terça-feira, junho 20, 2006

117.ª etapa




VAMOS LÁ DESFAZER UMA DÚVIDA



É recorrente o erro no qual por cá se vai insistindo, sendo, creio eu, motivado pelo facto de, hoje por hoje, ser mais fácil consultar a Internet do que mergulhar num bafioso arquivo de jornais em papel para fazer uma pesquisa.

Refiro-me à questão de qual é a mais antiga equipa de ciclismo, no Mundo, com actividade ineterupta. De cada vez que se procura saber isto, usando a Internet, toda a gente vai "cair" no site da Kelme (agora Comunitat Valenciana) e lá vê que "esta é a mais antiga equipa do Mundo". Errado! A mais antiga equipa é a portuguesissíma Clube de Ciclismo de Tavira.

O último a "cair" neste engano foi o José Carlos Gomes no seu Blog, que acho deveras interessante e com qualidade. Dêem uma vista de olhos. É em www.marginalizante-ciclismo.blogspot.com.



Recupero, agora, aqui, o que então escrevi e saiu publicado, repito, n'A BOLA no dia 31 de Agosto de 2004.



KELME TEM 120 DIAS MENOS POR ISSO É MAIS NOVA

Tavira é a decana do pelotão

A pequena dimensão do Clube de Ciclismo de Tavira, no todo do pelotão internacional, levou a que, desde há alguns anos, muita gente — e não só os espanhóis, que nesse aspecto são mais chauvinistas que o próprio senhor Nicolas Chauvin — venha a considerar a Kelme como e equipa mais antiga do pelotão. E há quem lhe acrescente internacional, ou profissional. Ora, internacional, o CC Tavira também o é (mesmo que não corra as grandes provas do calendário da União Ciclista Internacional) e profissional sempre o foi. Portanto, recorramos às datas dos respectivos registos. O Clube de Ciclismo de Tavira foi oficializado, por escritura, a 31 de Agosto de 1979. Faz hoje precisamente 25 anos. A cerca de um milhar de quilómetros de distância, em Alicante, na actual Comunidade Valenciana, a empresa de calçado e vestuário desportivo, Kelme, também decidira avançar para a constituição de uma equipa de ciclismo que haveria de chamar-se Kelme-Gios e seria liderada muitos anos pelo mítico Rafa Carrasco. Mas a Kelme-Gios tem como data oficial de registo o dia 31 de Dezembro, do mesmo ano de 1979. É cento e vinte dias mais nova que o nosso Clube de Ciclismo de Tavira, portanto. Ponto final neste assunto.




FECHO DA SECÇÃO NO GINÁSIO LEVA À CRIAÇÃO DE UM NOVO CLUBE

Manter viva a paixão

Textos de MANUEL JOSÉ MADEIRA

FOI a 31 de Agosto de 1979 que, por escritura, nasceu o Clube de Ciclismo de Tavira. Cumprem-se hoje, precisamente, 25 anos. Foram 25 anos ininterruptos por essas estradas de Portugal, e não só. Terra de ciclismo, Tavira tinha no Ginásio o seu símbolo máximo, mas naquele ano de 1979 os seus responsáveis decidiram extinguir a secção de ciclismo. Brito da Mana, e mais uns quantos apaixonados pela modalidade, não perderam tempo e, criando o CC Tavira, mantiveram viva a paixão.

Foi por paixão. Seccionista responsável pelo ciclismo do Ginásio durante mais de uma década, Brito da Mana não aceitou a decisão de a sua cidade, todo o Algarve, o País até, perderem uma das principais equipas de ciclismo que ajudara a fazer a história da modalidade no nosso país. Acabava o Ginásio mas não haveria de acabar o ciclismo em Tavira e, daí até à ideia de, aproveitando a estrutura humana alienada pelo Ginásio, se criar um outro clube foi uma questão de poucos dias. Tanto que no final do mês de Agosto a nova colectividade estava registada e legalizada. Chegou ainda a participar em provas, nesse mesmo ano, que as temporadas se prolongavam bem mais do que agora.
A partir desse momento, são 25 anos de história. Um quarto de século de constantes problemas para resolver, ano após ano, sempre no campo financeiro e no que respeita a apoios que, malgrado todo o protagonismo da equipa, com a consequente exposição das marcas que a patrocinam — e isso ninguém lho negará —, ajudou a colmatar. E, como mostramos noutro local, neste trabalho, raramente o Tavira fez uma época em branco.
E aqui é preciso voltar a falar de Brito da Mana. Não seria obrigado a tal, mas sempre se assumiu como responsável pela aventura de avançar com um clube novo e nunca se esquivou a essa responsabilidade. Como Artur Lopes, o presidente da FPC, nos disse, «terá sido a figura, de todo o ciclismo nacional, que sempre deu tudo o que tinha ao ciclismo, e disso tirou menos proveito». E, sem que isto signifique menor reconhecimento por quem, neste momento, conduz o clube, o nome de Brito da Mana é, e continuará a ser, sinónimo de ciclismo em Tavira.»



Como ficou dito, sendo que o Clube de Ciclismo de Tavira é o sucessor natural da secção de ciclismo do velho Ginásio Clube de Tavira, fundado em 1928...

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