domingo, junho 25, 2006

123.ª etapa




SER OU NÃO CHEFE-DE-FILA



Muita tinta tem corrido a propósito da possibilidade de José Azevedo poder vir a ser o chefe-de-fila da Discovery Channel no próximo Tour. Depois... confunde-se o poder vir a levar o dorsal n.º 1 com a mesma condição de chefe-de-fila, uma figura que, por exemplo, mesmo cá em Portugal já vai caindo em desuso. Veja-se o que aconteceu na Maia nos últimos anos, quando nem sempre o primeiro dos seus corredores que encabeçava a lista de inscritos era o principal candidato à vitória final. Aliás, a equipa maiata alinhou muitas vezes sem um chefe-de-fila, até porque nas suas fileiras dispunha de várias opções para lutar pela vitória. Quem não se lembra de 2002 quando os maiatos preencheram o pódio final e quando, na última etapa, um crono em Sintra, um corredor seu tirou a liderança e a vitória final... a outro companheiro de equipa.

A Discovery, agora sem Armstrong, tem também na equipa que vai levar ao Tour pelo menos quatro homens com capacidades reconhecidas para fazer... uma grande corrida. O que importa sair-se com o n.º 1? Claro que eu, como português gostava que fosse o Zé. E são muitas as hipóteses de isso vir a acontecer. É verdade que o facto de Armstrong ser sempre o primeiro, num alinhamento por ordem alfabética dos apelidos, ajudou a que se institucionalizasse na equipa esse mesmo factor de escalonamento, e José Azevedo, desde que mudou para a equipa americana era dono do dorsal... n.º 2. Tendo Armstrong saído, e porque Bruyneel tem, de facto, pelo menos mais três corredores que podem vencer o Tour, para não ferir susceptibilidades deverá manter a política do alinhamento pela ordem alfabética, sendo que o nosso Zé é um dos 4 que tem direito - e por direito - a ser considerado candidato.

Mas ele sempre fugiu a esse pormenor. Aliás, foram muitas as vezes que negou mesmo pretender assumir essa responsabilidade. O que conta é que a Discovery - e sobretudo Johan Bruyneel - tem pela frente um desafio aliciante: provar que é capaz de ganhar o Tour mesmo sem Armstrong e, neste caso, e com 4 homens capazes de fazer de Armstrong, qual seria o técnico que arriscaria apostar num e só num... antes de a corrida arrancar?

Vai ser a corrida a decidir quem será o ponta-de-lança dos norte-americanos. Nós, portugueses, puxamos, naturalmente, pelo nosso Zé, mas não devemos ficar melindrados se, a partir de dada altura tivermos de o ver a trabalhar para um outro companheiro. Faço minhas as palavras que o Zé me disse o ano passado: «Vencer o meu Tour é ajudar o Lance a vencer o seu 7.º Tour.» Conhecendo-o como conheço, nada mudou e para o Zé, ajudar um companheiro de equipa a suceder a Armstrong será para ele mais uma vitória na corrida francesa.


P.S.: Hoje em dia, com a possibilidade de "sacar" de qualquer site a história e o percurso desportivo de um corredor é a coisa mais fácil, mas quero aqui chamar a atenção para o trabalho de duas pessoas, fãs declaradas do corredor de Vila do Conde, que meteram mãos à obra e estão a construir o primeiro site inteiramente dedicado a José Azevedo. É um site "não oficial" claro. Igual a milhares de outros que milhares de outros fãs de outros atletas contruiram com um único desejo... homenagear o seu ídolo. Mais dia menos dia o Zé terá o seu site oficial, mas isso não colidirá com este a que me refiro e que podem ver em www.joseazevedo.no.sapo.pt. É um tributo, nada mais do que isso, ao melhor corredor português da actualidade.

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