sábado, junho 24, 2006

120.ª etapa




NACIONAIS.1



Ao fim de três dias de Nacionais, posso fazer um primeiro balanço. E começo com a vitória de Hélder Miranda (Riberalves-Alcobaça). É um justo prémio para um corredor muito cedo talhado para "equipier". Habitué nas Selecções jovens, assim que chegou a senior Hélder Miranda sofreu bastante para conseguir o "seu" lugar. É um corredor valente, com valor, mas que tem vindo a ser "manietado" nos seus interesses pessoais em favor do todo das equipas que representou.

Aconteceu a muitos.

Quis o destino, e a sua muita força de vontade, que vencesse o Nacional de Contra-relógio individual. Não me surpreendeu por aí além. É uma corrida com características muito próprias, sendo que a principal - como acontece em todas as provas dos Campeonatos Nacionais - é que... NINGUÉM tem nada a perder.

Chegando à vitória ganha-se o direito de atrair sobre si os holofotes da notoriedade; dos outros, jamais alguém dirá que... perdeu os Nacionais. É uma prova onde não há vencidos. Por isso vale a pena dar-se tudo o que se tem para tentar ganhar.

Foi o que o Hélder Miranda fez. E como aqui não há tácticas... ganhou porque foi o melhor. E que bem lhe fica este título. Não vai ter muitas oportunidades de mostrar a camisola conquistada, mas ganhou um lugar na História do ciclismo nacional. Que mais não seja, será sempre recordado de cada vez que se publicar a lista dos antigos campeões.

E espero que esta vitória contribua para lhe elevar o ânimo. E para que consiga ter mais liberdade para mostrar, na estrada, aquilo que vale. É um dos bons corredores portugueses da actualidade e merece uma oportunidade para provar que é mais do que "équipier".

> SUB-23

Os Campeonatos deste ano marcam uma reviravolta no que habitualmente vinha a acontecer. Não aposto (nem teimo), mas creio que, pela primeira vez na História dos Nacionais os campeões são... profissionais.

Isto deixa em claro duas verdades. A primeira, é que, malgrado o excelente trabalho que tem vindo a fazer-se neste escalão, aos jovens das equipas sub-23 falta competição. Pareço entrar em contradição com o que antes disse - que é uma prova de dia e onde tudo pode acontecer - mas não é disso que se trata.

Correndo ao lado de ex-companheiros que, não há ainda muito tempo faziam parte do "seu" pelotão, os ainda "amadores" desta feita ficaram em branco. Os títulos foram para Tiago Machado (Carvalhelhos-Boavista), na prova individual; e Vítor Rodrigues (Barbot-Halcon), na corrida de fundo.

Não deixa de haver, portanto, uma grande diferença - não na forma de trabalhar mas... na exigência das competições com as quais os jovens são confrontados.

E, tanto Tiago Machado como Vítor Rodrigues, já mostraram, correndo com os mais velhos, que são capazes de com eles ombrearem. Neste caso, e ante colegas cujo escalão acusa a falta de um calendário mais competitivo - e mais preenchido - sobressairam naturalmente.

Claro que o segundo ponto em causa tem a ver com o facto de, finalmente, em vez de inscreverem espanhóis - da mesma idade, e que vinham ser testados na Volta a Portugal do Futuro, roubando, tantas vezes, o protagonismo aos portugueses - as equipas do primeiro escalão viraram-se (de vez, espero bem) para a nossa cantera.

Carvalhelhos-Boavista e Barbot-Halcon (esta pela primeira vez no seu historial), ganharam dois campeões. Parabéns aos seus mentores também.

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