo, o número do BI e o n.º de Contribuinte dos corredores que quiserem.

Desportivamente, se não forem apanhados nos controlos das entidades da luta anti-doping… vai acontecer: NADA!

Porque é que, então, a Organização do Tour tomou a atitude que tomou em relação à Astaná-Wurth? Ora bem, porque as empresas proprietárias das licenças desportivas das equipas ProTour assinaram uma certa Carta Ética!... E Manolo Sáiz, provavelmente um dos seus redactores, deixou-se apanhar…

Em relação à Comunitat Valenciana… ninguém, a não ser que algum atleta seja apanhado – e nesse caso SÓ esse atleta será castigado -, pode mexer-lhe nem com um dedo.

Diz-se que à mulher de César se lhe pedia que, mais do que ser séria deveria parecê-lo. Foi o que as empresas detentoras das licenças ProTour fizeram. Para
“parecerem” sérias assinaram uma Carta de Ética… e foi a pontinha solta por onde a Organização do Tour pode pegar. E tem toda a razão do seu lado, não acredito que abra mão de não querer a equipa espanhola no seu pelotão. Até porque a “guerra” entre as 3 Grandes e a UCI e o ProTour apenas vive uma trégua. Não acabou.

segunda-feira, junho 26, 2006

125.ª etapa




E O TOUR MANDOU-OS DAR... UM "GIRO"



Ao principio da noite de hoje, a Organização do Tour de França comunicou à "nova" Astaná-Wurth que passe muito bem, mas que não a aceita na sua corrida. Era esperado. Os franceses nunca gostaram dos espanhóis, depois têm vindo, pelo menos para "o povo ver", a ser "chatos" com esta coisa do doping e correlativos...

Depois de retirarem o convite à Comunitat Valenciana, convidaram agora a equipa de Sáiz (ah!... foi, é e será sempre a equipa de Manolo Sáiz, esteja ele ou não no carro de apoio) a ir dar uma volta por outro lado.

Não sei se fico satisfeito ou não. Até porque ficará sempre a dúvida: terão TODOS os corredores recorrido a métodos menos ortodoxos para obterem resultados? E se há inocentes, não é justo que paguem pelos pecadores.

O comunicado da própria Astaná-Wurth que recebi há pouco:


COMUNICADO DE ACTIVE BAY, SOCIEDAD GESTORA
DEL EQUIPO CICLISTA ASTANÁ – WÜRTH
Active Bay, sociedad gestora del equipo ciclista Astaná-Würth ha recibido, mediada la tarde hoy, una comunicación de la organización del Tour de Francia por la que se le notificaba su decisión de no aceptar que el equipo participe en la próxima edición de esta prueba. El comunicado recibido dice apoyar tal decisión en la vigente reglamentación, tanto de la Unión Ciclista Internacional (UCI) como del propio Tour.
Active Bay ha respondido ya a esa comunicación del Tour. En su respuesta muestra su disconformidad con la decisión adoptada y anuncia que se ve en la obligación de recurrirla ante el Tribunal de Arbitraje del Deporte (TAS, en sus siglas francesas), en defensa de sus derechos y de los corredores que componen el equipo. Active Bay espera que la decisión del Tribunal se produzca en el plazo de tiempo más breve posible y siempre con anterioridad al inicio de la prueba.
Madrid, 26 de junio de 2006

124.ª etapa



ORA, EIS UMA ÓPTIMA NOTÍCIA!...



Acabo de saber que a RTPN vai dar, em directo, todas as etapas do próximo Tour, trazendo de regresso aos nossos écrãs a dupla habitual, com o João Pedro Mendonça na narração e os comentários do Marco Chagas.

São dois profundos conhecedores, não só da modalidade, como do pelotão internacional, pelo que está garantida a qualidade das emissões.

Jornalista há muito ligado ao ciclismo, João Pedro Mendonça faz plenamente o papel de narrador, acrescentando-lhe aquele toque muito especial de saber estar, colocando-se amiúde no papel do espectador normal questionando, sempre muito a propósito, o especialista que é Marco Chagas. Para as pessoas menos por dentro de alguns aspectos, muitos deles singulares, do ciclismo, esta é a maneira ideal de aprenderem a perceber, logo, a gostar do ciclismo.

Marco Chagas traz toda a sua experiência, sendo - ou não tivesse ele sido um corredor de primeiro plano e depois um técnico com provas dadas - muito objectivo e tendo uma perfeita leitura da corrida, pelo que nos poupa a extrapolações extemporâneas e sem nexo. Sabendo ler a corrida percebe e transmite-nos, não só a estratégias das diversas movimentações da corrida; cultivando uma grande sobriedade não se põe a adivinhar, distraindo a atenção dos espectadores daquilo que realmente importa, explicar o porquê de estar a acontecer o que está a acontecer.

A mês e meio da Volta a Portugal, onde, naturalmente, voltarão a fazer equipa, é uma oportunidade única para conquistar mais alguns adeptos para o ciclismo.

domingo, junho 25, 2006

123.ª etapa




SER OU NÃO CHEFE-DE-FILA



Muita tinta tem corrido a propósito da possibilidade de José Azevedo poder vir a ser o chefe-de-fila da Discovery Channel no próximo Tour. Depois... confunde-se o poder vir a levar o dorsal n.º 1 com a mesma condição de chefe-de-fila, uma figura que, por exemplo, mesmo cá em Portugal já vai caindo em desuso. Veja-se o que aconteceu na Maia nos últimos anos, quando nem sempre o primeiro dos seus corredores que encabeçava a lista de inscritos era o principal candidato à vitória final. Aliás, a equipa maiata alinhou muitas vezes sem um chefe-de-fila, até porque nas suas fileiras dispunha de várias opções para lutar pela vitória. Quem não se lembra de 2002 quando os maiatos preencheram o pódio final e quando, na última etapa, um crono em Sintra, um corredor seu tirou a liderança e a vitória final... a outro companheiro de equipa.

A Discovery, agora sem Armstrong, tem também na equipa que vai levar ao Tour pelo menos quatro homens com capacidades reconhecidas para fazer... uma grande corrida. O que importa sair-se com o n.º 1? Claro que eu, como português gostava que fosse o Zé. E são muitas as hipóteses de isso vir a acontecer. É verdade que o facto de Armstrong ser sempre o primeiro, num alinhamento por ordem alfabética dos apelidos, ajudou a que se institucionalizasse na equipa esse mesmo factor de escalonamento, e José Azevedo, desde que mudou para a equipa americana era dono do dorsal... n.º 2. Tendo Armstrong saído, e porque Bruyneel tem, de facto, pelo menos mais três corredores que podem vencer o Tour, para não ferir susceptibilidades deverá manter a política do alinhamento pela ordem alfabética, sendo que o nosso Zé é um dos 4 que tem direito - e por direito - a ser considerado candidato.

Mas ele sempre fugiu a esse pormenor. Aliás, foram muitas as vezes que negou mesmo pretender assumir essa responsabilidade. O que conta é que a Discovery - e sobretudo Johan Bruyneel - tem pela frente um desafio aliciante: provar que é capaz de ganhar o Tour mesmo sem Armstrong e, neste caso, e com 4 homens capazes de fazer de Armstrong, qual seria o técnico que arriscaria apostar num e só num... antes de a corrida arrancar?

Vai ser a corrida a decidir quem será o ponta-de-lança dos norte-americanos. Nós, portugueses, puxamos, naturalmente, pelo nosso Zé, mas não devemos ficar melindrados se, a partir de dada altura tivermos de o ver a trabalhar para um outro companheiro. Faço minhas as palavras que o Zé me disse o ano passado: «Vencer o meu Tour é ajudar o Lance a vencer o seu 7.º Tour.» Conhecendo-o como conheço, nada mudou e para o Zé, ajudar um companheiro de equipa a suceder a Armstrong será para ele mais uma vitória na corrida francesa.


P.S.: Hoje em dia, com a possibilidade de "sacar" de qualquer site a história e o percurso desportivo de um corredor é a coisa mais fácil, mas quero aqui chamar a atenção para o trabalho de duas pessoas, fãs declaradas do corredor de Vila do Conde, que meteram mãos à obra e estão a construir o primeiro site inteiramente dedicado a José Azevedo. É um site "não oficial" claro. Igual a milhares de outros que milhares de outros fãs de outros atletas contruiram com um único desejo... homenagear o seu ídolo. Mais dia menos dia o Zé terá o seu site oficial, mas isso não colidirá com este a que me refiro e que podem ver em www.joseazevedo.no.sapo.pt. É um tributo, nada mais do que isso, ao melhor corredor português da actualidade.

122.ª etapa




AH!... GANDA ALENTEJANO!



Foram duas semanas de desempenhos extraordinários para o alentejano (do Redondo) Bruno Pires, atleta da Maia-Milaneza. Primeiro, duas etapas (as mais difíceis) e o triunfo final na Volta a Trás os Montes; agora, o título de Campeão Nacional de fundo. Em 15 dias, este jovem de 25 anos - a mesma idade de Nuno Ribeiro, quando este ganhou a Volta - rasgou e deitou fora o fato de "sempre eventual opção" para envergar o de ciclista que conquistou a pulso o direito de passar a ser olhado como uma das realidades da velocepedia nacional.

Ao mesmo tempo, com mais esta vitória, a equipa de Manuel Zeferino vai para a Volta aligeirada de grandes responsabilidades. Se é verdade que é pelos resultados na Volta que (ainda) se julga o todo de uma temporada de nove meses, de há uns anos a esta parte percebeu-se que ganhar só a Volta não evita um balanço, digamos, coxo.

Aconteça o que acontecer na próxima Volta, quando chegar a hora de fazer as contas à temporada, à equipa da Maia já ninguém tira o título de a mais vencedora de 2006.

Uma palavra aqui para outro jovem, mais jovem ainda, que tem vindo a assinar prestações dignas dos maiores louvores. Falo do Ricardo Mestre, vice-campeão nacional, não por acaso mas acrescentando consistência àquilo que já anteriormente fizera. Os parabéns também para ele e para Vidal Fitas. Temos treinador.

Porque também subiu ao pódio - mas não só por isso - a última palavra vai para Rui Sousa. Grande corredor, se calhar "vítima" da estratégia há muito delineada pela sua equipa. As opções são para serem feitas pelos responsáveis e, sustentadas, ninguém as poderá criticar, mas Rui Sousa já mostrou que também podem contar com ele. É apenas a terceira opção dentro da equipa? Nisso não me meto. Américo Silva saberá o que está a fazer.

sábado, junho 24, 2006

121.ª etapa




ENIGMA...



Sigo atentamente o noticiário diário que se debruça sobre o ciclismo nacional e, naturalmente, sobre os três corredores lusos que representam equipas estrangeiras.

Não há muitos dias ainda, uma delas dava conta de que José Azevedo não competiria nos Nacionais - nos últimos anos só veio uma vez, a Almeirim, e ganhou naturalmente -, que Hugo Sabido, depois da desistência na recente Volta às Astúrias, ponderava ainda a sua participação e que... Sérgio Paulinho não participava obedecendo a ordens da sua equipa.

Por isso fiquei bastante surpreendido ao receber hoje, do Gabinete de Imprensa da Astana-Wurth, o seguinte comunicado:

ASTANÁ-WURTH SALDRÁ CON 15 CORREDORES
EN EL CAMPEONATO DE ESPAÑA DE FONDO

24-6-2006
El Astaná-Würth, dirigido por Herminio Díaz Zabala, saldrá hoy en el Campeonato de España de fondo en carretera con todos sus efectivos nacionales, salvo Marcos Serrano y Joseba Beloki. Tomarán la salida 15 corredores, entre los cuales destacan Ángel Vicioso, José Joaquín Rojas, David Etxebarria o Luis León Sánchez como las mejores opciones de medalla. “Buscaremos meternos en los cortes”, dice Herminio, “porque será muy difícil que un equipo controle hasta el final, aunque ese podría ser el caso del Balears, que cuenta con Gálvez para el sprint”.
La carrera, sobre 221,8 kilómetros, dará comienzo a las 11 de la mañana y terminará después de 11 vueltas a un circuito con salida y llegada en Móstoles (Madrid).

Astaná-Würth Team / Oficina de Prensa
Jacinto Vidarte / tlf: +34 69.....
Calle Princesa, 25 – 2º, 1 / 28008 Madrid-ESPAÑA
Tlf: +34 91 542 04 43 / Fax: +34 91 542 51 98


Porque terá sido que Marino Lejarreta não deixou o Sérgio Paulinho correr os Nacionais portugueses e... o permitiu a todos os espanhóis da equipa? Mesmo aos que estão certos na equipa que vai ao Tour?

Enigma!...

120.ª etapa




NACIONAIS.1



Ao fim de três dias de Nacionais, posso fazer um primeiro balanço. E começo com a vitória de Hélder Miranda (Riberalves-Alcobaça). É um justo prémio para um corredor muito cedo talhado para "equipier". Habitué nas Selecções jovens, assim que chegou a senior Hélder Miranda sofreu bastante para conseguir o "seu" lugar. É um corredor valente, com valor, mas que tem vindo a ser "manietado" nos seus interesses pessoais em favor do todo das equipas que representou.

Aconteceu a muitos.

Quis o destino, e a sua muita força de vontade, que vencesse o Nacional de Contra-relógio individual. Não me surpreendeu por aí além. É uma corrida com características muito próprias, sendo que a principal - como acontece em todas as provas dos Campeonatos Nacionais - é que... NINGUÉM tem nada a perder.

Chegando à vitória ganha-se o direito de atrair sobre si os holofotes da notoriedade; dos outros, jamais alguém dirá que... perdeu os Nacionais. É uma prova onde não há vencidos. Por isso vale a pena dar-se tudo o que se tem para tentar ganhar.

Foi o que o Hélder Miranda fez. E como aqui não há tácticas... ganhou porque foi o melhor. E que bem lhe fica este título. Não vai ter muitas oportunidades de mostrar a camisola conquistada, mas ganhou um lugar na História do ciclismo nacional. Que mais não seja, será sempre recordado de cada vez que se publicar a lista dos antigos campeões.

E espero que esta vitória contribua para lhe elevar o ânimo. E para que consiga ter mais liberdade para mostrar, na estrada, aquilo que vale. É um dos bons corredores portugueses da actualidade e merece uma oportunidade para provar que é mais do que "équipier".

> SUB-23

Os Campeonatos deste ano marcam uma reviravolta no que habitualmente vinha a acontecer. Não aposto (nem teimo), mas creio que, pela primeira vez na História dos Nacionais os campeões são... profissionais.

Isto deixa em claro duas verdades. A primeira, é que, malgrado o excelente trabalho que tem vindo a fazer-se neste escalão, aos jovens das equipas sub-23 falta competição. Pareço entrar em contradição com o que antes disse - que é uma prova de dia e onde tudo pode acontecer - mas não é disso que se trata.

Correndo ao lado de ex-companheiros que, não há ainda muito tempo faziam parte do "seu" pelotão, os ainda "amadores" desta feita ficaram em branco. Os títulos foram para Tiago Machado (Carvalhelhos-Boavista), na prova individual; e Vítor Rodrigues (Barbot-Halcon), na corrida de fundo.

Não deixa de haver, portanto, uma grande diferença - não na forma de trabalhar mas... na exigência das competições com as quais os jovens são confrontados.

E, tanto Tiago Machado como Vítor Rodrigues, já mostraram, correndo com os mais velhos, que são capazes de com eles ombrearem. Neste caso, e ante colegas cujo escalão acusa a falta de um calendário mais competitivo - e mais preenchido - sobressairam naturalmente.

Claro que o segundo ponto em causa tem a ver com o facto de, finalmente, em vez de inscreverem espanhóis - da mesma idade, e que vinham ser testados na Volta a Portugal do Futuro, roubando, tantas vezes, o protagonismo aos portugueses - as equipas do primeiro escalão viraram-se (de vez, espero bem) para a nossa cantera.

Carvalhelhos-Boavista e Barbot-Halcon (esta pela primeira vez no seu historial), ganharam dois campeões. Parabéns aos seus mentores também.

quinta-feira, junho 22, 2006

119.ª etapa



ORGULHO ALENTEJANO



Já passaram uns dias mas não tive antes tempo para aqui falar do grande triunfo do alentejano Bruno Pires na, disseram as crónicas, duríssima edição deste ano da Volta a Trás-os-Montes. Natural do Redondo - uma saudação muito especial para o engenheiro Alfredo Barroso -, Bruno Pires é o primeiro alentejano desde há muito, muito tempo a vencer uma corrida por etapas. Francamente, assim de memória não sou capaz de me recordar quem tenha sido o último "patrício" a fazê-lo. Mas Bruno Pires ganhou a volta e ainda duas etapas, cimentando o primeiro lugar da Maia-Milaneza como equipa mais laureada esta temporada.

Excelente o trabalho de Manuel Zeferino, este ano com uma equipa muito jovem, contrariando as más linguas que já diziam que ele só sabia orientar veteranos já com "calo" e a "escola" toda. Chama-se a isto "bofetada com luva branca". De cavalheiro.

É também um prémio para a preserverança, e até teimosia, no bom sentido, de Aires de Azevedo e Casimiro Antunes.

Voltemos a Bruno Pires. Aos 25 anos começa a mostrar o porquê Manuel Zeferino apostou nele há dois anos e, desde logo, me confidenciava que estava ali um campeão. Vamos esperar pela confirmação deste resultado em Trás-os-Montes.

Vamos esperar também um pouco para vermos confirmado o real valor de João Cabreira ou de Tiago Machado. Claro que o têm, ou não teriam feito o que já fizeram, mas, neste momento levam um pouco à sua frente um outro jovem, Sérgio Ribero que mostrou, provou e confirmou a verdadeira "pepita de ouro" que ali temos. E há ainda Manuel Cardoso, Vítor Rodrigues, Bruno Lima...

Nunca, nos últimos dez anos, o ciclismo português teve asim um lote tão alargado de "esperanças".

Vamos todos "puxar" por eles. Vamos ajudá-los a dar o passo em frente e teremos, por certo, no ciclismo lusitano, um futuro risonho.

Força campeões, porque há vida para além do futebol e outros campeões que não só os do pontapé na bola.

118.ª etapa



TROFÉU JOAQUIM AGOSTINHO.1



Estamos a 15 dias do arranque da mais antiga prova portuguesa no calendário internacional e a última corrida por etapas antes da Volta, o Grande Prémio Internacional de Torres Vedras/Troféu Joaquim Agostinho. Prova bem cimentada no calendário, graças a uma organização que há muito apostou num esquema que provou resultar e o vem a decalcar de ano para ano. A verdade é que, malgrado a semelhança da corrida, de edição para edição, ela consegue manter sempre grande expectativa – potenciando o seu interesse – não se podendo, à partida, apostar sem hesitações num provável vencedor. Basta recordar que, se é verdade que a etapa de Montejunto é sempre encarada como
“chave”e há dois anos, por exemplo, foi lá que David Bernabéu chegou à camisola amarela que depois defenderia até ao fim, no ano passado uma fuga bem sucedida “matou” a corrida ao segundo dia. Matar é uma forma de dizer. Houve muita luta até ao derradeiro dia mas Gerardo Fernandez (Paredes) resistiu a tudo e todos, conseguindo uma vitória tão surpreendente quanto justa.

Costuma-se encarar esta prova como o último grande teste para a Volta, mas atenção às equipas estrangeiras convidadas.

Este ano, por exemplo, atenção à equipa da Comunitat Valenciana. Riscada da lista do Tour, a formação de Alicante volta-se para Portugal e trará a zona Oeste – para já, que depois deve aparecer também na Volta a Portugal – uma equipa bastante forte (a que estava escalada para o Tour?) da qual se destaca, exactamente, o vencedor deste Troféu em 2004, David Bernabéu. Há ainda mais dois ex-“portugueses”: David Blanco e Ezequiel Mosquera. Completam o “oito” de Vicente Belda, o vencedor do último “crono” da Vuelta de 2005, Rubén Plaza, e ainda Eládio Jimenez, Javier Cherro, Davide Latasa e José Pacharroman.

São as seguintes as etapas do Troféu Joaquim Agostinho-2005:
Runa – Praia de Santa Cruz, 161 km
Manique do Intendente – Lourinhã, 166 km
Sobral de Monte Agraço – alto de Montejunto, 154 km
Praia da Areia Branca – Montelavar, 147 km

e
Circuito de Torres Vedras, 99 km

terça-feira, junho 20, 2006

117.ª etapa




VAMOS LÁ DESFAZER UMA DÚVIDA



É recorrente o erro no qual por cá se vai insistindo, sendo, creio eu, motivado pelo facto de, hoje por hoje, ser mais fácil consultar a Internet do que mergulhar num bafioso arquivo de jornais em papel para fazer uma pesquisa.

Refiro-me à questão de qual é a mais antiga equipa de ciclismo, no Mundo, com actividade ineterupta. De cada vez que se procura saber isto, usando a Internet, toda a gente vai "cair" no site da Kelme (agora Comunitat Valenciana) e lá vê que "esta é a mais antiga equipa do Mundo". Errado! A mais antiga equipa é a portuguesissíma Clube de Ciclismo de Tavira.

O último a "cair" neste engano foi o José Carlos Gomes no seu Blog, que acho deveras interessante e com qualidade. Dêem uma vista de olhos. É em www.marginalizante-ciclismo.blogspot.com.



Recupero, agora, aqui, o que então escrevi e saiu publicado, repito, n'A BOLA no dia 31 de Agosto de 2004.



KELME TEM 120 DIAS MENOS POR ISSO É MAIS NOVA

Tavira é a decana do pelotão

A pequena dimensão do Clube de Ciclismo de Tavira, no todo do pelotão internacional, levou a que, desde há alguns anos, muita gente — e não só os espanhóis, que nesse aspecto são mais chauvinistas que o próprio senhor Nicolas Chauvin — venha a considerar a Kelme como e equipa mais antiga do pelotão. E há quem lhe acrescente internacional, ou profissional. Ora, internacional, o CC Tavira também o é (mesmo que não corra as grandes provas do calendário da União Ciclista Internacional) e profissional sempre o foi. Portanto, recorramos às datas dos respectivos registos. O Clube de Ciclismo de Tavira foi oficializado, por escritura, a 31 de Agosto de 1979. Faz hoje precisamente 25 anos. A cerca de um milhar de quilómetros de distância, em Alicante, na actual Comunidade Valenciana, a empresa de calçado e vestuário desportivo, Kelme, também decidira avançar para a constituição de uma equipa de ciclismo que haveria de chamar-se Kelme-Gios e seria liderada muitos anos pelo mítico Rafa Carrasco. Mas a Kelme-Gios tem como data oficial de registo o dia 31 de Dezembro, do mesmo ano de 1979. É cento e vinte dias mais nova que o nosso Clube de Ciclismo de Tavira, portanto. Ponto final neste assunto.




FECHO DA SECÇÃO NO GINÁSIO LEVA À CRIAÇÃO DE UM NOVO CLUBE

Manter viva a paixão

Textos de MANUEL JOSÉ MADEIRA

FOI a 31 de Agosto de 1979 que, por escritura, nasceu o Clube de Ciclismo de Tavira. Cumprem-se hoje, precisamente, 25 anos. Foram 25 anos ininterruptos por essas estradas de Portugal, e não só. Terra de ciclismo, Tavira tinha no Ginásio o seu símbolo máximo, mas naquele ano de 1979 os seus responsáveis decidiram extinguir a secção de ciclismo. Brito da Mana, e mais uns quantos apaixonados pela modalidade, não perderam tempo e, criando o CC Tavira, mantiveram viva a paixão.

Foi por paixão. Seccionista responsável pelo ciclismo do Ginásio durante mais de uma década, Brito da Mana não aceitou a decisão de a sua cidade, todo o Algarve, o País até, perderem uma das principais equipas de ciclismo que ajudara a fazer a história da modalidade no nosso país. Acabava o Ginásio mas não haveria de acabar o ciclismo em Tavira e, daí até à ideia de, aproveitando a estrutura humana alienada pelo Ginásio, se criar um outro clube foi uma questão de poucos dias. Tanto que no final do mês de Agosto a nova colectividade estava registada e legalizada. Chegou ainda a participar em provas, nesse mesmo ano, que as temporadas se prolongavam bem mais do que agora.
A partir desse momento, são 25 anos de história. Um quarto de século de constantes problemas para resolver, ano após ano, sempre no campo financeiro e no que respeita a apoios que, malgrado todo o protagonismo da equipa, com a consequente exposição das marcas que a patrocinam — e isso ninguém lho negará —, ajudou a colmatar. E, como mostramos noutro local, neste trabalho, raramente o Tavira fez uma época em branco.
E aqui é preciso voltar a falar de Brito da Mana. Não seria obrigado a tal, mas sempre se assumiu como responsável pela aventura de avançar com um clube novo e nunca se esquivou a essa responsabilidade. Como Artur Lopes, o presidente da FPC, nos disse, «terá sido a figura, de todo o ciclismo nacional, que sempre deu tudo o que tinha ao ciclismo, e disso tirou menos proveito». E, sem que isto signifique menor reconhecimento por quem, neste momento, conduz o clube, o nome de Brito da Mana é, e continuará a ser, sinónimo de ciclismo em Tavira.»



Como ficou dito, sendo que o Clube de Ciclismo de Tavira é o sucessor natural da secção de ciclismo do velho Ginásio Clube de Tavira, fundado em 1928...

domingo, junho 18, 2006

116.ª etapa



A MEDALHA ESQUECIDA

(modificado em 19 de Junho)


Foi no dia 18 de Junho de 1996. Campeonato da Europa de esperanças, na Ilha de Men, Grã-Bretanha. Cândido Barbosa tinha 21 anos e já prometia vir a ser um caso sério no ciclismo luso, mas muito poucos terão acreditado. Contudo, o jovem de Rebordosa (Paredes) surpreendeu os mais cépticos e sagrou-se campeão da Europa.


Não foi a primeira medalha do ciclismo português porque, em 1995, outro valor que cedo se revelou, Sérgio Paulinho, ainda na categoria e Cadetes, conquistara a medalha de Ouro nas Jornadas Europeias da Juventude. Uma espécie de olimpíadas para os menos de 16 anos. Mas nos últimos anos, quando se fizeram contas às medalhas ganhas pelo ciclismo luso, a de Cândido foi esquecida.

Foi muito bom o terceiro lugar de Sérgio Paulinho nos Mundiais de contra-relógio, sub-23, em Zolder (Bélgica), em 2002; foi excelente a medalha de prata do mesmo Sérgio Paulinho, vai fazer dois anos, nos Jogos Olímpicos de Atenas; mas Cândido Barbosa também tem de entrar neste rol. E, sem menosprezo para o feito de Paulinho, em 1995, o título de Campeão da Europa, ainda que em esperanças (hoje chamamos-lhes sub-23) tem o seu peso.

Cândido Barbosa usou durante um ano a camisola de campeão europeu, que vestiu a primeira vez, na Ilha de Men (Grã-Bretanha), fez hoje precisamente dez anos. Para que não se esqueça, que a memória dos homens às vezes é curta.


Ainda ontem à noite, pessoa amiga e atenta apressou-se a alertar-me para o erro que eu cometera ao dizer aqui que a primeira medalha do ciclismo português fora esta, do Cândido. Tinha razão, claro. Um ano antes, com apenas 15 anos de idade Sérgio Paulinho ganhara a prova de ciclismo nas Jornadas Europeias da Juventude... Pronto. Fica aqui a homenagem ao Cândido, mas com as coisas nos seus lugares.

sábado, junho 17, 2006

115.ª etapa



VOLTA A PORTUGAL.5



(Antes de mais, devo avisar que já actualizei o anterior artigo sobre a Volta, na 114.ª etapa)



A notícia d'A BOLA, dada à estampa há cerca de um mês (para mais, e não para menos) parece-me que passou despercebida à grande maioria e, como mais nenhum outro jornal se referiu ao assunto, nem consta que os sites internacionais o tenham feito, significa isso que continua a ser desconhecida dessa mesma maioria (com a saudável excepção de quem ainda compra jornais e tenha por hábito comprar aquele).

É esta: Com o acordo da João Lagos Sports, como não podia deixar de ser - até porque são os organizadores a pedirem à UCI a reclassificação, alteração de datas e outros "pormenores" em relação às suas corridas -, e depois de a FPC ter "metido uma cunha", o Conselho de Estrada da UCI anuiu a que a Volta a Portugal, já em 2007, tenha mais um dia e que continue a sua data a fazer com que a derradeira etapa coincida com o feriado de 15 de Agosto.

Assim, a partir do ano que vem a Volta passará a ter 12 dias - com um de descanso pelo meio, isso é inegociável - sendo que a corrida arrancará com um prólogo, no caso de 2007, a disputar no Sábado, dia 4. É o regresso do prólogo à principal corrida do nosso calendário, opção que, curiosamente este ano várias organizações já utilizaram com, rezam as crónicas, assinalável êxito, como aconteceu ainda agora na Volta a Trás-os-Montes. Escolhendo-se bem o local, a montagem do prólogo não será demasiado dispendiosa e proporcionará aos amantes da modalidade mais um dia de espectáculo.


Antecipando-me aos mais agoirentos... é evidente que os calendários mundial e continentais só serão aprovados no habitual Congresso da UCI, que se realizam sempre a meio dos Campeonatos do Mundo, mas nessa altura os trabalhos já vão preparados e tudo se resume ao "proforma" de oficializar o que, aos poucos, anteriormente já ficou definido.

quarta-feira, junho 14, 2006

EXTRA... EXTRA... EXTRA...





E porque não?

Faço uma "neutralização" no ciclismo para escrever sobre... futebol. Não é bem sobre futebol, é mais sobre isso de ser-se português. Que é complicado, é.

Acabo de ver as desassombradas declarações de Costinha, na Alemanha, e não podia estar mais de acordo com alguém.

Mas decidi-me por esta crónica para, também eu - e porque não? - meter-me ao "barulho".

Foram inúmeras as críticas a Luiz Felipe Scolari por ter aceite o estágio em Évora. Uma meia dúzia - bem medida - de opinion makers atirou-se ao brasileiro que nem gato a bofe. Porque na Alemanha estava frio e no Alentejo as temperaturas subiam aos 40 graus, e porque isto, e por aquilo... sobretudo porque sim, porque eles - essas cabecinhas pensadoras - é que sabem. São da turma que leva a bola escolhe a equipa, joga e faz de árbitro. Impossível não terem razão.

Por acaso, ainda hoje, Alexandre Pais, o director do Record, faz uma mea culpa, que só lhe fica bem. Melhor ainda porque foi o primeiro. Se calhar vai ser o último. É que, afinal, na Alemanha está a jogar-se, nas partidas às 3 da tarde, sob temperaturas para além dos 30 graus. Os que davam o exemplo do Brasil, que estagiou na fresquinha Suíça, meteram a viola no saco. Porque os opinion makers "nunca se enganam" e são senhores de uma verdade que para os próprios comanda o movimento giratório da Terra. Aliás, fico com a impressão de que a grande preocupação de alguns deles é mesmo o de tentarem perceber - o que, fatalmente não conseguem - como é que raio a Terra girava antes de eles serem opinion makers. Antes de eles nascerem. Têm um umbigo que ofusca o brilho do Sol e jamais considerarão a hipótese de poderem estar enganados. Está fora de questão.

E chegamos ao ponto que me fez escrever esta crónica.

O português, no seu geral, sim, é racista e xenófobo. Na nossa pequenez sempre quisemos ser grandes e em terra de iletrados, quem tem acesso ao media acha-se o "rei".

Um exemplo?

Encheram-se páginas de jornais - para falar só em jornais - com a "coragem" de José Mourinho que, mais do que uma vez, mas podemos centrar-nos na chegada do Chelsea a Barcelona, saiu sozinho para enfrentar a imprensa e deixar que esta lhe chamasse os nomes que quisesse, só para proteger o seu grupo de trabalho.

Mourinho é arrogante? Naaaaaaaaaa... apenas é o comandante heróico que dá a cara pelos seus subordinados, poupando-os aos ataque desses infieis que são os jornalistas e os adeptos com sangue mais quente. É provocador? Naaaaaaaaaa... apenas um estratega 5 estrelas.
E o português aceita isto como a coisa mais natural do Mundo.

Substitua-se o nome de Mourinho pelo de Scolari...

Ah!, pois é...

O BRASILEIRO é pedante, arrogante, mal educado - e o rol estende-se por todos os sinónimos. E porquê?

Releiam o que escrevi acerca das atitudes de Mourinho. Não faz Scolari a mesmíssima coisa? Chamar sobre si todas as críticas, aliviando a pressão dos seus comandados? Pois!...

Mas - há sempre um MAS nestas coisas - os portugueses, na generalidade, sim, que são TODOS treinadores de bancada, mas principalmente alguns desses opinion makers, não gostam, nunca gostaram e nunca vão gostar de futebol. Como de qualquer outro desporto, principalmente se estiverem envolvidos os clubes grandes. Cultivamos a mui pouco olímpica ideia de que OS NOSSOS têm que ganhar nem que seja num golo marcado off-side, com a mão e já depois da hora. E se não ganharem é porque foram ROUBADOS.

E, habituados a seleccionadores que sempre foram comandados das Antas, de Alvalade ou da Luz, e porque eles só vêm - porque tal como os burros, usam palas para ver só numa direcção - as suas cores, vá de malhar no BRASILEIRO. Porque este é independente e, pior ainda, responde quase à letra às atordoadas de que é alvo.

Volto à conferência de Imprensa do Costinha. Não sei se, na hipótese de jogar ainda no FC Porto se sentiria tão à vontade para dizer o que disse, mas vamos acreditar que sim. Defendeu o técnico nacional e pôs o dedo na ferida: "Como a Selecção agora não é comandada pelos clubes..."
Exactamente.

E a única forma de tentar atingir Scolari é, ainda que implicitamente, lembrar constantemente que ele é brasileiro. Estrangeiro, emigrante...

Pensamos o mesmo em relação a todos. Esquecendo que somos um País de imigrantes. Somos racistas e xenófobos. Para vergonha de alguns. Mas pagaremos todos a factura.

114.ª etapa



AS 10 ETAPAS DA VOLTA'06


(artigo actualizado em 16 de Junho, pelas 22.50 horas)


Antes ir às etapas, e o Paulão não se importará de eu responder assim, eu não sou nada cntra as neutralizações. E, quando há apenas 10 dias para se (tentar) cobrir a maior extensão possível do País elas são inevitáveis. Afinal de contas, e como ele diz, e muito bem, hoje, com as vias de comunicação que já temos, é um saltinho de pardal pormo-nos onde quer que seja. O Fernando Emílio deu-se ao trabalho de contabilizar as neutralizações - que são 8, no total - e, afinal, não ultrapassam os 350 km... A maior é entre Lisboa e Fátima (ou Leiria), mas pela autoestrada faz-se numa hora e quinze (respeitando o máximo da velocidade permitida).

Mas para quem esconjurou os jornais em papel - e até há quem "ofendido" com UMA pessoa, parece querer levar essa ofensa à instituição A BOLA (o que, aliás, "cabe" perfeitamente no seu perfil) - e para os que desconhecem que HÁ VIDA PARA ALÉM DA INTERNET (uma das primeiras reacções foi a de perguntar "em que site é que saiu isso?...), aqui ficam as etapas.

E Paulão, quando se confirmarem as etapas, é capaz de não ser coincidência...

Eis as 10 etapas da Volta:
5 Ago. - Portimão-Santiago do Cacém
6 Ago. - Grândola-Lisboa
7 Ago. - Ansião-Viseu
8 Ago. - Viseu- S. João da Madeira
9 Ago. - Gondomar-Felgueiras (alto de St.ª Quitéria)
10 Ago. - Santo Tirso-Fafe
11 Ago. - DESCANSO
12 Ago. - Celorico de Basto-Mondim de Basto (Sr.ª da Graça)
13 Ago. - Favaios-Guarda
14 Ago. - Gouveia-Fundão
15 Ago. - Idanha-Castelo Branco (C.R. Ind.)

As neutralizações (km aproximados)
Santiago do Cacém-Grândola, 30 km
Lisboa-Ansião, 250 km
S. João da Madeira-Gondomar, 50 km
Felgueiras-Santo Tirso, 50 km
Fafe-Celorico de Basto, 25 km
Mondim de Basto-Favaios, 115 km
Guarda-Gouveia, 55 km
Fundão-Idanha, 55 km
TOTAL - 600 km

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Este artigo foi alterado, como está referido no início, depois de se saber que a 3.ª etapa começará em Ansião.

Mas convém deixar aqui uma ou duas notas.

1.ª - Até porque há algum público que o pode testemunhar mas, principalmente, porque eu nunca quis ser homem só por vestir as calças do meu pai, convém dizer que, se a partida de Portimão estava "prometida" desde finais do ano passado, aquando das negociações com a edilidade de Portimão para receber o Lisboa-Dakar, pese embora a "blindagem" por parte da organização da Volta a Portugal, mais do que uma pessoa - a Rosário e o eng.º Manuel Vitorino - já haviam falado (no Cyclolusitano) de Santiago do Cacém e de Grândola como anfitriãs da Volta;

2.ª - Recebi hoje, pelas 15.56 horas um e-mail a confirmar a partida da 3.ª etapa da vila de Ansião. Por acaso, só depois vi no mesmo Cyclolusitano e, uma vez mais, num post do eng.º Manuel Vitorino, que a 3.ª etapa poderia começar em Ansião. (Não está assim, directamente, mas percebe-se a mensagem). Post esse colocado ontem pelas 22.38;

Onde é que quero chegar? Aos que põem em causa a idoneidade da informação veiculada por A BOLA. Afinal, não fomos só nós a investigar. Ou se calhar fomos. Mas que houve outras fugas de informação, está claro que houve e ficaram atrás demonstradas.

Apesar de serem duas pessoas com excelentes contactos, se sabiam estes pormenores, provavelmente sabiam também de todo o percurso. Claro que há coisas que sabemos e, dependendo de como se sabe, pode acontecer uma promessa de calar o que se sabe. A BOLA não conseguiu - o que percebo e aceito, porque não somos o único título interessado -, da parte da organização, qualquer informação sobre o traçado da Volta, e isso está perfeitamente claro numa coluna de opinião do Fernando Emílio na edição da passada 3.ª feira, quando A BOLA publicou o seu trabalho sobre a Volta. Ms há, para quem se queira dar ao trabalho, outras maneiras de se chegar à informação. Foi o que A BOLA fez. E não vale a pena aparecerem pessoas a insistirem que a nossa informação não passa de... um palpite.

Há 3 anos estava eu na pista do traçado da Volta. A Organização fechou-se, tal como fez agora, mas, ainda assim, três dias antes da apresentação oficial A BOLA deu as etapas da corrida. Sem um erro. Sem quebrar o meu juramento, enquanto jornalista, fiz duas dúzias de telefonemas e juntei os pontos. Não falhei um.

Posso dar um exemplo, sem receio de poder vir a "mostrar o jogo". Desconfiado que a Volta pararia numa certa cidade, liguei para o único hotel dessa cidade para reservar quartos para a equipa de A BOLA. A resposta tirou-me as dúvidas: «Estamos completos, temos três equipas de ciclismo que já esgotaram o hotel.»

Depois, e nos casos onde acontece não ter contactos privilegiados com alguém da autarquia, há sempre o amigo de um amigo que conhece um amigo de um autarca. Meia hora e 5 telefonemas e tive a confirmação.

Terá sido assim que o Fernando Emílio, com os multiplos conhecimentos que tem, conseguiu chegar ao mapa da Volta. A questão da 3.ª etapa foge a este figurino, mas era difícil "adivinhar" Ansião. O que prova, creio eu, que não foi junto da Organização que obtivemos a informação. Mas, antes ainda da apresentação oficial, amanhã esse ponto será rectificado.

terça-feira, junho 13, 2006

113.ª etapa



VOLTA A PORTUGAL.3


Volto ao percurso, hoje divulgado pel'A BOLA.
No artigo anterior, era evidente, deixava uma pequena provocação. A intensão era a de gerar comentários.

Agora mais a sério. Há, como é evidente, prós&contras em relação ao traçado escolhido mas, uma vez mais, nota-se ali o dedo de alguém que sabe muito de ciclismo. Um abraço forte ao Joaquim Gomes.

Das Voltas PAD-JL Lagos/PAD, parece-me ser a de desenho mais bonito. Na realidade, apenas duas grandes regiões não são contempladas, o Alentejo Interior - que já teve a Volta ao Alentejo e vai ter os Nacionais - e o Oeste, por onde já se andou e que o Troféu Joaquim Agostinho, no próximo mês, vai preencher.

A Volta regressa a Sul, com uma etapa a começar no Algarve; o Alentejo Litoral tem uma chegada a Santiago do Cacém e uma partida de Grândola; vem-se a Lisboa e depois teremos Fátima/Leiria a ligar a Viseu, o Douro Litoral com a etapa Gondomar alto de St.ª Quitéria (Felgueiras) e ainda a partida de Santo Tirso, o Minho com a chegada a Fafe - mais o dia de descanso -, as Terras de Basto, com a ligação Celorico-Mondim (Sr.ª da Graça), Trás-os-Montes, com a partida de Favaios e a Beira Alta com a chegada à Guarda e a partida de Gouveia. A etapa da Estrela e o crono final são na Beira Baixa. Em termos de cobertura do território nacional é a mais abrangente dos últmos anos.

Os primeiros 6 dias podem proporcionar espectáculo, com etapas talhadas para as fugas e as chegadas ao sprint. As equipas de menor nomeada têm a sua oportunidade, mas as que querem ganhar a Volta não poderão descuidar-se.

A chegada a St.ª Quitéria fará uma primeira selecção e é bom que o dia de descanso surja em vésperas da Sr.ª da Graça. Para recuperação de forças e re-deliniar estratégias. O único ponto negativo é mesmo fazer as equipas deslocarem-se 115 km (mais, concerteza, na maioria dos casos) entre a região de Basto até Favaios. Nesta zona não há oferta hoteleira suficiente, pelo que adivinho que a viagem terá de ser feita no dia da própria etapa que depois vai terminar com a dificilima subida até ao centro da Guarda, a mais de 1000 metros de altitude. Prémio de 1.ª, para a Montanha. A etapa da Estrela epeta a subida desde Seia e a descida da Torre pela Covilhã. Depois aqueles 30 km até ao Fundão. Podem ser muito importantes.

Quanto ao crono... o calor e, principalmente, os zig-zagues da estrada, com alguns topos, mas nada de significativo, perspectiva-de, de alguma forma técnico, mas onde qualquer bom rolador pode fazer vingar os seus dotes.

Sinceramente, acho o percurso muito bonito. Bem escolhido em termos desportivos e de espectáculo garantido. Assim queiram os artistas.

112.ª etapa



VOLTA A PORTUGAL.2



E que me dizem ao traçado da Vola a Portugal deste ano? "Competitiva e equilibrada", como diz A BOLA? Descanso só ao 7.º dia, uma chegada a Santa Quitéria ao 5.º, a Sr.ª da Graça a seguir ao descanso, umas neutralização grande nessa mesma tarde, chegada à Guarda (há quanto tempo?!!!!) no domingo, a Estrela na 2.ª e o epílogo, outra vez em sistema de contra-relógio individual entre Idanha e Castelo Branco... As decisões guardadas para os 4 dias finais mas 7 dias para os candidatos se marcarem e deixarem correr o marfim... Salvaguardo-se o surgimento de outro qualquer Efimkin mas será que a primeira semana não vai ser um pouco... "chata"?

domingo, junho 11, 2006

111.ª etapa



OUTRO REGRESSO...



Depois de anunciado o regresso do Benfica ao pelotão, o que, tenho a certeza, virá mexer um pouco com as coisas no seio do nosso ciclismo, que só pode ser positivo, é praticamente certo que outro nome que deixou muitas saudades no mesmo pelotão luso esteja também a caminho do regresso. Falo da Sicasal. É só esperar um pouco mais...

110.ª etapa



CONTAS EM DIA



Cumpridas 16 provas do calendário e a menos de dois meses da Volta, podemos deixar as contas, em termos de vitórias, até ao momento. Assim, temos:


Maia-Milaneza - 3 + 1 + 7 = 11 vitórias
LA-Liberty - 1 + 0 + 6* = 7
Barbot-Halcon - 1 + 1 + 4 = 6
Carvalhelhos-Boavista - 2 + 1 + 0 = 3
DUJA-Tavira - 1 + 1 + 1 = 3
Riberalves-Alcobaça - 0 + 1 + 2** = 3
Madeinox-Bric - 0 + 1 + 1 = 2
Imoholding-Loulé - 0 + 0 + 2 = 2
Vitória-ASC - 0 + 0 + 1 = 1
Paredes-Beira Tamega - 0 + 0 + 1 = 1

"Chave" - Vitórias à geral + Corridas de 1 dia + Etapas = TOTAL

* - 2 etapas no sistema de "crono" por equipas
** - 2 etapas no estrangeiro; 1 na Volta ao Estado de S. Paulo (Brasil), 1 na Volta à Extremadura (Espanha)

Individualmente, Sérgio Ribeiro (Barbot-Halcon) e Pedro Cardoso (Maia-Milaneza) estão "empatados" com 5 triunfos. Dois à geral e 3 etapas cada um.

Colectivamente, a formação mais regular tem vindo a ser a Carvalhelhos-Boavista que soma já 4 triunfos por equipas.

109.ª etapa



TESTEMUNHO DE UM VISITANTE


Tive oportunidade de estar, como mero visitante (convidado), no Alto de Montejunto, uma vez que ainda me encontro profissionalmente afastado da estrada. Foi bom voltar a sentir o "cheiro" da competição. Principalmente, foi bom rever muitos amigos, alguns que não via há já bastante tempo.

Fiquei espantado com a ausência de público lá no alto, até porque era sábado. Soube depois, pelas crónicas dos colegas em trabalho, que terá havido alguma "obstrução" por parte das autoridades policiais que terão bloqueado (bem) a subida de viatuas a partir do cruzamento da estrada que vem de Pragança com a outra que desce para Vilar, a cerca de 2 km do alto. É um facto que naquela estrada, do cruzamento do quartel da FA até "às antenas" não suporta o estacionamento de viaturas e toda a gente sabe disso. O negativo da situação é que as pessoas já não estão para subir 3 km a pé... A justificação só pode ser uma: a falta de emoção, em termos de competitividade, da corrida. Poderia ainda acrescentar uma outra razão: a ausência dos nomes que o público aprendeu a admirar e pelos quais ainda faria o sacrifício de subir a pé. Caramba, noutros palcos, de acessos bem mais difíceis e perante condições mais penalizadoras, em termos climatéricos, mesmo tendo de ir a pé sobem milhares e milhares de fãs. Mas fazem-no porque querem ver de perto os seus heróis. Quando estes pedem escusa, ainda que, no fundo, eu entenda as razões, não se pode exigir que o público corresponda da mesma forma que o faria naquele caso. É um problema "redondo", portanto.
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Nos 15 anos que levo de ciclismo (este, para já, não conta), esta terá sido para aí a 18.ª ou 19.ª vez que estive no alto de Montejunto. Em todas as outras, terminada a recolha de depoimentos dos protagonistas do dia, e depois de, na maioria das vezes, ainda ter de esperar 15, 20... 30 minutos até chegarem os últimos e a estrada ser reaberta para a descida dos carros, sempre tive que "voar" aqueles 30 km até às salas de Imprensa, normalmente instaladas em Torres Vedras. Era "impossível" que não se encontrasse uma solução mais perto e tanto que era... que desta feita o local de trabalho para os jornalistas não distava mais do que 1,5 km da meta, nas instalações militares que a Força Aérea Portuguesa ali tem.

Creio que apenas a falta de espaço com o qual os jornais (só lá estiveram os três desportivos) se debatem terá obstado à justiça que teria sido referir as excelentes condições proporcionadas pela Força Aérea. Uma sala de Imprensa, pequena - ficámos depois a saber que, em caso de necessidade, há outras, bem maiores, que poderão ser disponibilizadas - mas acolhedora, com casa de banho e um apoio muito próximo por parte do responsável do quartel pelas instalações que foi ao ponto de providenciar bebidas frescas aos profissionais que estavam a trabalhar. Tudo "embrulhado" numa simpatia e disponibilidade efectivas, genuinas, de um homem que não esconde a sua paixão pelo ciclismo. Peço desculpa, mas não fixei o seu nome.

E a garantia de que, se outras organizações o quiserem, e seguirem os trâmites obrigatórios para conseguirem a respectiva autorização por parte do Comando Geral, a Força Aérea está disponível para colaborar.

Como eu nem sequer estava em serviço, sinto-me à vontade para escrever isto. E como na próxima vez (é esse o meu maior desejo) também eu serei beneficiado, aproveito para agradecer a quem teve, em primeiro lugar, a ideia; depois a quem encetou os contactos (Joaquim Gomes) e fico "desconfiado" que outro homem, que vi e tive oportunidade de cumprimentar, junto da chegada, também terá dado uma ajuda. Falo do capitão pára-quedista Rui Bernardo, militar da Força Aérea e presidente da Associação de Ciclismo de Setúbal. Está tudo dito: Força Aérea e Ciclismo estão de braços dados. Como há boa vontade... agradeçamos. E aproveitemos.

108.ª etapa



NÃO DÁ PARA MAIS!



Concluída a 16.ª corrida da temporada, mesmo apelando à melhor das boas vontades não consigo fazer um balanço minimamente positivo. Uma vitória numa etapa - que acabou por valer o triunfo final - e a classificação da montanha, foi o melhor que se pode arranjar por parte das equipas portuguesas, numa altura em que já é evidente - até por algumas ausências significativas no pelotão - a poupança de esforços com vista à Volta a Portugal. Não houve uma fuga suficientemente consistente para durar até ao fim, apesar de, no primeiro dia, as despesas da perseguição aos fugitivos ter ficado a cargo da holandesa Rabobank Continental - "destapando" alguma desplicência por parte dos conjuntos lusos - e, à imagem do que acontecera na Volta ao Alentejo, a existência de uma etapa de montanha serviu para que toda a gente se guardasse para o dia de sábado.

Com todos a guardarem os trunfos para os 7,5 km da subida até à meta, foi Jordi Grau quem acabou por ser mais feliz - tendo sido notório que o holandês Kai Reus, o homem que mais lutou na subida, foi traído pelo facto de... desconhecer Montejunto - garantindo ali, com o triunfo na etapa, a vitória no grande prémio. Até porque, como seria de esperar - e malgrado a LA-Liberty tivesse que ter de enfrentar ameaças vindas de quase todas as outras equipas - a derradeira etapa foi igual às duas primeiras, com os sprinters portugueses, ou das equipas portuguesas, a não conseguirem impor-se aos estrangeiros convidados. Mas isso aconteceu em todas as etapas das seis corridas internacionais já disputadas, à excepção a 1.ª da Volta ao Distrito de Santarém e à última da Volta ao Alentejo, ambas ganhas por Sérgio Ribeiro (Barbot-Halcon), que não participou neste grande prémio dos Correios.

E, no final, o maior destaque vai para o primeiro triunfo à geral da LA Alumínios-Liberty. Quatro meses e meio e 16 corridas depois do arranque da época

sexta-feira, junho 09, 2006

Fora das barreias.4



RATTLE-SNAKES DON'T COMMIT SUICIDE? *


O pessoal da minha geração, nós que na meninice não tinhamos "play-stations" muito menos computador, que na altura o microchip ainda não tinha sido inventado e um computador ocupava o espaço bem maior do que o maior dos quartos que hoje em dia temos nas nossas casas, entretinha-se com brincadeiras de rua e eramos indios e cow-boys. Bufalo Bill e David Crockett eram os heróis e o máximo era mesmo arranjar os 7$50 que custava um bilhete de cinema para vermos o Trinitá, com o Terence Hill e o Bud Spencer.

A vida no Oeste selvagem (ou o retrato que dela se fazia) preenchia-nos o imaginário. Daí sermos, muitos ainda, fãs de um bom Western. Mesmo de um Western assim-assim.

E nos filmes de cow-boys havia uma frase que nunca esqueci. Assim espécie de
"ditado popular". Quem não se lembra? Rattle-snakes don't commit suicide. Aplicava-se quase sempre aos maus da fita.

O que é que
"rattle-snakes don't commit suicide" tem a ver com ciclismo? Bem... Num conhecido sítio onde de "discute" ciclismo, nos últimos tempos tenho lido posts que se aproximam deste... "dito". Quem, em claro desespero - que não percebo - venha a "picar-se" no seu próprio ferrão e corrido a "putos-sem-hipóteses-de-me-merecerem-o-mínimo-de-consideração-quanto-mais-respeito" todos os que se atrevem a molestá-lo lá no alto da sua infinita superioridade.

Aquela do prémio cujo-nome-por-decência-me-escuso-de-repetir fez-me lembrar daquele
"dito" dos velhos werstern. Afinal... parece que há uma nova espécie de rattle-snakes com uma tremenda queda para o suicídio...



* As (cobras) cascavéis não cometem suicídio